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Foram disponibilizados 172.051 registros de lactações de 100.178 vacas, cujas parições ocorreram entre os anos de 1980 e 1993, distribuídas em 1.626 rebanhos. Essas informações foram geradas dentro do programa oficial de controle leiteiro da raça Holandesa, conduzido por associações e núcleos de criadores de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, integrantes do Arquivo Zootécnico Nacional, gerenciado pela EMBRAPA Gado de Leite, em Juiz de Fora MG.
O conjunto de dados original foi editado com uso do sistema SAS® (SAS, 2001), objetivando eliminar os registros com erros, as observações incompletas e as causas de secagem anormais e verificar inconsistências nos registros de pedigree e informações sobre número de lactações e idade ao parto. Foram eliminadas as classes de rebanho-ano de parição com menos de 15 observações, visando melhorar a estrutura dos dados. Após todas as restrições impostas ao conjunto original de dados, obteve-se um conjunto final (108.702 registros de produção de leite) com lactações entre 150 e 450 dias de duração e produção entre 1.000 e 13.000 kg de leite. Na Tabela 1 constam as distribuições das lactações por ordem de parto e estado.
Os seguintes limites de idade, em meses, dentro de ordem de parto (OP) foram estabelecidos: 20 < OP 1 < 60; 30 <OP 2 < 78; 42 < OP 3 < 96; 54 < OP 4 < 116 e 66 < OP 5 < 134. As informações da origem e ascendência das vacas possibilitaram classificá-las em dois grupos genéticos: no primeiro grupo, estão incluídas as vacas Holandesas puras de origem e, no segundo grupo, aquelas com composição genética superior ou igual a 31/32 da raça Holandesa. Foram definidas duas estações de parição: uma de abril a setembro e outra de outubro e março.
A estimação dos componentes de variância e da herdabilidade para produção de leite ajustada para 305 dias de lactação (PL305), supondo-se homogeneidade e variância, foi realizada segundo um modelo animal unicaracter, descrito na forma matricial em [1]. Desta forma, as produções de leite nos diferentes estados foram consideradas como única característica. A implementação dos princípios bayesianos na estimação dos componentes de (co)variância foi realizada por meio dos programas do sistema MTGSAM (Multiple Trait Gibbs Sampling in Animal Model), desenvolvido por Van Tassell & Van Vleck (1995).
em que y é o vetor das produções de leite (PL305); b, o vetor dos efeitos fixos da subclasse rebanho-ano de parição, estação de parto, grupo genético e ordem de parto com componentes linear e quadrático; a, o vetor dos efeitos aleatórios dos valores genéticos diretos; p, o vetor das contribuições de ambiente permanente; e, o vetor de resíduos; e X, Z e W, as matrizes de incidência dos efeitos fixos, genéticos diretos e de ambiente permanente, respectivamente.
Admitiu-se que y, a, p e e possuem distribuição conjunta normal multivariada, como descrito abaixo:
em que G = A , P = Ip e R = I , de modo que A é a matriz de coeficientes de parentesco entre os animais, de ordem m; , a variância genética aditiva; , a variância de efeito permanente de ambiente, associado às vacas; , a variância de efeito temporário de ambiente; I, uma matriz identidade de ordem n; IP, uma matriz identidade de ordem p; n, o número total de lactações; p, o número de vacas com registro de lactação; Z e W, as matrizes de incidência dos valores genéticos e dos efeitos de ambiente permanentes, de ordens n x m e n x p, respectivamente.
Para estimação dos componentes de (co)variância e dos parâmetros genéticos, supondo-se heterogeneidade de variância, a PL305 em cada um dos cinco estados foi tratada como uma característica diferente. Neste caso, as definições para os elementos do modelo animal e da distribuição conjunta de Y, a, p e e são as seguintes:
em que y1,y2,...,y5 são os vetores de observações, PL305; b1,b2,...,b5, os vetores dos efeitos fixos; a1.a2,...,a5, os vetores dos efeitos genéticos diretos; p1, p2,...,p5, os vetores dos efeitos permanentes de ambiente; x1, x2,...,x5, as matrizes de incidência dos efeitos fixos; z1, z2,...z5, as matrizes de incidência dos efeitos genéticos diretos; w1, w2,...w5, as matrizes de incidência dos efeitos permanentes de ambiente; e1, e2,...e5, os vetores dos erros aleatórios; os índices 1, 2, ...5, os estados de MG, SP, PR, SC e RS, respectivamente; G = G0 Ä A, em que G0 é a matriz de variância e covariância genéticas dos i estados determinada por
sendo a variância genética aditiva do estado i e a covariância genética entre os estados i e j; , em que i identifica o estado onde o animal foi observado;, em que i identifica o estado onde o animal foi observado.
