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As consequências do uso de bebidas alcoólicas e o papel da família, escola e sociedade(página 2)


Quando se aborda a respeito dos valores éticos e morais, bem como a influencia da mídia, Oliveira (1996, p. 41), salienta que: "Cada vez mais, se difunde entre nós a idéia de que o homem é indivíduo isolado, atomístico, marcado por inúmeros interesses e impulsos, que precisam ser satisfeitos. Tudo o que está além do indivíduo só tem sentido à medida que de algum modo, vem responder as suas necessidades".

É sobre esses inúmeros interesses e impulsos que precisam ser satisfeitos que destaco o uso de bebidas alcoólicas entre adolescentes, jovens e adultos, pois tudo é válido na sociedade atual, desde que favoreça simplesmente a sua auto-realização. Isso significa que certos valores e princípios estão difusos nos apelos que a mídia realiza para atraí-los. Exemplo disso é a publicidade de produtos e serviços para todos os gostos e preferências. Lamentavelmente este retrato da sociedade é muito maior do que a nossa ótica consegue visualizar.

2.1. A popularidade da bebidas alcoólicas no Brasil

Nesse sentido, é importante salientar que conforme dados da Revista Plantão Médico (1998) que trata em seu artigo sobre o uso de Drogas, Alcoolismo e Tabagismo, existe espalhadas pelo mundo uma grande variedade de bebidas alcoólicas, transformando-as na substância psicoativa mais popular do planeta. O Brasil por sua vez, apresenta-se em primeiro lugar do mundo no consumo de destilados de cachaça e é o quinto maior produtor de cerveja, sendo que a Ambev produz 35 milhões de garrafas por dia.

Ainda com base nos dados do artigo acima, o álcool representa a droga mais preferida dos brasileiros (68,7% do total). Esses dados se justificam, pois no Brasil, cerca de 90% das internações em hospitais psiquiátricos acontecem devido ao grande índice de álcool na corrente sanguínea das pessoas que o ingerem.

2.2. Alcoolismo a doença que mais faz vitimas no Brasil

Conforme Schuckit (1999), o alcoolismo é a doença que mais mata no mundo ocupando o terceiro lugar. O álcool é a substância que mais faz vítimas entre os jovens do Brasil que o consomem. Infelizmente, a idade do primeiro drinque acontece entre os 13 e 15 anos de idade. Entre os 15 e 17 anos são as primeiras intoxicações e entre os 16 e 22 anos surgem os primeiros problemas relacionados ao uso do álcool.

Outro dado preocupante está relacionado ao fato que 45% dos jovens das cinco capitais brasileiras, cuja faixa etária de 13 e 19 anos se envolveram em acidentes de trânsito devido ao alcoolismo.

A partir disso, faz-se necessário refletir sobre quatro questões que as considero pertinentes: Como é considerada pela medicina a dependência do álcool? Como esta dependência influencia no organismo das pessoas usuárias de álcool? O alcoolismo tem cura? Qual o papel da família, da escola e da sociedade com relação ao adolescente, ao jovem e ao adulto usuário do álcool?

2.3. O alcoolismo e os prejuízos para a saúde do ser humano

A respeito da primeira questão, pode-se dizer que segundo Leite (2002), a dependência de substâncias psicoativas (álcool e drogas) é considerada como uma síndrome, cujo diagnóstico é realizado pela presença de diversos sintomas que o indivíduo consumidor, seja qual for o seu enquadramento (experimentador, ocasional, habitual ou dependente) apresenta.

Com relação a segunda e terceira questão é possível verificar que em qualquer um dos enquadramentos, o uso do álcool acarreta uma série de prejuízos e comprometimentos para a saúde das pessoas, pois fere a sua integridade psicológica e mental. Além disso, o alcoolismo é considerado como uma doença crônica, tanto quanto qualquer doença crônica, como por exemplo, a hipertensão arterial e o diabetes que acompanham o indivíduo por toda a sua vida.

O alcoolismo, também é determinado por um conjunto de fatores genéticos e condições sociais. Sendo que para alguns estudiosos a dependência está relacionada como uma patologia familiar, isto é, eles a consideram como uma doença de origem familiar. Isso significa que, a genética é responsável por 30% dos casos de alcoolismo.

