Virulência de Beauveria bassiana Vuill. a Diatraea saccharalis (F.) após armazenamento de conídios em baixa temperatura

Enviado por Sergio B. Alves


 

RESUMO

Virulência de Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. a Diatraea saccharalis (F.) (Lepidoptera: Crambidae) após armazenamento de conídios em baixa temperatura

Virulence of Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. to Diatraea saccharalis (F.) (Lepidoptera: Crambidae) after conidia storage at low temperature

 

Verificou-se a viabilidade e virulência de conídios puros de Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. isolado 447, armazenado por longos períodos em baixa temperatura. O experimento iniciou-se no Laboratório de Patologia de Insetos do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola da ESALQ-USP (Piracicaba, SP) e teve seqüência no Laboratório de Patologia de Insetos do Departamento de Agronomia da UFRPE (Recife, PE), durante o período de abril de 1992 a janeiro de 1999. O fungo foi produzido em arroz pré-cozido e os conídios puros, com umidade de 15,5% foram armazenados em freezer, à temperatura de -7 ± 1ºC. Após 0, 5, 8, 50, 75 e 80 meses de armazenamento, a viabilidade dos conídios foi avaliada em meio BDA e a virulência foi testada sobre larvas de Diatraea saccharalis (F.). O fungo manteve viabilidade de 100% em todos os tratamentos, com elevada virulência sobre larvas de D. saccharalis. Os resultados de TL50 e porcentagens de mortalidade foram de 3,0 dias e 92,0%; 3,86 e 96,0%; 3,97 e 92,0% ; 4,05 e 94,0% e 4,0 e 96,0 %; 4,1 dias e 94,0% , respectivamente. O armazenamento em freezer é, portanto, uma forma adequada de conservação de conídios puros de B. bassiana por pelo menos 80 meses.

Palavras-chave: Inseto, fungo entomopatogênico, armazenamento, broca da cana-de-açúcar.

 

ABSTRACT

The viability (germination capability) and virulence of the fungus Beauveria bassiana (Bals.) Vuill strain 447 was assessed after long term storage at a low temperature.. The experiments were initiated at the Laboratory of Insect Pathology of the Department of Entomology, Phytopathology and Zoology, ESALQ-USP (Piracicaba, SP) and concluded at the Laboratory of Insect Pathology, Department of Agronomy UFRPE (Recife, PE) conducted from May 1992 to January 1999. The fungus was produced on rice, and pure conidia with 15. 5 % RH was stored in a freezer at -7±1ºC. The conidial viability and virulence towards Diatraea saccharalis larvae after 0, 5, 8, 50, 75 and 80 months of storage were evaluated. The stored fungus maintained 100% viability in all tratments and freezing was proven a good procedure for storing pure conidia of B. bassiana for at least 80 months. LT50 and mortality rate were 3.02 days and 92%, 3.86 and 96%, 3.97 and 92%, 4.05 and 94% and 3.97 and 96%, 4.10 days and 94%, respectively.

Key words: Insecta, entomopathogenic fungus, storage, sugarcane borer.

A viabilidade e atividade biológica de fungos entomopatogênicos são altamente influenciadas pela temperatura, umidade, substrato, radiação ultra violeta e outros fatores. A maioria dos trabalhos efetuados com os fungos Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. e Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. demonstra que com o aumento da temperatura e tempo de armazenamento, ocorre uma redução na viabilidade dos conídios, sendo em freezer (-13ºC) a melhor condição para preservação (Abreu et al. 1983, Batista Filho & Cardelli 1986, Alves et al. 1987).

Roberts & Campbell (1977) discutiram a estabilidade de fungos entomopatogênicos e mencionaram experimento efetuado com conídios puros de M. anisopliae. Quando colocados em tubos com ar, CO2 e nitrogênio e armazenados nas temperaturas -20,4 e 25ºC, verificou-se elevada viabilidade após 64 semanas em todos os gases a -20ºC, no ar e nitrogênio a 4ºC , enquanto que nos demais tratamentos a perda da viabilidade ocorreu com 16 semanas.

Formulações em pó e granuladas estudadas por Daoust et al. (1982) reduziram a virulência de M. anisopliae em relação a conídios não formulados, quando armazenadas a 4 e 20ºC durante oito e 12 meses. Os componentes mais prejudiciais foram sabugo de milho, diatomácea e dois outros provenientes de caulim, tendo os valores de TL50 aumentado de 2,5 para mais de seis dias quando o fungo foi aplicado em larvas de Culex pipiens pipiens (Liston) (Diptera: Culicidae). As diferenças na viabilidade dos conídios não foram relacionadas com a virulência. Esses resultados demonstram a necessidade da realização de bioensaios com as formulações para verificação da atividade biológica, antes da aplicação do produto no campo. No entanto, trabalhos efetuados com formulações e conídios puros de B. bassiana isolado 447, constataram correlação positiva entre a viabilidade de conídios e mortalidade de larvas de Diatraea saccharalis (F.) (Marques 1993, Alves et al. 1996).

Daoust & Roberts (1983a, b) estudando três linhagens de M. anisopliae em quatro temperaturas e seis umidades relativas, mencionaram que as melhores condições para armazenamento e manutenção de viabilidade e virulência de conídios foram 19ºC a 97% UR e 4ºC a 0% UR, quando permaneceram virulentos por 18 meses para larvas de C. pipiens pipiens (Liston) 12 meses para Ano-pheles stephensi (Liston) (Diptera: Culicidae).

Marques & Alves (1996) trabalharam com armazenamento de M. anisopliae e B. bassiana, e verificaram que conídios puros de B. bassiana mantidos a 20ºC durante 180 dias praticamente não mostraram redução na viabilidade, enquanto que M. anisopliae manteve apenas 63% de viabilidade naquele período. Estudando a preservação de formulações de B. bassiana durante sete anos, Alves et al. (1996) concluíram que nas temperaturas de -10 a -7ºC foram mantidas a viabilidade e virulência do fungo sobre D. saccharalis.

Neste trabalho, procurou-se verificar o efeito do armazenamento prolongado em freezer sobre a viabilidade e virulência de conídios puros de B. bassiana com baixo teor de umidade, sobre lagartas de D. saccharalis.

 


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