Este material é produto de um trabalho de investigação que a autora tem vindo a desenvolver dentro dos carris académicos com o intuito de dar uma contribuição socio-filosófico as questões que atanhem os sujeitos no seu accionar.
Este propósito é produto dos incentivos que o ISPU, dentro das suas actividades extracurriculares, privilegia o conceito de qualidade que começa com o empenho ás actividades de investigação realizada pelos docentes. Este principio visa garantir uma boa abordagem dentro das filosofias e correntes que pululam nos processos académicos.
Os processos de globalização têm merecido vários debates desde as esferas políticas até as académicas, porém nunca seria demais fazer uma reflexão singela desde um enfoque afrimoçambeziana incorporando a perspectiva de género.
Muito se tem escrito a respeito do processo de globalização mais sobre a economia. Temos mesmo a impressão de que o mundo está ficando cada vez menor. Empresas européias, americanas, asiaticas, com tecnologia altamente desenvolvida, vão invadindo e povoando as economias fracas e com menos capacidades de competir e resistir frente aos ditos gigantes. Mas por outro lado a revitalização a partir de uma injeção de fundos às empresas de menor capacidade funciona como o plataforma de desenvolvimento no optica globalizante.
Fábricas na Ásia, vendem seus produtos no comércio americano, as europeas vendem para america asia e africa, em um processo que se presume ser inversa. O fluxo de mercadorias e de capital se intensifica; mais uma vez se retoma a velha ideologia que autrora parecia inalcancavel, segundo a qual "o capital não tem pátria", hoje se torna realidade. Este pressuposto nao é tão uniforme quão cegamente se nos propõe mesmo a nivel da esfera economica e o seu impacto é mais estensivo que o aludido sectorismo.
A sociedade é um corpo unico, onde as partes se interactuam mutuamente, sem que haja uma regulação externa. A sociedade pode ser uma configuração onde opera a solidariedade organica resultante da divisão de trabalho social (Durkheim 1977). Quer dizer cada parte desempenha um papel no funcionamento geral do corpo social.
O processo de globalização não é uniforme, não atinge todos os países da mesma maneira e não atinge a todos os que vivem no mesmo país do mesmo modo. O processo de globalização não se dá também só na esfera da economia, ainda que esta seja determinante. Este fenomeno se imbrica no acionar de cada sector e afecta a vida de cada um dos sujeitos de forma multifacetico. Se globaliza a forma de vestir, a dieta, a forma de falar, a lingua, a musica, a dança, o gesto, se gobaliza a cultura, a economia, a politica,etc.
Outra consideração fundamental permite afirmar que este processo não é, em si próprio, negativo ou positivo. A globalização de valores éticos em relação aos direitos das crianças, aos direitos humanos, ou contra a violência, é altamente positiva para a construção das relaçoes sociais quando observam o criterio de equidade.
Porém, quando este processo se manifesta na desregulamentação da força de trabalho, no achatamento de salários e no aumento do desemprego em determinados sectores da sociedade – como e o caso das mulheres -, ele se torna extremamente perverso, porquanto ao invés de traduzir a busca da igualdade ele retrata, isto sim, a globalização da diferença ou a diferença da globalização.
Neste caso a globalização é um processo de reforço do mecanismo de elitização de um lado e de exclusão de outro. Quero dizer, no caso, que se trata de universalizar a diferenciação, ampliando para alguns fragilidades e vulnerabilidades, enquanto que para outros se fortificam as capacidades. Pode-se até afirmar que, neste caso, a globalização constitui um processo de transferência da cobertura dos riscos sociais para a classe trabalhadora, numa retomada da orientação da primeira metade do século, quando se mundializou o denominado welfare state.
A globalização que pode sugerir de imediato um processo de homogeneidade é, de fato, um processo heterogêneo sob multiplos aspectos. Isto nos leva a perguntar: de qual globalização falamos ou qual globalização queremos?
O modelo simplificado do velho dualismo, que sugere uma divisão entre países ricos e países pobres, pode darnos subsidios para explicar este processo de homogenizar a heterogeneidade. Muitos países em desenvolvimento, que dispõem de mão-de-obra excessivamente barata, será que se lhes favorece com este processo? Que sorte terâo os que tendo a mão de obra, esta mesma mao-de-obra nao tem qualificação para dar-se conta das grandes maquinas de alta tecnologia?
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