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Por considerar os dados inconsistentes, não serão apresentados resultados obtidos com as seguintes frutíferas: abricoteiro (Prunus armeniaca L.), amoreira (Rubus sp.), cerejeira (P. avium L.), framboezeira (Rubus sp.), nogueira-pecã (Carya illinoensis L.) e umezeiro (Prunus mume Sieb. & Zucc.). Nas Tabelas 1 e 2, também não foram incluídos dados do quivizeiro e do marmeleiro, devido ao baixo número de informações obtidas com os fruticultores regionais.
Verificou-se que, no Estado de São Paulo, as frutíferas lenhosas de clima temperado estão sendo cultivadas comercialmente em 9.510 propriedades e em 65% dos 642 municípios pesquisados. Essa fruticultura foi detectada em 100% das 40 regionais agrícolas existentes no Estado de São Paulo, demonstrando a grande expansão territorial ocorrida, principalmente durante as últimas duas décadas (Figura 1).
Observou-se que cada espécie frutífera possui um pólo geográfico principal, porém não necessariamente único. Isso ficou mais evidente em nível de cultivar, pela grande diversidade genética e adaptação climática, sendo o pessegueiro exemplo bem marcante. Encontram-se expressivos cultivos de pessegueiro desde locais ao norte, centro-leste até o sudoeste do Estado. Na Figura 1 estão indicados os principais pólos de frutíferas temperadas do Estado de São Paulo.
Foram recebidos 127 questionários, ou seja, 77% do total enviado, dos quais foi possível classificar até dez principais cultivares comerciais por frutífera, ou seja, aquelas citadas em mais de 50% das consultas. Ao todo, foram consideradas 53 principais cultivares sendo exploradas economicamente nas 127 propriedades pesquisadas, exceto para quivi e marmelo (Tabela 2). No texto, porém, são apresentadas algumas outras cultivares citadas entre 30 e 50% dos questionários.
Pelos dados do LUPA, evidenciou-se que a videira é, significativamente, a frutífera de clima temperado mais cultivada no Estado de São Paulo. Registrou-se a existência de 41,2 milhões de videiras cultivadas em 11,9 mil hectares de 38 regionais agrícolas, constituindo-se numa das frutíferas mais cosmopolitas do Estado (Tabela 1). Para a uva rústica, Jundiaí, Indaiatuba e Itupeva são os municípios que lideram, com 9,9; 5,4 e 4,7 milhões de plantas respectivamente. Para uvas finas, São Miguel Arcanjo e Pilar do Sul são os municípios com o maior número de plantas cultivadas. Palmeira D'Oeste, Jales e Urânia cultivam entre 100 e 200 mil plantas do tipo uva fina. Ao todo, verificou-se a presença de 4,3 e 36,9 mil videiras finas e rústicas de mesa, respectivamente, mostrando aumento de cerca de 10% em relação ao número de plantas existentes no início da década de 80 (Programa Paulista de Fruticultura de Clima Temperado, 1983). Entre as uvas rústicas, as principais cultivares-copa mais citadas foram: 'Niagara Rosada' (mutação somática de Niagara branca, original), híbrido natural entre as espécies Vitis labrusca L. e V. vinifera L., 'Niagara Branca' e 'Isabel', da espécie americana Vitis labrusca L., sendo as mais cultivadas na região de Campinas, cujas colheitas ocorrem desde dezembro até março (Pommer et al., 1998). Entre as uvas finas, as mais citadas foram: 'Itália', 'Rubi', 'Benitaka', 'Redglobe', 'Red Meire', 'Centennial Seedless', 'Brasil'; 'Patrícia' e 'Máximo'. Tratam-se das cultivares mais plantadas na região de Jales, no noroeste, e em São Miguel Arcanjo, no sudoeste, pertencentes originalmente à espécie européia V. vinifera L. ou simples mutações somáticas ('Rubi', 'Benitaka', 'Brasil') ou ainda híbridos complexos ('Patrícia' e 'Máximo'). Evidenciou-se o caráter familiar na exploração vitícola, devido ao elevado número de pequenas áreas cultivadas. Respectivamente, para uvas finas e rústicas, foram encontrados cultivos de até 2 ha em 105 e 110 municípios e de 2 a 5 ha em 54 e 34 municípios; em contrapartida, apenas 32 e 23 municípios apresentaram cultivos em áreas maiores de 20 ha.
