The following is an exploratory study on family violence in two different schools, public and the other private, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Seventy-six families were interviewed, 36 with adolescents classified as aggressive by teachers and 40 with non-aggressive adolescents. Total number of subjects was 213. Physical and severe violence, frequent or occasional, was present in more than half of the sample: 41 reports 53.9%. A third of the cases occurred in the private school (37%), with twice as many in the public school (63%). However, rates of severe or frequent episodes were similar in both schools. The relationship between violent behavior by teenagers and physical punishment by parents was significant. That is, aggressive adolescents were punished more than non-aggressive ones (odds ratio = 4.3). Prevalence of physical abuse was higher in the older, male teenager group, in the presence of sibling aggression, and in low-income and dysfunctional families. The study shows that physical abuse is more present in society than we would like to imagine.
Key words Domestic Violence; Adolescence; Battered Adolescents; School Health
Resumo Este é um estudo exploratório sobre violência doméstica realizado na cidade de Porto Alegre, com alunos de duas escolas: uma pública e outra particular. Foram entrevistadas 76 famílias, 36 com adolescentes considerados agressivos pelos professores e quarenta com aqueles não agressivos, perfazendo um total de 213 pessoas. A punição física grave, freqüente ou ocasional, foi um acontecimento presente em mais da metade da amostra: 41 relatos 53,9%. Um terço dos relatos (37%) ocorreu na escola particular, e praticamente o dobro, na escola pública (67%). Porém, episódios graves e freqüentes estiveram presentes em proporções semelhantes em ambas as escolas. A relação entre agressividade na adolescência e punição física grave foi estatisticamente significativa. Isto significa que adolescentes agressivos foram mais punidos que os não agressivos (razão de chances = 4,3). A prevalência de abuso físico foi maior nos adolescentes do sexo masculino, mais velhos, na presença de violência entre irmãos, procedentes de famílias de baixa renda e rígidas. Este estudo mostrou que a punição física é um comportamento mais difundido na sociedade do que se poderia imaginar.
Palavras-chave Violência Doméstica; Adolescência; Adolescentes Maltratados; Saúde Escolar
"O homem mata o que ama." Oscar Wilde
Nos últimos anos, está-se assistindo a um aumento 'epidêmico' dos fenômenos violentos na sociedade. A violência tem se mostrado com uma cara tão feroz quanto qualquer outro evento dito catastrófico (Muza, 1994).
Do ponto de vista da mortalidade, observa-se que as mortes violentas da Classificação Internacional de Doenças (CID), que englobam suicídios, homicídios, acidentes de trânsito e de trabalho, começaram a se tornar uma das causas mais importantes de óbito, não só em países desenvolvidos, mas também nos de Terceiro Mundo. No Rio Grande do Sul dos anos 80, elas constituíram, em média, a terceira causa de óbito. Considerando-se os "anos potenciais de vida perdidos", nos quais se pondera no óbito o fator idade, verifica-se que as causas externas passaram a ocupar a primeira posição (Meneghel, 1986). Em outras palavras, atualmente, no Rio Grande do Sul, as mortes de maior peso social são as causadas pela violência, principalmente porque atingem adultos em idade produtiva e jovens.
A violência doméstica tem sido associada com agressividade infantil e delinqüência. Poderia a agressividade servir como um indicador que evidenciasse a presença de violência na família? Adolescentes agressivos são mais punidos que os demais? Estas são algumas perguntas que este trabalho procurou responder.
A agressividade entre crianças e adolescentes parece estar aumentando, porém este comportamento pode ser resultado de uma conduta menos repressiva em relação a este fenômeno. Por outro lado, os adolescentes podem estar mais violentos como resposta à violência estrutural da sociedade (Stith, 1993).
Outro aspecto sujeito a controvérsias refere-se à distribuição sócio-econômica da violência. Para alguns pesquisadores, a maior prevalência do problema está entre as classes menos favorecidas (Pelton, 1980). Outros, porém, afirmam que pessoas de qualquer classe social podem apresentar condutas violentas e que os mais favorecidos socialmente escondem seus comportamentos abusivos.
O objetivo principal deste trabalho foi estudar a associação entre o comportamento agressivo em adolescentes e presença de violência em suas famílias, procurando verificar se a agressividade poderia ser um indicador de violência doméstica. Além disso, pretendeu servir como instrumento de prevenção dos maus-tratos em crianças e adolescentes, denunciando, discutindo, criando alternativas, tentando fugir da burocratização e banalização do tema.
Página seguinte |
|
|