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Efeito da idade da matriz sobre o desempenho e rendimento de carcaça de frangos de corte (página 2)

E. A. García; A. A. Mendes; C. C. Pizzolante; N. Veiga; T. K. Mattos

 

4. Material e métodos

O experimento, com duração de 49 dias, foi conduzido em agosto e setembro de 2001.

No incubatório, após classificação de rotina, foram pesados 90 ovos para determinação da média do peso do ovo para cada idade da matriz estudada. Dessa média, foi acrescido e subtraído 5%, determinando-se a faixa de peso dos ovos para incubação1. Após o nascimento, foram selecionadas e sexadas 720 aves para cada idade das matrizes, perfazendo um total de 3600 pintos de um dia de idade, provenientes de lotes de matrizes Ross 308. As aves foram vacinadas no incubatório contra a doença de Marek e aos 10 dias de idade contra a doença de Newcastle, via água de bebida. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 5×2, com cinco idades de matrizes (29, 41, 58, 68 e 98 semanas) e dois sexos, com quatro repetições de 90 aves cada.

Adotou-se um programa de alimentação com três fases: inicial, de 1 a 21 dias, crescimento, de 22 a 42 dias, e final, de 43 a 49 dias. As aves receberam ração e água à vontade durante todo o período de criação. As rações, não comerciais, foram fornecidas na forma farelada (Tab. 1).

O desempenho das aves foi avaliado semanalmente pelo peso vivo, ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar. A mortalidade foi registrada diariamente e anotada em ficha própria. Antes da análise de variância, os dados de mortalidade foram transformados para (x+0,5)½, em que x é a porcentagem da mortalidade (Steel e Torrie, 1980).

Para as avaliações do rendimento de carcaça e das partes, foi retirada uma amostra de cinco aves, por boxe, aos 21, 28, 35, 42 e 49 dias, com pesos dentro de uma margem de 10% acima ou abaixo da média do boxe, totalizando 25 aves. O rendimento de carcaça e os rendimentos de peito inteiro, pernas inteiras (coxas e sobre coxas), asas, dorso e gordura abdominal foram avaliados segundo metodologia descrita por Mendes (1990).

Usou-se procedimento General Linear Models do SAS (User's... 1991) nas análises estatísticas.

5. Resultados e discussão

Os dados de crescimento semanal dos frangos de corte em razão da idade da matriz e do sexo são apresentados na Tab. 2. Idade da matriz e sexo dos pintos influenciaram (P<0,05) o crescimento das aves desde o primeiro dia de vida. Pintinhos nascidos das matrizes com 29 semanas foram mais leves que os nascidos das demais matrizes, até os 35 dias de vida. Diferenças no peso de frangos, principalmente quando são oriundos de pintinhos mais leves, geralmente estão associadas ao peso inicial das aves. Proudfoot et al. (1982), Whiting e Pesti (1984) e Wilson (1991) também verificaram diferenças para peso de frangos quando utilizaram pintinhos com diferentes pesos ao nascer, sendo os mais leves oriundos de matrizes mais jovens.

Houve interação significativa (P<0,05) entre idade da matriz e sexo sobre o desempenho das aves aos 35º, 42º e 49º dias de idade. De modo geral, no 35º e 49º dias de idade, os machos oriundos de matrizes com 29 semanas de idade apresentaram desempenho diferenciado e menor do que os oriundos de matrizes com outras idades. Contudo, não houve efeito da idade da matriz no desempenho dos machos no 42º dia de idade. O melhor desempenho das fêmeas no 35º e 42º dias de idade foi observado em aves oriundas de matrizes com 58 e 68 semanas, e o melhor desempenho das fêmeas no 49º dia ocorreu em aves oriundas de matrizes com 58 semanas de idade.

As características de desempenho em cada fase e no período total de criação são apresentadas nas Tab. de 3 a 6. Observou-se interação significativa (P<0,05) de idade da matriz versus sexo para ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar no período total de criação (1 a 49 dias) e para mortalidade, no período de 43 a 49 dias.

