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Resultados e Discussão

Constam da Tabela 2 o peso ao abate e peso vazio dos animais, os componentes não-carcaça e as equações lineares que descrevem a relação entre a idade de abate em dias com essas variáveis. O peso ao abate (Figura 1) e o peso vivo vazio elevaram-se linearmente com o aumento da idade de abate, mostrando que os animais apresentaram crescimento contínuo durante o período, com média de ganho diário em peso de 252 g no período total de confinamento. O ganho de peso diário pode ser considerado adequado para animais de raça de corte alimentados com dieta com elevada concentração energética e foram superiores aos de SIQUEIRA et al. (1998), para cordeiros Hampshire Down em confinamento, similares aos de MONTEIRO et al. (1998), para cordeiros mestiços Suffolk confinados, e inferiores aos de BUENO et al. (1998), para cordeiros Suffolk, em condições semelhantes ao deste estudo.

Os pesos do sangue, do couro, da cabeça, das patas, das vísceras, do conteúdo gastrintestinal, das vísceras vazias, do sistema digestivo vazio, do conjunto pulmão + traquéia + coração, dos rins, da gordura mesentérica, do fígado e da gordura perirenal apresentaram aumento linear com o aumento da idade de abate, devido ao incremento de peso vivo dos animais e, conseqüentemente, de seus componentes. Contudo, quando expressos como porcentagem do peso vivo ao abate, o sangue, a cabeça, as patas, as vísceras cheias e o conteúdo gastrintestinal mostraram diminuição linear; a pele, a gordura perirenal e a gordura mesentérica, aumento linear; e as vísceras vazias, o sistema digestivo vazio, o pulmão-traqueia-coração, os rins e o fígado não se modificaram com o aumento da idade de abate. Estudo realizado por FARIA et al. (1997) com cordeiros Corriedale criados em pastagem e abatidos entre 100 e 150 dias mostrou diminuição das porcentagens de cabeça, patas, coração-pulmão-traquéia, fígado e rins, aumento na porcentagem do couro e não-alteração na porcentagem de vísceras totais (cheias), com o aumento da idade de abate, o que discorda deste estudo. O aumento das porcentagens de gordura mesentérica e perirenal, com o aumento da idade dos animais, está de acordo com WOOD et al. (1980) e mostra-se indesejável do ponto de vista comercial.

Na Tabela 3 são apresentados o rendimento de carcaça, de seus cortes e seus componentes e as equações lineares que descrevem a relação entre a idade de abate, em dias, com estas variáveis. Pode-se observar que houve aumento linear do peso das carcaças quente e fria, de seus cortes e componentes, denotando o acréscimo de tecidos nas carcaças, devido ao aumento de peso vivo dos animais.

Tabela 2 - Idades, pesos de abate e componentes não-carcaça de cordeiros Suffolk (média±desvio-padrão),
equações de regressão e coeficientes de determinação (R2), de acordo com a idade de abate (X).
Table 2 - Age and weight at slaughter and non-carcass components of Suffolk lambs, (means ± standard deviation),
regression equation and coefficient of determination (R2) in function of the slaughter age (X)

.Componentes do peso vivo
Live weight components

Idade (dias)
Age (days)

Regressão
Regression

R2

(Y)

90

130

170

Idade média ao abate (dias)

87,6±9,7

133,3±11,42

172,9±20,3

-

-

Average age at slaughter (days)

Peso vivo ao abate (kg)

20,2±4,3

32,7±2,5

40,9±4,4

Y=0,91+0,233X

0,91**

Live weight at slaughter (kg)

Peso vivo vazio (kg)

17,0±4,0

27,4±2,2

35,4±3,8

Y=-1,07+0,211X

0,93**

Empty live weight (kg)

Sangue (kg)

1,1±0,24

1,6±0,17

1,9±0,18

Y=0,48+0,0076X

0,53**

Blood (kg)

