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O experimento com a cultivar Niabell, conduzida em espaldeira e cordão esporonado simples, no espaçamento de 2 x 1 m, foi instalado em Jundiaí (Latitude: 23°06' Sul; Longitude: 46°55'W e altitude: 715 m), em área experimental do Instituto Agronômico (IAC/APTA/SAA), Campinas. Os resultados foram obtidos com as videiras em produção plena nas safras de 1999, 2000 e 2001. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com três tratamentos (porta-enxertos: Ripária do Traviú, IAC 766 e IAC 572), em oito repetições, com parcelas de seis plantas tendo sido observadas as três plantas centrais.
A cultivar Niabell é uma tetraplóide obtida na Califórnia, do cruzamento entre Campbell Early tetraplóide e Niagara tetraplóide. Pelas suas características, foi lançada como variedade para plantios comerciais limitados e para chácaras e quintais, e introduzida pelo IAC, na Coleção de Cultivares em 1988, destacando-se pela precocidade, com ciclo, em média dez dias, mais curto que Niagara Rosada.
A planta é de grande vigor e sua tolerância às doenças é semelhante à da Niagara. Os cachos são de tamanho médio, compactos, cônicos e alados; as bagas são rosado-escuras, ovais e grandes, e o sabor 'foxado' é muito agradável, possui duas a três sementes grandes. Apesar dessas qualidades, tem o defeito do fácil desbagoamento, sendo seu comércio restrito à região de produção (FERRI, 1994; POMMER et al., 2003).
Os porta-enxertos utilizados no ensaio foram: IAC 572 'Jales': vigoroso, de folhas resistentes às principais moléstias, ramos que lignificam tardiamente e dificilmente perdem as folhas, ótimo enraizamento e pegamento (PEREIRA e LEITÃO FILHO, 1973); IAC 766 'Campinas': vigoroso, com perfeita adaptação às condições ambientais paulistas, folhas bastante resistentes às doenças (PEREIRA e LEITÃO FILHO, 1973) e 'Ripária do Traviú': introduzido como V. riparia em Jundiaí, de bom desenvolvimento, porém sem muito vigor, suscetível à antracnose, necessitando de tratos fitossanitários durante o desenvolvimento vegetativo (POMMER et al., 2003).
Semanalmente, foram efetuadas avaliações do estádio fenológico em cada repetição utilizando escala de notas que variava de 0 (gema dormente) a 17 (colheita) segundo PEDRO JÚNIOR et al.(1989).
A produção (g/planta) e a massa dos cachos (g) de 'Niabell' sobre os diferentes porta-enxertos foram avaliadas colhendo-se parceladamente as uvas quando completaram sua maturação, com teor de sólidos solúveis ao redor de 15 ºBrix. Posteriormente, foram feitas análises de variância de cada característica estudada e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Os valores obtidos da duração dos subperíodos fenológicos e do ciclo total da videira 'Niabell' são mostrados na tabela 1. Ressalte-se que durante as avaliações, por meio da escala de notas de estádio fenológico, não foram observadas diferenças em função dos diferentes porta-enxertos utilizados. Portanto, os resultados correspondem aos valores médios para a 'Niabell'.
As diferenças observadas na duração dos subperíodos fenológicos, comparando-se os diferentes anos agrícolas foram decorrentes, principalmente, da ocorrência de temperaturas médias (Figura 1) com valores inferiores em 1,2 °C, em 1999 em relação a 2000 e de 0,9 °C em relação a 2001, no período compreendido entre a poda e a colheita. Em 2000, a ocorrência de temperaturas, em média, superiores a 1999 e a 2001, induziu as videiras a um encurtamento do ciclo em 6 a 8 dias.
A duração do subperíodo poda-brotação foi, em média, de 15 dias para as podas efetuadas durante agosto. Da brotação até o florescimento foram necessários 35 a 38 dias, enquanto do florescimento ao estádio de grão de ervilha a duração foi de 16 dias. Foi observado que, em média, o subperíodo grão de ervilha a grão verde durou 19 dias. Após o estádio de grão verde, as bagas não cresceram mais e iniciaram o processo de acúmulo de sólidos solúveis com duração de 29 a 34 dias até o início da maturação. Esse período, iniciando-se com o amolecimento das bagas e troca de cor até a colheita durou cerca de 20 a 23 dias.