A idade das matrizes influenciou (P<0,05) o ganho de peso, consumo de ração e mortalidade na fase inicial (1 a 21 dias). O sexo das aves influenciou (P<0,05) o ganho de peso e o consumo de ração em todas as fases de criação e a conversão alimentar nas fases de 22 a 42 e 43 a 49 dias. Politti et al.(1994) e Mendes et al. (2001) também observaram maior ganho de peso para machos, decorrente do maior consumo de ração na fase inicial.

Na fase inicial, as aves oriundas de matrizes com 29 semanas apresentaram menor ganho de peso que as demais. (P>0,05). O consumo de ração foi maior nas aves oriundas das matrizes com 58, 68 e 98 semanas e menor entre aquelas originárias de matrizes mais jovens. A mortalidade foi maior nas aves provenientes de matrizes com 29 semanas em relação às demais (P>0,05). Sinclair et al. (1989) e Gladys et al. (2000) também observaram diferenças no ganho de peso aos 21 dias em aves oriundas de matrizes com diferentes idades. O menor consumo de ração, o menor ganho de peso e a maior mortalidade das aves oriundas de matrizes mais jovens podem estar associados à qualidade e ao peso do pintinho ao nascer. Mcnaughton et al. (1978) e Hearn (1986) atribuíram essa maior mortalidade, provavelmente, ao fato de os ovos serem de menor tamanho, o que causa desidratação dos pintos logo após o nascimento e, conseqüentemente, menor peso.

Na fase de crescimento (22 a 42 dias) não houve influência (P>0,05) da idade da matriz sobre as características avaliadas (Tab. 4).

Na fase final de criação (43 a 49 dias), houve diferença significativa (P<0,05) para a mortalidade entre os machos. As aves oriundas de matrizes mais jovens (29 semanas) ou mais velhas (68 e 98 semanas) apresentaram maior mortalidade (Tab. 5). Wilson e Tullet (1990) observaram que ovos de matrizes com idades extremas (jovens e velhas) têm pior eclodibilidade, resultando em pintos de qualidade inferior e conseqüentemente maior mortalidade, como verificado neste trabalho.

No período total de criação (1 a 49 dias), as interações significativas (P<0,05) de idade da matriz versus sexo revelaram diferenças para ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar (Tab. 6). Para ganho de peso, a idade da matriz influenciou (P<0,05) apenas as fêmeas. As aves oriundas de matrizes com 58 semanas foram mais pesadas, enquanto que as de matrizes com 29 semanas apresentaram menor ganho de peso. Estes resultados foram semelhantes aos de Peebles et al.(1999).

O consumo de ração foi diferente tanto nos machos quanto nas fêmeas, sendo os machos oriundos das matrizes com 29 semanas os que apresentaram menor consumo de ração. As fêmeas originadas de matrizes com 29 e 58 semanas apresentaram menor e maior consumo de ração, respectivamente. O sexo influenciou (P<0,05) as características avaliadas: ganho de peso e consumo de ração foram maiores entre os machos, no entanto, para conversão alimentar, somente os machos originados de matrizes com 29, 41 e 98 semanas foram superiores às fêmeas. Maior mortalidade ocorreu em aves provenientes de matrizes com 29 semanas (P<0,05).

Os rendimentos de carcaça e de partes são apresentados nas Tab. de 7 a 12. Não foi verificado efeito da idade da matriz sobre o rendimento de carcaça e dorso (P>0,05), resultados diferentes dos encontrados por Peebles et al. (2002).

O sexo influenciou (P<0,05) o rendimento de carcaça apenas aos 42 dias; os machos apresentaram maior rendimento que as fêmeas. Ao comparar as idades de abate verifica-se que até os 42 dias o rendimento de carcaça aumentou (Tab. 7).

A idade da matriz não influenciou o rendimento de peito (P>0,05) até os 42 dias, porém, teve efeito significativo (P<0,05) quando as aves foram abatidas com 49 dias, isto é, o maior rendimento ocorreu nas aves originadas de matrizes com 29 semanas e o menor nas aves de matrizes com 58 semanas (Tab. 8), resultado inesperado, pois não foram encontrados resultados semelhantes na literatura e pelo fato dessas aves não terem apresentado desempenho superior às demais.

