Página anterior | Voltar ao início do trabalho | Página seguinte |
O experimento foi realizado nas instalações experimentais da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, Campus de Botucatu, durante o período de 9 de agosto a 27 de setembro de 2001.
No incubatório, após uma pré-classificação de rotina, foi pesada uma amostra de 90 ovos para cada idade de matriz a serem avaliadas no experimento. Esta amostra foi composta por 3 sub-amostras de 30 ovos cada, para determinar a média de cada bandeja contendo 30 ovos. Desta média, foram então acrescidos 5% e subtraídos 5%, determinando-se a faixa de peso dos ovos na qual foram selecionados para incubação de cada idade da matriz em separado, dentro de uma mesma máquina incubadora da marca CASP, modelo CM125. Após 19 dias de incubação os ovos foram transferidos para o nascedouro, também da marca CASP e modelo 23 I, respectivamente. Após o nascimento, os pintinhos, foram selecionados, conforme rotina do incubatório onde verificou-se cicatrização do umbigo, aparência geral e defeitos de conformação e sexagem. Somente então foram retirados 720 aves de cada idade de matriz avaliada, perfazendo um total de 3600 pintinhos utilizados no experimento, os quais foram transferidos do incubatório para o galpão experimental da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, localizado em Botucatu, SP distante 90km do incubatório.
O delineamento experimental adotado, foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 5 x 2, ou seja, 5 idades de matrizes (29, 41, 58, 68 e 98 semanas) e 2 sexos, com 4 repetições. Como o experimento previa o abate semanal de 5 aves/repetição, a partir da primeira semana foram alojados 90 pintinhos por boxe, num total de 40 parcelas; não houve reposição das aves mortas, sendo as mesmas utilizadas no final do experimento para cálculo da mortalidade.
As aves foram vacinadas no incubatório contra a doença de Marek e aos 10 dias de idade contra a doença de Newcastle, via água de bebida. A cama utilizada foi de maravalha e com uma espessura de aproximadamente 10cm.
As aves receberam ração (Tabela 1) e água à vontade durante todo o período de criação, que foi dividido em três fases: inicial de 1 a 21 dias, crescimento de 22 a 42 dias e final de 43 a 49 dias.
A análise estatística dos resultados foi realizada através do procedimento GLM (General Linear Models) do SAS [19].
4.1 Desenvolvimento do peito
Para avaliação do desenvolvimento do peito foram abatidas cinco aves por tratamento semanalmente, a partir do primeiro dia do experimento (aves com um dia de vida) sendo que o peito com osso e carne foram utilizados para o cálculo da porcentagem de peito inteiro em relação ao peso da ave viva.
4.2 Rendimento de peito
Essas determinações foram realizadas segundo metodologia descrita por MENDES [11]. Aos 21, 28, 35, 42 e 49 dias de idade foi retirada uma amostra de 5 aves por box, totalizando 25 aves por tratamento, para avaliação do rendimento de peito inteiro, carne de peito.
4.3 Características de qualidade da carne de peito e pernas
Para a avaliação de peso, comprimento, largura, espessura, pH, perda de peso por cozimento e força de cizalhamento, foram amostradas 5 aves por box em cada idade de abate considerada. Essas determinações foram realizadas somente nas aves provenientes de matrizes com 29 e 68 semanas de idade. Esse procedimento foi adotado a fim de diminuir o número total de amostras a serem analisadas, e teve como objetivo principal verificar se existiam diferenças entre matrizes jovens (29 semanas) e velhas (68 semanas).
4.4 Peso, comprimento, largura e altura do peito
Para as determinações do comprimento, largura e altura do peito, foi pesado o conjunto dos músculos peitorais, a fim de se avaliar o total e a percentagem de carne branca. A seguir, os músculos pectoralis major foram dissecados e pesados. O filé esquerdo foi medido quanto ao comprimento, largura e altura com o auxílio de um paquímetro, sendo que a altura foi medida na parte mais espessa do músculo.
4.5 pH
A determinação do pH foi realizada através de eletrodo de penetração, diretamente no peito das aves, 24 horas post mortem. Essa medida foi feita em 5 aves de cada box, nas aves oriundas de matrizes com 29 e 68 semanas de idade.