A duração do ciclo total da 'Niabell' foi de 144, 138 e 140 dias, respectivamente, para 1999, 2000 e 2001. Esses valores são similares aos obtidos por FERRI (1994), para essa cultivar, cuja duração do período poda-colheita foi de 146 e 152 dias durante os anos agrícolas de 1991/92 e 1993/94, na região de Jundiaí.
Os resultados de produção obtidos para a cultivar Niabell sobre os porta-enxertos: IAC 572, IAC 766 e Ripária do Traviú, para as diferentes safras, são mostrados na tabela 2. O coeficiente de variação dos valores de produção foi de 23% e não foi encontrada diferença significativa na comparação das médias de produção entre os diferentes porta-enxertos. A produção média por planta variou entre 2.021 a 2.213 g/planta.
Tem-se observado nos porta-enxertos 'Ripária do Traviú' e 'IAC 766' certa superioridade em termos de produção, que é relatada por diversos autores para diferentes cultivares de uva de mesa. O comportamento de 'Patrícia', sobre cinco porta-enxertos, foi estudado em experimento plantado em Jundiaí, com observações ao longo de seis anos (Martins et al., 1981). Os autores destacaram que as maiores produções de uva foram obtidas sobre os porta-enxertos IAC 766 e Ripária do Traviú.
PAULETTO et al.(2001a) verificaram em 'Niágara Rosada', avaliada no período de 1990 a 1998, no Vale do Paraíba, em Taubaté (SP), produções maiores quando enxertada sobre o porta-enxertos 'IAC 766' (2,59 kg/planta), em comparação ao 'Ripária do Traviú' (1,99 kg/planta) e outros porta-enxertos.
No sul de Minas Gerais, ALVARENGA et al.(2002), avaliando a produção da 'Niagara Rosada' sobre diferentes porta-enxertos, verificaram em 'IAC 766' e 'IAC 572' as maiores produções, cerca de 2,61 kg/planta, enquanto a 'Ripária do Traviú' foi de 1,87 kg/planta.
Em relação à massa dos cachos foi observado efeito significativo, quando da comparação dos diferentes porta-enxertos avaliados (P=0,0095). Pelo teste de Tukey verificou-se que o porta-enxertos 'IAC 766', com valor médio de 235,9 g, destacou-se de 'Ripária do Traviú' e 'IAC 572', com valores médios, respectivamente, de 194,0 e 196,7g (Tabela 3).
A influência do porta-enxerto sobre a massa dos cachos foi analisada para diferentes cultivares de uva. TERRA et al. (1987) avaliaram a relação de vários porta-enxertos sobre a massa dos cachos de 'Niagara Rosada', durante o período de 1975 a 1983, em Jundiaí. Verificaram que a massa média dos cachos foi: 'Ripária do Traviú' -175g; IAC 766' - 171g e IAC 572' - 168g.
PAULETTO et al. (2001b), avaliando a massa dos cachos de 'Niagara Rosada' enxertada em cinco porta-enxertos, verificaram que, dentre os materiais utilizados, destacaram-se o 'IAC 766' e 'Ripária do Traviú', respectivamente, com valores médios de 195 e 168g. Por outro lado, ALVARENGA et al. (2002), no sul de Minas Gerais, observaram que a 'Niagara Rosada' enxertada em 'IAC 572' foi a que proporcionou maiores cachos (193g) em comparação à 'IAC 766' com 142 g e 'Ripária do Traviú' com 122 g.
Apesar de ter sido notada tendência ao desbagoamento da 'Niabell", diante dos resultados de produção obtidos, aliados às características do produto, essa cultivar pode ser utilizada na região, como alternativa de uva de mesa, utilizando-se os porta-enxertos IAC 766 e Ripária do Traviú.
1) A duração do ciclo total, desde a poda até a colheita para a cultivar Niabell, em Jundiaí, foi pouco influenciada pelo ano e variou de 138 a 144 dias;
2) O porta-enxerto não influenciou a produção, porém sobre 'IAC 766' foram produzidos cachos de massa maior do que sobre 'Ripária do Traviú' e 'IAC 572'.
Celso Valdevino Pommer
pommer[arroba]unb.br
Mário José Pedro JúniorI, II; José Luiz HernandesI; Pedro Luís Guardia AbramidesI; Celso Valdevino PommerI; José Ricardo Macedo PezzopaneI
I. Instituto Agronômico (IAC/APTA/SAA), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP). E-mail: mpedro[arroba]iac.sp.gov.br, jlhernandes[arroba]iac.sp.gov.br, pedro[arroba]iac.sp.gov.br, rpezzo[arroba]iac.sp.gov.br
II. Bolsista do CNPq.
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