Página anterior | Voltar ao início do trabalho | Página seguinte |
A TABELA 2 contém os dados de produção de matéria seca e teores de macronutrientes.
A produção de matéria seca foi influenciada pelos espaçamentos (TABELA 2), apresentando maior valor no de 30 cm (8588 kg/ha), que diferiu estatisticamente dos demais (40 cm - 5621 e 50 cm - 5736 kg/ha), o mesmo não ocorrendo para as densidades testadas. A melhor distribuição das plantas, verificada no menor espaçamento, possibilitou maior captação e conversão da luz em fotossintatos, resultando em maior produção biológica, que os maiores espaçamentos. Estes resultados foram confirmados por Stone & Pereira (1994b), utilizando os espaçamentos de 20, 35 e 50 cm entre fileiras.
Ainda verifica-se que não há resposta na produção de matéria seca quando se passa do espaçamento de 50 cm para 40 cm, e não concordando com os resultados obtidos pelos autores supracitados, que verificaram um aumento linear com a redução do espaçamento. A produção de matéria seca obtida no espaçamento de 30 cm, foi superior em 315 kg/ha em relação a obtida, pelos autores supracitados, no espaçamento de 20 cm em sistema irrigado por aspersão, evidenciando, desta forma, que o cultivar IAC 201 apresentou uma boa produção de matéria seca, mesmo em condição mais adversa, ou seja, sistema de sequeiro.
A alta produção de matéria seca apresentada pelo cultivar IAC 201 pode ser atribuída às características genéticas desse material, que tem na sua constituição o cultivar de sequeiro IAC 165, caracterizado por crescimento vigoroso, porte alto e grande produção de folhas, sendo classificado como cultivar tradicional.
Quanto aos teores de macronutrientes na matéria seca da parte aérea (TABELA 2), com exceção do N e do P, os demais não foram influenciados pelos tratamentos, tanto pelas densidades quanto pelos espaçamentos. O nitrogênio apresentou efeito das densidades, ocorrendo maior acúmulo nas de 100 e 150 sementes por metro quadrado, que diferiram significativamente da maior densidade (200 sementes por metro quadrado). Este resultado pode ser explicado pelo menor número de plantas por área, resultante das menores densidades de semeadura, ocorrendo assim, maior concentração do nutriente, já que, a adubação foi a mesma para as diferentes densidades estudadas.
Quanto ao acúmulo de fósforo na matéria seca, houve efeito significativo da interação densidade e espaçamento, estando os desdobramentos apresentados na TABELA 3. Analisando-se os resultados de espaçamento dentro de densidade, verifica-se que apenas a densidade de 100 sementes por metro quadrado apresentou diferença significativa, verificando-se maior valor para espaçamento de 50 cm, que diferiu estatisticamente do espaçamento de 30 cm.
No que se refere ao desdobramento densidade dentro de espaçamento, houve efeito significativo apenas para espaçamento de 50 cm, em que a densidade de 100 sementes por metro quadrado diferiu estatisticamente da maior (200 sementes por metro quadrado). Assim, constata-se que a combinação da menor densidade com o maior espaçamento proporcionou maior acúmulo de fósforo na matéria seca. Os teores médios de nutrientes (TABELA 2) estavam em níveis adequados preconizados por Fageria (1984), exceto o enxofre que apresentou um nível crítico, 0,15% (Fornasieri Filho & Fornasieri, 1993), e que o cultivar IAC 201 apresentou um bom estado nutricional sob sistema de cultivo de sequeiro.
Na TABELA 4 estão contidos os dados referentes a quantidade de macronutrientes absorvidos. Analisando os dados pode-se verificar, com exceção do cálcio e do magnésio, efeito significativo, somente para espaçamentos. A maior absorção ocorreu para o menor espaçamento (30 cm), que diferiu significativamente dos demais (40 e 50 cm). A maior absorção de nutrientes no menor espaçamento, está relacionada à maior produção de matéria seca obtida no mesmo. Estes resultados estão de acordo com Stone & Pereira (1994b), que também observaram maior absorção de nutrientes para o menor espaçamento (20 cm).
