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Dietas com milho pré-gelatinizado e farelo de soja com ou sem produtos lácteos e diferentes níveis p (página 2)

J. A. Moreira; D. M. S. S. Vitti; J. B. Lopes; M. A. Trindade Neto

 

INTRODUÇÃO

Entre os principais problemas decorrentes da alimentação, após o desmame antecipado, estão a inabilidade do leitão em desdobrar o amido na forma natural, como ocorre no milho (GRAY, 1992); e a utilização da proteína dietética, cujo nível e origem podem afetar o desempenho (HARRISON et al., 1989; BRUDEVOLD e SOULTHERN, 1994; TRINDADE NETO et al., 1994).

Diversos estudos mostraram que as limitações fisiológicas digestivas do leitão após o desmame, é o principal fator predisponente de diarréias comuns nessa fase, devido as características da nova alimentação.

Segundo GRAY (1992), quando o leitão é desmamado em idade antecipada, a presença do amido no intestino predispõe a hipertonia do lumem, acentuando-se o desgaste da mucosa e os distúrbios digestivos. Uma vez identificados os problemas em relação à digestão do amido na forma natural, surgiram os tratamentos industriais visando-se aumentar a eficácia de sua utilização pelos animais jovens. Assim, o milho pré-gelatinizado foi apresentado como alternativa de substituição ao milho comum, em dietas para leitões.

Com relação as características de dietas e níveis protéicos para leitões após o desmame, os resultados dos estudos tornaram-se mais contraditórios ao considerar o nível de inclusão de produtos lácteos e as prováveis implicações subseqüentes até a terminação.

TOKACH et al. (1990) verificaram melhor desempenho, quando leitões desmamados aos 21 dias de idade consumiram dietas contendo leite e soro em pó, comparando- as com aquelas sem esses ingredientes, e os efeitos prolongaram-se até a terminação. LEPINE et al.

(1991) recomendaram a inclusão mínima de 25% de produto lácteo, independentemente das características dos outros ingredientes, nos primeiros 21 dias após o desmame, enquanto MAHAN e NEWTON (1993) sugeriram níveis de 35 a 45%. Comparando dietas para leitões desmamados entre 21 e 28 dias de idade, nas quais a inclusão de produtos lácteos variou de 10 a 15%, TRINDADE NETO et al. (1994), BERTO et al. (1997), CARVALHO (1998) e MASCARENHAS et al. (1999) não observaram diferenças significativas nas características de desempenho durante o período de creche.

Tratando-se de produto com alto valor biológico e compatível às condições fisiológicas no trato digestivo, por ocasião do desmame, a porcentagem de inclusão dos produtos lácteos pode influenciar o desempenho do leitão nas fases de creche. Nos estudos de RAMALHO (1990) e TRINDADE NETO et al. (1994) durante a fase de creche, em dietas com baixa inclusão ou ausentes de produtos lácteos, o nível protéico não afetou as características de desempenho dos leitões. TRINDADE NETO et al. (1994) concluíram que o nível 16%PB seria viável para leitões desmamados aos 28 dias de idade, se as demais exigências fossem atendidas. Posteriormente, TOCACH et al. (1995) confirmaram os benefícios em assegurar grande parte do nível protéico dietético através da alta inclusão de produtos lácteos, nas fases de creche. Observaram ainda que os efeitos benéficos, decorrentes das características da dieta fornecida na fase de creche, poderiam ser correspondidos à terminação; sugerindo avaliação do impacto individual ou conjunto dos ingredientes na viabilidade econômica entre dietas com baixo ou alto nível de inclusão de produtos lácteos no subseqüente desempenho.