Verificou-se pela pesquisa de campo, que a videira e a pereira são as únicas frutíferas que apresentam mais de uma espécie botânica sendo cultivada comercialmente.
Em pessegueiro, verificou-se a presença de 1,9 milhão de plantas jovens e adultas, constituindo-se na segunda frutífera temperada mais plantada no Estado de São Paulo. Neste dado, incluiu-se a nectarineira, que equivale a 12% da persicultura paulista em número de plantas. De todas as fruteiras temperadas, o pessegueiro foi a cultura que mais evoluiu em termos de plantas cultivadas; comparando os dados disponibilizados em 1982, verifica-se crescimento de cerca de 420% (Programa Integrado de Pesquisa, 1985). Em Guapiara, na região de Itapeva, se encontra o principal polo de cultivo do pessegueiro. Já para nectarineira, Paranapanema é o principal município produtor, seguido por Guapiara. Cultivares pouco mais exigentes em frio foram bastante citadas no Sudoeste, região de Itapeva. Tratam-se de introduções do Rio Grande do Sul (Embrapa - Clima Temperado), como: 'Coral', 'Marli', 'Diamante', 'Premier', 'Chimarrita', 'Eldorado', 'Maciel' e 'Granada' e da Universidade da Flórida (UFL): 'Sunripe','Rubro-sol', 'Colombina', 'Sunblaze', Fla 84-16N e Fla 84-13N. As cultivares lançadas pelo Instituto Agronômico (IAC), de baixa exigência em frio, foram mencionadas principalmente pelos persicultores das regiões de Itapetininga, Avaré, Itapeva, Campinas e Bragança Paulista. São elas: séries Aurora, Dourado, Ouromel, Doçura e Jóia, além de 'Biuti', 'Douradão' e da nectarina 'Centenária'. Na cultura, as cultivares com fenótipos assemelhados são geralmente agrupadas por tipos como, por exemplo: 'Aurora-1 e 2', 'Jóia-1, 2, 3, 4 e 5' e outras. Segundo Maia et al. (1996), as cultivares 'Flordaprince' e as dos tipos Aurora e Dourado eram as responsáveis, na década passada, por 15%, 30% e 20% da persicultura paulista. 'Flordaprince', pêssego introduzido da UFL, foi citado em todas as regiões persícolas. Ressaltou-se na pesquisa o município de Barretos, ao norte do Estado, que se apresentou como a sexta maior área persícola paulista, com 19,5 mil plantas em 93 ha. Para as cultivares citadas na pesquisa, verificam-se safras entre agosto e janeiro, com ciclo de desenvolvimento dos frutos desde 80 até 180 dias (Barbosa et al., 1990a).
A figueira é a terceira frutífera mais cultivada, sendo 'Roxo de Valinhos' a única cultivar comercial; seus frutos amadurecem, normalmente, desde dezembro até abril (Ojima et al, 1998). Com 835 mil plantas, em área de 642 ha, a ficicultura está presente em 70 municípios paulistas, distribuídos em 25 regionais agrícolas (Tabela 1). A figueira, nos moldes da videira e macieira, comporta um maior número de indivíduos por área devido à adoção de pequenos espaçamentos de plantio. Em Valinhos, na região de Campinas, encontra-se o principal pólo, embora haja tendência de migração da cultura mais para o interior do Estado. Devido a problemas diversos, a cultura da figueira foi reduzida em cerca de 60%, quanto ao número de plantas cultivadas. Na década de 80 havia cerca de 2.200 mil plantas, produzindo 31 mil toneladas de figos (Programa Paulista de Fruticultura de Clima Temperado, 1983).
O caquizeiro constituiu-se na quarta frutífera temperada mais plantada, com 740 mil plantas em 4.372 ha de 1.559 propriedades rurais (Tabela 1). Comparando os dados estatísticos das décadas de 70, 80 e 90, verifica-se que o caqui foi uma das culturas que se manteve mais estável quanto ao número total de plantas cultivadas no Estado (Programa Paulista de Fruticultura de Clima Temperado, 1983; Programa Integrado de Pesquisa, 1985). As cultivares mais citadas foram: 'Rama Forte' e 'Giombô' (variáveis), 'Taubaté' (taninosa) e 'Fuyu' e 'Fuyuhana' (doces). Em menor escala, verificou-se o cultivo de 'Jirô', 'Kioto' e 'Tokyogosho'. A colheita dessas cultivares ocorre desde janeiro até maio, dependendo da região de cultivo (Ojima et al., 1998).