4.6 Perda de peso por cozimento
Para a determinação da perda de peso por cozimento e da força de cizalhamento, foi utilizado o músculo peitoral esquerdo da ave, o qual foi embalado em papel laminado e mantido numa chapa elétrica de modelo comercial, com aquecimento nas duas faces, por aproximadamente 8 minutos, a uma temperatura de 85ºC. Depois de uma hora, a amostra de peito foi pesada, obtendo-se assim, o peso uma hora após o cozimento. As amostras foram embaladas em papel absorvente e em sacos plásticos. Após 24 horas, as amostras foram desembaladas e novamente pesadas, obtendo-se o peso 24 horas após o cozimento. A diferença de peso entre o peso do peito in natura e o peso cozido com 1 e 24 horas após o cozimento correspondem à perda de peso por cozimento nos dois períodos [7].
4.7 Força de cizalhamento
Para a determinação da força de cizalhamento (textura ou maciez) foram utilizadas as amostras usadas para a determinação da perda de peso por cozimento. Foram retiradas de 6 a 8 amostras na forma de paralelepípedos com 2 x 2 x 1,13cm, as quais foram colocadas com as fibras orientadas no sentido perpendicular às lâminas do aparelho Warner-Bratzler, conforme a técnica descrita por FRONING, BABJI & MATHER [4].
5.1 Desenvolvimento do peito de frangos de corte
O desenvolvimento do peito de frangos de corte, em função da idade da matriz e do sexo, até os 49 dias de idade, é apresentado na Tabela 2.
O crescimento relativo do peito, em relação ao peso vivo das aves foi influenciado (p<0,05) pela idade da matriz somente aos 42 dias, onde as aves nascidas das matrizes com 41 semanas apresentaram crescimento de peito superior às aves nascidas das matrizes com 68 semanas, porém não diferiu (p>0,05) das demais aves. O sexo influenciou o crescimento do peito (p<0,05) aos 42 e 49 dias, sendo que os machos apresentaram maior crescimento aos 42 e menor aos 49 dias, com relação às fêmeas.
As curvas de crescimento do peito de machos e fêmeas em função da idade podem ser vistas nas Figuras 1 e 2.
5.2 Rendimento de carne de peito
Na Tabela 3, verifica-se que de forma semelhante ao rendimento do peito, a idade da matriz influenciou (p<0,05) o rendimento da carne do peito somente quando as aves foram abatidas com 49 dias (p<0,05), sendo que as aves nascidas das matrizes com 29 semanas apresentaram rendimento superior às aves nascidas de matrizes com 58 e 68 semanas.
Os melhores resultados para carne de peito ocorreram principalmente nas fêmeas nascidas de matrizes com 29 e 41 semanas. Provavelmente, tais resultados ocorrem em função do maior rendimento para peito inteiro, que após a retirada da pele e dos ossos, originou a carne de peito. O sexo teve influência (p<0,05) sobre o rendimento da carne do peito, tanto aos 42 como aos 49 dias, sendo que as fêmeas apresentaram rendimentos superiores aos dos machos. Estes dados estão de acordo com os encontrados por GARCIA et al. [5], MENDES et al. [12] e MOREIRA et al. [14].
5.3 Medidas físicas do peito
Na Tabela 4, encontram-se as determinações físicas dos filés de peito das aves abatidas dos 21 aos 49 dias de idade, sendo que aos 21 dias observam-se um efeito significativo (p<0,05) da idade da matriz, sendo que o comprimento do filé das aves nascidas de matrizes com 68 semanas foi maior que os filés das aves nascidas de matrizes com 29 semanas. Já aos 42 dias de idade, houve interação significativa (p<0,05) entre idade da matriz e sexo para o comprimento do filé, onde os machos foram superiores às fêmeas e as aves nascidas de matrizes com 29 semanas foram superiores às aves nascidas de matrizes com 68 semanas. O sexo afetou (p<0,05) a largura do filé, que foi maior para os machos que para as fêmeas, aos 49 dias de idade, onde houve interação significativa (p<0,05), entre a idade da matriz e o sexo para a largura do peito, sendo que as aves oriundas de matrizes com 29 semanas foram superiores as aves nascidas de matrizes com 68 semanas.
Conforme demonstrado na literatura, o comprimento, espessura e peso do filé de peito de frangos de corte são afetados pela linhagem, sexo e idade das aves, sendo que esses resultados são semelhantes aos encontrados neste trabalho onde as aves nascidas de matrizes com 68 semanas apresentaram filés maiores que as aves nascidas de matrizes com 29 semanas. O sexo também afetou a espessura e o comprimento dos filés, resultados estes próximos aos encontrados por LUBRITZ [10].
5.4 Perda de peso por cozimento, força de cisalhamento e pH da carne
Na Tabela 5, são apresentadas as determinações relacionadas com a qualidade da carne dos 21 aos 49 dias de idade, onde aos 21 dias somente o sexo afetou (p<0,05) o pH do peito e da perna, que foram superiores para os machos quando comparados com as fêmeas. Resultados semelhantes foram encontrados por MENDES et al. [13] onde os machos apresentaram maiores valores de pH que as fêmeas.
