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O experimento foi iniciado em abril de 1992 no Laboratório de Patologia de Insetos do Departamento de Entomologia Fitopatologia, e Zoologia Agrícola da ESALQ-USP ( Piracicaba, SP) e concluído em janeiro de 1999 no Laboratório de Patologia de Insetos do Departamento de Agronomia da UFRPE ( Recife, PE).
O fungo B. bassiana, isolado 447, registrado no Banco de Patógenos da ESALQ/USP, foi obtido inicialmente de Solenopsis invicta (Buren) (Hymenoptera: Formicidae). Sua produção foi efetuada em meio semi-sólido, utilizando-se 300g de arroz pré-cozido e autoclavado em saco de polipropileno. Após a inoculação no meio de cultura, os sacos foram colocados em câmara climatizada a 26ºC durante tres dias e em seguida o meio foi transferido para bandejas plásticas, onde permaneceu durante 15 dias, para crescimento e secagem do fungo, conforme metodologia proposta por Alves & Pereira (1989). Posteriormente o meio de cultura foi peneirado manualmente em peneira com 1,2 mm de malha, obtendo-se conídios puros com umidade de 15,5%. Vale salientar, que os conídios correspondem a aproximadamente 3% do peso total do meio de cultura utilizado.
O ensaio consistiu no acondicionamento de uma amostra de 30 g de conídios do fungo, em tubo de plástico, seguido de armazenamento em freezer, a -7 ± 1ºC. Os tratamentos corresponderam aos diferentes períodos de armazenamento, ou seja , 0, 5, 8, 50, 75 e 80 meses.
Para os testes de viabilidade, foram preparadas suspensões de 0,1 g de conídios em 10 ml de água estéril com espalhante adesivo (0,01% de Tween 80). Posteriormente, 0,1 ml da suspensão foi transferido para três placas de Petri contendo meio BDA (Batata + Dextrose + Agar) mais antibiótico, e incubadas em câmara climatizada tipo BOD a 26 ±1ºC e 12 horas de fotofase . As leituras foram efetuadas contando-se 100 conídios por placa, 24 horas após o plaqueamento, totalizando 300 conídios em cada avaliação. A virulência foi avaliada utilizando-se 50 lagartas de terceiro estádio de D. saccharalis, provenientes de criação artifical em dieta modificada de Hensley & Hammond (1968). Os insetos foram pulverizados com uma suspensão de B. bassiana na concentração de 108 conídios/ml, com o auxilio de um atomizador manual modelo" De Vilbiss" e a testemunha pulverizada com água estéril e espalhante adesivo (0,01% de Tween 80). Posteriormente as lagartas foram individualizadas em pedaços de colmo de milho empregados para alimentação. Após 10 dias de avaliação a mortalidade foi corrigida pela fórmula de Abbott e acumulada para efetivação da análise de Probit e obtenção dos tempos letais (TL50) dos diferentes tratamentos.
O fungo armazenado em freezer durante 80 meses manteve 100% de viabilidade e elevada virulência, uma vez que causou 94,0% de mortalidade em lagartas de D. saccharalis (Tabela 1). O tempo de armazenamento não afetou significativamente o TL50 (F = 2,30; P= 0, 203; r2 = 0,36), embora tenha ocorrido um prolongamento desse tempo em aproximadamente 30%. Estes resultados estão de acordo com Alves et al.(1996), quando verificaram que conídios não formulados de B. bassiana, armazenados em tempo semelhante em freezer na temperatura de -10 a -7ºC, mantiveram 100% de viabilidade e ocasionaram mortalidade elevada de lagartas de D. saccharalis. Com relação aos valores de viabilidade e patogenicidade de B. bassiana foram observados resultados concordantes com Hassan et al. (1989), que trabalhando com M. anisopliae constataram que a elevada percentagem de viabilidade dos conídios correspondeu a alta mortalidade de lagartas de Manduca sexta (L.) (Lepidoptera: Sphingidae). O aspecto mais importante e comprovado neste trabalho, refere-se ao desempenho dos conídios puros de B. bassiana, quando armazenado em freezer, podendo dispensar a etapa de formulação, operação esta, geralmente prejudicial para a estabilidade dos fungos entomopatogênicos (Cruz et al.1985). Assim, em função da maior necessidade de utilização desse fungo no controle de pragas, este procedimento poderá ser adotado por biofábricas visando à preservação a longo prazo do entomopatógeno.
Os autores agradecem ao revisor anônimo pelas valiosas sugestões que contribuíram para o aprimoramento deste trabalho.
Edmilson J. MarquesI; Sergio B. AlvesII; Irene M.R. MarquesIII
sebalves[arroba]esalq.usp.br
I. Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, 52171-900, Recife, PE
II. Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ/USP, Caixa postal 9, 13418900, Piracicaba, SP
III. Departamento de Zoologia, Universidade Federal de Pernambuco, 50670-420, Recife, PE
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