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Dos termos apresentados no gráfico pode definir-se:
Referencia de Equilíbrio – Ponto de estacionário completo do referencial, igual e nunca superior a 0 graus em que o referencial de encontra perfeitamente alinhado com a força ou esforço a que está submetido;
Desequilíbrio Ondulatório – (entre 0 e 90 graus) Ditando a ciência e a própria observação empírica que não existem estados absolutos, e que, de forma rigorosa, o Referencial de Equilíbrio implica esse mesmo estado, o estado ondulatório é a fase em que o equilíbrio se desenvolve sem pôr em causa o seu estado;
Desequilíbrio Moderado – (entre 90 e 120 graus) Estado em que se o referencial inicia, propriamente a condição ondulatória tendo de recorrer a forças dinâmicas próprias para voltar ao seu estado inicial, normalmente apelando para o efeito contrário induzido no seu semelhante oposto.
Desequilíbrio Acentuado – (entre 120 e 160 graus) Estado considerado já de crise em que o referencial não consegue, dependendo das forças internas que nele operam, repor o valor do referencial. Para recuperar ou não deste estado dependem as causas e as circunstâncias do desequilíbrio, podendo elas, se anuladas, repor a estabilidade, ou, mantendo-se, produzir a passagem para o estado seguinte.
Desequilíbrio Pronunciado – (entre 160 e 180 graus) – Estado em que o grau do diferencial é tão elevado que são necessárias forças externas (acção humana, sinergias de elementos, pontos de retoma de sistema) para repor o Referencial de Equilíbrio, isto é, o elemento está sujeito a tais pressões que deixa de depender de si, das circunstâncias, para passar a depender de uma fonte externa.
Ponto de Indiferença – (180 graus) – Aniquilamento, extinção ou supressão completa do elemento que se identifica com o Referencial de Equilíbrio.
No entanto, e depois de se ter definido a natureza e o comportamento do desequilíbrio, assumindo isso como um efeito, falta questionar as causas que provocam esse estado. A relação causa/efeito, embora pertença aos mais antigos ditames da ciência, não pode ser ignorada, muito menos neste caso em particular. Mas se a abrangência do conceito de desequilíbrio é muito vasta as causas que o provocam também o são. Em primeiro lugar dependem da natureza e condição do que se assume como Referencial, que pode ser um ser animado ou inanimado, um mineral ou uma planta, um átomo ou uma galáxia. Esta amplitude leva a que se lide com forças e dinâmicas de uma multiplicidade, variedade de grandeza que é possível abarcar num só conceito. No entanto, na definição que se postulou sobre o desequilíbrio apontou-se as palavras "forças", "necessidade" e "pretensão". Deste modo pode-se concluir que o processo de desequilíbrio é desencadeado quando algo é necessário para desplotar determinada função e faltam as forças necessárias para que tal se opere. Quando essas forças existem, então, existe o equilíbrio. Note-se, como nota de complemento, que não podemos esquecer, neste ponto de reflexão, duas leis fundamentais que interferem e ajudam a entender, de melhor forma, todo este complexo processo do equilíbrio. Em primeiro lugar, que não há órgão sem função. Embora originária da biologia, esta Lei, se tomada num sentido amplo, verifica-se que a tudo se aplica. Não existe nada que não desempenhe uma função para a qual é necessária. Se tal não for está votado à extinção. Outra Lei que se pretende relacionar com a anterior é a de Lavoisier que afirma que "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Relacionando as duas leis pode-se afirmar peremptoriamente que não há elemento, da maior grandeza ou da mais pequena proporção, que não esteja, de algum modo, relacionado com algo ou alguma coisa, dependendo ou fazendo depender da sua existência todo um vasto conjunto de outras realidades. Assim, pode-se afirmar, sem margem para dúvida, que no Universo todos os elementos estão em relação, mesmo quando falamos em sistemas fechados, tudo dependendo, de alguma forma de os estados dos referentes com que estão relacionados, contribuindo, para o estado de equilíbrio. A corroborar esta tese existe a famosa Lei de Bohr,, no contexto da Mecânica Quântica" que afirma "o bater de asas de uma borboleta na Amazónia pode provocar uma tempestade em Paris" .
No seguimento da definição dada de equilíbrio e dos seus estados, pode-se dizer que, mesmo no seu estado 0, o equilíbrio depende sempre de forças externas ao Referente, por, devido a imposição natural, estar, obrigatoriamente, em relação com outros Referentes.
