O Ensino Superior em Angola ainda vive inúmeros problemas resultantes da soma de vários factores, quer sejam de natureza humana (resultantes da incapacidade para fazer mais e melhor; da incapacidade para fazer bem o necessário; da falta de conhecimento para se dar conta da importância do fazer bem e melhor aquilo que é necessário), questões materiais, ao se juntam os aspecto financeiros, entre outros.
A incompreensão acerca da pertinência do "ultrapassar" estes muros leva a que, do ponto de vista global, se ache o espaço geográfico como uma mola solta da vida de cada um (incluindo decisores políticos), cuja forma de actuação para com e no meio nem sempre obedece a critérios que a natureza aceita.
Deste modo, se ao geógrafo cabe interpretar o espaço geográfico e a relação que este mantém com o homem, que tarefas se reservam a quem nãos seja das ciências da natureza?
O objectivo deste artigo é, pois, discutir a importância da compreensão do espaço geográfico para quem não é geógrafo, já que os que não o são, no Instituto Superior Politécnico Maravilha, têm na sua grelha de estudos a cadeira de Saúde, Segurança e Ambiente. São os casos das licenciaturas em Ensino da História, Pedagogia e da Psicologia. Fazer desta disciplina válida e útil é objectivo de ouro e uma oportunidade a aproveitar por quem lute por uma Geografia actuante.
Palavras-chave: espaço geográfico, ensino, saúde, segurança e ambiente.
É inegável a existência desta trilogia e a sua importância do ponto de vista de formação de professores para o ensino fundamental, em particular, cuja missão não é ensinar a quem já tem ou vem com problemas de base (transferência de responsabilidades), mas transferir os seus conhecimentos ao "futuro profissional", propiciando um conjunto de condições para que o mesmo prossiga a sua formação, isto é, participe na e da construção do seu conhecimento fora e dentro da sala de aula.
Posto o pensamento de outra maneira, ter-se-á uma escola problemática por ter usuários problemáticos. Casos bastante elucidativos são-nos apresentados por Oliveira e Alves (2005) em torno do papel do professor, motivação e estimulação no contexto escolar no ensino fundamental no Brasil. Baseados em outros autores, referem a existência de
(..) estudos que focalizam a incidência de comportamentos agressivos entre alunos e a impaciência dos professores diante de suas dificuldades (Ceccon, Oliveira & Oliveira, 1997), apresentando atitudes que têm origem na falta de recursos materiais e de condições de trabalho, acúmulo de exigências que levam à sobrecarga, o encontro com uma prática distante dos ideais pedagógicos assimilados durante o período de formação; são fatores que incidem diretamente sobre a ação docente, gerando tensões em sua prática cotidiana e que não são apenas questões de cunho pessoal (Esteve, 1999).
Para estes casos, três exemplos, abaixo apresentados, são marcadamente ilustrativos: ou se tem alunos mal preparados (cabulões, plagiadores); desmotivados ou ainda docentes em exercício ou em formação com elevado nível de stress[1](laboral):
Tabela 1 - Situações de plágio, descaso e stress
Fonte: Google imagens, 2016 |
A cadeira de Saúde, Segurança e Ambiente é leccionada no 3.º ano de, pelo menos, três cursos, no ISPM designadamente: História, Psicologia e Pedagogia, tendo como principal enfoque os aspectos que, do ponto de vista da saúde e da segurança têm estreita relação com o ambiente. A sua ministração nem sempre é entendida como necessária e tal situação leva a um considerável absenteísmo (fig. 2) na sala de aula. Antes de considerarmos o estudo desenvolvido, é mister destacar que nem sempre se percebe a relação que pode existir entre a saúde do meio e do homem, da sua segurança e de quem dele dependa (outros animais e plantas) ou, enfim, do ambiente que o(s) rodeia.
Se, por um lado, se achou necessária a sua integração desta disciplina no Plano Curricular nos cursos atrás indicados, muito se pode considerar que uma das bases assenta na sequência de uma acção cega de que o ambiente deve ser protegido por todos. Cega, porquanto nem sempre os decisores e as populações o fazem porque o querem fazer, em resultado do que se convencionou chamar do conhecimento da Geografia Tradicional, grande parte dela aprendida na escola e levada ao descaso fora deste meio. No entanto, não é problema da Geografia Tradicional como tal, até porque esta, bem vista, é a base da Geografia Moderna.
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