5.5.3 Patrimônio Artístico Cultural
Há uma grande variedade cultural e artística que tem como pontos fortes as danças típicas (boi-de-mamão e pau-de-fita), as festas religiosas (Festa do Divino e Festa da Cruz), os trabalhos artesanais (cerâmicas, pinturas, renda de bilro e balaios), a gastronomia típica (pirão, risoto, utilizações dos frutos do mar), a maricultura e os locais de exposição (Feira das Alfaias e Casa Açoriana)
A Casa Açoriana, conforme relatos, reforça a cultura pois o seu proprietário, o Janga, busca o resgate de eventos como a Festa do Divino, o pau-de-fita, o boi-de-mamão, além de aspectos pitorescos da cultura local.
A Feira das Alfaias - evento que ocorre semanalmente nas tardes de Sábado -é percebida como uma grande oportunidade para os artesões exporem sua produção. No entanto, ultimamente grandes discussões tem ocorrido em torno da sua organização, regulamentação, limitação de expositores e trabalhos a serem expostos (acredita-se que somente trabalhos que manifestem a cultura local devam ser expostos).
Em relação aos eventos e danças típicas, há uma percepção de que apesar da comunidade mantê-los há pouco incentivo e divulgação ao visitante.
A gastronomia hoje é o maior atrativo da localidade e é visto como manifestação cultural, ao ponto que por meio da mesma a comunidade demonstra a sua herança gastronômica, como são os frutos a base de frutos do mar.
A maricultura também é um elemento do turismo, que o visitante tem o interesse em conhecer os ranchos, o processo de criação e consumir os frutos do mar.
Ocorrem questionamentos sobre a carência de uma interpretação da influencia dos primeiros comerciantes, que eram turcos, libaneses. Além do fato da Farra do Boi ser proibida apesar de característica da Ilha.
De uma forma geral, observa-se que a cultura tem o papel de dar a cidadania à comunidade, a partir do momento em que a mesma se vê refletida nas obras e manifestações despertando para os seus valores.
5.6 A Percepção da Utilização do Patrimônio como Fonte de Renda
Para a SETUR, a percepção da possibilidade de uso dos patrimônios histórico, artístico, cultural e natural surgiu a partir da implementação da lei de tombamento do patrimônio histórico e da criação das Áreas de Preservação Permanente.
Já sob a ótica do IPUF, a percepção do uso do patrimônio como fonte de renda surgiu a partir da reablitação, restauração e recuperação dos mesmos para a sua utilização como ponto de visitação e geração de renda tornando-se então referências de preservação da comunidade(ex: Casarão dos Andrade).
A percepção da utilização do patrimônio, conforme relatos, veio em paralelo à transformação de Florianópolis em roteiro turístico e da demonstração de interesse pelo turista. Segundo relatos, o público que vem ao município vem direcionado para as praias no entanto, havendo então a necessidade de criação de alternativas, o interesse por conhecer o artesanato e cultura local. Vale, portanto, lembrar o argumento de Silveira 1 de que ".... os fluxos do turismo mundial apontam seu crescimento em direção daqueles países que possuem recursos naturais e culturais em abundância."
Santo Antônio de Lisboa é uma das comunidades pioneiras nessa percepção e os artesões estão satisfeitos com o resultado e retorno da feira. A utilização do patrimônio é uma forma inteligente de explorar o espaço natural e o construído e manter a memória e atratividade.
No caso da Casa Açoriana, o local onde é situado o estabelecimento era uma ruína que após recuperado - na década de 80- o proprietário/artista decidiu utilizar como um espaço para expor a produção artística local. Era sabido que utilizando algo original - no caso a construção - seria possível obter a atratividade.
Segundo Janga - idealizador da Casa Açoriana -, a comunidade que até então não percebia a atratividade das casas antigas passou a reformar e preservar o patrimônio histórico. E desde então, através do trabalho e desenvolvimento de seu empreendimento, a comunidade passou à ter outra consciência: a de que o progresso não depende da destruição da história e de seu patrimônio.
Na localidade de Santo Antônio, a comunidade mantêm o referencial cultural desde criança e ao crescer passa à ter um retorno financeiro com a sua produção. O grande diferencial da produção artística popular, complementa Janga, é que nela ocorre a manifestação de pessoas com menor poder aquisitivo e as pessoas de renda superior dão o valor simbólico daquela produção, gerando assim o ciclo de desenvolvimento econômico e cultural.
Todavia, ainda há a associação de arte, cultura e museus à um lugar formal. Portanto, a proposta de trabalho da Casa Açoriana e da Feira das Alfaias é a de trazer ao visitante um local onde é possível observar a arte de forma descontraída. Ainda podemos apresentar o argumento de que a união de manifestações artísticas e culturais unidas ao patrimônio histórico - conforme descrições - tem um glamour próprio, e, a união do rústico ao sofisticado apresenta uma "aura" diferente.
As manifestações culturais, no entanto, nessa comunidade durante os anos 80 também tiveram a utilização ampliada como meio de reivindicação dos interesses comunitários, como exemplo o boi-de-mamão.
O Casarão e Engenho dos Andrade, declarou Claúdio Andrade, foi idealizado a partir da observação do crescente número de pessoas que interessadas por tirar fotos, ver e conhecer o engenho de perto. A partir de então percebeu-se que se preservado aquele poderia ser um atrativo turístico.
A atividade de maricultura, que surgiu através do estudo da Universidade Federal de Santa Catarina de viabilidade como alternativa econômica, hoje desperta o interesse de visitantes para conhecer o processo de cultivo, utilização e degustação.
Os restaurantes fazem uso do patrimônio gastronômico existente - pirão, risoto, camarão ao bafo - e da herança cultural. Os estabelecimentos de gastronomia fazem uso também do patrimônio natural e históricos, ao ponto que grande parte está situada ou em casarões históricos ou à beira-mar contando com a paisagem privilegiada da baía sul e do pôr-do-sol. Todavia percebe-se a incoerência de alguns empreendedores.
A Marina Mesquita, surgiu depois que a rampa instalada para uso pessoal do seu proprietário, e, despertou o interesse por demais para a utilização da estrutura.