Avaliaram-se os efeitos de dietas, a base de milho pré-gelatinizado e farelo de soja, com ou sem a inclusão de produtos lácteos, e dois níveis protéicos para leitões desmamados aos 19 dias de idade.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 80 leitões mestiços, provenientes de cruzamentos entre reprodutores e matrizes comerciais, machos castrados e fêmeas, desmamados aos 19 dias de idade, com peso de 5,56 ± 0,51 kg. Na fase de creche, os animais ficaram alojados em baias (2,0 x 1,0 m) metálicas, com piso de plástico vazado e comedouros semi-automáticos, suspensas a 80 cm do chão, localizadas em prédio de alvenaria com pé-direito de 3,4 m, janelas laterais do tipo vitraux e três ventiladores para controlar o arejamento interno. Durante as fases de crescimento e terminação, foram instalados em baias (2,0 x 1,0 m) com divisórias metálicas, piso cimentado e comedouros para abastecimento diário, em galpão de alvenaria com pé-direito de 3,0 m, providos de janelas laterais do tipo basculante.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2 x 2, combinandose duas dietas (D) e dois níveis protéicos (NP). As dietas foram a base de milho pré-gelatinizado e farelo de soja: com produto lácteo (CPL) e sem produto lácteo (SPL). A inclusão de produtos lácteos nas dietas foi: 25% na fase inicial-1 e 10% na fase inicial-2. Os níveis protéicos foram 18 e 15% de proteína bruta (PB).

Foram empregadas cinco repetições por tratamento, sendo a unidade experimental constituída de quatro animais (dois machos castrados e duas fêmeas).

As dietas apresentadas no Quadro 1 foram formuladas segundo NRC (1988) visto que ainda não encontrava- se editada a versão NRC (1998). Procurouse atender as exigências de energia metabolizável e dos principais aminoácidos. Os níveis calculados de aminoácidos superaram aqueles sugeridos na tabela referência, para as respectivas fases. Ração e água foram fornecidas à vontade, em comedouros semi-automáticos e bebedouros do tipo chupeta, respectivamente.

O palatabilizante empregado tratava-se de complexo lácteo, produto comercial, que continha em 90% de matéria seca: 15,16% PB, 3420 kcal kg-1 de energia metabolizável (valor estimado), 0,54% Ca, 0,39% P total e 0,12 P disponível. Os antibióticos adicionados nas dietas foram a oxitetraciclina na fase inicial-1 e fosfato de tilosina na fase inicial-2.

Avaliações do ganho de peso e do consumo de ração, quando os leitões receberam os tratamentos, ocorreram ao final das fases inicial-1 e inicial-2 compreendidas, respectivamente, dos 19 aos 40 e dos 41 aos 54 dias de idade, totalizando 35 dias de experimento.

Para acompanhamento do desempenho subseqüente, nas fases de crescimento (até os 50 kg) e terminação (até os 95 kg) a parcela original foi dividida em duas novas unidades experimentais, cada uma contendo dois animais, quando então foi considerada a variável sexo. Adotou-se o delineamento de blocos ao acaso, com cinco repetições, em esquema fatorial 2 x 2 x 2 (dietas x níveis protéicos x sexo). As exigências nutricionais foram atendidas com dietas padrão, à base de milho comum e farelo de soja. Além do ganho de peso diário e da conversão alimentar, foram avaliados o número de dias gastos para que os suínos atingissem o peso desejado ao final das respectivas fases.

As análises estatísticas dos dados obtidos foram realizadas através do pacote computacional SAS (1993) e as médias comparadas pelo teste F, conforme o modelo.

Yijk= m + Ai + Bj + ABij + Ck + eijk, sendo: Yijk : constante associada a todas observações; m : média geral; Ai : efeito da dieta i, sendo i = 1 e 2; Bj : efeito do nível protéico j, sendo j = 1 e 2; ABij : efeito da interação dos fatores i e j; Ck : efeito do bloco k, sendo k = 1, 2, ... e 5; eijk = erro aleatório associado a cada observação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do desempenho durante o período de creche são apresentados no Quadro 2.

Na fase inicial-1 não houve interação (P>0,05) da dieta (D) com o nível protéico (NP) sobre o ganho de peso, o consumo de ração e a conversão alimentar.

