Avaliação da resistência à tração de coroas metálicas em preparos com diferentes alturas utilizando três tipos de cimentos



  1. Introdução
  2. Metodologia
  3. Resultados
  4. Discussão
  5. Conclusões
  6. Referências bibliográficas

INTRODUÇAO

As características mecânicas de um preparo para coroa total são de grande importância para a longevidade de uma restauração protética. Em situações clínicas de dentes com coroas clínicas curtas, as propriedades mecânicas dos preparos dentais como retenção e estabilidade podem ficar comprometidas.

A retenção é um fator crucial que pode afetar na durabilidade de uma reabilitação protética. As características de formas de retenção e estabilidade de um preparo são responsáveis pela retenção mecânica da restauração, e a aplicação dessas depende do conhecimento de princípios básicos do preparo (PEGORARO et al., 1998). De maneira geral, podemos afirmar que os fatores que influenciam na retenção de coroas protéticas são: a configuração geométrica (KAUFMAN, COELHO e COLIN, 1961), o ângulo de convergência (JORGENSEN, 1955), a área superficial e a rugosidade da superfície (SMITH, 1970; TUNTIPRAWON, 1999). A forma geométrica do preparo é, sem dúvida, um dos fatores mais importantes que está sob o controle do operador, é ela que determina a orientação das interfaces dente-restauração, relacionadas com a direção das forças incidentes. Isto, por sua vez, define se o cimento numa dada área estará sujeito à tensão, cisalhamento ou compressão. Segundo Mezzomo (1994), a retenção de coroas protéticas é a força que impede o deslocamento da prótese no sentido contrário à sua via de inserção, ou seja, a resistência à tração. Ela é dependente do grau de paralelismo, da área de superfície preparada e da obtenção de uma via única de inserção, além de correlacionar a película de cimento interposta entre o preparo e a coroa.

Shillingburg et al. (1988) relataram que a altura do preparo é um fator importante na retenção. Eles verificaram que um preparo alto tem maior retenção, devido, pelo menos em parte, à sua maior área. Quanto maior for a área superficial da película de cimento, maior será a retenção. Por isso, uma restauração em um preparo alto pode suportar uma força que poderia remover a restauração de um preparo mais baixo com diâmetro igual. Um preparo baixo terá, proporcionalmente, a diminuição da área de resistência. Wiskott, Nicholls e Belser (1997) realizaram um estudo para avaliar a estabilidade de coroas cimentadas submetidas à carga lateral e obtiveram como resultados uma relação direta entre altura do preparo e estabilidade. Kaufman, Coelho e Colin (1961) também observaram uma relação linear entre retenção e altura de preparo.

Além dos fatores relacionados ao preparo dos dentes, os aspectos biomecânicos das próteses fixas nos levam a estudar qual seria a melhor técnica de cimentação com um agente cimentante que tivesse as características ideais. A propriedade retentiva dos cimentos à base de água consiste, predominantemente, no embricamento mecânico sobre as irregularidades superficiais da interface dente-restauração (TYLMAN e MALONE, 1978). A solubilidade à água e a falta de união adesiva com o metal ou a dentina podem contribuir para infiltração marginal em coroas cimentadas com cimento de fosfato de zinco (PLUIM et al., 1984; TJAN, DUNN e GRANT, 1992). Isto pode progredir para o aparecimento de cáries recorrentes e, conseqüentemente, de problemas pulpares (BRANNSTROM, 1984).

Estudos recentes sobre resistência à tração de coroas totais têm levado em consideração estes fatores paralelamente com a evolução dos cimentos resinosos, apresentando-nos um ganho em retenção que não era esperado até alguns anos atrás. De acordo com Mota et al. (2003), os cimentos resinosos, inicialmente indicados para cimentação de próteses adesivas, posteriormente, em função dos bons resultados obtidos, devido à sua baixa solubilidade e propriedades físicas, começaram a ser utilizados para cimentação de próteses fixas metalo cerâmicas.

Zidan e Ferguson (2003) verificaram que coroas metálicas cimentadas com cimento de fosfato de zinco ou cimento de ionômero de vidro convencional apresentaram menor retenção quando comparadas a coroas cimentadas com cimento resinoso. Em outro estudo, Consani et al. (2004) também obtiveram como resultados uma melhor resistência à tração do cimento resinoso em comparação com cimento de fosfato de zinco e cimento de ionômero de vidro modificado por resina na cimentação de coroas metálicas. Já Browning et al. (2002), através de seus estudos, concluíram que, quando a altura das paredes axiais ou o ângulo de convergência são desfavoráveis, o cimento resinoso resistirá melhor à descimentação da peça do que os cimentos tradicionais.


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