Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 


Geração z: uma nova forma de sociedade (página 3)


Partes: 1, 2, 3, 4

No interior desses grupos, os adolescentes desenvolvem rituais, símbolos, modas e linguagens peculiares, visando marcar sua identidade distintiva de outros grupos etários. Parsons fala de uma subcultura juvenil derivada da cultura geral dos adultos, a esta contraposta, mas não necessariamente e não normalmente hostil ou antagônica a ela. A subcultura juvenil estaria, assim, cumprindo a função de promover a transição para a condição social adulta (Parsons, 1942). Como aponta Eisenstadt (1976), ela cobre os aspectos não trabalhados pelo sistema educacional. Nesse sentido, pode ser perfeitamente funcional à transição geracional na sociedade moderna, garantido ao mesmo tempo a continuidade social e a abertura para a modernização dos costumes(ibidem)[135].

Vemos que isso dura só um momento, uma fase. Pois a grande maioria dos jovens daquela época, embora saíssem geralmente a noite, e buscassem como base de credo as Wiccas[136]e tudo mais o que envolvia o universo gótico, não mais se vestem ou então abraçam a causa gótica. Simplesmente passou um momento de próprio reconhecimento do adolescente, no qual e identificava-se com aquele estilo. Teve outras bandas como o Nightwish, mas a que mais se destacou foi a Evanescence.

Passado um tempo, como todo o modismo, o movimento gótico foi aos poucos se apagando e dando espaço para o aparecimento dos emos.

4.5 Emos

A tribo emo tende, segundo fontes pesquisadas, tem suas raízes da música punk. É uma música derivada desse estilo, porém, em um ritmo mais acelerado caracterizada por músicas mais introspectivas e melancólicas. Os que aderem a esse estilo chamam de música hard core, ou então de emo core. Emo ou Emocore (abreviação do inglês emotional hardcore) é um gênero de música derivado do hardcore punk. O termo foi originalmente dado às bandas do cenário punk de Washington, DC que compunham num lirismo mais emotivo que o habitual.[137]

Os emos embora criticados por muitos pelo seu estilo um tanto andrógeno[138]e até mesmo feminino, conquistou muitos fãs e seguidores jovens[139]Com essa explosão mercadológica, a qual, a mídia tornou-se a protagonista e principal promotora de propagandas, gerou-se, assim, uma grande venda de produtos referentes ao estilo emo.

De certa forma, a mídia, principalmente a fonográfica, influenciou para que jovens tomassem gosto por jovens cantores que demonstrasse algo novo na sociedade, o que acabou dando certo.

Vemos que ao longo dos anos surgem tribos, movimento e subculturas que pretendem agir em reposta a alguma coisa na sociedade. Talvez os emos possam ser considerados um grupo de contestação, a essa sociedade, com valores individualistas, em que seus pais passam o dia inteiro trabalhando, para suprir as necessidades materiais de seus filhos e muitas vezes esquecendo-se das necessidades emocionais e afetivas das quais seus filhos necessitam. Dessa forma, essa tribo pode ter surgido em resposta a uma carência na qual a nossa sociedade atualmente se encontra, pois esse movimento visou quebrar alguns sérios preconceitos da nossa sociedade.[140]

O estilo emo (no qual a palavra emo deriva de emoção) destaca músicas com um estilo bastante envolvente, pois representam principalmente a sensibilidade, ou seja, a expressividade dos sentimentos do jovem, o lado sensível que cada ser humano possui. Essa tendência musical acabou gerando jovens mais interessados com questões sentimentais, como amor, tristeza, alegria, etc. Surgiram também através desse estilo meninos mais sensíveis, que choram e não tem medo de expressarem os seus sentimentos, mas que constantemente são taxados de gays.

Isso acarretou várias discussões por vivermos uma sociedade um tanto machista e conservadora. O movimento emo não foi visto por muitos com bons olhos, pois, segundo alguns, estimularia os jovens adolescentes[141]ao homossexualismo, o que não necessariamente seja uma verdade. Embora nestas tribos tenham meninos mais afeminados, não quer dizer que eles realmente sejam gays[142]Essa característica feminina pode ser apenas uma identidade da própria tribo.

Vemos também que dentro dessa subcultura[143]existe a necessidade dos jovens desenvolverem uma nova visão de sexualidade, aonde não existe diferença hierárquica[144]e nem um grande afastamento entre homem e mulher, mas sim, uma imensa proximidade de ambos[145]Notamos que o objetivo é demonstrar que tanto um como outro são humanos, são sensíveis, e assim, demonstrar também que não existe um sexo forte e um sexo frágil, mas, sim, indivíduos iguais ao que diz respeito aos sentimentos. Dessa forma, vemos assim uma modernização de costumes, pois, através da manifestação desses jovens, que trazem uma nova visão, acaba-se quebrando com ideias tradicionais como, por exemplo, que homem não chora que o homem é o que manda que é o mais forte[146]etc.

Em relação a música uma das primeiras bandas estrangeiras nesse estilo foi o Good Charlotte, uma das bandas estrangeiras que mais se destacou nesse campo. Recentemente, no Brasil, surgiu a banda HEVO84 que em suas músicas mistura elementos eletrônicos, e seus temas giram em torno das experiências do universo jovem. Temos também outras bandas estrangeiras como Paramore e bandas brasileiras como Fake Number e NX Zero. São bandas que encantam os jovens e que conseguem sempre envolvê-los, pois tratam sempre de temas do universo juvenil.

Podemos dizer que as tribos emos duraram um bom tempo, porém, atualmente está havendo uma mudança. Os originais emos tristes estão sendo, praticamente, substituídos por emos felizes, denominados, popularmente, de coloridos. Vemos assim uma característica própria do mercado, que precisa se renovar constantemente para que assim possa sustentar-se.

4.5.1 Acessórios Emo

Monografias.com

Figura 04: Acessórios que indicam os jovens pertencentes ao grupo emo.