Desta forma as causas do Equilíbrio ou desequilíbrio são tão múltiplas como os referentes que se relacionam com o referente analisado, dependendo isso da sua natureza e circunstância. Também, desta forma se pode postular que o estado de equilibro ou desequilíbrio de um Referente afecta e é afectado pelo estado e circunstância de todos os referentes que com eles se relacionam, provocando uma reacção em cadeia contínua e permanente que mantém uma ordem que, como já foi afirmado por Kant, tende inevitavelmente para o equilíbrio.
Acrescente-se ainda da importância do desequilíbrio na manutenção do equilíbrio. De um ponto lato, estando tudo em relação, existem vários tipos de relação que vão desde uma simples associação atómica, até à relação nas cadeias alimentares e nos ecossistemas, até ao Universo. De acordo com o grau de força detido por cada sistema de relações, estas impõe o seu equilíbrio aos sistemas com menor grau de força, de modo que, por vezes, para manter o equilíbrio de determinado sistema são gerados desequilíbrios em vários outros sistemas, mesmo levando-os ao grau de indiferença. É disso exemplo a actividade geofísica: para manter o seu equilíbrio desencadeia fenómenos como erupções vulcânicas ou sismos que provocam, conforme a sua intensidade, grandes graus de desequilíbrio em outros sistemas com menor grau de força. No entanto, se a actividade geofísica não mantivesse o seu equilíbrio, todos os outros sistemas dele dependentes sofreriam as consequências, porque se a terra não se mantiver em equilíbrio, tudo o que nela existe, entraria, tarde ou cedo, também em desequilíbrio. Uma característica dos fenómenos de desequilíbrios de acção é que possibilitam sempre, aos sistemas por eles afectados, a recuperação, ou mesmo o incremento do grau de equilíbrio de todos os seus referentes. Todo o sistema ao grau de desequilíbrio responde com o restabelecer da ordem, ou então, de uma outra distinta, mas em equilíbrio.
Assim podemos postular que a causa do desequilíbrio é a relação lata de sistemas interligados e interdependentes, que para manter o seu estado de equilíbrio, conforme o seu grau de força, exercem sobre os outros influências directas ou indirectas, afectando o seu estado. Tal sistema baseia-se numa lógica de acção/reacção em que, por ordem de força e grandeza se estabelece um contínuo de processos de equilíbrio e desequilíbrio em vários sistemas de modo a manter-se, em estado constante, o equilíbrio do sistema com maior grau de força.
Outra causa do estado de desequilíbrio é a que se pode designar de ingerência do elemento demiúrgico. Embora levante muitas questões e detenha na sua formulação muitas lacunas podemos definir elemento demiúrgico como um elemento, que, assumindo um comportamento anómalo relativamente à ordem do sistema, causa um grau de desequilíbrio desenquadrado no clico normal dos sistemas. Seria o caso do meteorito que extinguiu os dinossauros, e, mais concretamente, o Ser Humano que, com a sua ingerência no processo natural dos sistemas, provoca graves estados de desequilíbrio, tais como o efeito de estufa, o buraco de ozono, a desertificação e a extinção das espécies. Mas, se tudo se enquadra dentro de uma ordem de causa/efeito e acção/reacção dos sistemas, como podemos definir o termo de "anómalo"? A aplicação do termo implicaria que esse elemento quebrasse todas ou grande parte das suas relações sistemáticas das quais depende, para se comportar de um modo quase independente. Ora, sabendo que essa independência é possível, poderíamos afirmar que o conceito de elemento demiúrgico e as suas causas, é perfeitamente enquadrável no normal desenvolvimento do equilíbrio geral, tendo, unicamente, como especificidade, a sua raridade e efeito, que se "desenquadram" da normalidade dos fenómenos naturais. No que respeita à acção humana, também o Homem faz parte de uma ordem de sistemas, e, pese embora os efeitos causados pela sua acção em outros sistemas, nunca se pode, em ciência, fazer juízos de valor, afirmando que acção é nefasta ou não. É simplesmente uma acção, que causará os seus efeitos e desencadeará um conjunto de processos de acção e reacção até que, por ordem natural, e sejam quais forem as consequências para todos os intervenientes no processo, só uma coisa se pode afirmar, inequivocamente e sem margens para dúvidas: o equilíbrio será reposto.
Bibliografia
Enciclopédia Britânica
Autor:
Rui Alberto Silva (Ph.D.)
[1] - Cientificamente define-se este conceito de estado "equilíbrio de um corpo" que comporta 3 estados: vertical relativamente ao seu eixo gravitacional designado por estável; em oscilação quanto ao seu eixo que se designa por instável e em anglo 0 relativamente á superfície que define o ponto gravitacional que se define por Indiferente.
[2] - estado de um corpo em que as forças sobre ele aplicadas contrabalançam mutuamente os seus efeitos.
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