As distribuições a priori foram definidas como a seguir: para os efeitos fixos, assumiu-se uma distribuição vaga, p(b) µ constante. Aos componentes de (co)variância genética, atribuiu-se uma distribuição de Wishart invertida, G ~ IW, cuja densidade é determinada por f(G|, vg) µ , em que mg é a ordem da matriz G e é a matriz de parâmetro escala da distribuição de G. Para os componentes de variância de ambiente permanente, considerou-se que cada elemento tem distribuição de gama invertida, ~ GI(p0, nd), cuja densidade é , em que é o parâmetro escala da distribuição de . Para os componentes de variância residual, foi assumido que cada elemento tem distribuição de gama invertida, ~ GI(so, nr), cuja densidade é , em que é o parâmetro escala da distribuição de .. ng, e correspondem aos números de graus de liberdade das distribuições de G, e , respectivamente. Os valores atribuídos aos parâmetros de forma e posição para a distribuição de Wishart invertida foram 7 e as estimativas REML, respectivamente. Para as distribuições de gama invertida, esses valores foram 3 e as estimativas REML. A densidade conjunta a posteriori é descrita como:
em que n = número de animais.
Para avaliar os laços genéticos entre pares de estados, foi utilizado o conceito de similaridade genética, definido por Rekaya et al. (1999) como a razão entre o número de filhas dos touros comuns entre o par de estados e o número de filhas de todos os touros utilizados no respectivo par de estados. Na Tabela 2 consta a similaridade genética entre os cinco estados e o número de touros comuns com mais de quatro filhas entre cada par de estados.
Para a análise unicaracter, foram geradas, para cada parâmetro, cadeias de Gibbs de 80.000 iterações, com um descarte inicial de 30.000 iterações e intervalo de amostragem a cada 50 iterações. Entretanto, para a análise multicaracter, em razão da maior complexidade do modelo, foi estabelecida outra estratégia para implementar o GS. Inicialmente, foram geradas cadeias de 600.000 iterações para cada parâmetro, sem descarte inicial e intervalo de amostragem a cada duas iterações. A seguir, as cadeias foram submetidas ao diagnóstico de convergência, a fim de verificar as respectivas estacionariedades. Para que todas as cadeias convergissem, efetuou-se um descarte inicial de 100.000 iterações, com intervalo de amostragem a cada 100 iterações, resultando em cadeias de tamanho 2.000 para todos os parâmetros.
A convergência das cadeias de Gibbs para distribuições estacionárias dos componentes de variância foi diagnosticada utilizando-se o método de Heidelberg & Welch (1983), implementado na biblioteca CODA (Convergence Diagnosis and Output Analysis) versão 0.4, desenvolvido por Cowles et al. (1995). Tanto nas análises unicaracter como na multicaracter as cadeias de GS atingiram a convergência.
A estatística z foi aplicada para avaliar a homogeneidade das variâncias genética e residual entre os estados, assumindo a normalidade para suas distribuições a posteriori. Para o cálculo de z, foram utilizadas as médias e os respectivos desvios-padrão a posteriori de cada parâmetro.
As médias observadas para produção de leite ajustada para 305 dias de lactação (PL305), com seus respectivos desvios-padrão, nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram 4.696±1543, 5.035±1590, 6.291±1508, 4.832±1502 e 4.781±1551 kg, respectivamente.
Na Tabela 3 encontram-se as médias a posteriori e os respectivos desvios-padrão (DP) e intervalos de credibilidade dos componentes de variância genética, da proporção da variância de ambiente permanente e de herdabilidade para PL305, nos cinco estados, obtidas pelo modelo unicaracter.