Fonte[147]

4.6 Indies (Underground)

Os Indies são um movimento jovem que se contrapõe um pouco a ideia emo. Eles são uma espécie de jovens que tem o seu próprio modo e estilo de vestir. O termo indie, do inglês é a abreviação (no diminutivo) de independent (em Português, independente)[148]. Essa tribo em relação aos punks tem a semelhança de ter surgido de uma maneira independente, "(...) no Brasil o interesse dos garotos pelo punk começou a instalar-se independentemente de estratégias de marketing e até mesmo relativamente ao largo da mass media (ABRAMO, 1994, p.92)"[149]. E os Indies também surgiram dessa maneira.

Esse estilo independente caracteriza jovens que mesclam um pouco de outras tribos, como, por exemplo, os emos, e dão um novo estilo tendo por objetivo desenvolver a originalidade. Embora sendo um tanto mais antigo que os emos eles também se distinguem por possuírem uma maior qualidade na sua sonoridade musical. Geralmente na música mesclam sons desenvolvendo um rock bastante alternativo. Umas das primeiras bandas primeiras bandas a darem origem ao estilo indie rock foi a banda norte-americana The Get Up Kids, e no Brasil é a banda Fresno (suas músicas tratam geralmente de sentimentos e de desilusões amorosas). Essas bandas geralmente lançam seus produtos sem gravadora. A internet é o principal meio que eles se utilizam para lançar e distribuir os seus produtos.

4.7 Coloridos (Happy Rock)

Como tudo tem seu tempo, foram-se os emos e surgiram os coloridos. Esses, são grupos de jovens que se formam através de tribos ou subculturas que se vestem de uma maneira chamativa. Suas roupas são caracterizadas por cores vivas, como, verde limão, amarelo, rosa, laranja... São praticamente um "novo estilo emo", um emo mais alegre. De certa forma, surgiram em reposta à falta de cor do estilo emo[150]A fluorescência das roupas destaca o estilo dos grupos que são mais alegres, são mais do momento "agora" do que do momento "depois". Usam geralmente óculos gigantes e coloridos que não possuem lente. Levam uma vida baseada em festas, o que visa para eles o significado de alegria. Alguns, além das roupas coloridas, aderem também a uma mescla de roupas, pegando um pouco do estilo hip hop como o chamado "boné panelão" e os tênis de skatista. Outra marca dos coloridos são as apertadíssimas calças Skinnye as blusas com decote em V.

Para os coloridos, valores tradicionais da sociedade, como, educação, família e relacionamentos duradouros, como, por exemplo, os namoros são, praticamente, descartados e substituídos pelo ficar, pois para eles o ideal é o momento. As principais bandas que representam esse novo estilo são: Banda IZI, Cine, Restart e Caps Lock.[151] Esse estilo de rock é denominando pela mídia de happy rock, sendo um fenômeno teen pop, pois influencia uma grande quantidade de adolescentes, que seguem o estilo dos seus ídolos.

Monografias.com

Figura 05: Estilos e cores de calças usados pelos coloridos.

Fonte[152]

Monografias.com

Figura 06: Boné Panela ou Panelão[153]

4.7.1 Acessórios (pulseiras de mola, madonna, brincos,...)

Os jovens sempre seguem os seus ídolos e, assim, estão sempre atualizados, querendo saber o que eles estão usando o que está na moda o que já saiu, enfim, querem estar inseridos na "onda do momento". E assim também não deixa de ser com as chamadas pulseiras de mola, ou pulseiras de fio de telefone, ou simplesmente pulseiras coloridas. As pulseiras de mola são uma nova febre surgida a partir do chamado movimento colorido. Os jovens que usam as chamam de pulseira do Restart, que é o nome da banda que começou a utilizar esse apetrecho[154]Outro acessório são os chamados piercings. São vários os estilos de piercings utilizados pelos jovens. Vejamos alguns:

Piercing Madonna (Figura 07), esse piercing lembra uma pinta e geralmente é usado acima da boca.

Monografias.com

Figura 07: Piercing Madonna

Fonte[155]

Brinco Zíper

Surgiu a partir de uma atriz que a utilizava em uma novela.

Monografias.com

Figura 08: Brinco Zíper

Fonte[156]

Monografias.com

Figura 08: Brinco Alargador

Fonte[157]

Monografias.com

Figura 09: Brinco Alargador Colorido

Fonte: [158]

Monografias.com

Figura 10: Brinco Alargador Caracol

Fonte: [159]

5 APARELHOS ELETRÓNICOS

Querendo ou não estamos em uma nova era, caracterizada pela invasão tecnológica. É um novo momento em que a tecnologia está muito presente no ser humano, em especial na vida dos jovens. Segundo Boff(2003, p.21),

"está começando a era da pós-televisão, a revolução das imagens numéricas, sintéticas e virtuais. Graças às técnicas de visualização estereoscópica, o espectador se sente imerso na imagem, participando do mundo de imagens que se cria ao seu redor, por todos os lados e ângulos. A tecnologia está se desenvolvendo a ponto de produzir televisões (chamadas TV 3D) de efeitos estereográficos que permitem o espectador "entrar" na imagem [160]

Muda-se o patamar e inicia-se, assim, um novo momento da história. Estamos inseridos na era tecnológica, em que começa a surgir uma sociedade também tecnológica.

5.1 Computador

O computador é um objeto que com o decorrer dos anos foi recebendo grandes transformações que deram a ele mais adaptabilidade como também mais acesso a vários sistemas. Vemos que ao longo dos anos de uma macro máquina ele acabou se transformando em uma micromáquina. Nunca esse objeto tornou-se tão presente na sociedade como hoje, sendo que atinge várias faixas etárias e ainda tornara-se mais do que um objeto de uso. Podemos até dizer que tornou-se um pedaço da vida de muitos. O computador possui muitas utilidades tornando-se assim algo bastante atrativo. Por possuir muitas funções acaba, muitas vezes, "dominando" os indivíduos, deixando-os dependentes, sendo até mesmo incapazes de viverem sem o mesmo.