Isoladamente foram constatados efeitos dos fatores, destacando os benefícios da dieta com produtos lácteos (P<0,02) e do nível 18% PB (P<0,01) sobre o ganho de peso. Quanto à presença de produtos lácteos (CPL) ficou caracterizado melhora no valor nutricional da dieta com a inclusão dos 25%. A resposta favorável ao NP de 18%, pode ter decorrido do melhor ajuste na relação entre aminoácidos, já que foram suplementados apenas lisina e metionina.

A ausência de diferenças entre tratamentos no consumo de ração e a melhora da conversão alimentar (P<0,01) observada para NP de 18% confirmaram a hipótese de que o teor de proteína pode afetar o desempenho (HARRISON et al., 1989; BRUDEVOLD e SOULTHERN, 1994; TRINDADE NETO et al., 1994).

Quadro 1.
Composição centesimal das dietas experimentais

Inicial 14: 19 – 40 dias de idade

Inicial 24: 41 - 54 dias de idade

Ingrediente (%)

CPL-18

SPL–18

CPL–15

SPL- 15

CPL–18

SPL–18

CPL-15

SPL–15

Milho pré-gelatinizado1

50,81

63,15

58,12

70,37

62,69

68,00

70,24

75,46

Farelo de soja1

15,50

27,00

7,82

19,33

24,50

28,68

16,60

20,80

Leite em pó1

15,00

-

15,00

-

5,00

-

5,00

-

Soro de leite1

10,00

-

10,00

-

5,00

-

5,00

-

Palatabilizante1

6,00

6,00

6,00

6,00

-

-

-

-

Fosfato bicálcico1

1,20

1,80

1,34

2,00

1,43

1,68

1,49

1,93

Calcário calcítico1

0,44

0,62

0,42

0,63

0,47

0,55

0,50

0,47

L-lisina HCl

0,264

0,424

0,523

0,684

0,100

0,169

0,365

0,420

Suplemento vitamínico2

0,40

0,40

0,40

0,40

0,40

0,40

0,40

0,40

Suplemento mineral3

0,10

0,10

0,10

0,10

0,10

0,10

0,10

0,10

Sulfato de neomicina

0,03

0,03

0,03

0,03

-

-

-

-

Antibiótico

0,04

0,04

0,04

0,04

0,10

0,10

0,10

0,10

Sal

0,20

0,30

0,14

0,30

0,20

0,30

0,20

0,30

Óleo de soja

0,014

0,016

0,009

0,015

0,013

0,016

0,012

0,016

DL –Metionina

-

-

0,058

0,102

-

-

-

-

Composição calculada

En. Metabolizável Kcal kg-1

3239

3244

3244

3240

3254

3250

3252

3253

Proteína bruta (%)

18,00

18,01

15,00

15,00

18,02

18,04

15,00

15,00

Cálcio (%)

0,80

0,80

0,80

0,80

0,70

0,70

0,71

0,70

Fósforo total (%)

0,65

0,65

0,65

0,65

0,62

0,62

0,62

0,63

Fósforo disponível (%)

0,40

0,40

0,40

0,40

0,40

0,40

0,40

0,40

Lisina (%)

1,25

1,25

1,25

1,25

1,10

1,11

1,10

1,10

Metionina + cistina (%)

0,63

0,61

0,60

0,60

0,63

0,62

0,55

0,54

Triptofano (%)

0,23

0,23

0,18

0,18

0,24

0,24

0,19

0,19

Treonina (%)

0,78

0,64

0,63

0,54

0,72

0,68

0,61

0,57

1 - Análises realizadas no Laboratório de Bromatologia do CNAA-IZ.
2 - Quantidade kg-1 de suplemento: A 2.250.000 UI, vit. D3 450.000 UI, vit. E 4.500mg, vit. K3 400mg, vit. B1 350mg, vit. B2 1000mg, vit. B6 350mg, vit. B12 4500mcg, Niacina 7500mg, Ác. Pantotênico 4000mg, Ác. Fólico 100mg, Biotina 25mg, Colina 75.000mg, Promotor de Crescimento 19.000mg, Antibiótico 16.500mg e Antioxidante 25.000mg.
3 - Quantidade kg-1 de suplemento: Fe 80.000mg, Cu 12.000mg, Mn 70.000mg, Zn 100.000mg, I 1000mg, Se 120mg.
4 - Dietas: CPL-18= com produtos lácteos e 18%PB, SPL-18= sem produtos lácteos e 18%PB, CPL-15= com produtos lácteos e 15% PB, SPL-15= sem produtos lácteos e 15% PB

