Influência do cloreto de cálcio no crescimento de explantes de Gypsophila paniculata L. (Caryophyllaceae), cultivados in vitro

Enviado por M. De Almeida


RESUMO

Este trabalho teve por finalidade verificar a influência do Cloreto de Cálcio (CaCl12) no crescimento de explantes de Gypsophila paniculata L., cultivados em meio de cultura a fim de fornecer subsídios para a micropropagação desta cultura. Foram utilizados como explantes somente as gemas apicais das plantas em fase de crescimento vegetativo. Os explantes foram inoculados em meio de cultura MS (Murashigue & Skoog) modificado com diferentes concentrações de CaCl2: a) 440; b) 880; c) 1.760; d) 2.640 e e) 3.520 mg/1. Os explantes foram deixados em câmara de crescimento sob uma temperatura constante de 25°C ± 2°C sob fotoperíodo de 16 horas. Os explantes do meio de cultura MS com 1.760 mg/1 de CaCl2 foram os de melhor resultado, com crescimento vigoroso e presença de coloração verde intensa nas folhas. Os explantes do meio de cultura MS com 440 mg/1 de CaCl2 não apresentaram um crescimento satisfatório, com estiolamento e coloração verde pouco intensa nas folhas; os explantes do meio de cultura MS com 3.520 mg/1 de CaCl2, também não apresentaram um crescimento satisfatório, pois com 10 dias de inoculação já se percebia uma menor indução no crescimento, podendo tal efeito ser conseqüência de dois fatores: excesso de cálcio no meio de cultura ou a toxidez ocasionada pelo cloro.

Descritores: Gypsophila paniculata L., micropropagação, gemas apicais, cloreto de cálcio.

ABSTRACT

Shoot tips from plants still in the vegetative growth phase were used as explants. They were sterilised with tetraciclin 1% for four minutes, sodium hypochloridre (commercial sanitary water with 5% of active cloride) 20% (v/v) for 15 minutes and alcohol 70 GL for 2 minutes. The explants were inoculated in a growth medium MS (Murashigue & Skoog), with different concentrations of CaCl2: a) 440; b) 880; c) 1,760; d) 2,640 and e) 3,520 mg/1. Explants were kept in a growth chamber at constant temperature (25°C ± 2°C) with a photo period of 16 hours. The explants in the medium modified with 1,760 mg/1 of CaCl2, presented the best results, with a vigorous growth and presence of intense green color on the leaves. The explants inoculated with 440 mg/1 de CaCl2 did not have a satisfactory growth after 10 days of incubation, presenting estiolation and low intensify of green color in the leaves. The explants inoculated with 3,520 mg/1 of CaCl2, also did not present satisfactory growth after 60 days of inoculation, probably due to an excess of calcium in the medium or chloride toxicity.

Key Words: Gypsophila paniculata L., shoot tips, micropropagation, calcium chloride.

INTRODUÇÃO

A espécie Gypsophila paniculata L. pertence a família Caryophyllaceae Lindl, a qual possui cerca de 80 gêneros e 2.000 espécies com ampla distribuição em todas as regiões do globo (GEMTCHUJNICOV, 1976). Algumas espécies, são bastante conhecidas pela importância que apresentam na floricultura moderna. São exemplos, as espécies do gênero Dianthus como Dianthus caryophyllus, que são os craveiros, espécies do gênero Silene, onde são encontradas a Silene gallica que é uma planta ornamental, e principalmente as espécies do gênero Gypsophila, sendo as mais importantes a Gypsophila elegans e a Gypsophila paniculata (ANON, 1978). A Gypsophila paniculata é uma planta originária da Ásia Ocidental, região onde predomina o clima temperado. São plantas arbustivas arredondadas chegando a ter um metro de altura (BARROSO, 1978). No Brasil, são chamados comercialmente de "mosquitinho" ou ainda "branquiha". São utilizadas principalmente no arranjo de buquês florais.

Nos últimos anos, a produção de Gypsophila paniculata, tem apresentado um aumento acentuado nos principais locais de comercialização, que são o CEAGESP-SP e o leilão da HOLAMBRA, localizado em Jaguariúna-SP (YANAGIZAWA,1991). A propagação desta espécie é realizada por dois métodos, através de semente e vegetativamente através da estaquia.