Por outro lado, outros fatores contribuem para a dependência do álcool, como por exemplo, a convivência familiar, os relacionamentos interpessoais e seus conflitos, como também as influências ambientais a que todos os integrantes da família estão submetidos.

Conforme Bosanello (1986) o organismo do ser humano é constituído por unidades hereditárias que as denominamos de genes. São estes genes que controlam o desenvolvimento da personalidade, isto é, são estruturas que representam as funções de um organismo.

Isso significa que se os pais ou avós forem alcoólatras, existe a possibilidade de algum dos filhos se tornarem um usuário do álcool, pois sua predisposição genética é mais acentuada que a de um filho de pais não alcoólatras. Ou seja, os filhos de pais alcoólatras têm um risco até quatro vezes maior de desenvolver a dependência do álcool.

Mas, se não houver um fato que desencadeie a doença, a pessoa poderá passar a vida toda sem ter problemas com o álcool. Faz-se necessário salientar que o importante é que a carga genética não influencia necessariamente ao uso do álcool, assim como um pai músico não transformará seu filho num violinista.

O álcool circula na corrente sanguínea da pessoa subtraindo a água do seu organismo, roubando os glóbulos vermelhos do sangue e, o oxigênio por sua vez, intoxica as células do fígado determinando a congestão deste órgão. O álcool também paralisa os nervos que regem os vasos sanguíneos. E, os nervos que regulam o coração são deprimidos, fazendo com que ele pulse mais rapidamente e ao mesmo tempo o vigor de cada pulsação diminui causando arritmia.

Segundo Tiba (1996), quando aborda sobre o uso do álcool, nos diz que o organismo do ser humano possui a capacidade de absorver somente uma pequena quantidade desta substancia sem causar prejuízos a sua saúde e que pode ser apreciada se a pessoa ainda tem o paladar e não apresenta sinais de alterações físicas psicológicas ou comportamentais. Porém, para que isso aconteça é necessário que cada um saiba a quantidade que pode beber.

Mesmo sendo adverso ao uso de bebidas alcoólicas, Tiba (1996) sugere que o importante é beber com calma, pois as alterações aparecem no cérebro quando a pessoa bebe rapidamente. Quando o cérebro é atingido, a pessoa perde o controle de seus reflexos. São as perdas de reflexos e de percepção de tempo e espaço alguns dos fatores que mais contribuem na maioria das vezes para o grande índice de acidentes de automóveis.

As afirmações de Tiba (1996) são aceitáveis, pois segundo dados da Revista Plantão Médico (1998), os efeitos do álcool que ocorrem no Sistema Nervoso Central – SNC são extremamente prejudiciais à saúde da pessoa que o ingere, pois incluem: fala arrastada, falta da coordenação motora, aumento da autoconfiança e euforia. Com relação ao humor da pessoa embriagada, este varia, tornando-a mais ruidosa e desembaraçada. Algumas pessoas, porém, permanecem mais morosas e contidas.

Em níveis mais elevados de intoxicação o humor tende a ficar estável com euforia e melancolia, agressão e submissão. O desempenho intelectual e motor e a discriminação sensitiva também são prejudicadas. A pessoa quando está sob os efeitos do álcool sente uma sensação de calor constante aumentando a saliva e o suco gástrico.

Conforme o artigo SOS – Cuidados Emergenciais, publicado em 2002, a pessoa que apresenta intoxicação aguda por álcool deverá ser encaminhada a uma emergência médica, pois dependendo da tolerância do álcool, do seu peso, da sua freqüência de ingestão e da quantidade de alimento que consumiu poderá levá-la ao óbito.

O álcool também causa outros danos no organismo do homem e da mulher conforme o artigo acima citado é possível destacá-los como: diurese autolimitada, vasodilatação cutânea (vermelhidão), retardo no trabalho de parto, prejuízos no desenvolvimento fetal (anomalias congênitas), degeneração neurológica (bebedores inveterados), como a demência e neuropatias periféricas, hepatopatia que progride para a cirrose e a insuficiência hepática, dependência física e psicológica (vício).