O sexo teve influência no (P<0,05) rendimento de peito somente aos 49 dias; os machos apresentaram menor rendimento que as fêmeas (Tab. 8). Costa et al. (2001) também verificaram maior rendimento de peito entre as fêmeas.

O rendimento de pernas (Tab. 9) foi influenciado (P<0,05) pela idade da matriz apenas aos 21 dias, quando as aves originadas de matrizes com 98 semanas apresentaram menor rendimento que aquelas de matrizes com 58 e 68 semanas. Essa diferença, provavelmente, está associada ao menor crescimento das aves nessa fase, pois ela não se manteve nas idades posteriores. O sexo influenciou (P<0,05) o rendimento de pernas aos 21, 28, 42 e 49 dias, isto é, os machos apresentaram rendimentos superiores às fêmeas, aspecto já verificado por Moreira et al. (2001). Os dados mostraram que o rendimento de pernas pareceu se estabilizar com o avanço da idade das aves, com maior desenvolvimento até os 21 dias, o que explicaria a diferença de rendimento apenas nessa fase.

O rendimento de asas (Tab. 10) foi afetado (P<0,05) pela idade da matriz apenas aos 49 dias. Estes resultados diferem dos de Vieira e Moran (1998), que trabalharam com quatro idades diferentes de matrizes (36, 40, 42 e 45 semanas) e não encontraram diferenças para o rendimento de asas. O sexo afetou (P<0,05) o rendimento de asas aos 28, 35 e 42 dias, com as fêmeas apresentando maior rendimento que os machos. Essa diferença entre sexos também foi verificada por Moreira et al. (2001). Percebeu-se, também, que o rendimento de asas diminuiu com o avanço da idade das aves.

O rendimento de dorso (Tab. 11) não foi influenciado (P>0,05) por nenhum dos fatores avaliados. Verificou-se que o rendimento do dorso manteve-se estável dos 21 aos 49 dias, o que confirmou os resultados de Moreira et al. (2001).

A idade da matriz influenciou (P<0,05) a percentagem de gordura abdominal das aves (Tab. 12) quando abatidas aos 28, 35 e 42 dias. Aos 28 dias, as aves originárias de matrizes com 58 e 98 semanas apresentaram valores maiores que aquelas de matrizes com 29 e 68 semanas. Aos 35 dias, as aves originárias de matrizes com 68 e 98 semanas apresentaram maiores valores que aquelas de matrizes com 29 semanas. Aos 42 dias, a maior percentagem de gordura abdominal ocorreu nas aves originadas de matrizes com 68 semanas em relação àquelas de matrizes com 29 semanas. O aumento da idade da matriz parece contribuir para o aumento na deposição de gordura abdominal, pois, no geral, as aves oriundas de matrizes mais jovens apresentaram menor quantidade de gordura do que aquelas de matrizes mais velhas.

O sexo afetou (P<0,05) a gordura abdominal aos 28, 35, 42 e 49 dias, sendo que em todas estas idades, as fêmeas apresentaram maior quantidade de gordura abdominal do que os machos, dados que confirmam os resultados de Costa et al. (2001).

6. Conclusões

A idade da matriz afeta o desempenho dos frangos de corte, e apresenta comportamento diferenciado para abates aos 35, 42 e 49 dias. Os melhores resultados de desempenho são obtidos quando os frangos são oriundos de matrizes com idades entre 41 e 68 semanas. O rendimento de carcaça, pernas e dorso não sofrem influência da idade da matriz, apesar do rendimento de peito e asas ser afetado quando as aves são abatidas aos 49 dias. O aumento na idade da matriz causa aumento na deposição de gordura abdominal dos frangos de corte. O sexo afeta tanto as características de desempenho quanto as de rendimento de carcaça e partes nas várias idades de abate avaliadas.

7. Referências bibliograficas

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