Na fase inicial-2, houve interação de D e NP (P<0,01) sobre o ganho de peso e os piores resultados ocorreram dentro das dietas sem produtos lácteos (SPL) principalmente no nível de 15% de PB. Não houve diferenças significativas entre os níveis protéicos dentro das dietas com produtos lácteos (CPL). Os resultados sugerem que as dietas com maior digestibilidade, obtidas com a inclusão de produtos lácteos, são fundamentais para que as exigências nutricionais do leitão sejam atendidas. Nítidas diferenças no desempenho foram observadas por LEPINE et al. (1991) e TOKACH et al. (1995) quando asseguraram a devida inclusão de produtos lácteos em dietas para leitões desmamados na terceira semana de idade. Com relação as características da dieta, o NRC (1998) também destacou a importância da relação entre os aminoácidos essenciais.

Quadro 2.
Desempenho dos leitões, segundo o tipo de dieta e nível protéico1

Fase inicial-1 (19 a 40 dias de

Fase inicial-2 (41 a 54 dias de

Período total (19 a 54 dias de

idade)

idade)

idade)

Nível

Dieta

Média

CV

Dieta

Média

CV

Dieta

Média

CV

protéico
(%)

CPL

SPL

%

CPL

SPL

%

CPL

SPL

%

Ganho de peso (g dia-1

)

18

321,2

297,0

309,1A

613,0Aa

594,4Aa

603,7A

438,2Aa

415,8Aa

427,0A

15

276,0

232,0

254,3B

616,8Aa

506,8Bb

561,8B

430,4Aa

342,2Bb

386,3B

Média

298,6a

264,8b

614,9a

550,6b

434,3a

379,0b

CV (%)

9,9

5,3

7,3

Consumo de ração (g dia

-1)

18

437,0

409,2

423,1A

895,8

830,2

863,0A

620,4

577,4

598,9A

15

410,4

370,2

390,3A

895,8

770,4

833,1A

629,6

530,2

579,9A

Média

423,7a

389,7a

895,8a

800,3a

625,0a

553,8b

CV (%)

9,7

9,8

9,6

Conversão alimentar

18

1,36

1,38

1,37A

1,46

1,39

1,43A

1,36

1,36

1,36A

15

1,49

1,59

1,54B

1,45

1,52

1,49A

1,40

1,52

1,46B

Média

1,43a

1,49a

1,46a

1,46a

1,38a

1,44a

6,6

CV (%)

4,6

7,9

1. Médias seguidas por letras distintas, maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas, diferem entre si pelo Teste F (P<0,05).

Não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos nas demais características, o maior consumo (12%) das dietas CPL e a melhora em 4% na conversão alimentar no NP de 18% podem ter contribuído para estabelecer a diferença observada no ganho de peso.

 

Quadro 3.
Desempenho médio dos suínos nas fases de crescimento e terminação:
efeitos subseqüentes aos tratamentos fornecidos no período de creche1

Itens

Dieta

Nível protéico (%)

