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Utilizaram-se na experimentação pessegueiros e nectarineiras cultivados na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul (22o41'S.; 46°43'W. e 40 HF-7), do IAC. As seleções de pêssegos - 'Aurora-2', IAC 282-24,1 AC 6782-83, e IAC 280-28, e de nectarina- IAC N 2680-91, foram plantadas em dois lotes contíguos, nos espaçamentos de 4m x 0,5m (5000 plantas/ha) e 4m x 1m (2500 plantas/ha) As podas drásticas das copas, a 50cm do solo, foram efetuadas a cada dois anos, imediatamente após a colheita dos frutos. Para cada material e espaçamento utilizaram-se dez plantas, que, com exceção da poda drástica, receberam os tratos culturais rotineiros, como: pincelamento do tronco, desbrota, capina, pulverizações fitossanitárias, irrigação, adubação e quebra de endodormência. Para facilitar o manejo, as plantas eram rebaixadas, anualmente, no inverno, a cerca de 2,5m de altura. No raleio, deixaram-se um e dois frutos por ramo médio e vigoroso, respectivamente. Durante os seis anos de pesquisa, os frutos foram colhidos, contados e pesados, sempre de fins de setembro a meados de novembro, obedecendo a época normal de maturação de cada material. Aos dados de produção e peso médio dos frutos calcularam-se os intervalos de confiança para a média, ao nível de 95%.
Os pessegueiros e as nectarineiras iniciaram a rebrota dos troncos cerca de quinze dias após a decepa da copa. Verificaram-se entre as seleções pesquisadas, diferenças na quantidade de brotos emitidos e no desenvolvimento dos ramos jovens. As plantas de 'Aurora-2' e IAC 282-24 foram as mais rústicas na brotação, que se desenvolveu de forma bem vigorosa. Nessas seleções, as três e cinco pernadas deixadas por tronco, respectivamente, nos espaçamentos de 4m x 0,5m e 4m x Im, apresentaram profusa emissão de ramos laterais, responsáveis pela frutificação. As seleções 'IAC 6782-83', 'IAC 280-28'e IAC N 2680-91, por sua vez, tiveram desenvolvimento vegetativo mais lento, e principalmente, com menor emissão de ramos laterais.
Ressalte-se que, as melhores florações e frutificações efetivas ocorreram, porém, no segundo ano de desenvolvimento pós poda, pois as copas apresentaram-se naturalmente maiores, apesar de produzirem ramos internos mais finos e improdutivos. Essa constatação, bem evidente em material de ciclo mediano, pode encontrar explicação no processo de diferenciação floral das gemas. Com podas drásticas mais tardias, realizadas após o final de outubro, ocorre certo atraso no desenvolvimento dos brotos, e por conseqüente, na época de indução floral, prejudicando a quantidade de gemas floríferas das plantas (BARBOSA, 1989). No segundo ciclo vegetativo, em que não ocorre a poda drástica da copa, as gemas florais se diferenciam em época normal (janeiro), proporcionando elevação no número de flores e de frutos nos ramos (BARBOSA et al., 1990b).
Em ambos espaçamentos, o 'Aurora-2'apresentou-se como um dos mais produtivos, apesar de ser material considerado mediano: ciclo ílorada-maturação de 120 dias. Em trabalhos anteriores de poda drástica anual pós-colheita, realizados na Estação Experimental de Jundiaí (23°08'S.; 46°45'W), do IAC, este cultivar não se desenvolveu adequadamente, devido às colheitas e conseqüentes podas tardias (BARBOSA, 1989). Convém destacar que, quando se realiza anualmente a referida poda, há necessidade de se trabalhar com cultivares bem precoces, a exemplo de 'Tropical' e 'Flordaprince', que apresentam ciclo de maturação dos frutos de aproximadamente 80 dias. As colheitas sendo precoces permitem a realização das podas mais cedo, entre meados de setembro a início de outubro, em região subtropical (EREZ, 1985; BARBOSA et al., 1991b). Ao se utilizar o 'Aurora-2' em pomares bem compactos, há, então, necessidade de lançar mão das podas drásticas bienais. Desta forma, suas plantas não sofrem interrupção de crescimento a cada 12 meses, permitindo colheitas satisfatórias ao longo dos anos. Destaque-se que, mesmo utilizando este processo, o 'Aurora-2' ainda apresentou tendência de menor frutificação nos ciclos subsequentes a cada poda, fato que não comprometeu a produtividade acumulada em seis anos de controle.
