O efeito de rações com diferentes níveis de proteína bruta sobre o peso, comprimento, conversão alimentar e sobrevivência das carpas foi avaliado no período de 120 dias (19 de novembro a 20 de março de 1996 a 1998. Os peixes foram povoados com peso médio conjunto de 1,38 g e comprimento médio conjunto de 4,15 cm com 60 dias de idade. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em um esquema de tratamentos fatorial de 4x2, em que testaram- se 4 doses de proteína bruta em 2 densidades de estocagem (15 e 30 peixes/m2), com 4 repetições por tratamento. Os peixes receberam a ração diariamente, na quantidade de 5% do peso vivo, sendo reajustados a cada 30 dias, quando todos os peixes foram medidos e pesados. O comportamento de cada variável ao longo do tempo para cada tratamento foi estudado pela análise de regressão polinomial. Para a variável peso conjunto, os resultados, usando a densidade 15, foram: 8,88; 10,23; 10,80 e 11,88 g, e com a densidade 30, 5,49; 6,83; 8,06 e 9,19 g, respectivamente nos níveis de 20, 27, 34 e 41 % de proteína bruta, e a equação que melhor descreve o comportamento é Y = 4.23 + 0.27 X. Para o comprimento conjunto, os resultados obtidos com a densidade 15 foram: 8,03; 8,24;8,54 e 8,98 cm, e com a densidade 30, 6,76; 7,11; 7,57 e 7,83 cm, respectivamente nos níveis crescentes de proteína bruta, e a equação que melhor descreve o comportamento é Y = 2.80 + 0.08 X. A variável conversão alimentar conjunta não diferiu significativamente pelas densidades e a equação que melhor descreve o comportamento em função dos níveis de proteína bruta na ração é Y = 4,72 - 0.04 X. Concluindo, podese afirmar que o efeito das densidades não influenciou no crescimento, e que a melhor média de peso médio final foi observada no tratamento com densidade de 15 e 30 peixes/ m2, com 41 % de PB, sendo mais adequada às necessidades da espécie nessa idade.
Termos para indexação: Carpa comum, densidade, proteína bruta.
The effects of rations with different levels of crude protein on weight, length, alimentary conversion and survival of carps were investigated on a 120-day period (November 19th to March 20th – from 1996 to 1998). The fish were stocked with average weight of 1.38 g and average length of 4.15 cm. With 60 days of age. The experiments followed the experimental outline entirely randomized, in a factorial outline of treatments of 4x2 where four doses of crude protein were tested in two densities of storage (15 and 30 fish per square meter), with four repetitions per treatment. The fish received a daily ration rated in 5% of live weight, which was readjusted every 30 days when all fish were measured and weighed. The behavior of each variable throughout the time for each treatment was studied by polynomial regression analysis. For the overall weight variable, the results obtained using density 15 were: 8.88; 10.23; 10.80 and 11.88g, and with density of 30 were: 5.49; 6.83; 8.06 and 9.19g, respectively for the levels of 20, 27, 34 and 41% of crude protein; the equation that best describes the behavior is Y = 4.23 + 0.27X. For the overall length variable, the results obtained using density 15 were: 8.03; 8.24; 8.54 and 8.98cm, and with density 30: 6,76; 7.11; 7.57 and 7.83 cm, respectively in growing levels of crude protein and the equation that best describes this behavior is Y = 2.80 + 0.08X. The feed conversion variable didn’t differ significantly for the different densities. The equation that best describes the behavior regarding the levels of crude protein in the ration is Y = 4.72 – 0.04 X. As a final conclusion it can be affirmed that the effect of densities hadn’t influenced the fish growth and the best average of final medium weight was observed in treatment with densities of 15 and 30 fish per square meter with 41% of PB, which suits more the needs of the species at this age.
Index terms: Common carp, densities, crude protein.
A região do meio-oeste catarinense, por apresentar condições potenciais para o desenvolvimento da piscicultura, vem sendo alvo de grande interesse para essa atividade. Dentre as espécies exóticas que vem sendo utilizadas em cultivos, destaca-se a Carpa comum (Cyprinus carpio var. specularis), por apresentar quase todas características e atributos desejáveis para o sucesso de uma criação, pois além de suas características comerciais nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil, possui marcada resistência às enfermidades e ao manuseio, elevada fecundidade e se adapta rapidamente às condições de cativeiro.
Pela aquicultura, parte dos métodos de manejo atuais precisam ser alterados, cabendo ao nutricionista a substituição de forma total ou parcial da alimentação natural (Pezzato et al., 1986). Para tanto, é necessário aumentar o conhecimento das necessidades nutricionais das espécies a ser cultivadas com fins econômicos. Embora, certos resultados possam ser controvertidos, estão de acordo com os fatores envolvidos na utilização da proteína na dieta. Os mais importantes incluem o padrão de aminoácidos da proteína, o nível de consumo, o conteúdo de energia da dieta e o estado fisiológico dos animais (Cowey, 1978).
Segundo Pereira Filho (1978), apesar de a piscicultura ser praticada desde antes da Era Cristã e a alimentação artificial de peixes tenha começado nos mosteiros da Europa na Idade Média, somente no século XX é que foram realizados os primeiros trabalhos científicos sobre nutrição. Durante os últimos 30 anos, houve um grande desenvolvimento nos conhecimentos científicos básicos sobre nutrição de peixes, possibilitando a elaboração de dietas artificiais para as várias espécies cultivadas em todo mundo (Nose, 1967).
O primeiro relato oficial de trabalhos com exigência em proteína foi com o salmão "Chinook" (Oncorhynchus tschawytscha) por De Long , Halver e Mertz (1958). Posteriormente, foi repetido por vários pesquisadores para muitas espécies de peixes. Ling (1973) já observava que o fornecimento de alimentação suplementar possibilitava rápido crescimento dos peixes em condições de elevada densidade de estocagem.
Tamassia e Kreuz (1988), em estudos de casos, concluíram que o aumento da produtividade da piscicultura está condicionada a diminuir os seus custos unitários mediante fornecimento regular de subprodutos agropecuários e aumento da biomassa estocada inicialmente. Muitos dos problemas relacionados com a reprodução ou com controle de doenças de peixes também estão intimamente ligados ao aspecto nutricional do animal, aumentando ainda mais a importância dos estudos sobre as exigências nutricionais de cada espécie (Carneiro et al., 1990).
A densidade de estocagem na fase juvenil é importante para evitar o comportamento agonístico, ao mesmo tempo em que proporciona resistência aos predadores, e conseqüentemente aumento de produtividade (Knights, 1987). Nesse aspecto, o conhecimento de densidade de estocagem assume papel relevante, não só pelo máximo aproveitamento do espaço ocupado pelo peixe, contribuindo para o aumento da produtividade, como também pela determinação dos custos de produção em relação ao capital investido, evitando alterações fisiológicas, como a supressão do sistema imunológico, perda do equilíbrio osmótico e diminuição da alimentação, com conseqüente redução do crescimento (Parker, 1984).
Assim pelos conhecimentos acumulados nesse importante campo de produção animal, pôde-se estabelecer os requisitos nutricionais de algumas espécies, os quais constam de publicações do National Research Council - NRC (1993).
Com o presente trabalho objetivou-se testar rações com níveis crescentes de proteína bruta e energia metabolizável em duas densidades de estocagem, porém, com os mesmos ingredientes, tendo-se em vista a determinação da composição de uma dieta aconselhável para a recria de alevinos.
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