Sexo

CV

CPL

SPL

18

15

Macho

Fêmea

%

Crescimento

Ganho de peso – g dia-1

875,2a

832,4b

874,7a

832,9b

877,3a

830,2b

8,4

Consumo de ração- g dia-1

1768,3a

1713,3a

1790,8a

1690,8b

1790,3a

1691,3b

8,3

Conversão alimentar

2,02a

2,06a

2,05a

2,03a

2,04a

2,04a

4,2

Peso final – fase de crescimento – kg

53,4a

51,4a

52,9a

51,8a

52,9a

51,9a

3,0

Número de dias gastos até 50 kg

33,8A

37,6B

33,5A

37,9B

34,6a

36,8a

11,1

Terminação

Ganho de peso –g dia-1

874,1a

861,0a

867,6a

867,3a

965,1A

769,7B

10,1

Consumo de ração - g dia-1

2591,7a

2574,7a

2600,4a

2566,0a

2842,0A

2324,4B

10,2

Conversão alimentar

2,98a

2,96a

2,97a

2,96a

2,92a

3,02a

6,1

Peso final – fase de terminação – kg

95,5a

95,6a

95,5a

95,5a

95,3a

95,7a

0,4

Número de dias em terminação

48,8a

52,5b

50,0a

51,3a

44,8A

56,5B

10,9

Idade à terminação2

140,3A

146,1B

141,3a

145,2b

137,0A

149,5B

4,3

1. Médias seguidas de letras distintas, maiúsculas ou minúsculas na mesma linha, diferem entre si pelo Teste F (P<0,01)
e (P<0,06) respectivamente.
2. Número médio de dias do nascimento à terminação.

Assim como ocorreu na fase inicial-1, ficou caracterizado o melhor desempenho dos leitões que consumiram as dietas CPL e com NP de 18%.

Avaliando-se o período total de permanência dos leitões na unidade de creche (35 dias) no qual foram fornecidos os tratamentos experimentais, o pior ganho de peso (P<0,03) ocorreu na dieta SPL com o nível 15% de PB, confirmando a observação feita para a fase inicial-1 e 2.

Verificaram-se distintos efeitos para ganho de peso, com melhores resultados (P<0,01) para os leitões que receberam as dietas CPL e o nível protéico de 18%. Na avaliação conjunta das fases iniciais, o maior consumo de ração (P<0,05) se deu com as dietas CPL, sem efeito do nível protéico. Quanto à conversão alimentar, não houve diferença (P>0,05) entre as dietas, enquanto os leitões submetidos ao NP de 18% mostraram- se mais eficientes (P<0,01) na utilização dos nutrientes dietéticos, provavelmente, devido ao melhor ajuste entre os aminoácidos essenciais. Os resultados das fases consideradas confirmaram aqueles obtidos por LEPINE et al. (1991) e TOKACH et al. (1995), quando sugeriram que o nível de inclusão de produtos lácteos nas dietas iniciais, poderiam implicar em efeitos benéficos nas fases subsequentes (crescimento e terminação).

A avaliação subseqüente aos tratamentos aplicados a fase de creche, encontra-se no Quadro 3. O melhor ganho de peso observado para os suínos que anteriormente consumiram dietas CPL e o NP de 18% na fase inicial-1 prolongou-se até os 50 kg de peso vivo (P<0,06). Ainda que não constasse como um dos fatores do modelo estatístico proposto, a separação de sexo durante as fases de crescimento e terminação permitiu a observação de que os machos castrados tiveram maior ganho de peso (P<0,05) e consumo de ração (P<0,04) que as fêmeas. Embora, não tenha havido efeitos significativos de dieta, nível protéico e sexo na conversão alimentar, os reflexos positivos (residuais) dos tratamentos puderam ser observados no número de dias gastos até 50 kg (P<0,01).

Os efeitos residuais dos tratamentos aplicados nas fases de creche, não foram confirmados (P>0,05) nas variáveis ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar dos suínos, durante a fase de terminação.

Verificou-se efeito de sexo (P<0,01) sobre o ganho e consumo, com melhores resultados para machos castrados.

Não obstante, quanto ao número de dias em terminação, os suínos que haviam consumido a dieta CPL foram mais eficientes (P<0,01) comparados aos que receberam a dieta SPL. Para a variável sexo a diferença média (P<0,01) foi de onze dias em favor dos machos castrados.

Quando foi determinada a idade dos suínos à terminação, constatou-se a maior eficiência dos animais que receberam a dieta CPL (P<0,01) e o NP 18% (P<0,06) nas fases inicial-1 e 2 de creche. Os suínos alimentados com dietas CPL e NP 18% atingiram o peso esperado em menos seis e quatro dias, respectivamente, comparados aos alimentados com dietas SPL e NP 15%. As respectivas diferenças, corresponderam à economia média, aproximada, de 17 e 11 kg de ração por animal.