Para a quantidade de cálcio e magnésio absorvidas, houve efeito significativo da interação densidade e espaçamento, estando os desdobramentos apresentados nas TABELAS 5 e 6, respectivamente. Analisando-se os resultados de espaçamento dentro de densidade, para cálcio, verifica-se efeito significativo nas densidades de 100 e 200 sementes por metro quadrado. Na densidade de 100 sementes houve maior absorção no espaçamento de 30 cm (29,7 kg/ha), que diferiu significativamente do de 50 cm. Na densidade de 200 sementes por metro quadrado, a maior absorção também ocorreu no espaçamento de 30 cm (37,9 kg/ha), diferindo estatisticamente dos demais.
Analisando-se o desdobramento de densidade dentro de espaçamento, observa-se efeito significativo somente no espaçamento de 30 cm, na qual a menor absorção de Ca ocorreu na densidade de 150 sementes por metro quadrado (18,7 kg/ha), diferindo estatisticamente das demais (TABELA 5). Assim, a maior quantidade de Ca absorvida foi com a combinação do espaçamento de 30 cm entre fileiras e a densidade de semeadura de 200 sementes viáveis/m2 (37,9 kg/ha), e a menor quantidade absorvida com a combinação do espaçamento de 50 cm e a densidade de 100 sementes viáveis/m2 (14,2 kg/ha).
Resultado semelhante foi observado para o magnésio (TABELA 6). Assim os resultados do desdobramento de espaçamento dentro de densidade, permitiram verificar que houve efeito significativo para as densidades de 100 e 150 sementes por metro quadrado, na qual o espaçamento de 30 cm propiciou maior absorção do magnésio (31,9 e 45,2 kg/ha, respectivamente), diferindo estatisticamente de 40 e 50 cm. Quanto a densidade dentro de espaçamento, constata-se efeito significativo somente para o espaçamento de 30 cm, onde a densidade de 200 sementes por metro quadrado resultou em maior extração de magnésio (45,2 kg/ha) diferindo estatisticamente das demais.
Independente dos tratamentos empregados, o cultivar IAC 201, em condições de sequeiro, apresentou a seguinte ordem, decrescente, de exigência em nutrientes no período de florescimento: N > K > Mg > Ca > P > S.
Os dados de eficiência de utilização de nutrientes estão contidos no TABELA 7. Estes valores foram obtidos pela relação da quantidade de matéria seca produzida pela quantidade de nutriente absorvido, por unidade de área. Analisando esses resultados, verifica-se que com a redução do espaçamento houve uma maior eficiência de utilização do Ca. Resultado inverso ocorreu com o N e Mg, ou seja, a eficiência de ambos aumenta com o aumento do espaçamento entre fileiras.
De maneira geral, o cultivar IAC 201 apresentou uma eficiência de utilização de nutrientes da seguinte ordem S > P > Ca > Mg > K > N. A mesma ordem foi verificado por Fageria et al. (1995a; 1995b), quando estudaram apenas o N, P e o K. No entanto, os resultados diferem dos obtidos por Stone & Pereira (1994b), que obtiveram a seguinte ordem P > Mg > Ca > N > K, em sistema irrigado por aspersão.
A diferença existente entre os cultivares quanto à capacidade de absorção e utilização de nutrientes (Furlani et al., 1983; Malavolta & Fornasieri Filho, 1983; Fageria et al., 1988a e 1988b; Fageria, 1989; Fageria & Barbosa Filho, 1981; Fageria, 1992; Fageria et al., 1995a e 1995b), pode ser responsável pela divergência de resultados verificado na literatura, além de outros fatores que podem interferir, tais como o sistema de cultivo, a fertilidade do solo, e até o espaçamento e a densidade de plantas utilizados.