2.4. Tratamento para o alcoolismo existe, a cura não.

A partir disso, acredita-se que o alcoolista não bebe simplesmente por prazer, mas para que o álcool faça efeito imediato no seu organismo, dando-lhe uma sensação de bem-estar que equivocadamente pensa ser o melhor naquele momento. Por isso, o alcoolismo é uma doença incurável, fatalista e progressiva, até mesmo em período de abstinência e que o tratamento existe apenas para impossibilitar o avanço da doença, bem como para minimizar os diversos prejuízos que o álcool acarreta no organismo do dependente, seus familiares e demais pessoas. Conforme Leite (2002, p. 6), "A dependência encontra-se classificada como um transtorno psiquiátrico. O tratamento deve incluir aspectos comuns a todos os indivíduos acometidos (aspectos comuns da população de dependentes), bem como aspectos individualizados (particulares) de cada paciente".

Uma das primeiras fases do tratamento do alcoolismo pode ser realizada em clinicas, ambulatórios e/ou hospitais. O tratamento da síndrome de dependência envolve todas as áreas de impacto do consumo sobre a vida do paciente e abrangem diferentes dimensões através de uma abordagem multiprofissional. Para que seja realmente eficaz o tratamento para os pacientes dependentes do álcool, o mesmo consiste em diversas etapas que compreendem:

  • a) Abordagem do paciente dependente que corresponde ao período inicial de tratamento através do qual o médico faz todas as investigações sobre as expectativas de vida. O objetivo é construir com o paciente, um diagnóstico detalhado de seu envolvimento com o consumo, seu meio ambiente e os resultados deste uso.

  • b) A promoção da abstinência pode ser considerada como o início do tratamento. Esta fase compreende a abordagem do paciente e inclui as decisões e orientações para a reabilitação do paciente. A fase das decisões corresponde à estratégia terapêutica a ser empregada, isto é, dependendo do seu estado, o paciente poderá ser tratado apenas no ambulatório ou ser internado. A internação ocorre somente quando o paciente representa uma ameaça para ele mesmo e para as demais pessoas do seu convívio familiar e social.

  • c) Os Métodos e terapias incluindo estratégias no tratamento da dependência do álcool correspondem em: aconselhamento individual, psicoterapia individual e em grupo, prevenção de recaída, treinamento de habilidades sociais e tratamento familiar. O objetivo é desenvolver no paciente a capacidade de evitar o consumo, promovendo uma mudança significativa no seu estilo de vida.

O processo de terapia grupal privilegia a interdependência entre os dependentes de álcool, cujo objetivo é o estabelecimento das relações sociais saudáveis voltadas para a abstinência e a reabilitação da pessoa, lhe oportunizando a sua identificação com os demais, expressando seus pensamentos e emoções, seus conceitos e apreciações. Tudo isso, através da escuta e de um reforço interativo positivo de outras pessoas que também são dependentes do álcool.

Em se tratando da terapia familiar, faz-se necessário salientar que os membros da família se constituem em vítimas primárias da dependência. Os familiares do dependente quase sempre apresentam, culpa, raiva, mágoa, desespero, privações, superproteção complicando ainda mais as relações interpessoais. Os familiares também apresentam certos preconceitos que interferem de maneira negativa no tratamento terapêutico do paciente sabotando, muitas vezes, o processo de recuperação.

  • d) O tratamento farmacológico para os dependentes consiste em medicamentos prescritos pelo médico quando o paciente apresenta outras doenças associadas ao alcoolismo: depressão, ansiedade, psicose: Estes medicamentos são destinados para intoxicação, abstinência, compulsão e controle de doenças psiquiátricas.

  • e) Os grupos de mútua-ajuda e comunidades terapêuticas são constituídos pelos Narcóticos Anônimos – NA e Alcoólicos Anônimos – AA.

Os grupos de mútua-ajuda são agentes que desenvolvem um trabalho voluntário na recuperação e reinserção social dos dependentes de álcool atuando também na prevenção e reestruturação da família do dependente. (Os Alcoólicos Anônimos, AA) fundamentam-se num conjunto de princípios espirituais para que o dependente possa encontrar a liberdade de reconstruir uma nova forma de vida.

