Comportamento do feijoeiro em cultivo consorciado com milho em sistema de plantio direto

Enviado por Orivaldo Arf


RESUMO

O consórcio de culturas é prática comum na maioria das pequenas propriedades no Brasil e parte do milho e do feijão produzidos são provenientes de cultivos em consórcio.

O trabalho foi desenvolvido durante dois anos agrícolas, objetivando avaliar a eficiência do feijão em consórcio com milho, utilizando diferentes populações de plantas em relação ao monocultivo. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com quatro repetições. O consórcio interferiu em todas as características agronômicas do feijoeiro, das quais a mais afetada foi o número de vagens planta-1 e as menos afetadas o número de grãos vagem-1 e a massa de 100 grãos. A população de 125.000 plantas ha-1 de feijão produziu mais na menor população de milho (30.000 plantas ha-1), já a população de 250.000 plantas ha-1 de feijão resistiu mais ao consórcio e se desenvolveu bem nas duas populações de milho (30.000 e 50.000 plantas ha-1).

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., Zea mays L., populações de plantas, cultivares.

ABSTRACT

Common bean performance in intercropping corn - common bean in no tillage system. Intercropping is a common practice in the majority of the small farms in Brazil. Most of corn and common bean are cropped in intercropping system.

This study was developed during two years in order to evaluate the productive efficiency of intercropping corn - common bean, using different populations of plants in relation to monocropping system. A randomized complete block design with four replications was used.

Intercropping influenced all agronomic characteristics of common bean, mainly the number of pods plant-1. The characteristics less affected were the number of grains pod-1 and the weight of 100 grains. The population of 125,000 common bean plants ha-1 produced more in the smaller population of corn (30,000 plants ha-1). However, the population of 250,000 common bean plants ha-1 fitted better to intercropping and it developed well in the two populations of corn plants (30,000 and 50,000 plants ha-1).

Key words: Phaseolus vulgaris L., Zea mays L., plant population, cultivars.

Introdução

A maior parte da produção de alimentos básicos é oriunda de pequenas propriedades, por isso é importante a introdução de técnicas de baixo custo, objetivando o aumento do rendimento. Nesse contexto, o consórcio de culturas pode transformarse em uma prática de grande expressão para a agricultura de subsistência (Raposo, 1995). Entendese por consórcio de culturas o sistema de cultivo em que a semeadura de duas ou mais espécies é realizada em uma mesma área, de modo que uma das culturas conviva com a outra, em todo ou em pelo menos em parte do seu ciclo (Portes e Silva, 1996).

O consórcio de culturas é prática generalizada em boa parte das pequenas propriedades do Brasil, em especial por produtores que buscam, com esse sistema, a redução dos riscos de perdas, o melhor aproveitamento da sua propriedade e maior retorno econômico, além de constituir alternativa altamente viável para aumentar a oferta de alimentos (Andrade et al., 2001). De acordo com Flesch (1988), o consórcio feijão e milho é o mais comum dentre as diferentes associações e, por isso, merece atenção especial por parte dos pesquisadores no sentido de se buscar estratégias para melhoria da eficiência desse sistema de cultivo. No cultivo consorciado, as espécies normalmente diferem em altura e em distribuição das folhas no espaço, entre outras características morfológicas, que podem levar as plantas a competir por energia luminosa, água e nutrientes. A divisão da radiação solar incidente sobre as plantas, em um sistema consorciado, será determinada pela altura das plantas e pela eficiência de intercepção e absorção. O sombreamento causado pela cultura mais alta reduz tanto a quantidade de radiação solar à cultura mais baixa como a sua área foliar. Uma vez que a radiação afeta o desenvolvimento da cultura de menor porte, a escolha do melhor arranjo e da época de semeadura é crucial no desempenho do sistema, ou seja, na maximização da produção (Flesch, 2002).

O feijoeiro caracteriza-se por ser uma leguminosa de metabolismo fotossintético C3, ou seja, mostra-se menos eficiente na fixação do CO2 em relação ao milho, que é uma gramínea e, apresenta metabolismo fotossintético C4. O sucesso desse consórcio está basicamente nas diferenças apresentadas por ambas quanto às exigências e tolerâncias. Nesse sistema, nota-se, uma competição entre a gramínea e a leguminosa, principalmente em relação à luz, já que a leguminosa apresenta porte bem mais baixo que a gramínea (Vieira, 1999).

Quanto à população de plantas mais adequada ao consórcio, há controvérsias, porém, grande parte dos trabalhos destaca que os maiores rendimentos têm sido obtidos utilizando-se praticamente as mesmas populações, onde, cita-se, para a época das águas, populações de 40.000 e 120.000 plantas ha-1 para milho e feijão, respectivamente, e para época da seca, 60.000 plantas ha-1 para o milho e 240.000 plantas ha- 1 para o feijão (Vieira, 1999).

O feijão pode ser semeado simultaneamente com o milho, no início da estação chuvosa, ou quando o milho já está começando a secar. O procedimento menos comum é a semeadura do feijão antes do milho. O sistema consorciado de culturas geralmente é empregado por pequenos produtores, que contam com pouca terra, mão-de-obra abundante e pouco capital (Vieira, 1999).

O uso de espaçamento e de densidade correto constitui uma prática de baixo custo e de fácil entendimento por parte dos agricultores. No caso do sistema de plantio direto, observa-se o comportamento diferente de novos cultivares de feijão, principalmente no que se refere à população de plantas, onde estudos diversos mostram que a luz é o principal fator de competição entre plantas, durante a fase reprodutiva, sendo a característica de número de vagens a mais prejudicada devido à falta de luz. De modo geral, o espaçamento mais recomendado é o de 0,5m entre linhas com densidade de 10 a 15 sementes metro-1, independente do fenótipo da cultivar (Oliveira et al., 1999).

O trabalho teve como objetivo verificar a eficiência do feijoeiro em consórcio com dois cultivares de milho em diferentes populações de plantas em relação ao monocultivo em sistema de plantio direto.


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.