Um dos avanços do computador foi a possibilidade de gerar um mundo virtual através da ferramenta chamada Internet[161]bastante utilizada por computadores do mundo inteiro. Através da Internet promoveram-se conversas ao vivo, as chamadas conversas on line. Para Boff,

(...) tem mudado as relações humanas, inclusive afetivas. Por um lado, representam uma nova forma de comunhão virtual entre os seres humanos, em tempo real, para além do espaço e do tempo (tudo é on line), por outro abrem a possibilidade de simulacros, enganações, mentiras e falsificações que podem levar até a crimes(idem)[162].

Notamos assim um avanço tecnológico no qual expande-se o acesso à comunicação. Temos também uma nova alternativa, a possibilidade de representar uma vida nova, como Leornardo Boff diz, de criar-se um simulacro, ou seja, de exercermos uma simulação de algo, que é muito comum nos perfis dos jovens (orkut, facebook, twitter, sonico, etc).

A respeito da Geração Z, podemos dizer que eles passam um tempo considerável em frente ao PC[163]aonde fazem, trabalhos, escutam música, se comunicam com seus amigos pela internet, jogam, e o mais incrível é que geralmente é tudo ao mesmo tempo! Essa característica nova, sendo própria dos atuais adolescentes, acaba fazendo com que nos perguntemos se realmente esses jovens conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tempo, ou se eles tentam fazer tudo ao mesmo tempo e acabam não fazendo nada?

Constatamos que todas essas funções se estabelecem dentro de uma máquina que possui vários utensílios. O computador disponibiliza vários recursos que podem ser utilizados ao mesmo tempo. Essa vasta mansidão de coisas, como DVD Player, Navegador, Sistema de Arquivos, e outros acessórios mais, acabam centralizando, muitas coisas num lugar só. Essa centralização de coisas acaba fazendo com que se passe mais tempo nessa máquina do que em outras, pois é mais lucrativo que eu escute música e faça um trabalho, do que pegar uma máquina e escrever e ligar o rádio. Assim, torna-se evidente e clara a razão da expansão do computador dentro da nossa sociedade.

Além disso, notamos que ele se torna algo cada vez mais adaptável para várias idades, porém, tornando-se sempre mais acessível aos jovens. A facilidade do seu manuseio parece sempre mais apropriado para as novas gerações. Tanto que, "se for necessário recuperar um programa no computador, basta chamar o adolescente mais próximo(DE SOUZA, 2010, p.10)[164]". De certa forma, nos parece que o jovem a respeito dessa questão, está mais à frente do adulto, pois, "aprender com os jovens que ser multimídia e ficar conectado a inúmeros aparelhos permite trocar conhecimentos com mais pessoas simultaneamente e receber informações amplas sobre o mundo(idem)"[165] .

Para aprofundarmos os nossos estudos, decidi fazer uma pesquisa com jovens adolescentes de uma escola estadual de Santa Maria(Região central do Estado), os quais foram divididos em turmas. Também estão inseridos nessa pesquisa alguns jovens da região fronteira-oeste do Rio Grande do Sul, para analisar se há alguma diferença em relação aos acessos tecnológicos de uma região para outra. O objetivo é tentarmos chegar a uma conclusão prática se realmente os jovens da Geração Z estão inseridos aos sistemas tecnológicos.

Quadro 01: Número de Meninas e Meninos por turma.

Turma

Meninas

Meninos

Soma Final

301

14

12

26

302

10

9

19

304

10

6

16

305

12

9

21

306

15

7

22

307

14

10

24

308

14

15

29

309

10

9

19

Região Fronteira

7

6

13

Total

106

83

189

Fonte: Quadro elaborado pelo próprio aluno.

Ao estudar sobre a juventude, elaborei um questionário para 189 jovens, de variadas classes econômicas, que nasceram de 1990 para cá, analisando a sua relação de consumo de tecnologias. Desses jovens pesquisados, 106 eram do sexo feminino e 83 do sexo masculino.

Gráfico 01: Perfil dos Entrevistados

Monografias.com

Fonte: [166]

Aos fazermos uma pesquisa, notamos que o acesso dos jovens em relação ao computador e a Internet é relativamente alto. Num total e 189 jovens entrevistados, 106 (56,45%) eram meninas e 83(43,55%) meninos. Dessas 106 meninas, 100 possuíam computador e também acesso a internet e somente 3 disseram que não possuíam acesso a esses meios.

Quadro 02[167]Meninas que possuem computador e acesso a Internet

Turma

Meninas

Possuem Computador

Acesso a Internet

Não possuem esses acessos tecnológicos

Religião

301

14

14

13

302

10

8

10

304

10

10

10

305

12

10

9

1

Católica

306

15

15

15

307

14

13

13

1

Adventista

308

14

13

13

1

Evangélica

309

10

10

10

Região Fronteira

7

7

7

Total

106

100

100

3

Notamos com o gráfico abaixo que se fizermos uma comparação podemos constatar que o número de computadores é relativamente proporcional ao número de meninas.

Gráfico 02 – Meninas que possuem Computador

Monografias.com

Fonte: [168]

Em relação aos excluídos dos acessos tecnológicos, vemos que é um número relativamente pequeno se tomarmos por base os gráficos abaixo.

Gráfico 03 – Meninas que possuem acesso a Internet

Monografias.com

Fonte: [169]

Gráfico 04 – Meninas que não possuem esses acessos tecnológicos

Monografias.com

Fonte: [170]

Gráfico 05 – Gráfico comparativo (Meninas)

Monografias.com

Fonte: [171]

Em relação aos meninos também não foi muito diferente. Dos 83 meninos entrevistados, 79 possuíam computador e 82 acesso à internet e somente um disse que não possuía acesso.

