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Na Tabela 2 estão apresentados os resultados referentes à população de plantas, nos quais não foram encontrados resultados significativos para os tratamentos testados no primeiro ano de cultivo, tanto para a população inicial como final. Dados esses concordantes com os obtidos por Diniz et al. (1996a) que não observaram efeito de doses de N na semeadura e da aplicação de Mo na população final de plantas. Também Andrade et al. (1996) não encontraram efeito da aplicação de N e molibdênio sobre a população final de plantas da cultura. No entanto, no cultivo de 2003, a população inicial de plantas apresentou interação significativa entre doses de molibdênio e nitrogênio em cobertura, estando os desdobramentos apresentados na Tabela 3. Deve-se ressaltar que no período da avaliação da população inicial de plantas, o nitrogênio em cobertura e o molibdênio foliar ainda não haviam sido aplicados e, com certeza, as diferenças encontradas não ocorreram em função dos tratamentos utilizados.
Quanto à produção de matéria seca (Tabela 2), houve influência positiva da aplicação de nitrogênio, tanto na semeadura quanto em cobertura, em relação à testemunha para os dois anos de cultivo. A aplicação do adubo nitrogenado aumenta a disponibilidade de N no solo e, conseqüentemente, incrementa a absorção desse macronutriente pelas raízes, aumentando assim a produção de matéria seca, uma vez que o nitrogênio tem influência direta na fotossíntese e crescimento da planta, sendo parte integrante da molécula de clorofila. Os resultados encontram respaldo nos obtidos por Chidi (1999), que observou incremento na matéria seca da planta com a aplicação de N via solo e Oliveira (2001), que verificou resposta linear da produção de matéria seca com aumento de doses de nitrogênio em cobertura.
Quanto à resposta da produção de matéria seca com aplicação de doses de molibdênio, estas foram significativas para o segundo ano de cultivo, sendo que os dados se ajustaram a uma equação linear crescente, pois o molibdênio tem uma participação positiva no metabolismo do nitrogênio, conseqüentemente influenciando a produção da matéria seca da planta.
No que se refere ao teor de nitrogênio na parte aérea (Tabela 4), verifica-se que, no segundo ano de cultivo, houve interação significativa de doses de molibdênio e nitrogênio na semeadura e doses de molibdênio e nitrogênio em cobertura, estando os desdobramentos apresentados nas Tabelas 5 e 6.
Pode-se observar (Tabela 5) que os maiores teores de nitrogênio foram obtidos na ausência de nitrogênio na semeadura, verificando uma resposta negativa em relação à aplicação de nitrogênio, que pode ser justificada pelo fato das plantas adubadas com nitrogênio apresentarem maior quantidade de matéria seca em relação àquelas que não o receberam, apresentando assim um menor teor de nitrogênio orgânico explicado pelo efeito da diluição (Adell et al., 1999), com exceção da dose de 80 g/ha de Mo, na qual não deve ter ocorrido o efeito da diluição.
Na presença de 20 kg/ha de nitrogênio na semeadura, as doses de molibdênio se ajustaram a uma equação quadrática, ou seja, apresentam crescimento até 74 g/ha e depois uma queda nos valores. No caso da interação entre doses de molibdênio e nitrogênio em cobertura (Tabela 6), verificou-se que, apenas dentro da dose de 80 g/ha de molibdênio a aplicação de N em cobertura proporcionou redução no teor de nitrogênio, que pode ser justificada pela discussão anterior. Na ausência da adubação nitrogenada em cobertura, a aplicação de doses de molibdênio se ajustaram a uma função quadrática, sendo o maior teor de nitrogênio obtido com a aplicação de até 67 g/ha de molibdênio, tendo queda nos valores em doses maiores a essa, pois de acordo com Ambrosano et al. (1996), diferenças positivas nos teores de nitrogênio na folha foram observadas quando se aplicou molibdênio, tanto via solo como via foliar, evidenciando sua participação no metabolismo do nitrogênio.
É interessante ressaltar que o nível crítico de nitrogênio foliar necessário à cultura é de 30 g/kg (Ambrosano et al., 1997), porém os dados apresentados no presente experimento são referentes à parte aérea da planta que normalmente apresenta valores um pouco inferiores aos teores foliares.