Na análise unicaracter, as estimativas dos componentes de variância e de herdabilidade foram obtidas com grande precisão, em virtude do grande número de dados, como indicado pela pequena magnitude dos DP a posteriori e pelas amplitudes dos intervalos de credibilidade a posteriori, entre 2,5 e 97,5%.
A média a posteriori de herdabilidade para PL305, sob o modelo unicaracter, está dentro do intervalo observado na literatura (Dong & Van Vleck, 1989; Matos et al., 1996; Costa, 1999; Freitas et al., 2001), entre 0,16 e 0,35.
As médias e os respectivos DP a posteriori e o intervalo de credibilidade da (co)variância genética para PL305 estimada da análise multicaracter (MT) encontram-se na Tabela 4. As maiores estimativas de variância genética foram registradas nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e são inferiores às relatadas por Torres et al. (2000), Rorato et al. (2000) e Araújo et al. (2001), porém, superiores às descritas por Valencia et al. (1998) e Marion et al. (2001).
As estimativas mais precisas da média a posteriori da variância genética foram obtidas nos estados do Paraná e São Paulo, pois foram as que apresentaram os menores DP e as menores amplitudes dos intervalos de credibilidade entre os percentis 2,5 e 97,5%. Em razão do menor número de registros de lactações analisadas nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, era esperado que a precisão das estimativas nestes estados fosse menor. As médias a posteriori das covariâncias genéticas entre os estados foram todas positivas e apresentaram DP muito elevados e, em geral, com magnitude muito próxima às próprias estimativas. A covariância genética de maior magnitude foi observada entre os estados de São Paulo e Paraná, o que era esperado, pois foram os estados com maior número de touros em comum e, conseqüentemente, com um dos maiores valores de similaridade genética (Tabela 2). O menor valor para a covariância foi observado entre Paraná e Santa Catarina. As médias a posteriori da variância genética para PL305 estimadas para cada estado, separadamente, foram inferiores às obtidas pelas análises MT, conforme relatado por Falcão et al. (2005), à exceção do Rio Grande do Sul.
As médias, os respectivos DP a posteriori e os intervalos de credibilidade da variância de ambiente permanente () para PL305 são apresentados na Tabela 5. As estimativas mais precisas da média posterior de foram as encontradas no Paraná e em São Paulo, estados com menores DP e intervalos de credibilidade de menores amplitudes. A precisão das estimativas de elevou proporcionalmente com o aumento do número de lactações nas análises, assim como ocorreu com as estimativas da variância genética. Portanto, parece haver um padrão na precisão das estimativas dos componentes de variância, ou seja, a precisão diminui à medida que se reduz o número de lactações.
Houve acentuada diferença na magnitude das médias da variância de ambiente permanente e nas respectivas amplitudes dos intervalos de credibilidade (Tabela 5). As médias posteriores da para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram, respectivamente, em torno de 4 e 10 vezes maiores que as estimativas REML encontradas por Falcão et al. (2005), em análise unicaracter, provavelmente, em razão da melhoria na estrutura dos dados, propiciada pela análise multivariada.
As médias e os respectivos DP a posteriori e os percentis da variância residual () da PL305 estimados com o modelo MT são apresentados na Tabela 6. Para variância residual, também observou-se o mesmo padrão dos demais componentes de variância quanto ao aumento da precisão das estimativas. Os DP a posteriori e as amplitudes dos intervalos de credibilidade da foram maiores para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As médias e os respectivos desvios-padrão da variância residual para PL305, obtidos neste trabalho sob o modelo MT, foram menores que as estimativas REML e Bayesianas encontradas por Falcão et al. (2005), em análise unicaracter, exceto no Paraná, cujas estimativas foram similares.