Quadro 03 – Meninos que possuem computador e acesso a Internet

Turma

Meninos

Possuem Computador

Acesso a Internet

Não possuem esses acessos tecnológicos

301

12

12

12

302

9

9

9

304

6

5

6

305

9

9

9

306

7

6

7

307

10

10

10

308

15

15

15

309

9

9

9

Região Fronteira

6

4

5

1

Católica

Total

83

79

82

1

Fonte: [172]

Notamos que se fizermos uma comparação assim como fizemos também com as meninas, constatamos também, com base na tabela abaixo, que o número de computadores é relativamente proporcional ao número de meninos.

Gráfico 06 – Meninos que possuem Computador

Monografias.com

Fonte: [173]

Gráfico 07 – Meninos que possuem acesso a Internet

Monografias.com

Fonte: [174]

Gráfico 08 – Meninos que não possuem esses acessos tecnológicos

Monografias.com

Fonte: [175]

Vemos também que o número dos que não possuem acessos tecnológicos é relativamente muito pequeno.

Gráfico 09 – Gráfico Comparativo (Meninos)

Monografias.com

Fonte: [176]

Os entrevistados foram adolescentes nascidos respectivamente pós anos 1990[177]sendo de classes econômicas bastante variadas. Notamos assim que a acessibilidade dos jovens a computadores e a Internet é bastante alto. Vemos que os jovens estão inseridos a esse meio. Mesmo aqueles que não possuem computador ou Internet em casa, buscam outros meios alternativos como, por exemplo, a Lan House, e assim, se inserem na sociedade tecnológica.

5.2.1 Internet

Embora tenhamos hoje a Internet como algo doméstico e de fácil acesso, podemos ver que isso é resultado de um longo processo histórico e que o motivo do seu surgimento deu-se por outras razões.

Nos anos 60, em plena Guerra Fria, grandes computadores espalhados pelos Estados Unidos armazenavam informações militares estratégicas diante do perigo de um ataque nuclear soviético. Surgiu assim a idéia de interconectar, criar elos entre os vários centros de computação (redes), de modo que o sistema de informação continuasse funcionando mesmo que um ou mais centros fossem destruídos. Com base nesse sistema de informação estratégico-militar, em 1969 foi criada a semente que viria a ser a Internet, chamada Arparet, a partir da interligação de pequenas redes locais operadas por centros de pesquisa e universidades norte-americanos. Sua grande expansão ocorreu no início dos anos 90, com a difusão dos microcomputadores, dos cabos telefônicos de fibra óptica e das empresas de serviços on-line(SATHLER, 2010, p.14)[178].

Inicialmente a Internet tinha outros objetivos, mas ao longo dos anos foi cada vez mais adquirindo um maior espaço e se inserindo nas casas, ou seja, no meio doméstico. Essa invasão internética propiciou várias mudanças nos lares e também a idéia de conexão com o mundo, "(...) a grande quantidade de dados na internet criou uma sensação de hiperinformação[179]de que podemos ter tudo ao nosso redor(SCHRÃ-DER, 2010, p.14)"[180]

Essa explosão de informação acabou gerando indivíduos altamente informados ou então inseridos em determinado campo ou até envolvidos em outro mundo[181]O processo de hiperinformação propiciado pela Internet, acabou gerando indivíduos altamente informados sobre tudo o que se passa pelo mundo, mas que não sabe muitas vezes o que se passa à sua volta.

A pesquisa com os jovens, demonstrou que o maior acesso à Internet se dá dentro de casa, em segundo lugar no trabalho e um pequeno número acessa nas Lan Houses.

Gráfico 10 – Locais de acesso a Internet (Meninas)

Monografias.com

Fonte:[182]

Gráfico 11 – Freqüência de acesso (Meninas)

Monografias.com

Fonte: [183]

Com base no gráfico acima, vemos que a maioria acessa a Internet todos os dias, e outras em alguns dias da semana, mas vemos que a maioria acessa a Internet toda a semana.

Gráfico 12 – Freqüência de acesso a Internet por dia (Meninas)

Monografias.com

Fonte: [184]

Com respeito à acessibilidade diária, vemos que a maioria das jovens acessa diariamente acima de 4 horas, tendo em segundo lugar aquelas que acessam até 4 horas. Vemos assim, que é um bom tempo por dia. O que nos leva a perceber que há uma grande relação dos jovens com a Internet.

Com base no gráfico abaixo, vemos que os locais que os meninos acessam a Internet já é bem menos diversificado. A maioria dos meninos acessa a Internet em casa, tendo uma pequena quantia que disse que acessava em outro local.

Gráfico 13 – Locais que acessam a Internet (Meninos)

Monografias.com

Fonte: [185]

Tento por base a tabela abaixo, vemos que a maior parcela possui acesso a Internet todos os dias e uma minoria marcou que acessa em alguns dias da semana ou então que acessa em alguns dias por mês.

Gráfico 14 – Freqüência de acesso (Meninos)

Monografias.com

Fonte: [186]

No que diz respeito ao acesso diário, os meninos disseram acessar acima de 4 horas, tendo em segundo lugar aqueles que acessam em torno de 2 horas. (Veja o gráfico abaixo).

Gráfico 15 – Freqüência de acesso a Internet por dia (Meninos)

Monografias.com

Fonte: [187]

5.2.1.1 Orkut

Qual brasileiro, sendo que a maioria possui acesso a Internet, não possui Orkut? Grande parcela da população está inserida na página pessoal chamada Orkut[188]Embora se diga que a página pessoal mais utilizada no mundo seja o Facebook, o Orkut ganhou muitos adeptos aqui no Brasil e acabou desbancando o Facebook. O Orkut virou mania e adquiriu o seu lugar. Basta fazermos um cadastro rápido de senha para em instantes criamos o nosso perfil. Assim, podemos adicionar os nossos amigos, conhecidos e até mesmo desconhecidos e dessa forma, estabelecermos laços virtuais. Algo interessante de ser destacado no Orkut são os jogos virtuais.

