A seguir, veja a verdadeira (e competente) sabatina a que a jornalista Patrícia Mariuzzo, da Revista Inovação UNIEMP me submeteu recentemente. Foi uma excelente ocasião para refletir sobre um número importante de temas, e agradeço imensamente à Revista pela oportunidade. As perguntas de Patrícia estão copiadas verbatim [onde c.e.s.a.r é César] e as minhas respostas estão em extenso (e não como serão impressas na revista) abaixo. Boa leitura...
Sábado, 03 de junho de 2006 Silvio Meira
1. Você chama o Cesar de "empresa intermediária", "fábrica de empreendimentos" que não tem vínculo institucional com a universidade, mas que também não é uma empresa que opera para gerar lucro. Como vocês chegaram a este modelo que se caracteriza por uma estrutura de governança autônoma? Como é hoje sua relação com a universidade? Que tipo de oposição o senhor enfrenta dentro do modelo adotado pelo Cesar?
Na discussão que originou o processo de criação do c.e.s.a.r, nós entendemos que uma instituição que pretendia romper com o status quo, criando no Brasil, para conhecimento, um modelo de negócios onde as perguntas do mercado [que têm que ser entendidas por vendedores...] são mais importantes do que as respostas da academia e onde há de haver capacidade de entrega de soluções efetivas [e não de protótipos de laboratório], para o que tem que ter processos, gestão e, principalmente, trabalhar com noções muito bem entendidas de especificação, tempos e custos, teria muitas dificuldades de operar dentro do contexto da universidade, cujo papel fundamental ainda é a formação de capital humano, eventualmente subsidiado por atividades de pesquisa... e cujos processos têm que, necessariamente, se orientar para tal. De mais de uma forma, o c.e.s.a.r desenha soluções [e às vezes, negócios] e tem que se redesenhar, permanentemente, para atendê-los. As universidades têm uma dificuldade muito grande em se redesenharem com freqüência.
O c.e.s.a.r era, e na minha opinião ainda é, como centro de inovação e empreendedorismo, que tem que se relacionar [e trocar regras de negócio] com clientes, parceiros, colaboradores, investidores, coopetidores [e, claro, com academia e governo], e na dinâmica do mercado, diferente o suficiente para exigir uma instituição completamente independente da universidade e que, por causa disso, sempre enfrenta algum estranhamento das forças estabelecidas. Mas isso é parte da história de qualquer instituição inovadora, não é preciso nem mencionar exemplos. Fizemos o c.e.s.a.r sem fins lucrativos porque queríamos construir uma ponte entre mercado e academia, que pudesse pensar no ecossistema e não na remuneração de acionistas, cujo principal papel era o de servir de base para, aí sim, a criação de empresas inovadoras, baseadas [novamente] no ecossistema local e fazendo uso do capital humano aqui formado e da pesquisa aqui desenvolvida, excedendo o limite das competências de todos os atores envolvidos, para criar novas e mais sofisticadas possibilidades de desenvolvimento local e regional.
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