Portanto, acredita-se que as exigências mínimas das plantas em nitrogênio foram supridas em todos os tratamentos.
Quanto ao número médio de vagens por planta, não houve efeito da aplicação de Mo via foliar para os dois anos de cultivo, como os dados obtidos por Vieira et al. (1996). Por outro lado, Andrade et al. (1996) e Rodrigues et al. (1996) observaram resposta às doses de molibdênio, sobre esse componente da produção. O número de vagens por planta foi influenciado pela aplicação de nitrogênio na semeadura no primeiro ano de cultivo, dados que concordam com os obtidos por Alves Júnior et al. (2003).
Ainda na Tabela 4, pode-se verificar que os tratamentos testados não influenciaram os valores obtidos para o número de grãos por planta, nos dois anos de cultivo. Os dados obtidos vão ao encontro dos de Soratto (1999) no que se refere à influência das doses de Mo via foliar.
Quanto aos resultados obtidos na avaliação do número de grãos por vagem, observa-se (Tabela 7) que não houve efeito para os tratamentos utilizados, provavelmente por ser uma característica mais relacionada com o cultivar utilizado, sofrendo pouca influência das práticas culturais utilizadas na cultura.
Carvalho (1994) e Soratto (1999) não encontraram resposta para a utilização de molibdênio e nitrogênio.
Os resultados referentes à massa de 100 grãos mostraram efeito negativo do N, tanto aplicado na semeadura como em cobertura (Tabela 7), no cultivo de 2002. Esse efeito talvez possa ser explicado pelo maior número de vagens/planta nesses tratamentos, influenciando negativamente na massa de grãos (Tabela 4). Já aplicação de molibdênio não influenciou essa análise em 2002, dados que concordam com os resultados obtidos por Nascimento e Arf (2003), que não observaram resposta a doses e épocas de aplicação de molibdênio. Porém, no segundo ano de cultivo, verificou-se interação significativa entre N na semeadura e N em cobertura, estando os dados apresentados na Tabela 8.
Observa-se que quando não se aplicou N em cobertura, a aplicação de nitrogênio na semeadura (20 kg/ha) proporcionou maior massa de 100 grãos.
Entretanto, quando se aplicou N em cobertura (70 kg/ha), a aplicação de N na semeadura não influenciou a massa de 100 grãos. Já quando se aplicou nitrogênio na semeadura (20 kg/ha), a aplicação de nitrogênio em cobertura proporcionou redução da massa de 100 grãos. Esse efeito talvez possa ser explicado pelo maior número de vagens e grãos/planta nos tratamentos com aplicação de nitrogênio em cobertura (mesmo não sendo estatisticamente significativo existe tendência de aumento), influenciando negativamente a massa de grãos.
Em relação à produtividade do feijoeiro, verificaram-se resultados significativos para a utilização de doses de molibdênio no segundo ano de cultivo e os dados se ajustaram a uma função linear crescente, ou seja, houve aumento da produtividade em função das doses de molibdênio fornecidas.
Também Diniz et al. (1996a, b), Rodrigues et al. (1996), Andrade et al. (1996), Coelho et al. (1998) e Araújo et al. (1999) verificaram aumento de produtividade quando forneceram Mo via foliar.
Resultados semelhantes foram apresentados por Amane et al. (1996), que ainda observaram que a dose necessária para obtenção de rendimento máximo variou em função da adubação nitrogenada em cobertura; quanto mais nitrogênio, menor a dose de Mo. Resultados semelhantes foram obtidos por Ferreira et al. (2002) e Coelho et al. (2001), que observaram aumento da produtividade com a aplicação de Mo, porém esses resultados não se aproximam dos ganhos de até 200% verificados por Vieira et al. (1992).
No caso do presente estudo, o ganho em produtividade foi de 18,6%, com a dose de 120 g/ha de Mo via foliar em relação à testemunha sem molibdênio, pois segundo Vieira et al. (1998), a aplicação do molibdênio propicia uma maior atividade das enzimas nitrogenase e redutase do nitrato, responsáveis pela catálise da fixação do nitrogênio atmosférico e da redução do nitrato. Fullin et al. (1999) observaram que a aplicação de molibdênio via foliar se mostra mais eficiente do que através da peletização das sementes. No que se refere à aplicação de N na semeadura, através dos resultados obtidos em 2003, pode-se verificar resposta positiva na produtividade da cultura.