Aos 28 dias de idade, o sexo afetou (p<0,05) a força de cizalhamento que foi maior para os machos que para as fêmeas. Já aos 35 dias de idade, o sexo influenciou (p<0,05) a força de cizalhamento e o pH do peito, quando as duas medidas avaliadas foram maiores para os machos que para as fêmeas. Aos 42 dias a idade da matriz afetou (p<0,05) o pH do peito, que foi maior nas aves oriundas de matrizes com 29 semanas que nas aves oriundas de matrizes com 68 semanas. Já o sexo, afetou (p<0,05) o pH do peito e o pH da perna que foram maiores para os machos que para as fêmeas.
Os resultados encontrados são contrários aos observados por MOREIRA et al. [15] e MENDES et al. [13] onde o sexo não afetou os valores de pH. Com relação à idade da matriz, esta afetou o pH da carne de peito, mas nenhum dado semelhante foi encontrado na literatura.
Nas medidas da qualidade da carne de frangos abatidos aos 49 dias, a idade da matriz afetou (p<0,05) o pH da perna, que foi maior nas aves nascidas de matrizes com 29 semanas, que nas aves nascidas de matrizes com 68 semanas. Porém, o sexo afetou (p<0,05) o pH do peito e da perna, que foram superiores para os machos quando comparados com as fêmeas.
Resultados opostos foram encontrados por GARCIA [6], onde o pH da carne de peito e perna das fêmeas foram maiores que nos machos; no presente trabalho, o pH das fêmeas foi menor tanto para carne de peito como para pernas.
A perda de peso por cozimento nos músculos do peito de frangos de corte é uma característica que, de acordo com alguns autores, pode ser significativamente influenciada pelas temperaturas elevadas durante o período de criação e no período pré-abate.
Após o abate do animal e em condições normais, o sistema tampão bicarbonato perde sua eficiência, uma vez que é baseado em troca do meio sangüíneo; entretanto, o sistema tampão fosfato tende a resistir às alterações de pH entre 6,1 e 7,4. A importância para o organismo em manter o relativo equilíbrio ácido básico significa manter os complexos enzimáticos atuantes por um maior período de tempo [8]. O problema mais comumente encontrado na carne de peito de frangos de corte atualmente é a maciez. Isto geralmente é decorrente de alterações na estrutura miofibrilar, determinadas pelo aparecimento rápido do rigor mortis em função do estresse pré-abate. Neste trabalho, a força de cizalhamento foi afetada somente pelo sexo, onde os machos foram superiores, mostrando uma menor maciez em relação às fêmeas e somente em duas idades de abate, com 28 e 35 dias de idade.
A idade da matriz influenciou o crescimento, o rendimento, a espessura, o comprimento e o pH do peito, assim como o pH das pernas também foi afetado pela idade da matriz nas diferentes idades de abates avaliadas.
[[1] BARRETO, S. L. T. Níveis de proteína e vitamina E para matrizes de frango de corte na fase de produção. 1998. 173. Tese (Doutorado) Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais
[2] CANÇADO, S. V.; BAIÃO, N. C.; JUNIOR, J. G. F.; ZUIN, A. H. L.; MARTINS, C. A.; NETO, M. H. Ácido linoleico na alimentação de matriz pesada. Efeitos sobre: peso do ovo, incubação, relação peso da gema/peso do ovo e qualidade dos pintos.In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA TECNOLOGIA AVÍCOLA,1995, Campinas.Trabalhos de Pesquisa.Campinas: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas, 1995. p127-128.
[3] FRONING, G.; W., BABJI, A. S.; MATHER, F.B. The effect of preslaughter temperatures, stress, struggle and anesthetization on color and textural characteristics of turkey muscle. Poultry Science, Champaign,1978. v.57, n.3, p.630-633.
[4] GARCIA, E. A.; MENDES, A. A.; SILVA, A. B. P.; GONZALES, E. Efeito do nível de energia da dieta e do sexo sobre o rendimento de carcaça de frangos de corte. Veterinária e Zootecnia, São Paulo,1993. v.5, p.29-37.
[5] GARCIA, R. G. Avaliação do desempenho, características de carcaça e análise econômica da criação de frangos de corte em diferentes densidades. 2002. 97. Tese (Mestrado) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista.
[6] HONIKEL, K.O. The water binding of meat. Fleischwirttsch, Frankfurt, 1987. v.67, p.1098-1102.