5.2.1.1.1 Jogos do Orkut (Games Sociais)

O Orkut é uma grande ferramenta que se bem utilizada propicia ao usuário um fácil acesso aos seus amigos. Tanto os que estão distantes como também os que moram perto, acabam equiparando-se a uma mesma distância. Além disso, é uma rede que serve também para se fazer novas amizades. Dentro do próprio Orkut surgiram várias outras ferramentas como, por exemplo, as apps[189]que são aplicativos que dão ao usuário, mais acessibilidade e maior entretenimento. Essas ferramentas com que o usuário passe mais tempo dentro desse sistema, pois através das apps os internautas sentem-se mais motivados a passarem mais horas conectados ao Orkut. Para ser ter uma idéia, parece que são mais de 200 aplicativos (apps), assim, são muitas as opções que o indivíduo tem de acessar e de se envolver nesse meio orkutiano. Como por exemplo, uma horta aonde os seus amigos lhe roubam os frutos da sua plantação ou então uma mini-fazenda aonde se pode fazer compras para assim desenvolver a fazenda, ou então bonequinhos que o representam no mundo online que são os chamados Buddy Poke[190]que promovem a ação de Pokear que significa enviar um carinho para seus amigos no Orkut. Dessa forma vendo a influência dessas apps, decidi atentar-me especificamente em duas que são a Mini-fazenda e a Colheita Feliz que se tornaram febre não somente entre a juventude como também na geração mais velha[191]

5.2.1.1.1.1 Colheita Feliz

A Colheita Feliz surgiu no fim de 2009. Esse jogo proporciona ao jogador tornar-se um grande "perito" em plantações e colheitas virtuais. Nele é possível plantar vários tipos de árvore e flores; cuidar de animais como galinhas, porcos, vacas e cavalos e ainda pode "roubar" a produção de seus vizinhos ou então ajudá-los a cuidar das pestes e pragas da plantação. Começa-se jogando a partir do nível 0(zero) e o objetivo é passar de nível para poder conseguir comprar mais coisas e, assim, melhorar a produção da fazenda. Pode-se expandir terras, adquirir animais, como, o cachorro que protege a fazenda dos roubos. Também pode-se comprar alimentos para os outros animais (galinha, vaca, burro,...) e fertilizantes para acelerar o desenvolvimento das plantações.

Embora seja um jogo virtual[192]também se pode usar dinheiro de verdade para comprar as chamadas moedas verdes. Se digitarmos na Internet "Colheita Feliz", logo aparecerá um link que leva a algum site que dá dicas de como se conseguir essas moedas gratuitamente. Geralmente são necessárias para se comprar coisas raras, que não podem ser compradas com moeda comum.

É um jogo um tanto viciante e impulsivo, pois alguns dos jogadores chegam a acordar cedo, ou até mesmo não dormir durante a madrugada para não deixar que os outros lhe roubem.

5.2.1.1.1.2 Mini-fazenda

Como o próprio nome já diz é uma mini-fazenda aonde o jogador cria o seu próprio personagem[193]dando a ele características que podem até ser bastante semelhantes às suas como: barba, cor do cabelo, roupa, óculos, chapéu, etc. Esse bonequinho é o responsável por cavar, plantar e colher aquilo que "tu" plantaste. O jogo consiste em administrar uma fazenda aonde se plantam várias coisas, como, pimentões, flores, arroz, etc. Além disso, existem animais que podem ser criados desde pequenos e assim, com o tempo, depois de tornar-se um animal adulto, retirar aquilo que ele produz, como, por exemplo, o leite da vaca, a lã da ovelha e por aí vai. Esse jogo é bastante envolvente, pois faz com que o jogador fique sempre esperando que a sua plantação esteja pronta para a colheita ou então que a sua vaca virtual esteja apta para ser ordenhada, e assim por diante. O Mini-Fazenda é um jogo que tem encantado tanto jovens como adultos, e a sua jogabilidade é empolgante, pois seguidamente ele necessita de mudanças e atualizações. O Mini-Fazenda oferece aos jogadores, sementes de frutas, árvores, e várias outras coisas do ramo. Além disso, existem, cabana, barraca, oficina, poço, celeiro, moinho de vento, etc... Existem também opções que fornecem mudança de cenário aonde você pode construir, enfeitar e ampliar a sua fazenda.

Podemos dizer que o principal objetivo do jogo é administrar sua fazenda ganhando o máximo de dinheiro possível. Para assim tornar-se um grande fazendeiro. A diferença desse jogo em relação ao Colheita Feliz é que neste não existe o roubo. Quanto mais amigos fazendeiros você tiver melhor será para a sua expansão. Para que você se torne um grande fazendeiro é necessário ser um bom vizinho, adubando as plantações dos seus amigos. Tanto no jogo Colheita Feliz com também do Mini-fazenda necessita-se de uma grande interação com o mundo virtual, em que se exige o maior número de indivíduos que estejam inseridos nesse meio. Constituindo, assim, uma rede social virtual.

5.3 Máquina Digital

A Máquina Digital tornou-se algo de fácil manuseio não mão dos adolescentes. Se pararmos para pensar, qual adolescente que não gosta de tirar fotos e expor no álbum da sua página pessoal? Já se tornou praticamente um vício tirar fotos fazendo diversas poses (principalmente aquelas fotos que os jovens saem fazendo biquinho). Tornou-se uma diversão da galera jovem publicá-las nos seus perfis da internet para depois seus amigos comentarem.

É interessante como eles se dedicam e são criativos aos fazerem poses, simbologias, expressões, enfim. É quase que uma arte tirar fotos com os amigos ou até mesmo sozinho. O principal objetivo é fazer com que as fotos se tornem interessantes. É uma maneira de exercer o "aparecimento", do "fazer-se ser notado".

5.4 Celular

O celular[194]é outro aparelho que está englobado na vida dos jovens. Do total das 106 meninas entrevistadas, 102 disseram possuir celular, contra 4 meninas que disseram não possuí-lo.

