Patrícia Azevedo
O número fraudes bancárias e eletrônicas cresceu vertiginosamente em todo o Brasil no segundo trimestre deste ano. De acordo com dados do Grupo de Resposta a Incidentes para a Internet Brasileira, mantido pelo Comitê Gestor da Internet, o crescimento foi de 259% em relação ao trimestre anterior, passando de 2.213 para 7.942 notificações de fraudes. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o aumento chegou a 1313%.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) não dispõe de estatísticas sobre estes tipos de crimes. Mas um levantamento da reportagem da Agência Anhangüera de Notícias (AAN) nas duas delegaias onde se situam a maior parte dos bancos apontou que o número de ocorrências nos nove primeiros dias de novembro chegaram a 40. Somente no 1º Distrito Policial (DP), que abrange a região central, foram computados 27 boletins de ocorrência referentes a saques ilegais e outros tipos de fraudes bancárias. A estimativa é a de que sejam registrados mais de 100 ocorrências por mês nas duas delegacias.
O prejuízo provocado pelo uso de mecanismos conhecidos como "chupacabras" , que clona cartões e rouba dados, é milionário. De acordo com Jair Scalco, diretor setorial da área de Cartões e Negócios Eletrônicos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), somente neste ano, os bancos brasileiros tiveram um prejuízo de R$ 300 milhões com estes tipos de crime.
Esta realidade força os bancos e operadoras de cartões de crédito a investirem cada vez mais em novos softwares e mecanismos que garantam a segurança dos clientes. A expectativa da Febraban é a de que as instituições apliquem cerca de US$ 1 bilhão no sistema para melhorar a segurança dos clientes, sejam usuários de cartões bancários ou do acesso de contas pela internet, o Internet Banking.
Entre as novas tecnologias estão o token (uma chave com senha extra que muda a cada minuto e pode ser usado nos computadores por meio da entrada USB ou nos caixas eletrônicos), o smart card (um cartão inteligente com chip) e cartões de senhas (senhas extras que devem ser digitadas conforme o pedido do banco).
Mesmo com estes mecanismos, o bancário Paulo, de 49 anos, não escapou de ser vítima de uma quadrilha que clona cartões de crédito e débito em caixas eletrônicos de Campinas. No dia 04 deste mês ele recebeu uma ligação da operadora do seu cartão de crédito perguntando se ele estava realizando saques com o cartão. "Eles perceberam que a atitude não condizia com o meu perfil e me ligaram para confirmar. Eu neguei e fui até a delegacia fazer um BO", relata. Os bandidos chegaram a sacar R$ 7 mil em seu nome.
A secretária Shirley, de 32 anos, também teve o seu cartão clonado por bandidos. "Meu chão caiu quando tirei o extrato do banco e vi que a conta estava negativa em mais de R$ 4 mil" , narra. Ela conta que acionou imediatamente o banco e que teve o seu dinheiro ressarcido.
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