De uma forma geral, observa-se que percepção do uso do patrimônio como fonte de renda acontece quando o morador do local percebe que o turista tem interesse pelas características do local, além de buscar alternativas para gastar seu tempo e recursos.
Conforme a declaração do empreendedor Cid Mesquita, "Os nativos fazem uso da sua herança cultural como fonte de renda."
5.7 O Comprometimento do Patrimônio X o Retorno de Investimentos
De uma maneira geral, há a crença de que comprometimento dos patrimônios histórico, artístico cultural e natural prejudica o retorno de investimentos pois o local e descaracteriza-se e passa a perder a sua atratividade. Podemos acrescentar à essa visão, o argumento de Ferraz (1992) de que o turismo origina-se da vontade de conhecer locais e culturas diferentes.
Com a poluição das águas a atividade de maricultura estará comprometida tendendo à extinção, consequentemente a atividade gastronômica sofrerá com redução da demanda. Se os restaurantes, que hoje são considerados o maior atrativo de visitantes, deixam de ter movimento então a visitação e observação de atrativos históricos ou artísticos é diminuída. Por outro lado, se os patrimônios histórico ou artístico cultural são prejudicados, então a localidade passa a perder suas características e atratividade ao visitante.
Percebe-se, no entanto, que há uma incoerência dos empreendedores que não tem a visão de que o comprometimento à Longo Prazo pode prejudicar a atividade turística. Como exemplo, podemos citar o caso do empreendedor que crê que a única atratividade do local é a gastronomia, e, portanto a presença ou não do patrimônio preservado não afeta o seu desenvolvimento do seu negócio. Não havendo então diferença alguma na demolição de paredes históricas que interferem no seu terreno.
Logo, é válido lembrar a opinião de Mc Intosh (apud ANGELI, 1996), que argumenta que a não preservação do patrimônio pode sim afetar o interesse do público, de maneira à dificultar o retorno de investimentos financeiros.
Na comunidade há a apreensão quanto ao pouco poder de fiscalização e da dificuldade de avaliar os benefícios e malefícios que os novos empreendimentos podem trazer para a localidade.
No entanto, devido à importância da geração de empregos e renda. há de existir o maior comprometimento dos empreendedores para com o local e constante atenção comunitária para com a preservação do seu patrimônio.
5.8 O Processo de Ocupação do Espaço
O processo de ocupação ocorreu gradativamente e foi historicamente importante, afirmou Jeanine Tavares. Santo Antônio de Lisboa foi uma das primeiras comunidades da Ilha e a sua Casa da Alfândega já foi a mais importante do município pois era a primeira e de melhor qualidade de atracamento. A qualidade da água também era muito boa.
Hoje, a visão predominante é de que a ocupação do território é controlada devido à dificuldade em construir, conseqüente do controle e zelo da comunidade pelo seguimento da lei . Porém, há quem acredite que o processo venha ocorrendo de forma desordenada pois não existem parâmetros, além da consciência sobre poluição e suas conseqüências ainda serem novidade.
Aqueles que defendem que haja a ocupação ordenada do espaço, expõe que devido à diversos fatores - tais como a luta contra a proposta da prefeitura de instalar o aterro sanitário no bairro e o Iate Clube de Santa Catarina que objetivava instalar uma sede ao lado da área de preservação - a comunidade despertou para o fato da importância de preservar o ambiente. Após essa percepção, surgiu então a Associação de Moradores de Santo Antônio de Lisboa - a AMSAL-, que passou a lutar pela não descaracterização do local.
A união da Fundação Clara Manso de Avelar, que incentiva a preservação do patrimônio histórico, junto à AMSAL passou a ser bastante atuante de forma a coibir ações que prejudiquem o ambiente.
A Agenda 21, também é apontada como de grande relevância, pois acredita-se que por meio do seu conhecimento, até mesmo os pescadores passaram a ter maior interesse pela questão ambiental e denunciando mais freqüentemente a presença de trapiches não autorizados
O fato da Rodovia SC-401 não passar por dentro do bairro é apontado como mais um fator de proteção espaço.
A relevância da preocupação com o espaço deriva da fato que o local apresenta limitações geográficas que devem ser obedecidas para que ocorra o crescimento controlado. Hoje existem problemas como as situações não regulares de ocupação, as obras clandestinas e ocupações de áreas de encostas.
De acordo com informações da FLORAM- órgão fiscalizador do meio ambiente em Florianópolis - as obras clandestinas levam à degradação total do ambiente, da paisagem, podendo ocasionar deslizamentos, poluição dos cursos d’água, fim da vegetação, além da poluição pela geração de esgotos. A FLORAM manifesta-se ainda apresentando o fato de que qualquer ocupação de Áreas de Preservação Permanente (APP´s) traz impactos ambientais e consequentemente à comunidade.
Do ponto de vista do órgão gestor da atividade turística em Florianópolis - SETUR- o processo de ocupação legal do espaço somente valoriza o patrimônio. Porém, em contrapartida, o processo ilegal além de desvalorizar prejudica o ambiente.
Dentre os problemas observados no espaço terrestre destacam-se as construções na orla marítima, descaracterização da paisagem - um dos mais importantes elementos da atratividade pelo espaço conforme Rodrigues (1997), e que Santo Antônio é tão privilegiado pela heterogeneidade, segundo a classificação de Boullon (1985) - , a ausência de calçamento de ruas, ocupação irregular de terrenos, presença de loteamentos irregulares e acima de tudo a ausência da rede de esgoto e saneamento básico.
As construções na orla marítima, em geral, apresentam irregularidades tais como a construção de muros que não seguem o estabelecido por lei - que indica a construção de muros de até 1,30m de altura e compostos por elementos vazados - prejudicando a visibilidade da praia.
A poluição visual é verificada também ao longo da Rodovia SC-401 - portal de entrada do bairro - provocada por excesso de cartazes, e, em interferências na paisagem tal como o salão paroquial. Acredita-se que de uma forma geral, a ocupação do solo deve seguir a autenticidade da arquitetura local, uma vez que a arquitetura pode prejudicar a imagem que caracteriza o ambiente.