Quadro 04 – Meninas que possuem Celular

Turma

Meninas

Possuem Celular

Não Possuem Celular

301

14

14

302

10

10

304

10

10

305

12

10

2

306

15

14

1

307

14

14

308

14

14

309

10

9

1

Região Fronteira

7

7

Total

106

102

4

Fonte: [195]

Gráfico16 – Meninas que possuem Celular

Monografias.com

Fonte: [196]

E com os meninos também não é muito diferente. Do total de 83 meninos entrevistados, 80 disseram possuir celular e somente 3 disseram não ter aparelho celular.

Quadro 05 – Meninos que possuem Celular

Turma

Meninos

Possuem Celular

Não Possuem Celular

301

12

12

302

9

9

304

6

6

305

9

8

1

306

7

7

307

10

9

1

308

15

14

1

309

9

9

Região Fronteira

6

6

Total

83

80

3

Fonte: [197]

Gráfico 17 – Meninos que possuem Celular

Monografias.com

Fonte: [198]

5.5 Aparelhos de Áudio

Outro aparelho tecnológico também utilizado pela juventude, porém em menor proporção são os aparelhos de áudio. Do total de 106 meninas entrevistadas, 43 disseram possuir MP4, 25 disseram ter MP3 e 38 disseram não possuir nenhum aparelho de áudio portátil. Em menor proporção algumas jovens disseram ter outros aparelhos para escutar música como: celular, MP7, Ipod, Iphone,...

Quadro 06: Aparelhos de áudio portátil (Meninas)

Aparelhos de áudio portátil

Turma

Meninas

MP4

Não Possuem

MP3

Iphone

Pen Drive

Celular

MP7

MP5

Ipod

301

14

8

3

3

302

10

3

2

4

1

304

10

4

4

3

305

12

3

7

1

1

306

15

3

9

3

2

1

307

14

8

3

4

3

308

14

5

4

5

1

1

1

309

10

6

3

1

1

1

Região Fronteira

7

3

3

2

Total

106

43

38

25

1

1

6

2

2

2

Fonte: [199]

Gráfico 18: Uso de aparelho de áudio portátil (meninas)

Monografias.com

Fonte: [200]

Dos meninos a maioria também possui MP3 e MP4. De 83 meninos entrevistados, 21 disseram ter MP4, 25 disseram ter MP3 e 29 disseram não possuir nenhum aparelho de áudio portátil. Alguns assim como também foi com as meninas, disseram usar outros aparelhos como: celular, MP5, Smartphone, Ipod, MP15,...

Quadro 07: Uso de aparelho de áudio portátil (meninos)

Aparelhos de áudio portátil

Turma

Meninos

MP4

Não Possuem

MP3

Celular

Smartphone

MP5

Ipod

MP15

MP16

MP7

MP12

301

12

2

1

5

3

2

1

302

9

1

1

4

2

1

304

6

3

1

3

305

9

2

3

2

1

1

306

7

3

4

2

1

1

1

307

10

4

4

2

1

1

1

308

15

2

9

2

2

1

1

309

9

2

3

4

Região Fronteira

6

2

3

1

Total

83

21

29

25

9

1

5

2

1

1

1

1

Fonte: [201]

Gráfico 19 – Uso de aparelho de áudio portátil (meninos)

Monografias.com

Fonte: [202]

5.5.1 Fones de Ouvido

Nunca na história da sociedade os Fones de Ouvido foram tão utilizados. Basta sairmos à rua que logo veremos alguém escutando música, através de aparelhos de áudio portáteis. Tornou-se algo muito comum, de certa forma, um entretenimento para os ouvidos. Grande parte dos jovens utilizam seus Mps, Ipods e celulares para escutarem a sua música preferida, e assim, estarem atualizados, inseridos, no campo musical que é muito vasto. Essa prática de escutar música solitariamente identifica claramente uma das características da nossa sociedade contemporânea, o individualismo. Cada um escuta a sua música, sem atrapalhar o outro, porém, eu ao me fechar-me na minha música, nos meus fones de ouvido, acabam muitas vezes me isolando do mundo social. Essa prática do escutar música impede, algumas vezes, que se exerça a comunicação verbal, pois se está tão concentrado na música que não se consegue ficar sem ela. O jovem atual dificilmente consegue ficar em silêncio e a presença cada vez maior dos fones de ouvido afirma esse fato.

Muitas vezes, por esse próprio exercício individual acaba-se fazendo com que as relações pessoais acabem-se mais se distanciando cada vez. Os fones de ouvido dão ao sujeito uma nova forma de mundo, um mundo musical, no qual acaba somente existindo aquilo que se está dentro dos fones. Dessa forma, aquilo que está fora dos fones, ou seja, ao seu redor é esquecido. Os fones dão ao indivíduo certa maneira de isolamento do mundo social. Por exemplo, eu estando na rua escutando a minha música, muitas vezes, não paro para perceber as pessoas que estão à minha volta, que cruzam por mim, pois pode até ser um conhecido meu. A própria prática do olhar, do observar, do contemplar, acaba-se perdendo.

6 GLOBALIZAÇAO, MÍDIA E CONSUMO[203]

Ao tratarmos sobre a juventude contemporânea é correto dizer que querendo ou não as palavras globalização, mídia e consumo. São três motores que se inserirão em alguma parte desse contexto, pois, esses três itens estão inteiramente relacionados com o jovem atual. Podemos dizer que neles se estabelecem uma interelação, devido a influência de um sobre o outro. Esses três estando unidos tornam-se grandes influentes da nossa sociedade, e logo, também estão inseridos na vida da juventude.

Na sociedade moderna, não existe algo tão influente como a mídia. Ela é uma das maiores potências de manipulação e informações desse mundo, exercendo uma forte influência sobre o jovem. Além de ser uma grande transmissora de informações, é também a responsável por manipular e muitas vezes transmitir a sua visão e posição de algo para as pessoas, como, por exemplo, incentivar na compra de alguma coisa, ou então, fazer as pessoas se manifestarem ou protestarem sobre algo. A respeito do jovem, a mídia há muitos anos vem movimento e provocando influências através de músicas, filmes e propagandas. É graças a ela, que a invasão cultural foi conquistando o seu espaço. No Brasil, "(...) a invasão cultural começou a aparecer, inclusive pelas técnicas de "marketing", ou seja, pela propaganda, nos fins de 1966."[204] Ou seja, há mais de 44 anos que ela se insere na vida dos brasileiros. A mídia é uma grande influenciadora para que objetos sejam comprados ou vendidos e isso promove e mantém a existência de outro motor, o consumo.

