Foi instalado um experimento em condições de campo, em um Latossolo Vermelho escuro, epi-eutrófico, textura argilosa, em Selvíria-MS, com arroz de sequeiro cv. IAC 201, estudando-se três espaçamentos entre fileiras (30, 40 e 50 cm) e três densidades de semeadura (100, 150 e 200 sementes viáveis/m2). Foram avaliadas a produção de matéria seca da parte aérea no momento do florescimento e determinados os teores e quantidades de N, P, K, Ca, Mg e S absorvidos, assim como a eficiência de utilização de nutrientes. A redução do espaçamento entre fileiras aumentou a produção de matéria seca da parte aérea e a quantidade de nutrientes absorvidos. A variação da densidade de semeadura não afetou os parâmetros estudados. A redução do espaçamento entre fileiras proporcionou maior eficiência de utilização do Ca e diminuiu a do N e Mg. Os teores de nutrientes na matéria seca da parte aérea não foram afetados pela variação do espaçamento entre fileiras.
Palavras-chave: população, arranjo espacial, nutrição mineral, eficiência de utilização de nutrientes
Dry Matter and Nutrient Uptake of Dryland Rice Related to Row Spacing and Plant Population
ABSTRACT: A field experiment was conducted in a clayey Dark Red Latosol in Selviria, MS, Brazil, to study the effect of three row spacings (30, 40 and 50 cm) and three seed densities (100, 150 and 200 viable seeds/m2) on plant dry matter yield, macronutrient (N, P, K, Ca, Mg and S) uptake at flowering, and the nutrient use efficiency. A decrease in row spacing led to an increase in shoot dry matter production and nutrient uptake. There was no effect of plant densities on dry matter or nutrient uptake. The decrease in row spacing allowed a higher Ca use efficiency, but not for N and Mg. The concentration of the macronutrients in the shoots was not affected by spacing.
Key words: plant populations, spatial distribution, mineral nutrition, nutrient efficiency
O arroz de sequeiro é a principal cultura cultivada na região dos cerrados brasileiros logo após a abertura de novas áreas. Isto é devido, principalmente, a sua fácil implantação e desenvolvimento, em solos pobres em nutrientes, em relação a outras culturas, tais como o milho e a soja. O arroz de sequeiro na região do cerrado está sujeito a deficiência hídrica devido a períodos curtos de estiagem, denominados de verânicos, e a outros fatores limitantes da produção como: pragas, doenças, e, principalmente, a deficiência nutricional, reflexo dos solos de baixa fertilidade predominantes nesta região. Devido a estes fatores limitantes é considerada uma cultura de risco. Dessa forma a produtividade é baixa, 1500 kg/ha. Em contrapartida, a cultura do arroz de sequeiro ocupa um importante papel no sistema produtivo das propriedades desta região devido apresentar o mais baixo custo de produção.
Na região dos cerrados brasileiros, a deficiência nutricional é um dos fatores mais limitantes à produção agrícola (Goedert et al., 1982; Lopes, 1983). Vários trabalhos de pesquisa mostram aumento significativo na produção de arroz de sequeiro pela aplicação de N (Kussow et al., 1976), P (Fageria et al., 1982; Fageria, 1991), e K (Fageria et al., 1990; Fageria & Barbosa Filho, 1990). No entanto, principalmente para o N, nem sempre é verificado resposta (Arf, 1993), e essa variação nos resultados é, provavelmente, em decorrência, entre outros, da utilização de cultivares com resposta diferenciada ao N, e da variação das condições climáticas (Fornasieri Filho & Fornasieri, 1993). Em condições de precipitação pluvial adequada, o uso do fósforo corresponde a expressivos aumentos na produtividade de grãos, devido os solos desta região apresentar baixo teor deste nutriente, manifestando principalmente através do número de espiguetas granadas e do peso de 1000 grãos, quando comparado à uma situação de deficiência hídrica (Barbosa Filho, 1987).
No entanto uma adubação potássica adequada pode minimizar o efeito negativo de uma deficiência hídrica através do papel que exerce sobre a abertura e fechamento estomatal das folhas, reduzindo, consequentemente a perda de água. Segundo Santos et al. (1982), uma adubação adequada pode contribuir com aproximadamente 40% de aumento na produtividade do arroz de sequeiro em "solos de cerrado", se outros fatores não forem limitantes.