A preocupação maior manifestada pelos entrevistados, foi relacionada à instalação da rede de esgoto e saneamento público. A ausência de tal estrutura pode à curto ou médio prazo prejudicar a qualidade do ambiente e consequemente as atividade de maricultura, gastronomia, turística e acima de tudo qualidade de vida.
Para o território aquático, acredita-se na necessidade de regulamentação da utilização das águas para equilibrar a presença de marinas, esportes aquáticos, maricultura, transportes aquáticos, além da fiscalização para evitar a pesca predatória e o lançamento de esgoto no mar e rios.
Foi verificada uma preocupação relacionada à presença de marinas (acima de tudo àquela denominada Marina Marina) por haver uma certa dificuldade em coexistir com banhistas e pescadores, além da preocupação sobre o potencial de poluição gerado pelo combustível dos barcos.
De uma forma geral, observou-se a necessidade e anseio da população por uma maior fiscalização e elaboração imediata seguido da colocação em prática de um Plano Diretor atual e coerente com as necessidades do local.
A comunidade acredita que a fiscalização do município é pouco atuante, abrindo precedentes para obras irregulares.
Porém a FLORAM justifica que vem tentando fiscalizar priorizando as obras recentes, analisando os casos separadamente visando a preservação do local No entanto, a legislação que protege situações irregulares menos recentes, portanto, há maior dificuldade para agir nesses casos
Há a carência de um Plano Diretor coerente com as necessidades do Bairro. O mesmo é fundamental para crescimento econômico da localidade, uma vez que amarra os estabelecimentos gastronômicos, comerciais, coíbe as casas noturnas e caracteriza como área residencial. Há a esperança de que ao final da elaboração do novo Plano Diretor surjam novas leis, que incentivem a manutenção das características locais, sejam criadas e implementadas pois existe a necessidade de manter a atratividade do local.
De uma forma geral, a comunidade acredita que pelo fato de Santo Antônio ter se conscientizado sobre a necessidade da preservação antes do restante da Ilha, teve a possibilidade de crescer de forma ordenada e mantendo a qualidade de vida. Todavia, a preocupação com o espaço, sua ocupação e manutenção devem ser constantes para garantir o desenvolvimento de forma sustentada do espaço.
Percebe-se, portanto, a importância de melhor aproveitar as potencialidades espaciais de maneira à buscar o equilíbrio entre os espaços natural virgem, cultural e natural virgem com os espaços artificial (conseqüente da alteração pelo homem), real (que o homem capta) e vital (necessário à sobrevivência humana) - anteriormente citados por Boullon (1985). Logo, o homem deve ser mais racional para com a ocupação do espaço.
5.9 As Mudanças Geradas pelo Turismo na Natureza do Local
Conforme elementos da comunidade local, houveram mudanças ocorridas na natureza local, no entanto, não foram provocadas pelo turismo, mas sim pela mentalidade da comunidade que passou a buscar melhorias no saneamento, infra-estrutura, planejamento e investimento do setor público. Devido à influência e organização da AMSAL, os moradores passaram a ser mais observadores para com situações irregulares e prejudiciais ao ambiente.
Sob outra ótica, houve sim a mudança ocorrida pela descaracterização do local, provocada não pelo turismo mas pela especulação imobiliária gerada pela transformação do turista em residente. O novo residente veio com uma consciência diferente à existente na comunidade, construindo irregularmente, aterrando o mangue, impedindo a visão da praia e não entrando em harmonia com o ambiente.
De acordo com informações do IPUF, aparentemente a natureza do local, frente à atividade turística está sobre controle. Todavia existem os problemas conseqüentes pelo turismo gastronômico como o afluxo de veículos, congestionamento, problemas de saneamento e instalações sanitárias que geram conflitos e tensão social.
Em termos gerais a chegada do turismo modificou a natureza do local pois até então era um local pacato e houve o aumentou do fluxo de pessoas e o tráfego de automóveis. Em relação à natureza houve alteração pois ocorreu a poluição do meio ambiente a descaracterização, a poluição das praias e ruas, e não observância de que a capacidade de saneamento básico que a Ilha suporta o demandado
A preservação do espaço e paisagem deve ser objetivada pela sociedade pois, de acordo com Ribeiro; Barros (apud SERRANO; BRHUNS, 1997), estes são alguns dos valores mais apreciados na atividade.
5.10 Os Aspectos Positivos da Atividade
A SETUR percebe como os maiores benefícios gerados pelo turismo a geração de emprego e renda, a sustentabilidade do local e a preservação da identidade local.
Conforme o IPUF, a atividade turística traz benefícios se bem utilizada, tendo a participação comunitária (que é diretamente afetada). Logo, é necessário que se realize um turismo com mecanismos que assegurem a qualidade.
O IPUF complementa argumentando que as atividades de gastronomia, maricultura, artesanato tem divulgado a localidade e gerado a circulação de capital gerando empregos o ano todo. Porém, empresários argumentam que a atividade gera empregos de fato somente durante a alta temporada devido à sazonalidade.
Para os residentes, os benefícios são a geração de emprego, o aumento do fluxo de capital, o desenvolvimento econômico devido à residência do turista, a melhoria da qualidade de vida(aliado à diminuição da mortandade infantil, desnutrição e longevidade).
Há quem acrescente que os benefícios que a atividade turística traz a comunidade são imensuráveis. O fato de poder defender a cultura, ter o contato humano, o processo civilizatório, o intercâmbio de informações, convívio com diferentes pessoas, o retorno financeiro que passa a ser a fonte de renda (é a atividade de maior retorno financeiro atual), a prosperidade, o sustento, qualidade de vida, dignidade, salário justo que possibilita com que as pessoas adquiram seu imóvel são benefícios que agrupados, somente esta atividade pode oferecer.
A divulgação do local, dos trabalhos artísticos da produção local, o desenvolvimento da gastronomia e maricultura estão também entre os benefícios apresentados.
Os principais aspectos negativos da atividade turística apontados, foram a especulação imobiliária, a perda da identidade local com a vinda de novos agentes sociais e acima de tudo o turismo de massa - que Pelegrini (1993) indica como o grande responsável pela imagem da atividade como poluidora do ambiente.