As médias de herdabilidade para PL305 foram maiores em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, como conseqüência da maior variabilidade genética para PL305 encontrada nestes estados (Tabelas 4 e 7). Os valores de herdabilidade da análise multicaracter encontrados neste trabalho corroboram os descritos na literatura. Freitas et al. (2001) encontraram valores de herdabilidade de 0,16±0,09, 0,17±0,11 e 0,16±0,10 para 1ª, 2ª e 3ª lactações, respectivamente, em rebanhos da raça Holandesa em Minas Gerais. Em três regiões do Paraná, os coeficientes de herdabilidade estimados por Rorato et al. (1994) foram 0,68±0,14, 0,28±0,08 e 0,33±02. Matos et al. (1996) encontraram herdabilidade de 0,35, ao analisarem lactações de quatro regiões do Rio Grande do Sul. Costa (1999), investigando a heterogeneidade de variância para produção de leite em rebanhos da raça Holandesa, obteve valores de herdabilidade de 0,33 e 0,22 nas classes de baixo e alto desvios-padrão fenotípicos, respectivamente.
As médias e os respectivos erros-padrão a posteriori das correlações genéticas e fenotípicas são apresentados na Tabela 7. As correlações genéticas entre todos os estados foram de baixa magnitude, com o maior valor nos estados de São Paulo e Paraná. Os resultados desta análise sugerem que a produção de leite em cada estado deve ser tratada como característica diferente, como proposto por Falconer (1952).
A baixa magnitude das correlações genéticas entre os pares de estados MG-SC e MG-RS provavelmente reflete os respectivos ambientes contrastantes destas regiões. Os baixos valores de correlações observadas entre PR-SC e PR-RS devem ser decorrentes das diferenças entre os níveis de produção do Paraná, quando comparados com SC e RS. Os fracos laços genéticos devem explicar a baixa magnitude das demais correlações genéticas.
Robertson (1959) estabeleceu, um tanto quanto arbitrariamente, que diferenças biológicas importantes podem ser indicadas quando a correlação genética entre ambientes for menor ou igual a 0,80. Considerando os baixos valores das correlações genéticas encontradas neste estudo entre as produções de leite em cada estado, era esperado que os animais fossem classificados de forma diferente nos cinco estados.
Vários autores, utilizando registros de lactações de rebanhos da raça Holandesa, têm encontrado altos valores de correlação genética para produção de leite. Carabaño et al. (1989) registraram correlação genética média de 0,81 entre Espanha e Estados Unidos. Sullivan & Schaeffer (1989) encontraram correlações genéticas entre quatro regiões do Canadá, cujos valores variaram entre 0,85 e 0,89. Costa et al. (2000) estimaram a correlação genética entre Brasil e Estados Unidos em 0,85. Entretanto, Rorato (2000) salienta que estudos sobre interação genótipo-ambiente são contraditórios, tornando necessária a realização de pesquisas nas condições brasileiras.
Na Tabela 8 encontram-se os valores de z obtidos para o estudo de diferença entre as variâncias genética e residual dos estados analisados. As variâncias genéticas para PL305 foram significativamente diferentes para a maioria dos estados. Entretanto, os valores de não diferiam estatisticamente entre os pares de estados MG-SP, MG-PR e SP-PR. Para as variâncias residuais, as diferenças estatísticas só não foram observadas nos pares de estados MG-PR, MG-SC e PR-SC. Portanto, estes resultados são um indício da existência de heterogeneidade de variâncias genética e residual entre os estados considerados neste estudo.
Os efeitos da heterogeneidade de variância sobre a resposta à seleção dependem das magnitudes das diferenças na variância genética para produção de leite entre os estados e de suas relações com as variâncias fenotípicas. De acordo com os resultados deste estudo, uma das causas da heterogeneidade de variância é de origem ambiental. Portanto, a avaliação genética dos animais pode ser mais influenciada pelo ambiente no qual são criados que pelo seu potencial genético, caso a heterogeneidade de variância seja ignorada.
Várias alternativas foram propostas para se considerar a heterogeneidade de variância nas avaliações genéticas de gado de leite, incluindo o pré-ajustamento dos dados pelo desvio-padrão fenotípico (Wiggans & VanRaden, 1991). Em estudo conduzido por Ibáñez et al. (1999) para investigar as fontes de heterogeneidade de variância na produção de leite de bovinos da raça Holandesa, o pré-ajustamento dos registros de produção pelo desvio-padrão fenotípico dos grupos contemporâneos, assumindo um modelo de variâncias homogêneas, parece ter corrigido adequadamente a heterogeneidade fenotípica. Todavia, a dispersão dos valores genéticos nos ambientes de maior herdabilidade foi subestimada quando comparada ao modelo de variâncias heterogêneas. Portanto, segundo esses autores, espera-se que o mérito genético das vacas elites dos ambientes de maior herdabilidade sejam subestimados.