Diante destes dados, fica evidente que o uso do álcool acarreta sérios prejuízos para a saúde das pessoas, não importa a classe social a qual ela pertence.

2.5. O papel da família, da escola e da sociedade na prevenção do uso do álcool

A respeito da última questão que questiona sobre o papel da família, da escola e da sociedade com relação aos usuários de álcool, acredita-se que estamos "encurralados" num espaço muito pequeno, onde o movimento de mudanças é imperceptível, tendo em vista que o contexto esmaga a força interior de cada um, nos tornando manipulados e reprodutores desta própria sociedade.

Se ainda, muitas pessoas de bem permanecem aprisionadas, sem o mínimo necessário para manter a dignidade, como a escola intervém em relação aos valores que sustentam a vida do educando? O que a escola e os educadores podem fazer para que não aconteça a incidência do uso de bebidas alcoólicas entre seus educandos?

Considerando-se que a cidadania se refere à participação do sujeito na sociedade, é evidente que, para o cidadão efetivar a sua participação comunitária, é necessário que ele disponha de informações. Tais informações são aquelas vinculadas aos problemas sociais que afetam o cidadão, os quais exigem um posicionamento para o encaminhamento de possíveis soluções.

Nesse sentido, cabe aos pais e aos educadores, observar, orientar e dialogar com seus filhos, explicando-lhes do mal que o uso do álcool acarreta para o organismo de um modo geral. Quando se fala em orientá-los, isso significa que não são recomendáveis os pais e educadores agirem com censuras, recriminações e autoritarismos. Cabe sim, um diálogo aberto através do qual os filhos sejam orientados quanto aos falsos valores que o uso de bebidas alcoólicas proporciona.

2.6. A sistematização das informações nos programas de prevenção do uso do álcool

Cabe à escola informar seus educandos que a ciência e a cultura produziram diversos modelos de como manter a vida e os fatores que podem destruí-la. Sabe-se que a escola é a que possui condições de sistematizar a informação para as diferentes modalidades de ensino e aprendizagem, pois o educador juntamente com a ajuda dos pais e dos próprios educandos pode planejar e desenvolver programas de prevenção do uso do álcool. Isso lhe possibilitará o estabelecendo de um contato direto com cada educando, uma vez que ele exerce uma grande influência na formação de valores e atitudes na vida dos mesmos.

O educador representa uma fonte de referência para os educandos, assim mais do que qualquer outro profissional seu ofício de mestre comprometido com a formação da cidadania é despir-se de certos preconceitos e falsos moralismos ultrapassando a superficialidade da simples informação. Tudo isso é possível mediante debates e propostas concretas que tenham como objetivo buscar alternativas para orientar o ensino e a aprendizagem para as experiências congruentes, válidas para as atuais exigências e desafios do futuro incerto e duvidoso, pois como diz o ditado popular "é melhor prevenir do que remediar".

Sabe-se que entre as leis do pensamento e o modo que desenvolvemos a nossa prática pedagógica e existencial, através das nossas relações com as outras pessoas, bem como individualmente e de modo especial, em nossa vida profissional, encontramos dissonâncias gritantes que evidenciam o desequilíbrio constante entre o que teorizamos e o que fazemos.

É comum também, denunciarmos acontecimentos que são conseqüências, pensando que estamos contribuindo para a solução dos problemas, não vamos a fundo, às raízes das doenças que atingem todos os aspectos da vida humana. Ficamos amarrados às falsas analogias e contra-valores que sedimentam a sociedade contemporânea.

Isso acontece, pois muitas vezes, falta-nos coragem, audácia e convicção para um estudo sério e demorado. Abdicamos da possibilidade de avaliar, com profundidade e amplitude os acontecimentos que presenciamos, tolhendo assim, nossa possibilidade real de elaborar alternativas capazes de mudar o rumo caótico e difuso da história de vida de muitos cidadãos.

Acredita-se que, a vida das pessoas só é real, concreta, experimental, prática e assumida quando trazem à consciência os seus valores e necessidades de origem, quando descobrem a sua natureza, quando identificam a razão e a finalidade do fazer, do viver, do estudar, do trabalhar, do fazer conhecimento, do amar, renovando tudo pela criatividade, orientando tudo em direção à sabedoria, pela busca dinâmica e incansável da perfeição, do melhor, animadas pela plenitude de que o homem pode construir e que pode chegar, pela vivência da fé e da esperança, consolidadas pelas suas obras.