Dentre outros aspectos negativos estão:
- a deterioração da qualidade de vida, através do stress gerado pelo aumento do fluxo de pessoas e automóveis, falta de educação e arrogância do visitante sem cultura turística e mudança no ritmo de vida do local
- deterioração dos patrimônios natural, artístico cultural e histórico por meio do turismo predatório, gerando desequilíbrio e degradação ambiental
- utilização do espaço sem infra-estrutura adequada, aumentando problemas existentes (limitação de estacionamento, trânsito mal definido, falta de saneamento)
- aumento da insegurança e perigo gerado pelo crescimento populacional na alta temporada.
Santo Antônio de Lisboa está localizado em uma posição estratégica pois é próximo ao centro de Florianópolis e passagem para as praias do Norte - onde há uma grande visitação de turistas e moradores com um bom poder aquisitivo.
Existe um grande potencial não aproveitado para o desenvolvimento do turismo rural, que deve ser incentivado através da utilização das áreas de pasto.
O turismo ecológico tem como grande oportunidade a utilização das Áreas de Preservação Permanente, sendo de grande importância a Reserva Ecológica dos Carijós que é residência de uma gama de espécies animais.
O turismo da terceira idade deve ser incentivado - porém precedido de uma melhoria na infra-estrutura receptiva. Além de que outras alternativas de turismo devem ser criadas.
Segundo residentes do local, para melhorar a localidade o número de restaurações deve ser aumentado - com um preço mais acessível, divulgação - para utilização dos espaços como Cafés, centros de exposição artística monitorados pela comunidade e espaços culturais como anfiteatros - que a comunidade tem reivindicado devido à carência dos mesmos no município.
Com a criação e desenvolvimento de uma marca e logotipo para a localidade, acredita-se que aumentar o potencial de lembrança aos visitantes e possíveis visitantes.
Segundo entrevistados, é necessário o esforço para se tornar um pólo gastronômico aliado à cultura para melhorar a comunidade como um todo.
No entanto, o local deve buscar o crescimento observando suas limitações ambientais tais como declives, vegetação, taxas de ocupação.
A Feira das Alfaias – feira que ocorre semanalmente com a exposição de trabalhos artesanais - é uma grande oportunidade aos artesões, de expor a sua produção para visitantes e até mesmo empresários de diferentes localidade. No entanto, tem ocorrido divergências de opiniões quanto ao seu gerenciamento. Os expositores não estão satisfeitos com responsabilidade de coordenação ser transferida à AMSAL, enquanto que a associação de moradores manifesta-se argumentando que a responsabilidade e até mesmo manifestação pelo início da feira são suas. Como o objetivo do evento é a valorização do artista local e da produção característica da Ilha, então os esforços atuais estão voltados à regulamentação, elaboração de banco de dados, regulamentação sobre os critérios para expor, limitação de crescimento. De forma à organizar e estabelecer parâmetros ao desenvolvimento desse evento tão importante à localidade. De acordo com a AMSAL, seria interessante a instalação de uma curadoria (seleção de trabalhos) para determinar o estilo de trabalhos que seria permitido expor. Deveria ocorrer a priorização do artista local.
A Fundação Clara Manso de Avelar objetiva lançar 1.um folder contendo o mapa da comunidade, dados históricos , calendário de eventos mensais 2 semana cultural de Santo Antônio de Lisboa com a concentração de artistas e escritores do local. Objetiva ainda, criar workshops voltados à cultura e incentivar o desfile de carros de bois com a participação de pessoas que fazem parte da história da comunidade de visando a continuidade cultural de forma espontânea, que segundo declarações de artesões e rendeira são justificadas por: " .... conter uma sabedoria que não deve ser perdida." Portanto, observando os efeitos potenciais de tais ações, acredita-se na importância de incentivo para tais iniciativas.
Observa-se ainda a importância da preocupação do ilhéu como visitante para evitar a sazonalidade em restaurantes e demais estabelecimentos.
A maricultura é uma das grandes oportunidades de negócio uma vez que existem uma série de incentivos, qualidade do local e potencial de crescimento do mercado.
Há uma série de discussões em torno da coexistência de marinas, pescadores, maricultores e banhistas. Portanto, percebe-se que é interessante a realização de estudos identificando as necessidades para a realização da atividade e o potencial de retorno e benefícios gerados pela atividade à Longo Prazo. É necessário a definição do uso da orla marítima.
Dentre as sugestões, surge ainda a oportunidade de instalação de centros de convenção ao longo da Ilha para descentralizar e distribuir a visitação
Por fim, há a necessidade de produção de informativos de orientação e educação do turista quanto ao respeito a cultura e ambiente local, assim como sobre os eventos que estão ocorrendo durante períodos.
São observados como pontos de maior criticidade e necessidade de atuação: 1. Saneamento básico pois pode poluir o lençol freático e prejudicar o local como um todo 2. os restaurantes - um dos mais importantes focos de visitação local -, que em sua maioria não dispõe de saneamento básico, destinação adequada dos resíduos (lixo), mão-de-obra local treinada e estacionamentos.
Quanto aos estacionamentos, verifica-se que na maioria casos os restaurantes não são dotados dos mesmos ou de um número suficiente de vagas. Consequentemente, os clientes e visitantes deixam seus carros nas calçadas e meio das ruas causando então problemas de fluxo de pedestres, automóveis, irritação dos moradores, conflito e tensão social
Outra deficiência apontada foi a cultural. Acredita-se na necessidade de alterar a forma como o turismo é interpretado pelos diferentes agentes sociais. Segundo sugestões do artista Claúdio Fernades, devem ocorrer mudanças na mentalidade da comunidade, no envolvimento do turista para com o local visitado e na percepção de que o a exploração do turismo é de responsabilidade do local. "Deve haver a consciência da necessidade de continuar a cultura popular".
Quanto à responsabilidade local, acredita-se que exista uma incoerência na percepção do empresário em relação ao seu papel na sociedade. Os empresários/ empreendedores devem despender maior preocupação no momento de sua instalação, observando questões como instalações adequadas e seguras que respeitem o patrimônio existente, a conscientização sobre a necessidade qualificar o pessoal e utilizar mão-de-obra local, evitar improvisos que prejudicam desde a ocupação de solos até a qualidade de serviços prestados, dentre outros.
