Produção de Leite, Consumo e Digestibilidade Aparente dos Nutrientes, pH e Concentração de Amônia Ruminal em Vacas Lactantes

Enviado por Rasmo Garcia


(Recebendo Rações Contendo Silagem de Milho e Fenos de Alfafa e de Capim-Coastcross)

1. Resumo

Utilizaram-se 10 vacas lactantes HPC e mestiças H*Z, com 55 dias de parição, peso médio de 540 kg, distribuídas em um delineamento em switch-back com o objetivo de avaliar a produção e a composição do leite, o consumo e a digestibilidade aparente de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), fibra em detergente neutro (FDN), proteína bruta (PB), carboidratos totais (CT) e extrato etéreo (EE), e o pH e a concentração de amônia ruminal. Os animais foram alimentados ad libitum com cinco dietas contendo silagem de milho (SM), feno de alfafa (FA), feno de capim-coastcross (FCC), ½ FA+½ SM, ½ FCC+1/2 SM, na proporção de 60%, da ração total (base de matéria seca). Os consumos dos nutrientes não foram influenciados pelas dietas. As digestibilidades aparentes de MS, PB e FDN foram maiores para as dietas contendo silagem de milho. O pH e a concentração de amônia do líquido ruminal não foram influenciados pelas dietas, porém observou-se resposta quadrática para o tempo de coletas. Registrou-se maior produção de leite para os animais que receberam silagem de milho. Os teores de proteína bruta e gordura do leite não foram influenciados pelas dietas.

Palavras-chave: composição do leite, fibra em detergente neutro, matéria seca, proteína bruta

Milk Yield, Intake and Apparent Digestibility of Nutrients, pH and Ruminal Ammonia Concentration in Lactating Cow Fed Diets Containing Corn Silage and Alfalfa and Coastcross Bermudagrass Hays

2. Abstract

Ten lactating cows (Holtein and H*Z crossbreed) after 55d calving, with average weigth of 540 kg alloted to a switch-back design, were used in order to evaluate the intake and apparent digestibilities of dry matter (DM), organic matter (OM), neutral detergent fiber (NDF), crude protein (CP), total carbohydrates (TC) and ether extract (EE), the pH and ruminal ammonia concentration and milk yield and composition. The animals were fed ad libitum with diets containing alfalfa hay (AH), coastcross bermudagrass hay (CCH), corn silage (CS), ½ AH + ½ CS and and ½ CCH + ½ CS in 60% of the total diet (dry matter basis). The nutrients intake were not affected by the diets. The dry matter, crude protein and neutral detergent fiber apparent digestibilities were higher for diets with corn silage. The experimental diets did not affect pH and the ruminal ammonia concentration, however quadratic effect was observed for collection time. The highest milk productions were observed for the animals that received CS and ½ AH + ½ CS diets. The diets did not affect the crude protein and fat milk contents.

Key Words: crude protein, dry matter, neutral detergent fiber, milk composition

3. Introdução

A alimentação racional dos animais domésticos visa fornecer os nutrientes capazes de manter e assegurar as exigências de mantença e o nível de produção pretendido. Dessa forma, verifica-se que a nutrição de vacas lactantes constitui a base do sucesso de uma exploração leiteira, visto que os custos dos alimentos representam mais da metade do custo da produção, o que exercerá, sem dúvida, grande influência sobre a rentabilidade de todo o processo produtivo. Dessa forma, para uma exploração leiteira lucrativa, é necessário que se trabalhe com animais de alto potencial genético, submetidos às condições alimentares que permitam obter altas produções, a custos mais econômicos. Isto se torna possível, principalmente, por intermédio de adequado manejo nutricional, reprodutivo e sanitário.

Para categorias animais que apresentam requerimentos nutricionais mais altos, o feno e, ou, a silagem de gramíneas podem ser incapazes de manter altos desempenhos, se os mesmos constituírem a maior porção da dieta (VAN SOEST, 1965). Dessa forma, a nutrição de animais, visando à produção leiteira ou de carne, necessita de forragens com alta qualidade de modo a obter redução nos custos provenientes da utilização de concentrados, visando ao fornecimento de energia e, ou, proteína para o animal, sem, contudo, comprometer o desempenho animal.

A ingestão de matéria seca é um dos fatores determinantes do desempenho animal, sendo o ponto inicial para o ingresso de nutrientes, principalmente de energia e proteína, necessários para o atendimento das exigências de mantença e produção, enquanto a digestibilidade e a utilização de nutrientes representam apenas a descrição qualitativa do consumo (NOLLER et al., 1997).