Embora, no que diz respeito às necessidades básicas, tenhamos o suficiente para o sustento de toda população, não nos damos por satisfeitos e nos tornamos alvos fáceis da mídia consumista. Como diz Gandhi[205]"a terra é suficiente para as necessidades básicas de todos, mas não para a voracidade dos consumistas". Vivemos assim, um pouco fora da normalidade, pois, nos movemos para e pelo excesso. Algo que para a nossa sociedade chega até tornar-se natural. Parece normal querermos mais e mais. Como diz Durkheim: "O que, ontem, achávamos suficiente, hoje nos parece abaixo da dignidade humana; e tudo faz crer que nossas exigências serão sempre crescentes."[206]

Para Boff(2003, p.88) não é diferente, ele nos caracteriza:

(...) como um ser de necessidades. Ora, a experiência e os sábios de todos os tempos sempre testemunharam que as necessidades humanas são ilimitadas. Em conseqüência, para satisfazê-las, o desenvolvimento deve ser também ilimitado. Ocorre que elas nunca, obviamente, poderão ser satisfeitas plenamente. Logo, na medida em que o ser humano se orientar por suas necessidades, haverá sempre insatisfação[207]

O humano quando consegue suprir uma necessidade, acaba partindo para uma nova busca, uma nova conquista, uma nova satisfação. Essa insatisfação, segundo a mídia, pode ser suprida pelo consumo exacerbado. E assim, muitos só se sentem satisfeitos quando estão consumindo. Por isso, é comum observarmos pessoas que passam quase todo o dia, horas e horas dentro de um Shopping Center, buscando preencher o seu vazio de insatisfação através do consumo.

Cabe destacar que a mercadoria possui uma grande função que é a de estabelecer relações de indivíduo para indivíduo. Segundo Van Zanten(1999, p.52), "(...) é a mercadoria que, na verdade, produz a relação, entre ela mesma e as várias pessoas que trabalham com ela, mas também a relação entre estas pessoas ao longo da cadeia[208]A mercadoria possui até mesmo uma função social, de estabelecer relação entre vendedor e comprador. Uma pessoa que vai em uma loja comprar acaba muitas vezes estabelecendo relações com aquela pessoa que está lhe vendendo. E assim, cria-se um laço social, embora sendo um laço de comércio.

Esses laços são característicos do próprio sistema consumista que nos proporciona um "mundo descartável", "do comprar", "consumir e ser feliz". É o tempo do momentâneo, prático e rápido, no qual é só usarmos as coisas poucas vezes e depois jogá-las fora, sem ao menos nos preocuparmos com o destino daquilo que agora se tornou um lixo e que gerará conseqüências para nós mesmos. O consumo atingiu um novo patamar, o chamado consumismo que através das propagandas ganha força e adquire espaço na vida das pessoas que se tornam consumistas, meras marionetes desse sistema. É essa necessidade ilimitada de insatisfação, inerente aos homens, que faz com que estes consumam aquilo que é proposto pela mídia. Tornando-os alvos fáceis. A mídia, através da propaganda, favorece que as pessoas consumam mais, e que com a globalização o acesso a esse consumo se torne mais fácil e que com esse consumo exista um maior acesso tanto da globalização como também da mídia na vida das pessoas. Como diz Boff(2003, p.86): "a globalização transforma tudo num imenso Big Mac, o mesmo estilo de hotéis, de vestuário, de filmes, de vídeos, de música, de programas de TV[209]Esses três andando unidos conseguem manter o mercado em constante movimento e assim também a permanência do capitalismo.

Agindo dessa forma, torna-se mais fácil para que jovens de grande parte do mundo tornem-se consumidores de aparelhos tecnológicos que são lançados no mercado mundial. Pois isso só se dá através do grande papel que a globalização possui.

A globalização produz uma grande homogeneização. Pelo mundo todo, os mesmos valores do sistema global, as mesmas tendências culturais, o mesmo estilo de consumo. A virulência do mercado está destruindo as culturas indefesas. Tudo fica monotonamente igual no centro do Rio, no centro do México, no centro de Praga, igual ao centro de Paris, ao centro de Nova York e ao centro de Berlim(BOFF, 2003, p.83)[210].

Ocorre a homogeneização de tudo, pois, dessa forma, torna-se mais fácil expandir o mercado. Porém, isso acaba sendo algo prejudicial para o jovem no que diz respeito a sua cultura, sua autonomia, modo de ser, etc. Entre alguns itens, Abramo(1994, p.155) cita o consumismo como sendo um dos fatores influenciadores que dificultam o desenvolvimento do jovem na atualidade.

Algumas das questões e mesmo das respostas encontradas são comuns a outras gerações juvenis, como por exemplo a busca de intensidade no lazer em contraposição a um cotidiano que se anuncia como medíocre e insatisfatório, mas muitas outras são colocadas pelo momento histórico específico, como a desvalorização da educação, a exarcebação do consumismo e a crise que dificulta a estruturação de projetos individuais e coletivos de futuro[211]

Percebe-se que o jovem atual possui também semelhanças com os jovens das gerações anteriores, no que diz respeito à inquietude e a expectativa de mudança. Porém, o atual modelo consumista impede a construção de jovens sonhadores, capazes que construírem projetos tanto individuais como coletivos, tornando-os acomodados, devido a própria época na qual esta juventude está inserida.

6.1 Credo (Religião)

Embora, diga-se que os jovens não são dotados de religião, que geralmente são tidos como seres descrentes, vemos claramente através de pesquisas que essa ideia é falsa. Muitos de fato não possuem religião, entretanto, detêm uma religiosidade, isto é, uma crença em Deus ou em algo que seja superior a eles. O quadro abaixo confirma isso.