Foulley et al. (1990, 1992) e San Cristobal et al. (1993) desenvolveram um procedimento baseado na metodologia dos modelos lineares generalizados (McCullagh & Nelder, 1989) que permite construir um modelo log-linear para componentes de variância. Esse procedimento possibilita a identificação das fontes causadoras da heterogeneidade de variâncias genética e residual e a quantificação de seus efeitos.
Recentemente, Rekaya et al. (2003) apresentaram o desenvolvimento metodológico de um modelo estrutural (ME), caso particular dos modelos descritos por Foulley et al. (1990, 1992), para estimação das covariâncias genéticas para produção de leite em bovinos da raça Holandesa em cinco regiões dos Estados Unidos. Neste estudo, o ME mostrou-se vantajoso nas situações em que existia número limitado de informações para estimação das covariâncias genéticas, principalmente, em razão dos fracos laços genéticos entre as regiões. Outra vantagem importante desta modelagem é a possibilidade de informações externas aos dados serem incorporadas como condições climáticas e como similaridades genética e de manejo entre as regiões, para exploração de padrões nas covariâncias genéticas. As estimativas de covariâncias genéticas e de herdabilidades obtidas pelo ME foram muito mais precisas que as estimadas pelo modelo multicaracter, sem qualquer efeito adverso sobre os valores das correlações genéticas. Ainda segundo os autores, os ME têm menos parâmetros que os modelos multicaracteres, podendo gerar estimativas mais precisas das correlações genéticas.
A presença de heterogeneidade de variâncias genética e residual entre as regiões comprova que essa heterogeneidade não pode ser ignorada nos programas de avaliação genética. Apesar da razoável precisão das estimativas dos componentes de (co)variâncias obtidas neste estudo, a utilização de um modelo estrutural talvez possibilite explorar melhor a estrutura de dados disponível e incorporar informações adicionais para estimação das covariâncias genéticas.
Os métodos bayesianos via amostrador de Gibbs utilizados neste estudo mostraram-se bastante vantajosos quanto à gama de possibilidades para a exploração das informações disponíveis, principalmente do ponto de vista estatístico. Entretanto, o uso do modelo multicaracter com pouca informação genética disponível e grande quantidade de parâmetros a serem estimados pode ter promovido a baixa precisão das estimativas das covariâncias genéticas.
As estimativas das variâncias genética e residual e de herdabilidade, tanto na análise unicaracter com na multicaracter, foram obtidas com precisão razoável. As precisões destas estimativas estavam associadas ao número de lactações.
Constatou-se a existência de heterogeneidade de variâncias genética e residual para produção de leite entre os cinco estados. Portanto, a heterogeneidade de variância deve ser considerada na avaliação genética dos animais.
Os baixos valores de correlação genética entre os estados evidenciam o efeito da interação genótipo × ambiente, mostrando que os melhores reprodutores em um estado não o são, necessariamente, nos outros. Portanto, na escolha do reprodutor, a interação genótipo × ambiente deve ser considerada.
Agradecimento
À EMBRAPA Gado de Leite e à Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, pela cessão dos dados. Aos revisores ad hoc, pelas valiosas sugestões apresentadas para redação final do trabalho.
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1 Parte da tese de Doutorado apresentada pelo primeiro autor ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UEM.
Alencariano José da Silva FalcãoI; Elias Nunes MartinsII; Claudio Napolis CostaIII; Eduardo Shiguero SakagutiIV; Josmar MazucheliV - cnc8[arroba]cnpgl.embrapa.br
IPUCPR campus Toledo. Av. da União, 500. Toledo - PR, CEP: 85902-532 IIUniversidade Estadual de Maringá. Av.Colombo, 5790, CEP: 87020-900, Maringá - PR IIIEmbrapa Gado de Leite. R. Eugênio do Nascimento, 610, CEP: 36038-330, Juiz de Fora - MG IVDepartamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá VDepartamento de Matemática e Estatística da Universidade Estadual de Maringá.
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