Sob a ótica dos moradores de Santo Antônio, o visitante (latino, sul brasileiro) não tem cultura turística e não sabe respeitar. Questões como destinação do lixo e integração com a proposta da comunidade de preservação não são muito claras ao turista que faz um turismo exploratório e depredatório. Portanto deve acontecer um esforço maior para fazer com que haja envolvimento entre o turista e o local visitado. Florianópolis precisa definir o turista que é almejado e preparar-se para essa atividade de tão grande importância que é a grande alavancadora dos setores de comércio e serviços no município.
Segundo a SETUR, para melhorar a localidade deve-se ampliar o produto turístico, desenvolver as vias de acesso, incentivar a criação de atracadouros, dotar a localidade de equipamentos turísticos.
Para a comunidade local, deve haver preocupação com a sinalização indicando a rota turística, atenção ao fluxo de automóveis, colocação de placas indicando os pontos turísticos, aprimorar os serviços de restaurante através do aprimoramento de serviços (parcerias com entidades locais), investimento na maricultura popular, tratamento de esgoto, maior atuação da prefeitura, conscientização sobre a importância da feira e da pesca artesanal, preservação das ruínas, legalidade nas ações das autoridades.
A prefeitura do município deve investir na imagem da cidade como um todo e é interessante a criação de logomarca do local)
Conforme entrevistados , a associação de moradores assim como os representantes de demais grupos devem ter uma visão melhor do turismo.
Para melhorar Santo Antônio, o novo Plano Diretor deve ser aprovado e posto em prática imediatamente. Deve haver investimento em infra-estrutura e saneamento. Pois caso não ocorra um grande investimento em saneamento as atividades de maricultura e consequentemente a gastronomia, turismo e qualidade de vida local serão seriamente prejudicados.
Há um desentendimento entre nativos e novos residentes em torno do crescimento e desenvolvimento do bairro. Acredita-se que deva existir um crescimento acompanhado da preservação do antigo, no entanto, de forma a não tolir o desenvolvimento.
Por outro lado, conforme relatos, se existe algum estabelecimento que não está enquadrado com o ambiente e paisagem local, certamente este deve ser realocado para preservar a atratividade. Porém, não há necessidade de fechamento do estabelecimento uma vez que do mesmo muita pessoas dependem. Há quem creia que os bares que ocupam a orla marítima devam ser retirados pois os mesmos prejudicam o ambiente e a paisagem.
Acredita-se também que caso não sejam postos em prática os objetivos delineados na Agenda 21 Local acontecerá a autofagia. A ambição pode não dar às pessoas uma visão da necessidade de pensar à médio e longo prazo - principalmente nos investimentos. O turista quando vem à Florianópolis busca o contato com o natural. Portanto, se a comunidade passa a depredar o seu patrimônio, paralelamente passa a depredar a sua fonte
A comunidade solicita a instalação de um ponto de informações turísticas. Porém a AMSAL acredita que o trabalho de guia e fornecedor de informações turísticas é papel de todos do local.
A Ilha carece de uma identidade náutica para incrementar o seu Produto Turístico. Deve ocorrer a popularização do iatismo de forma a não restringir a atividade a poucos. Acredita-se que a marina descentraliza o esporte, e, tem poder de deslocar um maior número de visitantes para consumir no local.
Há um excesso de dificuldades para construir trapiches, porém eles são de uso público e podem ser úteis à pesca artesanal, lazer e atividade náutica. Deveria ocorrer uma legislação determinando padrões, áreas permitidas, regras a esse respeito e não somente a proibição. Com a presença de trapiches não haveria a necessidade de deslocamento dos barcos à praia
Finalmente, vale refletir com a seguinte declaração:
" A Ilha não tem para onde expandir!"
Na visão da Setur, o Estado deve promover o turismo como fonte geradora de emprego e renda, oferecendo equipamentos turísticos necessários ao desenvolvimento da atividade e preservando a imagem do local.
Para o IPUF, o Estado deve estabelecer metas claras à curto, médio e longo prazo através de parcerias das três esferas(federal, estadual e municipal) interagindo com os demais agentes (comunidade, instituições e empresariado ).
Do ponto de vista da comunidade governo deve destinar verba para divulgar e defender o produto nacional, investir em infra-estrutura. Dentre os anseios da população do local estão:
Antes de divulgar o município ou o local, deve acontecer o investimento infra-estrutura - definida por Trigo (et al) pelo conjunto de equipamentos e serviços turísticos, equipamentos e serviços de apoio, infra-estrutura de acesso e infra-estrutura básica urbana - que dê condições de uso para o desenvolvimento da atividade turística e incremento do produto turístico.
A prefeitura deve instalar imediatamente a rede de esgotos, pois caso contrário haverá o comprometimento do lençol freático.
O Estado deve perceber que o turismo é uma das poucas opções de investimento em uma indústria limpa (não poluente) e rentável.
Rodrigues (1997) nos lembra que a infra-estrutura é um dos elementos básicos nessa atividade.
O Estado deve gerenciar, planejando e efetivando o plano - atualmente denominado Plano de Desenvolvimento Integrado do Bairro de Santo Antônio de Lisboa.
Porém, deve existir a preocupação com aspectos práticos do planejamento. Segundo representantes do local, o atual Plano de Desenvolvimento na prática apresenta alguns entraves devido a sua lentidão. A desorganização existente é maior que o poder de atuação da fiscalização.
O Estado deve fiscalizar preocupando-se com dois aspectos:
Não há a percepção de que exista algum esforço do Estado em divulgar o município de Florianópolis, tampouco Santo Antônio de Lisboa.
Portanto, a opinião geral é de que os órgãos de turismo devem tomar maiores providências para facilitar e divulgar Florianópolis como roteiro turístico, investindo no turismo de maior renda, visando o fim da sazonalidade e divulgando não somente em praias como também os demais atrativos existentes.
É importante a realização de estudos para definir o público-alvo, visando pessoas de melhor poder aquisitivo.