O IAC 282-24, de ciclo mais precoce, comportou-se de forma diferenciada ao 'Aurora-2', florescendo e frutificando uniformemente todos os anos. As colheitas e podas realizadas precocemente devem ter possibilitado, a esta seleção, indução e diferenciação floral em épocas mais adequadas, ocorrendo menor variabilidade no volume de floração e na porcentagem de frutificação efetiva.
As maiores produções ocorreram no espaçamento menor, equivalente a 5000 indivíduos por hectare, (figura 1). Nesta densidade populacional, os cultivares e seleções superaram a produção obtida no lote de 2500 plantas/ha, verificando-se aumento médio de 12% na produtividade (figura 2). Estes dados confirmam os resultados relatados por CAMPO DALL'ORTO et al.,(1984), quando obtiveram aumento de produtividade de cerca de 8%, comparando 29 seleções nas densidades populacionais de 11.428 e 6.666 plantas/ha, em espaçamentos de 3 x 0,5 x 0,5m (renque duplo) e 3 x 0,5m (renque simples) respectivamente. Resultados similares são descritos, também, por outros autores quando aumentaram a densidade de plantio de pessegueiros e nectarineiras (LORETI & PISANI, 1990; GUERREIRO et al., 1980; RECUPERO et al., 1985). Apesar da frutificação individual ser menor nas altas densidades populacionais, a produtividade, sem dúvida, torna-se mais elevada devido ao aumento do número de plantas por área. Ao se desejar ainda, maior produtividade, há tendência em diminuir a intensidade de raleio, mantendo-se mais frutos na planta. Com isto, o peso médio final do produto pode decrescer acentuadamente, comprometendo a comercialização (BARBOSA et al., 1991a).
Os pêssegos 'Aurora-2' e IAC 282-24, apesar de superarem os demais em produtividade, não apresentaram os maiores frutos em termos de peso médio. Das seleções pesquisadas, somente a IAC 6782-83 obteve, em média, frutos acima de 120g em ambos espaçamentos (figura 3).
No espaçamento de 4 x 0,5 m ocorreu diminuição de peso médio dos frutos em cerca de 10%. A maioria do material, no entanto, apresentou adequado peso médio final, superior a 80 g/fruto, mostrando, assim, potencial para esta característica (figura 3).
1. De cinco seleções IAC pesquisadas, 'Aurora-2' e IAC 282-24 apresentaram-se as mais produtivas, quando cultivadas no sistema de pomar compacto com poda drástica bienal.
2. O 'Aurora-2' e IAC 282-24 produziram, em média, acima de 19 t/ha.ano, nos espaçamentos de 4 x 0,5m e 4 x Im.
3. Os maiores frutos com peso médio acima de 100g foram produzidos pelas seleções IAC 6782-83 e IAC 282-24, no espaçamento de 4 x 1m.
Os autores agradecem ao Auxiliar de Campo, LÁZARO DE GODÓI às colheitas controladas e os tratos culturais dos pessegueiros e nectarineiras do ensaio.
Nota
1 Pesquisa integrante do projeto IAC: "Pessegueiro: Melhoramento Genético e Cultural".
W. BarbosaI, II; F.A. Campo-Dall'OrtoI, II; M. OjimaII; A.A. LovateII; R.R. dos SantosIII
wbarbosa[arroba]iac.sp.gov.br
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Bolsista do CNPq
IIInstituto Agronômico de Campinas, C.P. 28, 13001-970 Campinas, SP
IIIEstação Experimental de Monte Alegre do Sul/IAC, C.P. 50, CEP: 13910-000 - Monte Alegre do Sul,SP
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