Desempenho de seis gramíneas solteiras ou consorciadas com o Stylosanthes guianensis cv. Mineirão e eucalipto em sistema silvipastoril

Enviado por Rasmo Garcia


1. Resumo

Conduziu-se este estudo na região dos Cerrados de Minas Gerais, visando avaliar o desempenho de seis gramíneas forrageiras (Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. brizantha cv. MG-4, B. decumbens cv. Basilisk, Panicum maximum cv. Mombaça, Melinis minutiflora e Hyparrhenia rufa), consorciadas ou não com a leguminosa Stylosanthes guianensis cv. Mineirão e Eucalyptus sp., em um sistema silvipastoril. As forrageiras foram estabelecidas em parcelas medindo 12 x 10 m, nas entrelinhas do eucalipto, em um delineamento experimental de blocos ao acaso, com três repetições, e avaliadas quanto ao grau de cobertura do solo, % de leguminosa e disponibilidade de matéria seca total no sub-bosque, um ano após o estabelecimento, submetidas a pastejos de curta duração. Após dois ciclos de pastejo, houve redução da proporção da leguminosa no consórcio com todas as gramíneas, sendo mais evidente com as mais agressivas (B. brizantha cv. Marandu e B. decumbens), onde ela quase desapareceu. Entretanto, a presença do estilosantes Mineirão favoreceu a produtividade do sub-bosque, quando consorciado com as demais gramíneas. O melhor desempenho produtivo foi obtido pelas gramíneas B. brizantha cv. Marandu, B. decumbens e P. maximum cv. Mombaça; a última principalmente quando consorciada com o estilosantes Mineirão.

Palavras-chave: consórcio, leguminosa, pastejo, persistência, sistemas agroflorestais, sombreamento

2. Abstract

A study was conducted in the Brazilian Cerrados to evaluate the performance of six tropical forage grasses (Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. brizantha cv. MG-4, B. decumbens cv. Basilisk, Panicum maximum cv. Mombaça, Melinis minutiflora and Hyparrhenia rufa), associated or not with the tropical forage legume Stylosanthes guianensis cv. Mineirão, in a silvopastoral system with a clone of Eucalyptus sp. The forages were established in plots of 12 x 10 m, in the interrows of eucalypts, in a randomized block design with three replications. Ground cover, proportion of the legume and total dry matter availability in the understorey were evaluated one year after the establishment, under short time grazing. After two grazing cycles, there was reduction of the proportion of the legume in the mixture with all grasses, notably with the more aggressive ones (B. brizantha cv. Marandu and B. decumbens), where it practically disappeared. With the other grasses, however, the presence of the legume favored the productivity of the understorey. The grasses with the best productive performance were B. brizantha cv. Marandu, B. decumbens and P. maximum cv. Mombaça, the latter mainly when associated with the legume.

Key Words: agroforestry systems, grazing, legume, mixture, persistence, shading

3. Introdução

Os sistemas silvipastoris representam uma modalidade de uso da terra cuja exploração é bem mais complexa que a de pastagens cultivadas ou de florestas plantadas. A necessidade de manutenção do equilíbrio entre seus componentes (árvores, forrageiras e herbívoros), aliada ao grande número de interações possíveis entre estes e os fatores clima e solo, aumenta a necessidade de um planejamento rigoroso, incluindo mercado, produtos, espécies, arranjo e manejo, bem como as dificuldades gerenciais na condução da atividade. Atualmente, o maior entrave à exploração de sistemas silvipastoris sustentáveis está na falta de informações técnicas para auxiliar, tanto no planejamento quanto no gerenciamento de tais sistemas.

Um requisito fundamental para o sucesso de sistemas silvipastoris sustentáveis é a escolha acertada das espécies componentes do sistema. No caso das espécies forrageiras, não basta que estas sejam tolerantes ao sombreamento, é necessário selecionar espécies com boa capacidade produtiva, adaptadas ao manejo e ambientadas às condições edafoclimáticas da região onde serão implantadas. Isto é particularmente importante quando se trata do ecossistema Cerrados, com suas características peculiares de solos pobres e ácidos, e com uma estação seca prolongada e bem definida.

Devido à pouca quantidade de estudos recomendando as espécies forrageiras mais adequadas para compor o sub-bosque de sistemas silvipastoris na região dos Cerrados, empresas como a Companhia Mineira de Metais (CMM) têm testado, empiricamente, algumas espécies de gramíneas em seus sistemas silvipastoris com eucalipto. Na Fazenda Riacho da CMM, localizada no noroeste de Minas Gerais, por exemplo, a Brachiaria brizantha cv. Marandu foi o material que apresentou melhor desempenho, sendo atualmente o único utilizado. Entretanto, a utilização em larga escala de apenas uma espécie forrageira é uma situação indesejável, devido à possibilidade da ocorrência de alguma praga ou enfermidade vir a causar grandes prejuízos.

Outro requisito importante para assegurar a sustentabilidade de sistemas silvipastoris, notadamente para aqueles com menor diversidade de espécies, consiste na agregação de leguminosas para aumentar o aporte de nitrogênio ao ecossistema. O problema da redução da disponibilidade de nitrogênio no solo tem sido identificado em florestas plantadas de Eucalyptus (Binkley & Giardina, 1997), em pastagens cultivadas não consorciadas com leguminosas (Myers & Robbins, 1991) e, também, em sistemas silvipastoris compostos por espécies de Eucalyptus e por gramíneas forrageiras (Andrade et al., 2001). Na região dos Cerrados, a leguminosa forrageira atualmente mais recomendada para a formação de pastos consorciados é o Stylosanthes guianensis cv. Mineirão. De acordo com a Embrapa (1993), esta leguminosa apresenta excelente adaptação às condições edafoclimáticas da região. Embora alguns autores (Shelton et al., 1987) afirmem que esta espécie apresenta baixa tolerância ao sombreamento, poucos são os trabalhos que avaliaram seu desempenho em sistemas silvipastoris. Em um deles, Steel & Humphreys (1974) avaliaram o crescimento das leguminosas Centrosema pubescens, Stylosanthes guianensis cv. Endeavour e Lotononis bainesii cv. Miles, sob coqueirais maduros, com aproximadamente 30 anos de idade e apresentando boa transmissão de luz (77 a 80%), em Bali, Indonésia. O estilosantes foi a leguminosa que apresentou o melhor crescimento inicial, a maior cobertura do solo, e as maiores taxas de acúmulo de matéria seca e de nitrogênio. Com a cultivar Mineirão, originária do Estado de Minas Gerais (Embrapa, 1993), ainda não existem trabalhos avaliando o seu comportamento sob condições sombreadas.

Assim, procurando fornecer subsídios para a implantação de sistemas silvipastoris sustentáveis na região dos Cerrados, foi realizado o presente estudo objetivando avaliar o desempenho de seis gramíneas forrageiras, consorciadas ou não com a leguminosa Stylosanthes guianensis cv. Mineirão, em um sistema silvipastoril com eucalipto.


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