Na cultura da macieira, verificou-se a existência de 391 mil plantas cultivadas em 450 ha, representando a quinta frutífera temperada em quantidade de indivíduos. Paranapanema, na região de Avaré, é o maior município produtor, seguido de Taquarivaí (Tabela 1). As principais cultivares citadas foram: 'Anna', 'Brasil', 'Dorset Golden', 'Malus 4', 'Princesa' e 'Rainha', cujas safras ocorrem entre dezembro e março (Campo Dall'Orto et al., 1998). Em menor quantidade foram observados cultivos de 'Gala' e 'Fuji', mais exigentes em frio para quebra-da-endodormência das gemas. Acredita-se que, atualmente, a quantidade de macieiras tenha sido bastante reduzida, devido à eliminação de inúmeros pomares velhos e a pouca renovação varietal. A carência de cultivares mais rústicas e bem adaptadas ao clima, vêm desestimulando os pomicultores paulistas a investirem na cultura da macieira em larga escala comercial, além, é claro, da competição com a região sul do Brasil. Em 1983, estimava-se uma área de 3.250 ha sendo cultivada com macieira, representando 15% do total nacional (Penteado, 1986). Analizando os dados estatísticos, apresentados há 20 anos (Programa Integrado de Pesquisa, 1985), constata-se que a macieira foi a cultura de clima temperado que mais sofreu redução de área e de número de plantas cultivadas, em cerca de 90%.
Com 291 mil indivíduos plantados em 886 ha, a ameixeira é a sexta frutífera mais cultivada (Tabela 1). Em termos regionais, Itapetininga é o seu maior polo de cultivo, onde há mais de 50% do total de plantas cultivadas no Estado. 'Reubennel', 'Harry Pickstone' e 'Gulfblaze' introduzidos, respectivamente, da África do Sul e da UFL (Barbosa et al., 1997a), além de 'Gema-de-Ouro', foram as cultivares mais citadas na pesquisa de campo. Afora estas quatro, outras ameixeiras foram relatadas: 'Carmesim', 'Grancuore' e 'Januária', do IAC, além de 'Roxa de Itaquera' e 'Irati', cultivares de seleção local e introduzidos do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), respectivamente. 'Kelsey Paulista', uma das principais cultivares responsáveis pela expansão da cultura no planalto paulista (Franco et al., 1986), não foi citada em nenhum cultivo comercial. O pico de colheita das ameixas citadas se dá em dezembro e janeiro (Ojima et al., 1998), embora haja cultivares que conseguem produzir frutos em épocas extemporâneas.
A pereira representou a sétima frutífera de clima temperado mais cultivada no território paulista. Com 164 mil plantas cultivadas em 411 ha, a cultura está presente em 43 municípios de 31 regionais agrícolas. O município com maior concentração de plantas cultivadas é Narandiba, região de Presidente Prudente (Tabela 1). As principais cultivares relatadas foram: européias - 'Pêra D'Água', 'Schmidt' ('Smith') e 'Packham's Triumph' (P. communis L.); asiáticas -'Okusankichi', 'Kosui', 'Hosui' e 'Atago' (P. serotina Rehder), estas últimas nas regiões de Presidente Prudente e Sorocaba. Ainda foram registradas 'Kieffer' (P. communis L. x P. serotina Reidher) e as cultivares do IAC, como: 'Primorosa', 'Centenária', 'Seleta', 'Tenra' e 'Triunfo' (P. communis L.), que mesmo sendo de boa qualidade organoléptica, estão presentes apenas em pequenos cultivos. Outras espécies botânicas encontradas foram: P. calleryana Decne. (cv. Taiwan Nashi-C), P. betulaefolia Bunge (cv. Manshu Mamenahi), como porta-enxertos e P. bretschneideri Reidher (cv. Ya-li), como copa. A colheita da pêra inicia-se em dezembro e persiste até abril, quando amadurecem as cultivares de origem asiática (Barbosa et al., 1998).
