Ordo ab Caos
Uma das contingências com que os cientistas muitas vezes se confrontam prende-se com questões de linguagem. Sendo a linguagem o método de transmissão entre Seres Humanos, é fundamental que a ciência, tal como todas as outras actividades, tenha uma linguagem e com ela se expresse para que se faça entender e divulgar. Claro está que um dos problemas prende-se com a linguagem complexa e por vezes até hermética utilizada no mundo científico, divergindo conforme a área do conhecimento. Mas tal problema é comum a quase todos os ramos da actividade humana, que, conforme as suas características, desenvolvem entre si linguagens, "gírias", completamente incompreensíveis a quem não conhece ou pertence ao ramo de actividade em questão. Desde a agricultura à metalomecânica, passando pelos têxteis, a construção civil, todos têm o seu "código" próprio. Em determinados casos, e alargando o campo do exemplo, entre regiões distintas de um mesmo país, embora se fale o mesmo idioma, há palavras, termos, expressões característicos e incompreensíveis para quem não pertence a essa região. Podia-se ainda falar nas "gírias" e "terminologias" de grupos, etnias, gangs, etc.
A grande contingência surge, então, quando se confrontam níveis de linguagem. Em linguística, entende-se por nível de linguagem os tipos de linguagem utilizada em determinado contexto. Os níveis de linguagem adequam-se, ou devem adequar-se, por parte do emissor, à circunstância e ambiente em que se inserem. Dos principais níveis de linguagem destacamos o coloquial, aquele que se utiliza com mais fluência e à vontade com a família, os amigos, por um lado, e o nível formal que utilizamos em circunstâncias profissionais, formais, com pessoas "conhecidas"; o nível técnico, isto é, a linguagem específica e restrita a um determinado ramo de saber, actividade ou profissão. No processo da linguagem é dever e obrigação do emissor adequar o nível de linguagem à circunstância e ao receptor, de modo a que não se gere ruído e a mensagem possa ser facilmente transmitida.
O problema surge, então, quando os níveis de linguagem entram em confronto ou então divergem em significação conforme entre si. Neste estudo em particular, a questão assume uma maior proporção porque lidamos com uma palavra de uma vastidão de significados e conteúdos, tanto no que se relaciona com níveis de linguagem como com áreas do saber e do conhecimento.
Equilíbrio.. Qual o significado da palavra equilíbrio? Em linguagem coloquial será algo que está estável, muito relacionado com o seu estado gravitacional, como refere a entrada do dicionário Cândido de Oliveira "estado de um corpo que se mantém de pé sem se inclinar para nenhum dos lados"[1]. Mas esta é a segunda entrada registada por este dicionário, sendo a primeira "estado de um corpo que é atraído ou solicitado por duas forças opostas que se anulam sobre um ponto de resistência." Definição mais complexa mas ambas pertinentes para este estudo pois concordam em dois elementos importantes: a existência de um ponto de referência e a existência de duas forças antagónicas (subentendida na primeira definição por "ambos os lados, isto é, a existência de dois lados opostos.) Investigando a maior parte das noções de equilíbrio desde o "equilíbrio Mecânico"[2] até ao complexo Equilíbrio de Nash aplicado à economia, todos apresentam as premissas acima assinaladas. Um referencial e dois pontos opostos em que esse se posiciona para definir o seu grau de equilíbrio. Relativamente ao grau de equilíbrio, George Charpak, no âmbito da mecânica quântica, avançou com o conceito de clone, em que partículas quânticas quando dispersas se encontram em grau de imprevisibilidade, mas quando em estado acumulativo adquirem, todas, o mesmo eixo de referência, isto é, o equilíbrio entre o módulo, fase e amplitude. Desta forma pode-se definir, de um modo simplista mas totalmente abrangente, equilíbrio como o rácio entre o que é necessário e o que é pretendido conforme as circunstâncias aplicáveis ao contexto. Do mesmo modo, podemos simplificar ou tentar reunir as múltiplas definições de instabilidade ou desequilíbrio postulando que o estado de equilíbrio implica sempre a permanência em estado continuado de um determinado referencial num determinado campo de amplitude entre dois pontos divergentes em ângulos opostos sendo o desequilíbrio a oscilação entre o referencial e a amplitude da sua oscilação relativamente ao grau 0 até ao máximo de 180 graus. Estas definições podem orientar a análise diacrónica de um determinado referencial em qualquer estado que se encontre, tendo, como base, uma definição, suficientemente ampla (com as suas vantagens e desvantagens) a qualquer área de conhecimento ou de estudo, inclusive a das ciências humanas e o que a elas diz respeito. De modo a simplificar o entendimento dos preceitos acima anunciados passa-se a elaborar, de um modo simples e resumido, um esquema gráfico que tenta sintetizar e aglutinar tanto o conceito de equilíbrio como o de desequilíbrio:
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