- O cultivar IAC 201, cultivado sob sistema de sequeiro, apresentou aumento da produção de matéria seca e da quantidade de nutrientes absorvidos, com a redução do espaçamento.
- Os teores de macronutrientes na matéria seca da parte aérea não foram afetados pela variação do espaçamento entre fileiras, até o estádio de florescimento.
- O cultivar IAC 201 apresentou teores adequados de macronutrientes para o desenvolvimento de plantas, exceto os de enxofre, que podem ser considerados críticos.
- A variação da densidade de semeadura não afetou a produção de matéria seca da parte aérea, as quantidades absorvidas e os teores de macronutrientes, assim como a eficiência de utilização de nutrientes, pelo cv. IAC 201.
- A redução do espaçamento entre fileiras proporcionou maior eficiência de utilização do cálcio e diminuiu a do nitrogênio e magnésio.
- O cultivar IAC 201 apresenta uma eficiência de utilização de nutrientes da seguinte ordem: S > P > Ca > Mg > K > N.
- Em condições de sequeiro, o cultivar IAC 201, apresentou, no estádio de florescimento, exigência em nutrientes na seguinte ordem: N > K > Mg > Ca > P > S.
ARF, O. Efeitos de densidades populacionais e adubação nitrogenada sobre o comportamento de cultivares de arroz irrigado por aspersão. Ilha Solteira, 1993. 63p. Tese (Livre-Docência) - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista.
BARBOSA FILHO, M.P. Nutrição e adubação do arroz (sequeiro e irrigado). Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1987. 129p. (Boletim Técnico, 9)
BATAGLIA, O.C.; FURLANI, A.M.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P.R.; GALLO, J.R. Métodos de análises químicas de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. 48p. (Boletim, 78)
CRUSCIOL, C.A.C.; MACHADO, J.R.; ARF, O.; RODRIGUES, R.A.F. Rendimento de benefício e de grãos inteiros em função do espaçamento e da densidade de semeadura do arroz de sequeiro. Scientia Agricola, v.56, n.1, p.39-44, 1999.
FAGERIA, N.K. Resposta de cultivares de arroz à aplicação de calcário em solo de cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.19, n.7, p.883-889, 1984.
FAGERIA, N.K. Solos tropicais e aspectos fisiológicos das culturas. Brasília: EMBRAPA, CNPAF, 1989. 425p.
FAGERIA, N.K. Resposta de cultivares de arroz a fertilizante fosfatado em Latossolo vermelho-escuro do Brasil Central. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.15, p.63-67, 1991.
FAGERIA, N.K. Maximizing crop yields. New York: Marcel Dekker, 1992. 274p.
FAGERIA, N.K.; BARBOSA FILHO, M.P. Potassium fertilization increase upland rice yield in cerrado soil. Better Crops International, v.6, p.12-13, 1990.
FAGERIA, N.K.; BARBOSA FILHO, M.P. Avaliação de cultivares de arroz para maior eficiência na absorção de fósforo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.16, n.6, p.777-782, 1981.
FAGERIA, N.K.; BARBOSA FILHO, M.P.; CARVALHO, J.R.P. Response of upland rice to phosphorus fertilization on an oxisol of Central Brasil. Agronomy Journal, v.74, p.51-56, 1982.
FAGERIA, N.K.; MORAIS, O.P.; BALIGAR, V.C.; WRIGHT, R.J. Response of rice cultivars to phosphorus supply on an oxisol. Fertilizer Research, v.16, p.195-206, 1988a.
FAGERIA, N.K.; WRIGHT, R.J.; BALIGAR, V.C. Rice cultivar evaluation for phosphorus use efficiency. Plant and Soil, v.111, p.105-109, 1988b.
FAGERIA, N.K.0; WRIGHT, R.J.; BALIGAR, V.C.; CARVALHO, J.R.P. Upland rice response to potassium fertilization on a Brazilian Oxisol. Fertilizer Research, v.21, p.141-147, 1990.