Sangue (%)1

5,2±0,54

4,7±0,35

4,4±0,86

Y=6,10-0,013X

0,30**

Blood (%)

Pele (kg)

2,1±0,77

3,8±0,48

4,8±0,78

Y=-0,53+0,032X

0,80**

Skin (kg)

Pele (%)1

9,9±1,51

11,6±1,01

11,7±1,24

Y=8,41+0,022X

0,27**

Skin (%)

Cabeça (kg)

1,3±0,22

1,8±0,14

2,1±0,2

Y=0,48+0,0095X

0,84**

Head (kg)

Cabeça (%)1

6,3±0,38

5,5±0,26

5,1±0,27

Y=7,27-0,013X

0,65**

Head (%)

Patas (kg)

0,65±0,12

0,87±0,09

1,06±0,14

Y=0,23+0,0048X

0,77**

Legs (kg)

Patas (%)1

3,25±0,28

2,65±0,21

2,59±0,23

Y=3,69-0,0069X

0,41**

Legs (%)

Vísceras cheias (kg)

6,09±1,12

9,78±0,92

11,43±1,12

Y=1,64+0,058X

0,76**

Full viscera (kg)

Vísceras cheias (%)1

30,35±2,38

29,91±1,91

28,07±2,28

Y=33,86-0,033X

0,22**

Full viscera (%)

Conteúdo gastrintestinal (kg)

3,22±0,56

5,36±0,74

5,51±0,95

Y=1,98+0,022X

0,36**

Gastrointestinal content (kg)

Conteúdo gastrintestinal (%)1

16,21±2,64

16,37±1,97

13,62±2,89

Y=20,83-0,039X

0,24**

Gastrointestinal content (%)

Vísceras vazias (kg)

2,86±0,7

4,42±0,4

5,93±0,96

Y=-0,33+0,036X

0,90**

Empty viscera (kg)

Vísceras vazias (%)1

14,14±1,02

13,53±0,85

14,45±1,47

-

0,04ns

Empty viscera (%)

Sistema digestivo vazio (kg)

1,96±0,45

3,05±0,3

4,03±0,58

Y=-0,15+0,024X

0,90**

Empty digestive tract (kg)

Sistema digestivo vazio (%)1

9,68±0,81

9,32±0,68

9,85±0,84

-

0,02ns

Empty digestive tract (%)

Pulmão-traquéia-coração (kg)

0,54±018

0,80±0,11

1,13±0,45

Y=-0,21+0,0077X

0,61**

Lungs-trachea-heart (kg)

Pulmão-traquéia-coração (%)1

2,63±0,31

2,44±0,31

2,73±0,97

-

0,05ns

Lungs-trachea-heart (%)

Rins (g)

81,3±32,3

124,1±12,2

144,9 ± 20,2

Y=21,2+0,71X

0,64**

Kidney (g)

Rins (%)1

0,372±0,061

0,371±0,034

0,35±0,041

-

0,06ns

Kidney (%)

Gordura mesentérica (g)

75,1±44,2

214,1±100,1

331,3±81,2

Y=-193,1+3,2X

0,57**

Mesenteric fat (g)

Gordura mesentérica (%)1

0,27±0,18

0,62±0,25

0,81±0,20

Y=-0,22+0,0061X

0,41**

Mesenteric fat (%)

Fígado (Liver), g

372,1±91,1

581,2±61,1

762±112,0

Y=187,1+4,2X

0,75**

Fígado (Liver), %1

1,84±0,31

1,78±0,138

1,87±0,28

-

0,01ns

Gordura perirenal (g)

81,2±53,4

181,1±51,2

240,1±51,3

Y= -6,66 + 1,8X

0,58**

Perirenal fat (g)

Gordura perirenal (%)1

0,37±0,22

0,55±0,14

0,59±0,10

Y=0,173+0,0026X

0,24**

Perirenal fat (%)