Deve ocorrer o incentivo o turismo interno, em nível estadual e nacional devido a maior facilidade de acesso e à existência de interesse por pessoas de melhor poder aquisitivo.
Conforme sugestões, a SANTUR pode utilizar a imagem de pessoas conhecidas para divulgar Florianópolis no mercado externo. Dentre as citações, sugere-se a utilização da imagem do Guga (Gustavo Kuerten), que é um "produto local" de reconhecimento internacional que pode divulgar e gerar atratividade da Ilha de Santa Catarina tanto no mercado nacional como no internacional.
O país deve investir na divulgação do turismo como seu produto maior e de melhor potencial de enriquecimento.
Apesar de não percebida pela população local, a Setur- órgão gestor e articulador do turismo em Florianópolis - tem divulgado o município nos Estados vizinhos (Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais), e países tais como Argentina, Portugal e Espanha. Segundo informações deste órgão, verifica-se a dificuldade de captar o turista chileno devido à diversos fatores dentre eles a ausência de linhas áreas que interliguem o município de Florianópolis ao Chile.
Percebe-se na atuação da SETUR, uma coerência entre a área de divulgação com os estudos realizados pela OMT, que demonstram que cerca de 80% das viagens são de curta distância ou cinco horas - o que vem à indicar que o mercado-alvo deve ser o mais próximo ao destino.
Há comunidade não demonstra-se satisfeita em relação a este ponto.
Dentre as reclamações estão:
Há a necessidade de mudar a filosofia de explorar o turista e não o turismo.
O Estado deve criar normas e leis que se adaptem à realidade, e acima de tudo, assumir uma posição ética de forma a fazer com que a lei seja cumprida e de forma igual à todos "não fazendo vistas grossas". Segundo declarações: "A oligarquia que domina Santa Catarina é a grande causadora dos danos ambientais."
O governo deve normatizar para então arrecadar, foi a percepção predominante.
Dentre sugestões destaca-se a do empresário Ivan Sartorato, de delimitar horário de funcionamento dos estabelecimentos independentemente do interesse dos turistas.
Educar a população do local para desenvolver as bases de uma exploração saudável e sustentável
Fornecer materiais educativos ao turista que chega, para ambientá-lo com os valores e cultura local
Policiar e normatizar o estacionamento, educando e os motoristas sem necessidade de multar.
O Estado deve apoiar iniciativas como a Casa Açoriana, o Casarão dos Andrade, as manifestações culturais (danças e folguedos), a tradição do local.
Claúdio Andrade sugere que poderia existir um incentivo às pessoas que participam de grupos folclóricos, para que as mesmas não necessitem deixar os grupos em decorrência da necessidade financeira. Pois caso contrário, no futuro haverá a necessidade de "fabricar" grupos folclóricos
Sobre a atuação atual, há a manifestação de que apesar da Fundação Franklin Cascaes vir apoiando os cursos de arte e os professores o seu orçamento é bastante reduzido, havendo a necessidade de um programa mais consistente
O Estado, deve por fim oferecer incentivos à indústria local para o enriquecimento dos membros de sua comunidade.
5.15 Os Limites à Atividade Turística
Apesar da declaração da representante da Feira das Alfaias, Regina Seixas, de que: "...quanto mais turistas melhor, não existem limites ao turismo!" Percebe-se que a visão predominante é bastante diferente, e, que a sociedade acredita sim na necessidade de impor limitações à atividade turística para buscar um melhor desenvolvimento de forma a prolongar a vida útil do local e da própria atividade. Complementando usamos a posição de Pelegrini (1993) que aponta a necessidade de estudar as limitações para maximizar a utilização do potencial existente ou minimizar possíveis prejuízos.
Segundo a SETUR, devem ser estabelecidos limites ambientais, de preservação do patrimônio histórico, de interesse turístico e demográficos. Os limites demográficos referem-se ao incentivo do turismo qualitativo - em contrapartida ao turismo de massa, que é de baixo custo - que tem retorno financeiro similar as demais modalidades porém com menores desgastes ao ambiente. "É importante lembrar que a Ilha de Florianópolis possui limitações."
Conforme a Floram, os limites a comunidade que deve estabelecer e saber quais são pois eles devem acompanhar os interesses da comunidade.
Para a comunidade deve haver uma normatização para que a atividade turística obedeça às leis que não comprometam o ambiente preservando a possibilidade de ter uma fonte geradora de renda.
As sugestões sobre limitações são bastante abrangentes, destacam-se:
- A preocupação em não alterar a vida do local não utilizando áreas residenciais para o desenvolvimento da atividade.
- Não alterar o local para o turismo mantendo as suas características originais.
- Exigir respeito dos empreendedores para com a localidade que pretendem explorar.
- Deve existir um esforço para que visitantes e moradores preservem o local.
- Respeitas o turista evitando tabelas de preços abusivos.
- Evitar o turismo de massa, que é predatório e extremamente prejudicial ao ambiente.
- Limitar o número de turistas observando as características da Ilha de Santa Catarina e do bairro de Santo Antônio de Lisboa (ex: Fernando de Noronha, Ilha do Mel).
- Evitar o bairrismo permitindo o direito de ir e vir à todos.
- Criar o comprometimento do turista com o local, bem como o respeito da comunidade para com o turista.
- Disseminado o turismo em diversas regiões, descentralizando e evitando grandes concentrações populacional.
- Fiscalização ostensiva de ruídos - realizada pela FLORAM - para não gerar transtornos ao meio.
- Deve haver uma atenção à paisagem que não deve ser cortada.
- Atenção ao transporte marítimo e aquático.
- Os costumes e valores não devem ser perdidos por conseqüência da atividade turística.
Seguem ainda sugestões como a limitação do horário de funcionamento de estabelecimentos noturnos para que o local possa viver sua vida normalmente, evitar eventos que façam apologia ao uso de drogas pois podem prejudicar a imagem da cidade.