FAGERIA, N.K.; SANT'ANA, E.P.; CASTRO, E.M.; MORAES, O.P. Resposta diferencial de genótipos de arroz de sequeiro à fertilidade do solo. Revista Brasileira de Ciência Solo, v.19, n.2, p.261-267, 1995a.
FAGERIA, N.K.; SANT'ANA, E.P.; MORAIS, O.P. Resposta de genótipos de arroz de sequeiro favorecido à fertilidade do solo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.30, n.9, p.1155-1161, 1995b.
FORNASIERI FILHO, D.; FORNASIERI, J.L. Manual da cultura do arroz. Jaboticabal: FUNEP, 1993. 221p.
FURLANI, A.M.C.; BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.; AZZINI, L.E.; CAMARGO, O.B.A. Avaliação de genótipos de arroz quanto à eficiência na utilização de fósforo em solução nutritiva e em solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.7, p.291-303, 1983.
GOEDERT, W.J.; LOBATO, E.; RESENDE, M. Management of tropical soils and world food prospects. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF SOIL SCIENCE, 12., New Delhi, 1982. Proceedings. New Delhi: ISSS/AISS/IBG, 1982. p.338-364.
KUSSOW, W.R.; CORUM, K.R.; DALL'ACQUA, F.M. Interpretação agro-econômica de ensaios de adubação. Goiânia: EMBRAPA, CNPAF, 1976. 49p. (Boletim Técnico, 4)
LOPES, A.S. Solos sob cerrado: características, propriedades e manejo. Piracicaba: Instituto da Potassa e Fosfato, 1983. 162p.
MALAVOLTA, E.; FORNASIERI FILHO, D. Nutrição mineral da cultura do arroz. In: FERREIRA, M.E.; YAMADA, T.; MALAVOLTA, E. (Ed.) Cultura do arroz de sequeiro: fatores afetando a produtividade. Piracicaba: Instituto da Potassa e Fosfato, 1983. p.95-140.
RAIJ, B. van; QUAGGIO, J.A. Métodos de análise de solo para fins de fertilidade. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. 31p. (Boletim Técnico, 81)
SANTOS, A.B.dos; STONE, L.F.; FAGERIA, N.K.; PRABHU, A.S.; MAH, M.G.C.; AQUINO, A.R.L.; AJIMURA, G.M.; BARBOSA FILHO, M.P.; ZIMMERMANN, F.J.P.; CARVALHO, J.R.P.; OLIVEIRA, A.B.; SILVEIRA FILHO, A. Efeito do conjunto de técnicas aplicadas ao sistema de produção do arroz de sequeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.17, p.835-845, 1982.
STONE, L.F.; PEREIRA, A.L. Sucessão arroz-feijão irrigados por aspersão. efeitos de espaçamento entre linhas, adubação e cultivar no crescimento, desenvolvimento radicular e consumo d'água do arroz. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.29, n.10, p.1577-1592, 1994a.
STONE, L.F.; PEREIRA, A.L. Sucessão arroz-feijão irrigado por aspersão: Efeitos do espaçamento entre linhas, adubação e cultivar na produtividade e nutrição do arroz. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.29, n.11, p.1701-1713, 1994b.
1. Parte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor. Projeto financiado pela FAPESP.
Carlos Alexandre Costa Crusciol2; José Ricardo Machado2; Orivaldo Arf3; Ricardo Antonio Ferreira Rodrigues3
arf[arroba]agr.feis.unesp.br
2Depto. de Agricultura e Melhoramento Vegetal-FCA/UNESP, C.P. 237, CEP: 18603-970 - Botucatu, SP.
3FE/UNESP, C.P. 54, CEP: 15378-000 - Ilha Solteira, SP.
Página anterior | Voltar ao início do trabalho | Página seguinte |
|
|