A utilização de duas forrageiras misturadas em dietas de vacas lactantes, segundo DHIMAN e SATTER (1997), é uma prática de manejo nutricional que induz maior uniformização no consumo de nutrientes, retirando, dessa forma, os riscos decorrentes da falta de algum nutriente, que por ventura, possa ocorrer, por intermédio de diversos fatores ambientais.

Em estudos conduzidos por BELYEA et al. (1974), HOLTER et al. (1974) e GRIEVE et al. (1980), visando avaliar o consumo, a digestibilidade e a produção de leite de vacas lactantes recebendo silagem de milho, silagem de milho associada à silagem pré-secada de alfafa e silagem de milho associada ao feno de alfafa, as dietas não exibiram diferenças marcantes quanto aos parâmetros avaliados.

CODAGNONE et al. (1988), trabalhando com silagem de milho e feno de aveia para vacas lactantes, nas proporções de 100:0; 74,7:25,3; 53,8:46,2; 28,6:71,4; e 0:100, e suplementação diária de 3,5 kg de concentrado/vaca, obtiveram consumos médios diários de 13,3; 13,4; 13,9; 14,0; e 13,3 kg MS/animal, correspondendo a 2,8; 2,8; 2,9; 3,0; e 2,8% de peso vivo (PV), respectivamente, que não diferiram entre as dietas. Os autores atribuíram este fato à suplementação ocorrida no decorrer do experimento.

Em virtude de a proteína ser um dos ingredientes mais caros da dieta, a economia da produção animal é altamente dependente da eficiência de sua utilização. Por esse motivo, nos últimos anos, tem havido considerável interesse na redução das perdas de compostos nitrogenados (N) pelos ruminantes (RUSSEL, 1992).

Vacas em lactação têm alto requerimento de proteína, principalmente, no início da lactação. Vários estudos têm relatado altos rendimentos de leite, quando o consumo de proteína bruta se eleva. Comparando silagem de alfafa e silagem de milho como fonte única de volumoso para vacas em lactação, em dietas com 60% de silagem de alfafa, 60% de silagem de milho ou 79% de silagem de milho, na base da matéria seca, BRODERICK (1985) concluiu que a silagem de alfafa é comparável à de milho para a produção de leite, sem afetar a concentração de gordura do mesmo.

Sumarizando uma série de experimentos, SCHINGOETHE (1984) relatou que uma redução na proteína degradável no rúmen, somada ao aumento na proteína de escape, acarretou aumento na quantidade de proteína do leite produzida por kg de proteína bruta (PB) consumida, quando as fontes energéticas permaneceram constantes. Todavia, não se verificaram variações na proteína do leite, com o incremento do teor de carboidratos solúveis nas dietas.

A concentração de amônia no líquido ruminal é conseqüência do equilíbrio entre sua produção, utilização pelos microrganismos e absorção pela parede ruminal, sendo que a utilização pelos microrganismos depende da quantidade de energia disponível. A maioria das bactérias ruminais é capaz de utilizar amônia como fonte de nitrogênio para síntese de proteína microbiana, mas a fermentação ruminal da proteína, freqüentemente, produz mais amônia que os microrganismos podem utilizar. Em muitos casos, mais de 25% da proteína podem ser perdidas como amônia. Em razão de ser um dos ingredientes mais caros nas dietas de ruminantes, existe considerável interesse na redução da fermentação ruminal de proteína (RUSSELL et al., 1992).

Os níveis de amônia no rúmen são importantes na síntese de proteína microbiana. Assim, SATTER e SLYTER (1974) e COLLINS e PRITCHARD (1992) verificaram que concentração de 5 a 8 mg de N-NH3/100 mL de líquido ruminal é suficiente para suportar a taxa máxima de crescimento das bactérias ruminais. Entretanto, estudos sugerem que a concentração de amônia para a máxima síntese de proteína microbiana pode ser de 15 a 20 N-NH3/100 mL de fluido, dependendo da dieta (LENG e NOLAN, 1984). Adicionalmente, OBARA et al. (1991) relataram que maior contribuição de amônia, normalmente, decorre da degradação microbiana do nitrogênio dietético não-amoniacal, sendo que as dietas com feno, silagem e forragem fresca podem contribuir com até 48; 64; e 80%, respectivamente.


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