** (P<0,01), ns (P>0,05).1 Porcentagem do peso vivo ao abate (Percentage of slaughter weight).

Os rendimentos quente, frio ou comercial e verdadeiro aumentaram linearmente com o aumento do idade de abate, devido à diminuição das porcentagens de alguns componentes não-carcaça: sangue, cabeça, patas, vísceras e conteúdo gastrintestinal. CARVALHO et al. (1980) e LLOYD et al. (1980) também observaram elevação do rendimento de carcaça com o aumento de peso de abate dos animais. Os rendimentos frios (comercial) encontrados neste estudo para os animais mais erados foram superiores aos encontrados por SANTOS et al. (1998), para cordeiros mestiços Suffolk abatidos ao redor de 150 dias de idade, e por CUNHA et al. (1998), para cordeiros mestiços Ile de France com esta mesma idade. O aumento do rendimento de carcaça em animais mais erados, apesar de favorável comercialmente, leva à produção de carcaças com maior teor de gordura, que é confirmado pela correlação positiva entre rendimento de carcaça fria e porcentagem de gordura na carcaça (r=0,60), o que concorda com SOLOMON et al. (1980).

Os cortes da carcaça, quando expressos em porcentagem da carcaça fria, mostraram variações decorrentes do aumento da idade dos animais. Foi observado diminuição do traseiro, aumento do costilhar e não-alteração no dianteiro, mostrando que o aumento da idade de abate leva à diminuição da parte mais nobre da carcaça, o traseiro.

A separação física dos componentes (tecidos) das carcaças mostrou que o aumento da idade de abate de cordeiros Suffolk levou à diminuição linear da porcentagem de ossos e acréscimo de gordura, sem alterar a de músculos. Isso mostra que a elevação da maturidade dos animais, determinado pelo aumento de sua idade de abate, modifica a composição tecidual das carcaças, o que concorda inteiramente com TAYLOR (1985) e BASS et al. (1990). As porcentagens de músculo deste estudo foram similares, a de ossos, superiores e as de gordura, inferiores às encontradas por LATIF e OWENS (1980) para cordeiros mestiços Suffolk abatidos com 36 kg. A porcentagem de gordura na carcaça, mesmo para os animais mais pesados, foram menores que as citadas por BASS et al. (1990) e WOOD et al. (1980).

A perda por oreio (Tabela 3) apresentou relação significativa inversa com a idade de abate dos animais e correlação negativa com o peso de carcaça fria (r = -0,68), evidenciando que animais mais velhos apresentam menor perda de peso da carcaça fria por desidratação que os mais jovens. A cobertura de gordura das carcaças e seu estado de engraxamento exercem proteção contra as perdas por desidratação das carcaças frias (OSÓRIO et al., 1997), sendo evidenciado pelas correlações negativas entre esta variável e nota de cobertura de gordura (r = -0,64), espessura da gordura subcutânea (r = -0,55) e porcentagem de gordura na carcaça (r = -0,53).

As medidas de carcaça, comprimento interno, profundidade torácica, comprimento e circunferência da perna e largura da garupa mostraram relação linear positiva com a idade de abate. A profundidade do tórax apresentou o melhor valor de coeficiente de determinação com a idade de abate (R2= 0,77) e, de forma semelhante ao comprimento interno, coeficientes de correlação com o peso de carcaça fria mais elevados (r=0,88) que os das demais medidas de carcaça, os quais podem ser utilizados para estimar o peso de carcaça com maior precisão. EL KARIM et al. (1988) mostraram que a profundidade do tórax é a medida que melhor se correlaciona com o peso de carcaça. O comprimento interno da carcaça pode ser utilizado como indicador de características de carcaça, pois mostrou elevada correlação com a porcentagem de traseiro (r = -0,80), porcentagem de costilhar (r = 0,77), porcentagem de ossos (r = -0,73), peso dos ossos (r = 0,84), peso dos músculos (r = 0,89), porcentagem de gordura (r= 0,70), peso da gordura (r = 0,79), espessura da gordura subcutânea (r = 0,72), compacidade (r = 0,81) e nota para cobertura de gordura (r = 0,81), o que concorda com WOOD et al. (1980), ao afirmarem que o comprimento interno da carcaça é bom indicador de peso e características de carcaças. A profundidade do tórax também se mostrou boa indicadora de características de carcaça, pois apresentou correlação com a porcentagem de traseiro (r= -0,85), porcentagem de costilhar (r= 0,86), área de olho de lombo (r=0,71), espessura da gordura subcutânea (r= 0,78), nota para a cobertura de gordura (r= 0,87), porcentagem de ossos (r= -0,80), porcentagem de gordura (r = 0,76), peso de ossos (r = 0,79), peso de músculos (r = 0,89), peso de gordura (r = 0,81) e compacidade (r = 0,86).