Amane et al. (1996) e Soratto (1999) também obtiveram incremento de produtividade com a aplicação de N. Nos dados obtidos em 2003, verificou-se ainda aumento na produtividade de grãos na presença de nitrogênio em cobertura, concordando com os resultados obtidos por Almeida et al. (1999), Alvarez (2001), Oliveira (2001) e Binotti et al. (2004a), que observaram resposta positiva da aplicação de N em cobertura e com Binotti et al. (2004b), que verificaram que aplicação de N na semeadura e/ou em cobertura aumenta a produtividade de grãos do feijoeiro de inverno.
Os resultados não significativos encontrados no primeiro ano de cultivo talvez possam ser explicados pela liberação em quantidades adequadas desse nutriente, através da mineralização microbiana da matéria orgânica, fato este também observado por Carvalho (1994). Outro fator que pode ter contribuído para aumentar a disponibilidade de molibdênio no solo, no primeiro ano de cultivo, diminuindo os efeitos dos tratamentos para a aplicação desse micronutriente, é o fato do pH estar acima de 5, apresentando maior disponibilidade do molibdênio para as plantas (Vieira et al., 1999) ou ainda as sementes utilizadas possuíam quantidade de molibdênio suficiente para atender à necessidade das plantas, visto que a faixa de 1,64 a 3,57 µg de Mo/semente é considerada suficiente para o suprimento da geração subseqüente (Brodrick et al., 1992 citados por Leite et al., 2003).
Os dados obtidos vão ao encontro dos de Soratto (1999) e Bassan (1999), que não obtiveram efeito significativo com a aplicação de Mo foliar. Os resultados obtidos referentes à adubação nitrogenada, no primeiro ano de cultivo, embora tenham sido positivos para algumas análises (massa de matéria seca e número de vagens por planta), refletiram em um menor teor de N na parte aérea (diluição) e em uma redução na massa de 100 grãos, ocorrendo assim, efeito da compensação, não influenciando, portanto, a produtividade da cultura. Entretanto, os diferentes resultados obtidos nos dois anos de cultivo podem ter ocorrido em função das respostas das plantas à aplicação de molibdênio terem se mostrado variáveis entre as espécies e mesmo entre os cultivares da mesma espécie.
Tal comportamento é conseqüência das variações na capacidade de absorção, translocação, acúmulo no tecido e utilização do nutriente pela planta, uma vez que as pequenas mudanças nas características químicas do solo não justificariam tal comportamento. A resposta à adubação nitrogenada pode ter ocorrido pelo fato de que deficiências do nutriente são observadas em solos com baixa disponibilidade de matéria orgânica sob condições favoráveis a altas taxas de mineralização (Jasmim et al., 2002). Em termos gerais, o feijoeiro responde positivamente à aplicação de molibdênio e adubação nitrogenada, proporcionando incrementos na produtividade em resposta à aplicação do micronutriente e macronutriente.
A aplicação de Mo foliar aumenta o rendimento de grãos do cultivar Pérola.
O cultivar IAC Carioca - Eté não responde à adubação molíbdica.
O fornecimento de 20 kg/ha de nitrogênio na semeadura ou 70 kg/ha de N em cobertura propicia incrementos no rendimento de grãos do cultivar Pérola.
A aplicação de N na semeadura ou em cobertura não interfere na produtividade de grãos do cultivar IAC Carioca - Eté.
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Received on July 19, 2004.
Accepted on February 02, 2005.
Fabiana Aparecida Fernandes1, Orivaldo Arf1*, Flávio Ferreira da Silva Binotti1, Airton Romanini Junior1, Marco Eustáquio de Sá1, Salatier Buzetti2 e Ricardo Antonio Ferreira Rodrigues2
arf[arroba]agr.feis.unesp.br
1. Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, Universidade Estadual Paulista, Av. Brasil, 56, C.P. 31, 15385-000, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil. 2. Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Universidade Estadual Paulista, Av. Brasil, 56, C.P. 31, 15385-000, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil.
*Autor para correspondência. e-mail: arf[arroba]agr.feis.unesp.br
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