A propagação através da semente não é usual entre os floricultores no Brasil, pois, as sementes são todas importadas, além da dificuldade de serem encontradas no comércio. É usual no Brasil a propagação vegetativa através da estaquia. Mas esta prática apresenta várias dificuldades, pois, requer uma boa infraestrutura como casa de vegetação, assepsia no manejo do material vegetativo, entre outros cuidados.

Sabe-se que as primeiras espécies vegetais propagadas pela técnica de cultura de tecidos foram as plantas ornamentais (MOREL,1960). Este mesmo autor isolou através da cultura de meristemas, orquídeas do gênero Cymbidium, isenta de vírus patógenos a planta, propiciando grande aceitação no comércio da floricultura na época.

Dentre os poucos trabalhos publicados sobre a propagação da espécie Gypsophila paniculata L. HILL (1967) e KUSEY et al. (1980) trabalharam com a micropropagação desta espécie. HILL (1967) observou que a concentração de 0,5mg/l de ácido naftaleno acético (ANA), induz rizogênese. O mesmo autor, utilizando o ácido 2-4 diclorofenoxiacético, observou que a mesma dosagem usada para este regulador vegetal, resultou somente na produção de calos.

KUSEY et al. (1980) determinaram que o meio contendo sais de MS (1962) suplementado com 0,4 mg/1 de tiamina HC1, 30g/l de sacarose, 100mg/l de mesoinositol mais 7,0g/l de agar, com pH ajustado para 5,6, contendo 0,05mg/l de ácido naftaleno acético (ANA) e l ,0mg/l de 6-benzilaminopurina (6-BAP), provocou organogênese direta, a partir de explantes de gema apical.

Além da Gypsophila paniculata, existem trabalhos realizados com os cravos (Dianthus caryophyllus L.). HACKETT & ANDERSON (1967), trabalharam com ápice caulinar e obtiveram calos, em meio WHITE (1943) ou MS (1962) com uma concentração de l,0mg/l de ANA, houve uma ampla porcentagem de regeneração. Com a inoculação de explantes em meio basal com 5 vezes a concentração dos sais inorgânicos mais 2,0mg/l de ANA, obtiveram produção de calos. Estes calos foram repicados e cultivados no mesmo tipo de meio mas com uma concentração de 5mg/l de ANA. Observaram organogênese indireta, e com 6 a 8 semanas puderam isolar as plântulas dos calos.

EARLE & LANGHANS (1975) propagaram cravo em meio de cultura contendo concentrações de reguladores vegetais quase que semelhante às de KUSEY et al. (1980). Estes autores utilizaram ápices caulinares como explantes, que foram inoculados em meio sólido contendo 0,5mg/l de cinetina e 0, lmg/1 de ANA. Após o surgimento dos primeiros perfilhos, estes foram transferidos para meio líquido com uma rotação de l rpm. Com este procedimento obtiveram grande quantidade de perfilhos a partir dos explantes.

Ainda com relação a propagação de cravos, ENGVILD (1972), trabalhou com a cultura de calos e suspensão de células desta mesma espécie. A cultura de calos foi mantida em meio com a metade dos sais de MS (1962), 3% de sacarose, 100mg/l de mesoinositol, 0,5mg/l de tiamina HC1, piridoxina HC1 e ácido nicotínico com 10,0g/lk de agar. Utilizando este meio de cultura com 3 x 106M de ácido indol-acético (IAA), combimado com 3 x 10-6M de benzilamino-purina (BAP), conseguiu-se um crescimento ótimo dos calos. Diversas tentativas para a indução da organogênese em calos foram realizadas, mas nenhuma apresentou sucesso.

A palavra Gypsophila vem da união de duas palavras gregas que são: Gypso, que significa gesso e phyllum, que exprime afinidade. O gesso é utilizado na agricultura como fornecedor, principalmente de Cálcio, entre outros nutrientes. Intuitivamente os floricultores da região de Atibaia-SP, a 60 km de São Paulo, utilizam doses elevadas de calcário e gesso na produção desta espécie vegetal.

O Cálcio possui funções conhecidas como o de função estrutural, absorção iônica, particularmente na correção do efeito desfavorável da concentração hidrogeniônica excessiva, ativador de enzimas entre outras (MALAVOLTA,1980).

Com o presente trabalho, procurou verificar a influência do Cloreto de Cálcio (CaCl2), no crescimento in vitro de Gypsophila paniculata L, bem como fornecer subsídios para a micropropagação desta espécie.

 


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