Como criar um hospital livre de cigarros

Enviado por R. Laranjeira


 

UNITERMOS: Hospital. Política antifumo. Implementação. Organização.

KEY WORDS: Hospital. Anti-smoking policies. Implementation. Organization.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o fumo cause cerca de 3 milhões de mortes por ano no mundo todo1. Se a tendência atual for mantida, no ano 2020 cerca de 10 milhões de pessoas morrerão por causa do cigarro. Esse aumento de mortalidade ocorrerá principalmente nos países em desenvolvimento, em que a prevalência de tabagismo ainda está em ascensão. Estudo prospectivo realizado por mais de 40 anos com 35.000 médicos ingleses, recentemente publicado1, mostrou que metade dos fumantes morre de causas diretamente relacionadas ao cigarro. Fumantes que morreram entre os 35 e os 69 anos perderam, em média, 22 anos de vida. Mesmo os que sobreviveram, além dos 69 anos, perderam cerca de oito anos de vida por causa do cigarro.

Nos países em que o custo social do fumo foi bem avaliado, os dados mostraram-se alarmantes. Nos EUA, por exemplo, cada maço de cigarros vendido gera um custo de US$ 2 em cuidados com saúde. A cada ano, 70 bilhões de dólares — ou seja, 7% do orçamento norte-americano para a saúde — são gastos com o tratamento de doenças diretamente causadas pelo fumo.

Por tudo isso, o tabagismo vem sendo considerado a pior epidemia enfrentada pelos países desenvolvidos na atualidade. Desta forma, nos últimos vinte anos, um grande esforço tem sido feito para conter o uso de cigarros nesses países. Um marco importante nessa luta foi o relatório de 1988 do Surgeon General, dos EUA, que reuniu as evidências científicas então disponíveis caracterizando, definitivamente, a nicotina como uma substância psicoativa causadora de dependência. O mesmo relatório estabeleceu, também, o papel da nicotina como responsável pela manutenção do comportamento de fumar. Em relação às estratégias a serem utilizadas no combate ao tabagismo, esse relatório reconhece que não existe uma intervenção única para deter a epidemia. Ao contrário, a melhor estratégia de saúde pública resulta da combinação de ações, tais como: informação a respeito dos riscos do fumo e educação de saúde para mudar as atitudes das pessoas em relação ao cigarro, proibição da propaganda do cigarro e da venda a menores de idade, aumento dos impostos, restrições ao fumo nos lugares públicos, e criação de grupos de aconselhamento breve para os fumantes que não conseguem parar, mesmo após várias tentativas. Dentre as restrições ao uso de cigarros, a proibição nas escolas e hospitais deve ser prioritária.

O hospital é um ambiente privilegiado, em relação ao fumo, por vários motivos: 1) é um ambiente de trabalho em que muitas pessoas passam várias horas por dia; 2) é um local em que a população tem contato com os profissionais de saúde e onde deveria ter acesso a informações sobre os riscos do fumo; 3) é um local em que os profissionais de saúde deveriam servir como modelos de comportamentos saudáveis, não fumando. A importância dos médicos como modelos tem sido bem explorada nos países desenvolvidos. Desde o início das campanhas contra o fumo, no começo dos anos sessentas, ficou claro o papel desses profissionais como modelos de saúde e catalisadores de mudanças sociais. O decréscimo no número de médicos fumantes antecipou e serviu de exemplo para a população geral. Na década de 50, cerca de 60% dos médicos fumavam, nos EUA e na Inglaterra; atualmente, somente 5-10% o fazem. No Brasil, parece já existir uma tendência de os médicos fumarem menos. Infelizmente, outros profissionais de saúde — como os enfermeiros — não parecem estar acompanhando essa diminuição de consumo.

Alguns hospitais no Brasil têm tido a preocupação de restringir os locais onde o fumo é permitido, muito embora as técnicas desenvolvidas para a implementação de políticas locais tenham sofrido de excessiva improvisação. Existe, portanto, a necessidade de identificarmos, na literatura internacional, quais as melhores estratégias a serem usadas para o desenvolvimento de uma política efetiva nos hospitais.

 


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