[7] LEHNINGER, A. L.; NELSON, D.L.; COX, M. M. Princípios de Bioquimica (ed). Savier. Traduzido por W. R. Lodie, A. A. Simões. São Paulo. Brasil. Tradução de Principles of Biochemistry, 839p, 1995.
[8] LE BIHAN-DUVAL E, MILLET N, Remignon H. Broiler meat quality: Effect of selection for increased carcass quality and estimates of genetic parameters. Poultry Science, 1999; v.78, p.822-826. www.bireme.br
[9] LUBRITZ, S. L. A statistical model for white meat yield in broiler. Journal Applied Poultry Research., 1997. v.6,p. 253-59.
[10] MENDES, A. A. Efeito de fatores genéticos, nutricionais e de ambiente sobre o rendimento de carcaça de frangos de corte. 1990. 103. Tese (Livre Docência)- Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista.
[11] MENDES, A. A.; GARCIA, E. A.; GONZALES, E.; SILVA, A. B. P. Efeito do peso de abate sobre o rendimento de carcaça de frangos de corte. Veterinária e Zootecnia, São Paulo, 1993. v. 5, p. 77-82.
[12] MENDES, A. A.; MOREIRA, J.; ROÇA, R. O.; GARCIA, E. A.; NAAS, I. A.; ALMEIDA, I. C. L.; GARCIA, R. G. Efeito da taxa de lotação e nível de energia da dieta sobre o desempenho, rendimento de carcaça e análise econômica em frangos de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas, 2002. suplemento 4, p.4.
[13] MOREIRA, J.; MENDES, A. A; GARCIA, R. G.; NAAS, I. A.; MIWA, I.; GARCIA, E. A.; TAKITA, T. S.; ALMEIDA, I. C. L Efeito da densidade de criação e do nível de energia da dieta sobre o desempenho e rendimento de carcaça em frangos de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas, 2001. suplemento 3, p.39.
[14] MOREIRA, J.; MENDES, A. A; ROÇA, R. O.; NAAS, I. A.; PELICIA, K.; GARCIA, R. G.; ALMEIDA, I. C. L. Efeito da densidade, linhagem, sexo e nível de energia da dieta sobre o rendimento e qualidade da carne de peito em frangos de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas, 2002. suplemento 4, p.3.
[15] PEEBLES, E. D.; DOYLE, S. M.; PANSKY, T,; GERARD, P. D.; LATOUR, M. A.; BOYLE, C. R.; SMITH, T. W. Effects of breeder age and dietary fat on subsequent broiler performance. 2. Slaughter Yield. Poultry Science, Champaign,1999. v.78, n.4, p 512-515.
[16] POOLE, G. H. Evaluation of age, gender, strain, and diet on the cooked yield and shear values of broiler breast fillets. Journal Applied Poultry Research, 1999; v. 8, p.170-176.
[17] ROQUE, L.; SOARES, M. C. Effects of eggshell quality and broiler breeder age on hatchability. Poultry Science, Champaign, 1994. v.73, n.12, p.1838-1845. www.bireme.br
[18] SAS Institute, SAS user's Guide. Cary, NC, 1991.
[19] SINCLAIR, R. W.; ROBINSON F. E.; HARDIN, R. T. The effects of parentage post hatch treatment on broiler performance. Poultry Science, Champaign,1989. v.69, n.4,p.526-534.
[20] VIEIRA, S. L. Idade da matriz, tamanho do ovo e desempenho do pintinho. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 2001, Campinas. Anais. Campinas: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas, 2001.v.2, p.117-123.
[21] VIEIRA, S. L.; MORAN Junior; E. T. Broiler yields using chicks hatched from egg weight extremes and diverse strains. Journal of Applied Poultry Research, Athens, 1998. v.7, n.4, p.339-346.
[22] WILSON, H. R. Interrelationships of egg size, chick size, post hatching growth and hatchability. World's Poultry Science Journal, London, 1991. v.47, n.1, p.5-20.
José Antonio Dalanezi; Ariel Antonio Mendes; Edivaldo Antonio Garcia; Rodrigo Garofallo Garcia; Joerley Moreira; Tania Sayuri Takita; Ibiara Correia de Lima Almeida Paz - arielmendes[arroba]fca.unesp.br
Departamento de Produção e Exploração Animal – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade Estadual Paulista. Fazenda Lageado, s/n, Caixa Postal 560, CEP: 18618-000. Botucatu-SP – Brasil.
Página anterior | Voltar ao início do trabalho | Página seguinte |
|
|