Quadro 08[212]Crenças (Meninas)

Meninas

Turma

Católica

Evangélica

Espírita

Não Pratica

Test. De Jeová

Acredita em Deus

Agnóstica

Luterana

Umbanda

Candomblé

Indefinida

Adventista

Total

301

7

3

3

1

14

302

6(2 Não Praticantes)

1

3

10

304

3

1

5

1

10

305

10(1 Não Praticante)

1

1

12

306

8

1

2

1

1

1

1

15

307

11

1

1

1

14

308

10( 2 Não Praticantes)

1

1

1

1

14

309

6 (1 Praticante)

1

1

1

1

10

Região Fronteira

6

1

7

Total

67

7

12

8

1

1

3

1

2

1

1

1

1

106

Com base no gráfico abaixo vemos que a maioria das meninas pesquisadas se dizem católicas (62%), seguido por 11% que se dizem espíritas.

Gráfico 20: Crenças (Meninas)

Monografias.com

Fonte: [213]

Quadro 09: Crenças (Meninos)

Meninos

Turma

Católica

Evangélica

Espírita

Não Pratica

Luterano

Indefinida

Agnóstico

Ateu

Dout. Do Evang. De Deus

Acredita em Deus

Rastafari

Umbanda

Total

301

8

1

1

1

1

12

302

6

1

1

1

9

304

5(1 Não Praticante)

1

6

305

6

1

1

1

9

306

3

2

1

7

307

8

1

10

308

10

1

1

1

1

15

309

4

1

2

1

9

Região Fronteira

6

6

Total

56

2

6

1

2

2

1

5

1

1

1

1

83

Fonte: [214]

Entre os meninos a maioria se diz católico (68%), seguido de 8% que se dizem ser espíritas.

Gráfico 21: Crenças (Meninos)

Monografias.com

Fonte: [215]

Embora estejamos vivendo em uma era tecnológica os jovens ainda acreditam ou temem algo extraterreno que seja mais forte, ou então, mais poderoso que eles. No que diz respeito à religião estamos também vivendo um outro momento. Segundo Boff(1998, p.98) "Perdeu-se a visão do ser humano como ser-de-relações ilimitadas, ser de criatividade, de ternura, de cuidado, de espiritualidade, portador de um projeto sagrado e infinito[216]Estamos na era da massificação de indivíduos, aonde prevalece a chamada Teologia da Prosperidade. [217]

Mesmo os jovens pertencendo a uma determinada religiosidade, vemos que muitos carecem de uma religião, pois como diz Boff(2003, p.72): "A religião procura re-ligar todas as coisas, o consciente com o inconsciente, a mente com o corpo, a pessoa e o mundo, o masculino e o feminino, o humano com o Divino [218]Na sociedade atual, perdeu-se muito dos chamados laços sociais, que em tempos anteriores, a religião era uma das responsáveis para que isso acontecesse. Os indivíduos ao encontrarem-se para fazerem seus ritos, estabeleciam relações de contato, trocavam ideias, encontravam conhecidos, reencontravam pessoas que a muito tempo não viam, enfim, estabelecia-se e fortifica-se as relações sociais. Hoje, cada um desenvolve a sua espiritualidade à sua maneira, isoladamente, quebra-se a ideia de participação na fé com outro. Encontramo-nos, hoje, em uma época que cada um constrói o seu próprio Deus, e, dessa forma, com tantos deuses criados, acaba, muitas vezes, o deus de um entrando em conflito com o deus do outro. E assim, criam-se muitas vezes vários deuses, um para cada tipo de personalidade.

Nota-se que atualmente os jovens estão cercados por muitas igrejas, então vem o dilema: Qual dessas escolher? Qual dessas é a correta? Segundo Sorj:

Esse crescimento é tanto expressão da frágil integração do catolicismo, do caráter pragmático e experimental das relações que a população brasileira tem com a religião, como da crescente individualização que transforma a religião em opção pessoal.

Nesse sentido a expansão dos grupos evangélicos no Brasil é parte da experiência moderna de criação de um amplo mercado religioso. A conversão religiosa é uma opção pessoal constitutiva do processo de individualização e de perda de referências tradicionais, do desejo de construir e recriar a própria história pessoal, de uma segunda oportunidade de construir a vida. Também é o caminho no qual uma população majoritariamente (mas não exclusivamente) pobre encontra sentido em um mundo onde as condições sociais e econômicas produzem constantemente sofrimento e solidão. Esse contexto dá ao evangelismo brasileiro fortes traços carismáticos, milagrosos, que resultam numa sensação de proteção, conforto e esperança. Mas esses cultos não têm apenas um sentido individual, oferecendo também a possibilidade de participação num exercício periódico de caridade e solidariedade. Sem dúvida, as Igrejas são hoje (em suas diversas manifestações) a principal fonte de filantropia no Brasil.

Apesar da relativa perda de importância, a Igreja católica continua a ter um peso relevante na sociedade brasileira e tenta reciclar-se com programas de televisão e o surgimento de grupos carismáticos que efetuam curas e competem com os grupos evangélicos. A diminuição da importância dos grupos de base ligados à teologia da libertação deve-se em parte às transformações internas da Igreja católica em âmbito internacional, mas reflete também transformações da sociedade brasileira. Perdeu peso a mensagem que enfatizava a ação coletiva como instrumento de melhoria social e se fortaleceram o individualismo e a luta pessoal pela sobrevivência. A Igreja "progressista" ocupa, no entanto, vários espaços importantes na sociedade brasileira, especialmente em círculos da liderança do PT e do MST.

Inclusive os grupos ecologistas e os grupos de promoção da consciência negra e das raízes africanas podem ser considerados parte dessa tendência de formação de novas identidades com ênfase nas dimensões subjetivas e culturais que mobilizam pessoas que buscam uma alternativa pessoal de vida.[219]

Partes: 1, 2, 3, 4


 Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 

Monografías Plus



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.