Custos hospitalares com crianças e adolescentes vítimas de traumatismos no Estado de Pernambuco em 1999



1. Resumo

Avaliou-se os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações hospitalares de crianças e adolescentes, vítimas de traumatismos no estado de Pernambuco, no ano de 1999. Utilizou-se o banco de dados do Sistema de Informações Hospitalares do DATASUS, construído a partir das informações contidas nas Autorizações de Internação Hospitalar (AIH). Foram registradas 9.220 internações por causas externas a um custo de R$ 3.659.558,62, sendo 7.807 por traumatismos (84,7%). O custo médio no estado de Pernambuco nesse ano, para as internações por todos os diagnósticos na faixa etária de 0 a 19 anos, foi de R$ 306,49. Quando se computou apenas os traumatismos o custo médio passou para R$ 370,66. Os maiores gastos ocorreram com os traumatismos intracranianos e as fraturas de membros superiores e inferiores.

Descritores: Traumatismo; Custos Hospitalares; Fraturas.

2. Introdução

O trauma é a causa mais freqüente de morte em pessoas com menos de 44 anos de idade. Representa hoje, um dos principais problemas de saúde pública tanto para os países ricos como para os pobres. Além de provocar forte impacto sobre as taxas de morbimortalidade, apresenta importantes repercussões econômicas. O custo do trauma à comunidade inclui além dos gastos diretos com o tratamento, os custos indiretos com a perda da produtividade, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes pela maior expectativa de vida(5,11).

Os traumatismos custam anualmente $ 425 bilhões de dólares aos americanos(4). Na América Latina, estima-se que os custos econômicos anuais de mortes e invalidez resultado de atos violentos representem aproximadamente 20% dos gastos totais de cada país com a saúde(13).

É difícil avaliar por completo o seu verdadeiro impacto econômico. Afora os custos médicos do tratamento e reabilitação da vítima, estão envolvidos habitualmente gastos com os sistemas judiciário e penal, os custos sociais com a queda de produtividade, além de perdas materiais decorrentes dos agravos(9). Mesmo em países ricos, o aumento da demanda de serviços por essas vítimas, ao lado da maior complexidade do atendimento ao paciente com trauma - muitas vezes envolvendo tecnologia complexa - está provocando a desativação de centros de trauma pela importante elevação dos custos(2). A Organização Panamericana da Saúde (OPAS, ) relata que os casos de trauma chegam a consumir entre 8 a 10% do orçamento de cada hospital que mantém pronto-socorro. No Brasil, com o fenômeno do incremento da violência, os casos de traumas vem apresentando um importante aumento. Deslandes et al.(4), detectaram um aumento de 69% nos gastos federais para o atendimento de vítimas de violência na região metropolitana do Rio de Janeiro entre os anos de 1991 e 1993. Assim, apesar de elevados, ainda não são bem conhecidos os custos acarretados com os eventos violentos.

A obtenção de dados econômicos associados com os traumatismos apresenta importantes razões, como a identificação precisa do seu impacto, incluindo um maior poder de sensibilização das lideranças políticas, do que os próprios dados epidemiológicos. A segunda, é servir como parâmetro para avaliação das intervenções postas em prática no combate à violência.

Considerando a importância do tema bem como o fato de o estado de Pernambuco, figurar com destaqueno panorama da violência nacional com importante crescimento da mortalidade por causas externas nos grupos etários mais jovens(1), foi objetivo desse estudo verificar os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) neste estado com os internamentos de crianças e adolescentes por traumas no ano de 1999.


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