5.16 O Planejamento Turístico Visando o Desenvolvimento Sustentável
Apesar de muitas pessoas (inclusive representantes da sociedade) não saberem do que se trata o desenvolvimento sustentável, acredita-se que o desenvolvimento sustentável é possível desde que exista uma legislação atual e que considere a necessidade de preservação, somado à necessidade de uma posição ética de todos. O desenvolvimento não é a derrubada do patrimônio mas sim a união dos fatores. O turismo, para ser sustentável, tem de ter qualidade de maneira que não polui e só traz benefícios.
Segundo o IPUF, o desenvolvimento sustentável deve ser baseado no trinômio composto por desenvolvimento social, econômico e ambiental.
A SETUR acrescenta que o desenvolvimento sustentado pode ser alcançado através de uma legislação rigorosa e da participação da comunidade no cumprimento da Agenda 21.
Todavia, há quem não acredite na possibilidade de alcançar o desenvolvimento sustentável tanto em Santo Antônio de Lisboa como em Florianópolis.
O planejamento, ainda conforme o IPUF, deve ser um esforço das três esferas do Poder Público, das entidades comunitárias e dos agentes privados - elementos que junto à infra-estrutura e meio ecológico, Milton Santos (apud RODRIGUES, 1997) apresenta como os componentes do espaço - que devem ter seus ideais claros e amadurecimento comunitário. O planejamento deve visar o respeito as peculiaridades do local, a qualificação da infra-estrutura, a geração de renda e a promoção do desenvolvimento comunitário.
A SETUR crê ainda que o planejamento deve ser feito através da união de esforços da comunidade, associações e prefeitura, visando a sustentabilidade econômica e ambiental.
De uma maneira geral, a visão dos representantes da Prefeitura de Florianópolis é unânime de que o planejamento deve ser realizado como vem sendo (Plano de Desenvolvimento Integrado. Contando com a participação da comunidade, de forma integrada, com visão de longo prazo, democrática e abrangente. Integrado de um plano legal e um plano de ação, que venham a preservar efetivamente através da união de todos e da visão de corresponsabilidade A comunidade complementa argumentando que deve existir uma parceria entre a administração pública e empresários, realizando um pacto para que na baixa temporada aconteça a redução de preços. É necessária que seja elaborada uma equipe multidisciplinar para gerenciar a atividade turística observando diferentes enfoques. Devendo ser realizados estudos diagnósticos para levantar as necessidades de gerenciamento do local O planejamento deve ser integrado, pensando em Florianópolis como um todo, contendo um zoneamento bem definido visando o crescimento que respeite comunidade local
Dentre os planos citados que são relevantes à atividade turística como um todo estão o Plano de Desenvolvimento Integrado de Santo Antônio de Lisboa, o Projeto Orla e a Agenda 21.
Acredita-se que por meio de um plano bem elaborado - Angeli (1996) aponta como etapas do processo a diagnose, ação, reflexão e crítica - e posto em prática com a conscientização da interdependência das atividades, a preocupação de evitar a especulação imobiliária e participação da comunidade pode-se alcançar o turismo saudável que é almejado pela sociedade.
O planejamento turístico, deve preocupa-se em evitar a sazonalidade. Do ponto de vista de residentes, deve existir o turismo para o ano todo que é conseqüência da conscientização do empresariado e do Estado de que há a necessidade de qualificar o pessoal e ampliar o produto turístico, além de oferecer incentivos para que o turista se direcione para Florianópolis. Ivan Sartoratto, acredita que o maior benefício do fim da sazonalidade é o fato de que as pessoas adquirem a real qualidade de vida (o ano todo).
Do aspecto da fiscalização com o meio ambiente, segundo a FLORAM, quando o povo do local está envolvido no processo de planejamento há maior interesse e comprometimento, de forma que eles passam a cobrar o respeito ao meio ambiente e interessar pelo processo de desenvolvimento. Complementando então o trabalho do Estado de fiscalização - que a comunidade almeja que seja mais atuante e transmita mais segurança.
5.16.1 Proposta de Planejamento Para a Localidade
As ações atuais do IPUF visam a preservação de valores e da autenticidade da cultura local evitando modificações prejudiciais ao local.
O IPUF objetiva prever a infra-estrutura necessária para o local. Atualmente, verifica-se a necessidade de reaparelhar o local com infra-estrutura satisfatória.
São observados como pontos de prioritários de ação os restaurantes - um dos mais importantes focos de visitação local - que em sua maioria não dispõe de saneamento básico, destinação adequada dos resíduos (lixo), mão-de-obra local treinada e estacionamentos.
O saneamento básico e a destinação são de grande importância uma vez que põe "em jogo" a preservação do meio ambiente, a atividade de maricultura, a atividade turística, a geração de emprego e renda e consequentemente a sustentabilidade local.