Quando se fala que o homem pode construir, quero dizer que, o ato de ensinar deve ter sentido verdadeiro, isto é, devemos dar sentido verdadeiro ao nosso modo de agir, a tudo que fazemos, acionando nossa criatividade, assumindo os desafios do desconhecido, projetando-nos para o futuro, pela assimilação dos conteúdos significativos e relevantes do passado e do presente.

Prado (2002) salienta em suas abordagens que o processo pedagógico de uma pedagogia que tem como objetivo a promoção da cidadania deve partir de uma problemática central, como, por exemplo, estudar os conceitos do álcool. Um exemplo seria partir da questão das necessidades de uma sociedade de consumo, do qual pode surgir a temática bebidas alcoólicas. Desta temática, vários tópicos podem ser estudados, como a qualidade de vida, saúde, doenças, lucratividade, publicidade, meio ambiente, relações pessoais, autoestima, entre outros.

Segundo Prado (2002, p. 61), a "pedagogia é um fazer, os caminhos que a ela conduzem são construídos e percorridos nesse fazer cotidiano e permanente". Diante disso, deve-se ter claro que, o ensino para o cidadão inclui, necessariamente uma compreensão dos produtos e processos da ciência produzida e da tecnologia usada pela sociedade contemporânea, assim como os mecanismos sociais e de poder implicados nestas construções da humanidade, de forma que tenha condições de interferir na realidade em que está inserido.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se fizermos, uma avaliação de todas as etapas da nossa prática existencial veremos as discrepâncias entre as leis, os objetivos, os princípios e as finalidades que nos propomos e que gostaríamos que orientassem nossos procedimentos.

Exemplo disso está no simples fato de que, conhecemos as condições essenciais da nossa saúde e da nossa felicidade, por um lado, porém, através da nossa experiência alimentar respondemos aos apelos dos "valores" da política exacerbada do capitalismo, comprando e consumindo produtos contaminados com defensivos agrícolas e químicos, estimulados pelos interesses da indústria e comércio destes produtos.

Por outro lado, "ignoramos" as ofertas e os apelos para o consumo de produtos naturais, também presentes no nosso meio. Ficamos indiferentes diante dos apelos das associações preocupadas com a organização da saúde, dos movimentos ecológicos e da criação de novas forças morais e valores éticos.

Diante disso, faz sentido afirmar que o homem nasce completo biologicamente, mas inacabado social e culturalmente, daí a necessidade de interação constante com o meio, para aperfeiçoar a sua evolução num contínuo processo de maturidade, do qual ele é o próprio sujeito, responsável de suas capacidades de percepção, associação, criatividade, questionamento e criticidade.

Faz sentido também afirmar que, a educação como busca permanente de conhecimento, problematizada com o mundo social, familiar e escolar deve ser essencialmente libertadora, questionadora, crítica e que leve o homem a transformação responsável.

Eis o papel da escola e de todos os seus segmentos, frente ao compromisso de formar cidadãos críticos e responsáveis, isso significa que a ação educativa deve ser essencialmente conscientizadora sobre a realidade social e individual de cada educando.

Assim, parte-se do pressuposto de que a função essencial do professor-educador está ligada à formação da consciência crítica, pois enquanto oferece condições ao educando de conhecer objetivamente seu meio, possibilita-o a inferir neste meio e descobrir-se, reconquistar-se como sujeito de sua própria história.

É imprescindível devolver a palavra ao educando e, através de situações problematizadoras possibilitar-lhe a superação das dificuldades, pelo diálogo e soluções encontradas individualmente ou em comunhão com o grupo o qual pertence.

Porém, acredita-se que a escola precisa reinventar o seu papel a favor da contra-hegemonia, assumindo um caráter coletivo, no qual cada sujeito tenha espaço para dizer a sua palavra através de uma atitude de confronto e de trocas solidárias de reflexões e de busca de alternativas para um ensino de melhor qualidade, estando aberta para a formação e participação de grupos.