A nespereira constituiu-se na oitava frutífera mais plantada, sendo Mogi das Cruzes o principal polo de cultivo, com 66 mil indivíduos em 204 ha. Esta frutífera foi encontrada em 27 municípios, de 11 regiões paulistas, com 147 mil plantas cultivadas em 381 ha (Tabela 1). Nos últimos 20 anos, o número de plantas cultivadas diminuiu em cerca de 35% (Programa Integrado de Pesquisa, 1985). Seus principais cultivares são: 'Mizuho', 'Precoce de Itaquera' (Fukuhara) e 'Precoce de Campinas'. Também foram relatados cultivos de 'Centenária', 'Mizumo', 'Mizauto', 'Parmogi' e 'Nectar de Cristal', porém em menor quantidade. O período de safra da nêspera é bastante extenso, normalmente de abril a outubro (Ojima et al., 1998).
O quivizeiro, com 60,4 mil plantas cultivadas em 426 ha, representou a nona frutífera mais cultivada em termos de número de indivíduos. As principais cultivares: Bruno, Monty e Abbott, cujas colheitas ocorrem em abril e maio (Nucci & Trani, 1998), são encontradas em 28 municípios de 16 regiões. Os dados do LUPA indicam Borborema, região de Jaboticabal, com 22,5 mil plantas, como o principal município de cultivo.
O marmeleiro, com somente 1.140 plantas cultivadas em 4,3 ha, tem como principal cultivar o tipo 'Portugal'. Tietê e Vargem Grande do Sul são os principais municípios produtores de marmelo. Mesmo com as diversas pesquisas desenvolvidas, a cultura do marmeleiro não avançou no Estado de São Paulo. Isso provavelmente tenha ocorrido devido a problemas fitossanitários que impedem o desenvolvimento normal da planta e a produção de frutos de alta qualidade (Campo Dall'Orto et al., 1986).
A macadâmia, por sua vez, contituiu-se na principal nogueira de clima temperado-subtropical cultivada no Estado de São Paulo. Em área de 2.166 ha são cultivadas 587 mil plantas, num total de 199 propriedades. Dois Córregos, região de Jaú, é o principal município produtor (Tabela 1). Em seguida estão classificados os municípios de Bauru, Avaré e São Sebastião da Grama que, juntos, correspondem a 45% da área cultivada com essa nogueira no Estado. Segundo a Associação dos Produtores de Macadâmia de São Paulo (1993), havia no início da década de 90, cerca de 370 mil nogueiras-macadâmia sendo cultivadas em 2.065 ha, representando 38% da área nacional. As cultivares mais citadas e que são colhidas de março a maio (Ojima et al., 1998) foram: 'Keauhou', 'Keaau', 'Kau' e 'Mauka', introduzidas do Havaí, 'Keaumi', 'Keaudo' e 'Campinas-B', desenvolvidas pelo IAC e 'Aloha', obtida pela Dierberger Agrícola.
Referências bibliográficas
Celso Valdevino PommerII
pommer[arroba]unb.br
Wilson BarbosaI,VI; Celso Valdevino PommerII,VI; Mariângela Drugovick RibeiroIII;
Renato Ferraz de Arruda VeigaIV; Antonio Alberto CostaV
IBiológo, MSc., Pesquisador Científico (PqC), do Centro Experimental Central (CEC), do Instituto Agronômico (IAC). Caixa Postal 28, 13001-970, Campinas, SP. Fone: 19 3241-5188 E-mail: wbarbosa[arroba]iac.sp.gov.br
IIEng. Agr., Dr., PqC, Capta-Frutas, IAC. Fone: 19 3241-9910 E-mail: pommer[arroba]iac.br
IIIAn. Sist., BS., CATI. Caixa Postal 960, 13073-001 Campinas, SP. Fone: 19 3743-3700
IVEng. Agr., Dr., PqC, CEC, IAC. Fone: 19 3241-5188 E-mail: veiga[arroba]iac.br
VEng. Agr., Dr., PqC, CEC, IAC. Fone: 19 3241-5188 E-mail: costa[arroba]iac.br
VIBolsista do CNPq
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