Tabela 3 - Rendimento de carcaça, de seus cortes e de seus componentes (média ± desvio-padrão),
equações de regressão e coeficientes de determinação (R2), de acordo com a idade de abate de cordeiros (X).
Table 3 - Carcass yield, cuts and components carcass yields (means ± standard deviation),
regression equations and coefficients of determination (R2), in function of the slaughter age of lambs (X)

Componentes da carcaça
Carcass component

Idade (dias)
Age (days)

Regressão
Regression

R2

(Y)

90

130

170

Carcaça quente (kg)

9,28±2,02

15,07±1,27

20,14±2,58

Y=-1,41+0,124x

0,94**

Warm carcass (kg)

Rendimento quente (%)

44,92±1,48

45,59±1,54

48,16±1,9

Y=40,67+0,041x

0,43**

Warm carcass yield (%)

Carcaça fria (kg)

8,47±2,06

14,09±1,30

18,82±2,63

Y=-1,76+0,119x

0,92**

Cold carcass (kg)

Rendimento frio (%)

41,76±1,91

43,04±1,58

45,92±1,87

Y=36,66+0,051x

0,54**

Cold carcass yield (%)

Rendimento verdadeiro (%)

49,83±1,28

51,47±1,27

53,16±0,97

Y=46,67+0,036x

0,52**

True carcass yield (%)

Dianteiro (kg)1

1,67±0,45

2,74±0,31

3,59±0,49

Y=-0,209+0,0220X

0,87**

Forequarter (kg)

Dianteiro (%)1

38,88±1,30

39,37±1,25

38,75±1,05

-

0,01ns

Forequarter (%)

Traseiro (kg)1

2,18±0,52

3,31±0,285

4,32±0,57

Y=0,064+0,024X

0,87**

Hindquarter (kg)

Traseiro (%)1

50,85±1,39

47,63±1,20

46,66±1,28

Y=54,38-0,047X

0,60**

Hindquanrter (%)

Costilhar (kg)1

0,45±0,14

0,91±0,11

1,35±0,19

Y=-0,42+0,010X

0,91**

Ribs (kg)

Costilhar (%)1

10,27±0,79

13,01±0,91

14,59±1,03

Y=6,74+0,046X

0,70**

Ribs (%)

Osso total (kg)1

1,20±0,24

1,57±0,19

1,80±0,16

Y=0,63+0,0069X

0,62**

Total bone (kg)

Osso total (%)1

29,57±3,47

22,89±1,82

19,71±1,35

Y=36,38-0,099X

0,71**

Total bone (%)

Músculo total (kg)1

2,60±0,56

4,23±0,378

5,56±0,63

Y=-0,22+0,0332X

0,91**

Total muscle (kg)

Músculo total (%)1

61,32±3,12

61,08±2,16

60,47±2,88

-

0,04ns

Total muscle (%)

Gordura total (kg)1

0,47±0,36

1,13±0,2501

1,85±0,45

Y=-0,94+0,016X

0,90**

Total fat (kg)

