Percepção de pais de escolares da 1ª série do ensino fundamental a respeito da campanha "Olho no Olho" 2000, na cidade de Maceió - Alagoas



1. Resumo

Objetivo: Descrever a Campanha "Olho no Olho" - 2000, na perspectiva dos pais dos escolares da rede pública estadual, em Maceió/AL.

Métodos: Questionário aplicado a 263 pais de escolares, escolhidos por amostra aleatória, de um universo de 1.996 crianças encaminhadas à consulta. Entrevista realizada entre agosto e outubro de 2001, para coleta de dados a respeito das etapas da Campanha, da saúde ocular e aspectos sociais dos pais.

Resultados: Foram entrevistados pais de 263 crianças encaminhadas à consulta, das quais 89,35% compareceram à consulta e 82,98% foram acompanhadas pelo entrevistado; 82,13% das consultas foram realizadas em mutirão em escola da região; 73,85% acharam que a informação sobre a prescrição ou não de óculos na consulta foi satisfatória; foram prescritos óculos a 47,23% das crianças; dessas, 87,39 % receberam óculos; 65,77% dos entrevistados disseram que não houve demora na entrega dos óculos; 69,07% disseram que a criança gostou dos óculos recebidos; 79,38% das crianças estavam usando os óculos; aprovação da Campanha por 91,64% dos entrevistados; 69,96% eram mães das crianças; 66,92% sabiam ler; a renda da família era até dois salários mínimos em 71,86%; 15,59% dos entrevistados usavam óculos. Os 10,65%, que não foram à consulta, alegaram não ter dinheiro para o transporte em 28,57% dos casos.

Conclusões: Alto nível de comparecimento das crianças e dos seus pais à consulta em mutirão. Pais satisfeitos com a Campanha. Produção e entrega dos óculos com resultado satisfatório. População alvo é carente e tem baixo nível de escolaridade. Necessidade de melhor informação à família do escolar sobre saúde ocular e sobre a prescrição e uso dos óculos, durante a consulta.

Descritores: Saúde Escolar; Educação em Saúde; Promoção da saúde; Saúde ocular; Testes visuais; Acuidade visual; Serviços de saúde ocular; Transtornos da visão/diagnóstico; Transtornos da visão/reabilitação

2. Abstract

Purpose: To describe the Ocular Health Campaign ("Olho no Olho" - 2000), as perceived by parents of schoolchildren who study at Alagoas State public schools, in the city of Maceió.

Methods: Questionnaires were applied to 263 parents of the school children, chosen at random from a group of 1996 children referred to attendance. Interviews were done between August and October 2001 in order to collect data and the opinions about the stages of the Campaign, ocular health and the social aspects of the parents.

Results: The parents of 263 children referred to appointment were interviewed, of which 89.35% were present at the appointment and 82.98% were accompanied by the interviewed parent; 82.13% of the examinations were performed through a special gratuitous work regimen in a school of the region; 73.85% considered satisfactory the information given about the prescription or non-prescription of glasses, at time of appointments. Glasses were prescribed for 47.23% of the children, of which 87.39% received the glasses; 65.77% of the interviewed parents stated that there was no delay in the delivery of the glasses; 69.07% stated that their child liked the received glasses and 79.38% of the children were wearing the glasses. The Campaign was approved by 91.64% of the interviewed parents; 69.96% were the children's mothers and 66.92% could read. The family income was up to R$ 300 in 71.86% of the interviewed parents; 15.59% of the interviewed wore glasses. Of the 10.65% of subjects who were not present at the appointment, 28.57% alleged lack of money for transportation.

Conclusions: Good presence of children and their parents at examinations in the special gratuitous work regimen. The parents were satisfied with the Campaign. The production and delivery of glasses was accomplished with satisfactory results. The target population is destitute and they have a low educational level. We suggest that the families of the schoolchildren are better advised about ocular health and the prescription of glasses at the examination.

Keywords: School health; Health education; Health promotion; Eye health; Visual tests; Visual acuity; School health services; Vision disorders/diagnosis; Vision disorders/rehabilitation

3. Introdução

Dados mundiais a respeito da prevalência e incidência da cegueira e visão subnormal evidenciam a necessidade da implementação de iniciativas de caráter preventivo e de promoção da saúde ocular(1).

Entre as principais causas de cegueira na América Latina, situam-se os vícios de refração, catarata, glaucoma, retinopatia diabética, degeneração macular senil e retinopatia da prematuridade(2-3).

Provavelmente, o maior obstáculo à prevenção da cegueira não reside na falta de tecnologia adequada, porém na pouca habilidade em criar condições propiciadoras da motivação das pessoas, de acesso aos serviços, de infra-estrutura e organização da assistência oftalmológica(4).

Há muitas razões para que se faça prevenção da cegueira na infância. Entre elas ressalta-se que a criança que nasce cega ou torna-se cega poderá apresentar distúrbios emocionais que poderão afetar seu desenvolvimento(5). Ademais, representará encargo social decorrente do número de anos de vida de cegueira.

No Brasil, tem-se realizado diversas ações visando à prevenção da cegueira e a promoção da saúde ocular. São campanhas comunitárias, educativas e assistenciais, pesquisas, fóruns e debates, cursos e congressos que propiciam discussões e ações para promover mudanças no quadro da saúde ocular do país(6-8).

Uma das áreas em foco é a saúde do escolar. O escolar está sujeito a distúrbios visuais, que interferem no seu rendimento e que, posteriormente, poderão trazer limitações a sua vida profissional e social(9).

Idealmente, toda criança deveria ser submetida a exame oftalmológico completo antes do seu ingresso na escola, ainda na idade pré-escolar, de forma a poder corrigir ou minimizar distúrbios visuais que poderão interferir intimamente com a aprendizagem(10-12).

Problemas oftalmológicos constituem, na idade escolar, uma das prioridades que devem ser consideradas num programa de saúde escolar, evidenciando a necessidade de realização de programas de triagem visual nas escolas, tentando preencher uma lacuna e detectar o maior número de crianças necessitadas de cuidados especializados que, por meio do programa, possam receber tratamento adequado(13).


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