O corpo do conhecimento médico vem crescendo exponencialmente ao longo das últimas décadas, o que torna a boa prática da medicina um exercício cada vez mais difícil devido à constante necessidade de avaliar o que vale a pena continuar fazendo para o bem de nossos pacientes. Várias novas idéias surgiram com o objetivo de ajudar a organizar o conhecimento médico: "medicina baseada em evidências", "revisão sistemática da literatura", "educação médica continuada". Além disso, os meios eletrônicos facilitaram muito o acesso à informação, criando a sensação de que existe um mundo de novas informações e que o médico não tem tempo para atualizar-se.
No entanto, nenhum profissional isoladamente consegue fazer uma revisão consistente da literatura de todos os assuntos da sua prática clínica devido à dificuldade de tempo e muitas vezes de conhecimento. Nesse sentido, as associações médicas têm um papel fundamental em auxiliar seus afiliados com revisões sistemáticas da literatura que auxiliem o clínico a organizar-se frente a essa avalanche de informações. Nos últimos anos temos vistos vários consensos surgirem na literatura internacional. No nosso meio, recentemente a Associação Médica Brasileira (AMB) considerou a criação de consensos como uma das suas mais importantes metas para a nova gestão.
O Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria optou por começar pela Síndrome de Abstinência do Álcool, pois considerou-se que é um assunto no qual na prática clínica ainda não existe uma homogeneidade de procedimentos aqui no Brasil, muito embora a literatura internacional aponte para uma quase unanimidade sobre o que fazer e principalmente sobre o que não fazer.
Devido à falta de experiência sobre esse tipo de atividades tentamos ser o mais cuidadosos possível e para tanto adotamos a seguinte estratégia: em primeiro lugar foram identificados os profissionais com maior experiência clínica e científica em dependência química. Tentou-se buscar a melhor distribuição possível entre as diferentes regiões do Brasil. Foi feita uma revisão da literatura por meio da Medline e pedido para que alguns dos participantes fizessem um resumo crítico de algumas partes do consenso. Durante um final de semana inteiro esses profissionais reuniram-se e discutiram a melhor forma de produzir o consenso. Após extensa discussão foi formada uma comissão encarregada de fazer o texto final. Esse texto foi enviado para cada um dos participantes para a aprovação final.
O objetivo agora, após a publicação na Revista Brasileira de Psiquiatria, é divulgar esse consenso o máximo possível. Temos a intenção de que esse texto possa estar a disposição de todos os clínicos brasileiros que tenham a possibilidade de tratar alguém com a síndrome de abstinência do álcool.
Ronaldo Laranjeira
Coordenador do consenso
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