Considerações adicionais devem ser dadas às características de dietas destinadas as fases iniciais de crescimento do leitão desmamado na terceira semana de vida. Com base na literatura consultada (LEPINE et al., 1991; MAHAN e NEWTON, 1993; TOKACH et al., 1995) o nível de inclusão dos produtos lácteos e o nível protéico da dieta fornecida aos leitões no período de creche, podem determinar a eficiência de utilização dos nutrientes, com implicações à terminação. Nesse sentido, alguns estudos anteriores apresentariam resultados menos satisfatórios, visto a baixa inclusão de produtos lácteos; a exemplo de BERTO et al. (1997) e CARVALHO (1998) que ao utilizarem dietas contendo 10 a 15% de produtos lácteos, não detectaram efeitos dos tratamentos iniciais das fases de creche, nas etapas seguintes do desempenho dos suínos.

Os resultados obtidos confirmaram as observações de TOKACH et al. (1995) quando incluíram, respectivamente, 40 e 20% de produtos lácteos nas fases inicial- 1 e 2 de creche e constataram os benefícios à terminação.

Em função das respostas, os autores sugeriram avaliar o impacto individual ou conjunto dos ingredientes na viabilidade econômica dos tipos de dieta, no subseqüente desempenho até a terminação.

Revisando o assunto, pôde-se observar que grande parte dos estudos de nutrição e alimentação com leitões, nas fases de creche, desconsideram o desempenho subseqüente até a terminação. Entretanto, constatou- se que ao longo do tempo de desenvolvimento, o acumulado das insignificantes diferenças (sob o critério estatístico) no ganho de peso, permitiu expressiva redução no número de dias gastos para o suíno atingir o peso estipulado no abate. Enfatizando o aproveitamento do potencial genético do suíno, SCHINCKEL e LANGE (1996) destacaram a importância da correta avaliação do desempenho durante crescimento, visto que o significativo aumento de massa muscular destaca- se a partir do nascimento até 45 a 65 kg de peso vivo.

Portanto, em níveis satisfatórios, a inclusão dos produtos lácteos nas dietas iniciais 1 e 2 favorecem o desempenho dos leitões após o desmame e os benefícios podem ser evidenciados à terminação. Já, o uso do milho pré-gelatinizado como principal fonte energética nas dietas fareladas apresenta resultados aquém dos observados quando emprega-se o milho comum nas dietas de leitões de mesma procedência genética (TRINDADE NETO et al., 2003).

CONCLUSÕES

Nos níveis empregados, a presença de produtos lácteos e o teor 18% de proteína bruta são os mais indicados em dietas de milho pré-gelatinizado e farelo de soja para leitões desmamados aos 19 dias de idade.

No aspecto produtividade, a idade à terminação é uma importante variável na avaliação econômica das dietas fornecidas no período de creche.

Sendo a alimentação o mais importante componente no custo final do suíno ao abate, a diferença das idades na terminação e o correspondente consumo de ração, determinarão a melhor alternativa dietética nas fases de creche.

AGRADECIMENTOS

À FAPESP pela concessão de Auxílio a Pesquisa para realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Messias Alves Da Trindade Neto2*; Hacy Pinto Barbosa3; Izabel Marin Petelincar3; Eliana Aparecida Schammass4
messiasn[arroba]usp.br

1. Recebido para publicação em 03/01/03. Aceito para publicação em 14/04/03.
2. Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ,USP, Campus de Pirassununga, Rua Duque de Caxias Norte, 225, CEP 13630-000, Pirassununga,SP, Brasil. 3. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Instituto de Zootecnia, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Caixa Postal 60, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP.
4. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Genética e Reprodução Animal, Unidade Laboratorial de referência de metodologias aplicadas à pesquisa, Instituto de Zootecnia, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Caixa postal 60, CEP 13.460-000, Nova Odessa, SP.



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