Gordura total (%)1

10,11±4,72

16,23±2,91

19,82±2,81

Y=0,69+0,1123X

0,60**

Total fat (%)

Perda por oreio (%)

7,6±1,0

6,0±0,8

4,9±0,5

Y=10,29-0,032X

0,35**

Cold storage losses (%)

1 Na meia-carcaça fria, **-(P<0,01), ns- (P>0,05).
1 In the half cold carcass.

A área de olho de lombo apresentou aumento linear positivo com a idade de abate (Tabela 4) e correlação positiva com o peso da carcaça fria (r=0,78). Isso mostra que o aumento do peso vivo do animal leva a incremento desta variável, a qual apresentou pequena correlação com a porcentagem de músculos da carcaça (r = -0,21), porém mostrou valor mais elevado de correlação com o peso dos músculos da carcaça (r = 0,79), mostrando que esta variável pode predizer a quantidade, e não a porcentagem de músculos na carcaça.

Tabela 4 - Medidas de carcaça de cordeiros, pH, equações de regressão e coeficientes de determinação (R2),
de acordo com idade de abate (X).
Table 4 - Lamb carcass measures, pH, regression equations and coefficients of determination (R2)
in function of the slaughter age (X)

Medidas de carcaça
Carcass measures

Idade (dias)
Age (days)

Regressão
Regression

R2

(Y)

90

130

170

Nota cobertura de gordura

0,50±0,43

2,13±0,46

2,81±0,75

Y=-1,8+0,028X

0,76**

Fat covering grade

Olho de lombo (cm2)

9,2±1,64

12,3±1,33

14,8±1,96

Y=4,3+0,060X

0,62**

Longissimus muscle area (cm2)

Gordura subcutânea (mm)

0,3±0,26

1,4±0,68

2,9±0,92

Y=-2,0+0,026X

0,69**

Subcutaneous fat (mm)

Comprimento interno (cm)

50,8±2,43

57,9±2,04

60,9±2,53

Y=42,4+0,111X

0,71**

Internal length (cm)

Profundidade tórax (cm)

26,9±2,3

32,2±1,27

34,5±1,07

Y=20,4+0,084X

0,77**

Thorax depth (cm)

Comprimento da perna (cm)

32,1±2,4

36,1±2,2

37,1±2,2

Y=28,9+0,049X

0,30**

Leg length (cm)

Largura da garupa (cm)

15,6±0,74

19,7±1,7

21,3±1,8

Y=11,1+0,060X

0,60**

Rump width (cm)

Circunferência da perna (cm)

32,9±2,8

37,9±5,6

42,1±1,5

Y=25,4+0,093X

0,31*

Leg circumference (cm)

Compacidade (kg/cm)

0,17±0,04

0,24±0,02

0,31±0,04

Y=0,023+0,0017X

0,90**

Compactness (kg/cm)

6,67±0,17

6,57±0,15

6,48±0,12

Y=6,86-0,00211X

0,35*

pH0

5,94±0,09

5,82±0,16

5,78±0,17

Y=6,09-0,00194X

0,32**

pH48

** (P<0,01), *(P<0,05).

Na Tabela 4 observa-se que a espessura da gordura subcutânea mostrou aumento linear positivo com a idade de abate e denota que o aumento da maturidade dos animais levou a incremento desta variável, o que concorda com TAYLOR et al. (1985), e apresentou correlação positiva com o porcentagem de gordura da carcaça (r = 0,78), o peso de gordura na carcaça (r = 0,84) e o peso de músculos na carcaça fria (r = 0,81) e correlação negativa com a porcentagem de ossos (r = -078), o que corrobora os achados de SAINS (1996) e denota sua utilidade para caracterizar carcaças.