Outros fatores, como espaçamento entre fileiras e densidade de plantas, influenciam sobre a produtividade do arroz, aumentando ou diminuindo a quantidade absorvida de nutrientes e seus teores na matéria seca (Stone & Pereira, 1994a), assim como a eficiência de utilização dos mesmos. Contudo, existem poucos trabalhos que relatam tal efeito sobre a cultura do arroz de sequeiro.
Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo estudar o efeito da variação do espaçamento entre fileiras e da densidade de semeadura sobre a produção de matéria seca, teores e quantidades absorvidas de macronutrientes e a eficiência de utilização de nutrientes pelo cultivar IAC 201, sob sistema de cultivo de sequeiro.
O trabalho foi instalado em uma área experimental localizada no município de Selvíria - Estado do Mato Grosso do Sul, pertencente à Faculdade de Engenharia - UNESP, Campus de Ilha Solteira, apresentando como coordenadas geográficas 51º22' de Longitude Oeste de Greenwich e 20º22' de Latitude Sul, com altitude de 335 metros. O solo do local é do tipo Latossolo Vermelho-escuro, epi-eutrófico álico, textura argilosa. A precipitação pluvial média anual é de aproximadamente 1.370 mm, a temperatura média anual está ao redor de 23,5ºC e a umidade relativa do ar está entre 70 e 80% (variação anual).
Antes da instalação do experimento foram coletadas amostras de solo da área experimental e realizadas as análises químicas, segundo metodologia proposta por Raij & Quaggio (1983), cujos resultados estão contidos na TABELA 1.
Durante a condução do experimento foram determinadas, diariamente, a temperatura mínima, média e máxima do ar, assim como a precipitação pluvial na área experimental, estando os dados dos elementos climáticos representados em Crusciol et al., (1999).
O trabalho foi realizado no ano agrícola de 1993/94. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, sendo as parcelas constituídas por três densidades de semeadura (100, 150 e 200 sementes viáveis por metro quadrado) e as sub-parcelas, por três espaçamentos entre fileiras (30, 40 e 50 cm), com quatro repetições.
As fileiras mediram 6 metros de comprimento e cada sub-parcela continha cinco fileiras de plantas no espaçamento de 50 cm, seis fileiras de plantas no espaçamento de 40 cm e oito fileiras de plantas no espaçamento de 30 cm. Foi considerada como área útil para as avaliações as três fileiras centrais no espaçamento de 50 cm, as 4 fileiras centrais no espaçamento de 40 cm e as seis fileiras centrais no espaçamento de 30 cm. Na extremidade de cada fileira de plantas foram deixadas 50 cm de bordadura.
O cultivar utilizado no experimento foi o IAC 201 proveniente do Instituto Agronômico de Campinas. IAC 201 é a denominação comercial da linhagem de arroz de sequeiro (IAC 201) proveniente do cruzamento entre o cultivar IAC 165 de ampla adaptação e o cultivar Labelle de excelente qualidade de grão, realizado em Campinas - SP, no ano agrícola 1977/78.
O solo foi preparado através de uma aração e duas gradagens, sendo a primeira gradagem levada a efeito logo após a aração e a segunda, às vésperas da semeadura.
A adubação constou da aplicação nos sulcos de semeadura, de 10 kg/ha de N, 75 kg/ha de P2O5, 25 kg/ha K2O e 40 kg/ha de FTE BR-12 como fonte de micronutrientes (B = 1,3%; Cu = 0,30%; Fe = 3,0%; Mn = 2,0%; Mo = 0,1%; Zn = 9,0%).
A semeadura foi realizada no dia 25/11/93 e junto com as sementes aplicou-se 1,5 kg/ha de carborufan 5G (i.a.) visando principalmente o controle de cupins (Syntermes spp.) e lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus). A emergência das plântulas ocorreu 6 dias após a semeadura, ou seja, em 01/12/94.
A adubação de cobertura foi realizada 50 dias após a emergência das plantas, utilizando-se 30 kg/ha de N na forma de sulfato de amônio.
Foi realizada uma coleta de plantas, em 1,0 m de fileira no momento em que 50% das panículas de cada sub-parcela, haviam atingido o florescimento. O material coletado foi secado em estufa a 60ºC; em seguida, foi realizada a pesagem e a moagem com posterior análise química da matéria seca, para determinação dos teores percentuais de N, P, K, Ca, Mg e S, segundo metodologia descrita por Bataglia et al. (1983), e da quantidade absorvida destes nutrientes. De posse desses resultados calculou-se a eficiência de utilização de nutrientes em função dos tratamentos empregado no trabalho de pesquisa, através da relação: kg de matéria seca produzido/ kg de nutriente absorvido.
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