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Quadro 1.
Ingredientes utilizados no alimento concentrado

Após o término da fase de desempenho, oito borregos Suffolk, com peso vivo médio de 38,1 kg, e oito Santa Inês, com 26,8 kg, foram transferidos para gaiolas de metabolismo com coletor de fezes e receberam a mesma dieta do período anterior. Foram submetidos a um período de adaptação de 10 dias ao novo ambiente e procedeu-se a coleta de fezes por sete dias. Nessa fase, o fornecimento de silagem foi restrito para evitar sobras; esta, quando houve foi pesada e amostrada para posterior análise.

A relação volumoso:concentrado na matéria seca foi de 33:67. Após o período de adaptação, a produção de fezes foi medida e amostrada por sete dias.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial, com duas raças e quatro níveis de PCD em substituição ao milho, utilizando-se, três animais, por raça e por tratamento, para o ensaio de desempenho. Para o estudo da digestibilidade, como não houve interação entre raças e níveis de PCD, a mesma foi retirada da análise de variância, considerando-se 8 repetições para cada variável.

Quadro 2.
omposição bromatológica do concentrado, com níveis de polpa cítrica desidratada (0, 36, 64 e 100%) e do volumoso: matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra bruta (FB), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), extrativo não nitrogenado (ENN), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), cálcio (Ca) e fósforo (P), utilizados na alimentação dos cordeiros

As variáveis avaliadas foram submetidas à análise de variância, efetuando-se a análise de regressão com os níveis de PCD em substituição ao milho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os borregos da raça Suffolk apresentaram peso final maiores (P< 0,01) que os da raça Santa Inês, apesar das idades semelhantes. Os ganhos de peso dos animais, total no período e diário, não sofreram efeito dos níveis crescentes de polpa cítrica em substituição ao milho, todavia, mostraram valores mais elevados (P< 0,01) para a raça Suffolk. Os valores de ganho de peso diário, 322,8 gramas, são semelhantes aos obtidos por CUNHA et al. (2001) para borregos Suffolk alimentados com dietas a base de silagem de milho e ração concentrada. Os borregos Santa Inês mostraram capacidade de ganho de peso inferior aos animais Suffolk, o que é devido, segundo BUENO et al. (2000), ao fato de ser uma raça com formação recente e pouco melhorada para esta característica.

A ingestão de MS pelos animais, quando expressa em porcentagem do peso vivo, não foi afetada pelos tratamentos, mostrando que quantidades elevadas de polpa cítrica não prejudicaram esta variável (Quadro 3), observando-se, todavia, efeito de raça com maior ingestão pelos animais Santa Inês (P< 0,05), provavelmente devido às diferenças de peso vivo observados entre os animais das diferentes raças. KLEIBER (1972) concluiu que o consumo de alimento, expresso como porcentagem do peso vivo, é inversamente proporcional ao peso vivo dos animais, e sugeriu o uso do peso metabólico (peso vivo 0.75) para corrigir estas diferenças. Os valores médios de ingestão de MS, entre 4,12 e 4,70% foram elevados, podendo serem considerados adequados segundo o NRC (1985).

A utilização do peso metabólico parece ter sido apropriada, pois retirou o efeito da diferença no peso vivo dos animais, e assim, não foi observado diferença estatística significativa na variável (Quadro 3). Essa variável apresentou valores elevados e mostrou que a substituição do milho pela da PCD não a alterou.

A ingestão de MS foi mais elevada do que os valores preconizados pelo AFRC (1993) de 3,3 a 4% do PV e pelo NRC (1985) de 4,3% do PV, e contribuiu para os ganhos de peso encontrados.

A conversão alimentar foi semelhante entre raças e não foi afetada pelos tratamentos (Quadro 3), o que demonstra que a substituição do milho por polpa cítrica resulta em aproveitamento similar das dietas. Os valores encontrados são maiores do que os achados por MONTEIRO et al. (1998) com borregos, que cita a possibilidade de substituição de até 45% do milho da dieta pela polpa cítrica, sem alteração no desempenho de borregos confinados, enquanto neste trabalho observou-se igualdade, mesmo na substituição total.

Quadro 3.
Desempenho ponderal: peso vivo (PV), peso inicial (PI) e peso final (PF), ganho de peso no período (GPT), ganho de peso diário (GPD), ingestão diária de matéria seca (MS) e conversão alimentar (CA) de cordeiros Suffolk (n=12) e Santa Inês (n=12)

Os dados de ingestão e os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes obtidos nas gaiolas metabólicas encontram-se no Quadro 4. Os coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) da matéria seca e matéria orgânica das dietas foram altos devido à elevada proporção de ração concentrada na dieta. Não houve efeito da substituição do milho por PCD nessas variáveis, assim como da raça dos borregos.

O CDA da proteína bruta (PB) não foi afetado pela substituição do milho por polpa cítrica desidratada, nem pela raça dos animais e denota a eficiente utilização da fração nitrogenada em todas as dietas.

O CDA da fibra bruta (FB) (YFB) mostrou acréscimo linear significativo (P<0,05) com o aumento da substituição do milho por polpa cítrica desidratada (X), descrito pela equação YFB = 44,0 + 0,416X (r2=0,53). Isto se deve, provavelmente, à maior concentração de FB digestível presente na polpa cítrica desidratada. A mesma tendência de aumento linear (P< 0,01) foi averiguado para os CDA da FDN e da FDA.

O CDA do extrato etéreo (EE) (YEE) mostrou efeito quadrático significativo (P<0,01) com o aumento da substituição do milho por polpa cítrica desidratada (X), descrito pela equação YEE = 90,0 + 0,056X - 0,0011X2 (r2=0,64), devido, possivelmente, às diferenças nas concentrações desta fração no milho e na polpa cítrica. O valor encontrado é elevado e denota sua utilização eficiente pelos animais como fonte de energia.

O CDA do extrativo-não-nitrogenado (ENN) não mostrou efeito com a substituição do milho por polpa cítrica, demonstrando que esta fração apresentou utilização semelhante pelos animais, em todos os tratamentos.

Os valores de NDT das dietas foram altos, devido à elevada proporção de ração concentrada na dieta dos animais e não apresentaram efeito da fonte energética utilizada, o que denota uma eficiente utilização da PCD. Segundo o NRC (1985), os valores encontrados são adequados para borregos com elevado potencial de ganho de peso.

CONCLUSÕES

A polpa cítrica desidratada pode substituir integralmente o milho na dieta de borregos, em sistemas intensivos de produção.

O uso de dietas de alto valor energético, seja a base de milho ou de polpa cítrica desidratada, possibilita a obtenção de elevados índices de ganho de peso.

Os animais da raça Suffolk apresentaram maior ganho de peso em relação aos animais da raça Santa Inês.

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Mauro Sartori Bueno2, Luiz Eduardo Dos Santos2, Eduardo Antonio Da Cunha2, Marildes Josefina Lemos Neto2, Cecília José Veríssimo2 Recebido para publicação em 01/09/04. Aceito para publicação em 29/12/04.
msbueno[arroba]iz.sp.gov.br; cunha[arroba]iz.sp.gov.br; lesantos[arroba]iz.sp.gov.br

1. Recebido para publicação em 01/09/04. Aceito para publicação em 29/12/04.
2. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Zootecnia Diversificada, Instituto de Zootecnia, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Caixa postal 60, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP. E-mail:
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