A nota para a cobertura de gordura das carcaças mostrou acréscimo linear positivo com o aumento da idade de abate de cordeiros e correlação positiva com o peso da carcaça fria (r = 0,90). Apresentou também correlações positivas com a espessura de gordura subcutânea (r = 0,86) e a porcentagem (r = 0,88) e quantidade de gordura na carcaça (r = 0,90), indicando que pode ser utilizada para caracterizar as carcaças quanto à sua deposição de gordura.

A compacidade das carcaças mostrou acréscimo linear positivo com a idade de abate e correlação positiva com o peso da carcaça fria (r= 0,99), denotando que o aumento da idade de abate e, conseqüentemente, do peso da carcaça leva à maior deposição de tecidos por unidade de comprimento. Esta variável mostrou correlação positiva com a porcentagem de gordura das carcaças (r= 0,84) e negativa com a porcentagem de ossos (r= -0,84), evidenciando que o aumento do peso de tecidos por unidade de comprimento decorreu de maior deposição de gordura. Os valores observados para os animais de idade intermediária foram semelhantes ao de BUENO et al. (1998) para cordeiros Suffolk confinados alimentados com diferentes volumosos.

Os valores de pH das carcaças no momento do abate (pH0) e na carcaça fria (pH48) mostraram decréscimo linear com o aumento da idade de abate dos animais, denotando, provavelmente, maior reserva de glicogênio nos animais mais velhos. A queda dos valores de pH observados foram adequados para o processo de maturação das carcaças e similares aos de LEMOS NETO et al. (1998) para cordeiros mestiços terminados em confinamento.

Conclusões

A idade de abate de cordeiros Suffolk determina as proporções da maioria dos componentes não-carcaça, o rendimento e as características de carcaça, principalmente o seu teor de gordura e proporção de ossos.

O comprimento interno e a profundidade do tórax podem estimar o peso e algumas características de carcaças.

A nota para a cobertura de gordura é bom indicador de porcentagem de gordura das carcaças.

A idade de abate de cordeiros da raça Suffolk criados intensivamente para produzir carcaças com peso adequado ao consumidor da região Centro-Sul do Brasil situa-se entre 110 e 130 dias. Essas carcaças possuem boa proporção de músculos, teor moderado de gordura e cobertura de gordura adequada para amenizar sua desidratação na armazenagem a frio.

Agradecimento

Aos funcionários de apoio à pesquisa científica e tecnológica Paulo Pereira dos Santos, Onofre Martins, José Sperch, José Aparecido de Oliveira, Pedro Joaquim da Silva e Olinda Aparecida de Oliveira Costa, pela valiosa colaboração na excecução deste trabalho.

Referências Bibliografias

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Mauro Sartori Bueno /2, Eduardo Antonio da Cunha /3, Luiz Eduardo dos Santos /2, Domingos Sanchez Roda /3, Frederico Fontoura Leinz /4
msbueno[arroba]iz.sp.gov.br; cunha[arroba]iz.sp.gov.br; lesantos[arroba]iz.sp.gov.br
A publicação dos textos técnicos disponíveis na WEB de autoria dos pesquisadores da área de ovinocultura, Drs. Luiz Eduardo dos Santos, Eduardo Antonio da Cunha e Mauro Sartori Bueno, está liberada desde que na forma integra, sem alterações e tendo claramente citados os autores e a instituição (Instituto de Zootecnia - Nova Odessa (SP) / APTA / SAA.)

1. Parcialmente financiado pela FAPESP (95/04020-6).
2. Pesquisador Científico, Instituto de Zootecnia - Centro de Nutrição e Alimentação Animal, CP 60, CEP 13460-000, Nova Odessa-SP. Fone: (0xx19)466-9400. E.mail:
msbueno[arroba]izsp.br
3. Pesquisador Científico, Instituto de Zootecnia - Centro de Etologia, Ambiência e Manejo. E.mail:
ceam[arroba]izsp.br
4. Pesquisador Científico, Instituto de Zootecnia - Núcleo de Pesquisa Zootécnica do Sudoeste, Itapetininga, SP.



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