Grupos capazes de rever suas posições e de por em dúvida suas certezas, pois conforme Morim (2000, p. 19) "todo conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão, [...] os homens sempre elaboram falsas concepções de si próprios, do que fazem, do que devem fazer no mundo onde vivem".

A partir desta citação, verifica-se e entende-se a importância da Filosofia na formação dos educadores, pois sua tarefa é lhes oferecer um método de reflexão que lhes permita encarar os diversos problemas educacionais, destacando o uso do álcool entre os educandos, penetrando na sua complexidade e encaminhando para o encontro de possíveis soluções.

Cabe aos educadores, situar o homem como centro de todas as relações, e, conseqüentemente, como agente de sua própria educação. Isso significa que, deve-se dar-lhes os meios para compreender o que ele é, o que ele faz e o que poderia fazer em certo momento para transformar responsavelmente a sua própria existência.

Quando se fala da transformação existencial do homem, Prado (2002, p. 59) salienta sobre o processo pedagógico voltado para a educação popular, que segundo o autor "A cidadania ambiental e a cultura de sustentabilidade serão necessariamente o resultado do fazer pedagógico que conjugue a aprendizagem a partir da vida cotidiana".

O trabalho pedagógico do educador, nesse aspecto, a partir das novas relações de compromisso social, pode alterar o teor pedagógico, pois submete o ato puramente escolar ao criativo, criando assim uma situação em que num ato coletivo se ensina e se aprende.

Esta postura se fundamenta na consciência do compromisso de informar e formar através da elaboração de conhecimentos sólidos, isto é, dar sentido ao que se faz, pois conforme Prado (2002, p. 63), "caminhar com sentido significa, antes de tudo, dar sentido ao que fazemos, compartilhar sentidos, impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana".

Portanto, faz-se necessário salientar que, no cenário pedagógico, educadores e educandos, não são apenas atores ou espectadores, são também roteiristas, cenógrafos, iluministas e produtores. Tudo isso, combinado, leva-os a uma grande responsabilidade, pois a representação não é simples simulação, representação é vida.

A vida, como valor, é tão preciosa e merece o respeito do seu curso, e conhecê-la compreendendo-a é uma das maneiras mais significativas do compromisso humano; compromisso que só tem sentido quando se está profundamente envolvido nele, não mornamente, mas com paixão e indignação esclarecida. Eis o desafio: a construção de uma sociedade humana e plena que garanta ao ser humano o seu desenvolvimento integral em todos os sentidos da sua existência.

REFERÊNCIAS

BOSANELLO, Aurélio. Biologia Geral: Genética. Editora Educacional Brasileira: Curitiba, V. II, 8ª ed., 1986.

DROGAS, Alcoolismo e Tabagismo. Revista Plantão Médico, RJ: Ed. Biologia e Saúde, 1998.

FARMACOLOGIA. Revista Plantão Médico, 3a. ed., Ed. Guanabara Koogan, 1997.

LEITE, Marcos da Costa. Aspectos básicos do tratamento da síndrome de dependência de substâncias psicoativas. 3ª. Ed. Brasília: SENAD, 2002.

PRADO, Francisco Gutiérrez Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária. Traduzido por Sandra Fabricco Valenzuella. 3. ed. – São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2002.

SOS – Cuidados Emergenciais, 1a. ed., SP: Ed. Rideel, 2002.

SCHUCKIT, M. A. Transtornos relacionados ao álcool. KAPLAN, I. H.; SADOCK, B. S. (Org). Tratado de Psiquiatria Compreensiva. Porto Alegre: Artmed, 1999.

TIBA, Içami. Disciplina: o limite na medida certa. São Paulo: Ed. Gente, 1996.



Autor:

Miguel Angelo Nunes Pinto

angelonunes[arroba]pop.com.br

Pós-graduando no curso de Orientação Educacional da Faculdade Avantis.

Nair Maria Balem

Professora Orientadora do TCC, Mestre em Educação. Email: nairbalem[arroba]terra.com.br

FACULDADE AVANTIS

Fevereiro de 2009

Artigo Científico apresentado como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Orientação Educacional.



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