RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo estudar três espaçamentos entre fileiras (30, 40 e 50 cm) e três densidades de semeadura (100, 150 e 200 sementes viáveis/m2) quanto a fenologia da planta, os componentes da produção e a produtividade de grãos do arroz de sequeiro cv. IAC 201. Desta forma, foi instalado um experimento em condições de campo, em um Latossolo Vermelho escuro, epi-eutrófico, textura argilosa, em Selvíria, MS. A redução do espaçamento entre fileiras aumentou o número de colmos e de panículas. O aumento da densidade de semeadura reduziu o perfilhamento por planta. A densidade de 100 sementes/m2 é mais adequada para o cultivar IAC 201. Em cultivo de sequeiro sob alta precipitação e boa distribuição pluvial, o espaçamento de 30 cm entre fileiras de plantas, proporcionou maior produtividade de grãos do cultivar IAC 201 de arroz.
Palavras-chave: Oryza sativa, população de plantas, arranjo espacial de plantas
Yield Components Aad Grain Productivity of Dryland Rice in Relation to Row Spacing and Plant Population
ABSTRACT: A field experiment was carried out on a clayey Dark Red Latosol in Selvíria, MS, Brazil, to study the effect of three row spacings (30, 40 and 50 cm) and three seed densities (100, 150 and 200 viable seeds/m2) on rice grain yield, yield components and plant phenology. The increase in plant population decreased tillering. A population of 100 viable seeds/m2 is the most adequate for this cultivar. The number of stalks and heads increased with the reduction of row spacing. In dry lands, with sufficient water, the 30 cm row spacing promoted the maximum grain yield.
Key words: Oryza sativa, plant population, spatial distribution of plant
O Brasil é o país que apresenta a maior área cultivada com arroz de sequeiro, com uma produtividade média nos últimos cinco anos de aproximadamente 1.500 kg/ha.
A produção anual de arroz cultivado sob sistema de sequeiro é oscilante, principalmente em razão da irregularidade de distribuição das precipitações pluviais e de práticas culturais inadequadas.
Na maioria das regiões brasileiras, o arroz produzido sob condições de sequeiro é cultivado em áreas sob cobertura anterior de cerrado, e em grande parte para abertura de novas áreas agrícolas, situadas em solos pobres em nutrientes e com baixa capacidade de retenção de água, ou ainda, utilizado na implantação ou reforma de pastagens, com a finalidade de redução dos custos das mesmas. Em muitas dessas regiões, o risco de perda de produtividade é bastante acentuado, devido a ocorrência de períodos de estiagem durante a estação chuvosa, denominados veranicos.
Os pesquisadores têm desenvolvido programas de melhoramento de arroz visando a obtenção de novos cultivares, com ênfase à resistência à seca, à brusone, ao acamamento e à qualidade de grãos, e outros atributos agronômicos necessários a uma produtividade razoável e estável.
Dentro deste contexto, o cultivar IAC 201 constitui-se uma opção de cultivo, por apresentar grãos tipo agulhinha e ciclo curto (115 dias), podendo, dentro em breve, motivar a retomada do cultivo de arroz de sequeiro no Estado de São Paulo, tanto em condições de sequeiro, quanto sob irrigação por aspersão (São Paulo, 1992).
Entre as técnicas culturais que afetam a produtividade do arroz, estão o espaçamento entre fileiras e a densidade de semeadura. Estas governam, em grande parte, a competição por nutrientes, água, luz, CO2 e outros fatores da produção (Andrade et al., 1971). Existe um número ideal de plantas que possibilita a obtenção da produtividade máxima. Um número de plantas abaixo do ideal pode favorecer o desenvolvimento de plantas daninhas, além de incrementar o surgimento de perfilhos improdutivos (Galstal, 1974; Soares et al., 1979). O aumento da população de plantas, provoca competição por nutrientes, água, luz e CO2, resultando em decréscimo de produção por planta (Andrade et al., 1971). Já, uma população excessiva de plantas acarreta rápido esgotamento das reservas de água do solo por evapotranspiração, causa o auto sombreamento, com consequente atraso no perfilhamento, na absorção de nitrogênio, acamamento e redução de matéria seca (Yoshida, 1977). Em boas condições de desenvolvimento da planta, a redução do espaçamento entre linhas tende a aumentar o acamamento e consequentemente, reduzir a produtividade. Por outro lado, o aumento na densidade de semeadura tende a reduzir o número de grãos por panícula, evidenciando maior competição entre as plantas (Santos et al., 1986). Apesar de não verificarem diferença significativa de produtividade de grãos entre os espaçamentos de 30 e 40 cm, Vasconcelos & Almeida (1961) observaram que a redução do espaçamento entre fileiras provocou um alto índice de acamamento.
De um modo geral, as recomendações de espaçamento e densidade de semeadura para a cultura do arroz, sob o sistema de sequeiro, são de 100 a 200 sementes viáveis por metro quadrado, distribuídas em espaçamentos que variam de 40 a 60 cm (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 1976; Mendes, 1978; Casão Júnior, 1980; Fornasieri Filho, 1983; Sant'ana, 1989; Campos, 1991).
O espaçamento entre linhas é importante no balanço competitivo com as plantas daninhas, pois determina a velocidade e a intensidade do sombreamento provocado pela cultura (Yamagushi et al., 1976; Sarkar, 1979), auxiliando na eficiência das medidas de controle empregadas, pelo efeito supressivo no crescimento das plantas daninhas (Mercado & Lubigan, 1979; Kim & Moody, 1980).
Em função do exposto, pretendeu-se no presente trabalho estudar o efeito da variação do espaçamento entre fileiras e da densidade de semeadura, sobre os parâmetros fenológicos e produtivos do arroz, cultivar IAC 201, no sistema de cultivo de sequeiro.
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