A prefeitura de Florianópolis, por meio dos órgãos IPUF e Setur (respectivamente Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis e Secretaria de Turismo), tem como proposta para o turismo na localidade de Santo Antônio de Lisboa - em caráter preliminar: "Propor medidas que visem orientar e racionalizar o aproveitamento compatível das potencialidades turísticas e econômicas da região, através da implantação de roteiros gastronômicos, ecológicos, culturais, pesqueiros, náuticos ou rurais que diminuam a sazonalidade do turismo , ampliem e as oportunidades de trabalho, fortaleçam a economia local e qualifiquem a infra-estrutura existente." A prefeitura tem como objetivo, por meio da adoção de novas atividades, roteiros e parcerias diminuir a sazonalidade do turismo no local, e, paralelamente ampliar as oportunidades de trabalho de forma a elevar a renda per capita da população residente na área. No âmbito do turismo gastronômico o Estado objetiva a elaboração de um roteiro que destaque a culinária típica local (à base de frutos do mar), de forma à sistematizar as informações sobre os serviços de bares, restaurantes e lanchonetes existentes. Da mesma forma, propõe a delimitação de áreas para estacionamento de veículos e áreas de carga e descarga, elaboração de propostas de programação visual para os estabelecimentos comerciais (de modo à compatibilizar com o sítio histórico), além de identificar no mapa os estabelecimentos identificados na área de estudo. No âmbito do turismo cultural pretende promover os aspectos históricos e culturais da vida comunitária como forma de educar, conscientizar e preservar a legitimidade de suas manifestações (festas populares, folclore, artes em geral, falar e fazer típicos) aliando valorização cultural com desenvolvimento da atividade econômica. Especificamente, objetiva-se:- a elaboração de roteiros de visitação às construções históricas e à sítios arqueológicos;- o fornecimento de adequada infra-estrutura os locais para as apresentações folclóricas, exposições artísticas e feiras de artesanato, através da implantação de equipamentos qualificados;- o apoio às iniciativas referentes à preservação do "Casarão dos Andrade" (único engenho em funcionamento na região); No âmbito do turismo ecológico o Estado pretende:
implantar uma rede de trilhas identificadas e sinalizadas, para serem percorridas a pé e passando por áreas representativas dos ecossistemas naturais e locais, preservados ou em recuperação, com finalidade de turismo ecológico e educação ambiental.(Prefeitura de Florianópolis)
Para tanto objetiva-se:- a definição, caracterização e mapeamento, dentre as trilhas já existentes, aquelas com potencial de uso educativo e de lazer; - o estabelecimento de pontos para estações de descanso e instalação de placas explicativas em locais com potencial natural/ cultural/ paisagístico;- a implantação de infra-estrutura para efetivar práticas de educação ambiental;- a implantação de placas de sinalização e interpretação do ambiente ao longo das trilhas;- o treinamento de guias locais para atuar nas trilhas implantadas;- a definição deformas de instalação, manutenção, administração e uso das trilhas. Em relação ao turismo pesqueiro planeja-se implantar e regulamentar a atividade de "Guia Turístico de pesca Artesanal", de forma a propiciar uma fonte alternativa e complementar a renda dos pescadores, na forma de passeios organizados a pontos pesqueiros, além de outros locais de interesse cultural, paisagístico e de lazer, utilizando as embarcações dos pescadores, em épocas de entresafra da pesca. Para que tal atividade possa desenvolver-se, tem-se como objetivo:- o cadastramento, treinamento e legalização dos pescadores artesanais da região para atuarem como "Guias Turísticos de Pesca";- a elaboração de normas para o exercício da atividade;- o treinamento dos pescadores artesanais cadastrados;- a definição de roteiros e tabelas de preço;- a fiscalização do exercício da atividade. Para o turismo rural, no entanto, pretende-se aproveitar as potencialidade paisagísticas para viabilizar a utilização turístico rural do espaço - objeto de análise - através de mecanismos legais de incentivos. Desta forma, vislumbra-se:- o incentivo e a implantação de pousadas, pequenos hotéis e, sítios e equipamentos de lazer, aproveitando as características rurais ainda existentes;
- o tratamento paisagisticamente do espaço de especial relevância na localidade; - a caracterização tipológica dos ambientes, incentivando a produção caseira de artigos para venda e implantando formas alternativas de locomoção(charretes, cavalos). Em relação ao turismo o Estado (na forma dos órgãos municipais anteriormente citados) pretende também:- a viabilização do transporte coletivo de pequeno porte para deslocamentos curtos dentro da localidade;- o acolhimento às iniciativas comunitárias relativas a "Proposta de Valorização Turística e Cultural da Ponta do Sambaqui" elaborada por moradores locais, estimulando a extensão à demais localidades;- o aparelhamento de locais para a organização de cursos (artes, folclore, maricultura)- viabilizar a recuperação de unidades da arquitetura religiosa, oficial e vernacular do século XVIII e XIX, visando a valorização dos seus aspectos históricos, artísticos e culturais, de maneira a revitalizar o espaço urbano, identidade cultural e atratividade turística;- o incentivo a exposição e comercialização de produtos artísticos e artesanais em locais públicos;- a promoção da instalação de infra-estrutura e equipamentos destinados a potencializar a utilização da orla para fins públicos e atividades como a maricultura, turismo, esportes aquáticos e de lazer em geral. - a garantia do acesso público à orla em toda a sua extensão;- a identificação de cursos de água contaminados com o lançamento de efluentes , propondo alternativas viáveis para a coleta, tratamento e destinação final dos mesmos;- a adequação dos programas de geração de trabalho e renda aos interesses comunitários. Para que todos os objetivos e metas sejam alcançados, a Prefeitura pretende por meio de interações entre comunidade, entidades e demais interessados, discutir propostas para efetivação e viabilização das idéias previamente expostas. Têm-se como ideal trabalhar de forma integrada e priorizando pontos de maior criticidade. Vale ressaltar, que dentre as três alternativas de geração de renda (maricultura, produção artística e turismo), a turística é apresentada com maior destaque.
O trabalho de forma integrada, refere-se a participação conjugada entre as diversas repartições da Prefeitura, tendo como órgão coordenador o IPUF. A decisão de trabalhar de forma conjunta partiu da observação da necessidade de pensar no Espaço como um todo. Sendo portanto, essencial a facilidade de interação e comunicação entre os mesmos.
A priorização de pontos de maior criticidade é de grande validade, tendo em vista a necessidade de organizar o processo. Todavia, é importante refletir as carências percebidas pela comunidade local, e, estudar as reais possibilidades de efetivação das atividades planejadas, pois tratando-se de propostas do Estado, e, simultaneamente por estarem expostas às incertezas políticas e econômicas há uma grande duvida quanto a finalização e eficiência do projeto.
Outro ponto de grande importância, é a concepção da atividade turística como principal fonte geradora de renda para a localidade. Apresentando aspectos negativos se consideramos a possibilidade de descarte de demais atividades existentes que poderiam ser fomentadas, e, a possibilidade do surgimento de dependência econômica - que pode causar desequilíbrio socio-econômico. Quanto ao aspecto da dependência econômica podemos acrescentar a posição de Trigo (1996, p.96):
Não é aconselhável que os países em desenvolvimento adotem políticas de crescimento regional e principalmente global, baseadas especialmente na expansão do setor turístico de suas economias.
A extrema dependência da economia desses países com relação às atividades turísticas tornam-os vulneráveis às flutuações sazonais da demanda dos produtos turísticos, que são determinadas tanto por fatores internos como por fatores externos.
5.16.2 A Agenda 21 para o Local
No decorrer do ano 2000, a sociedade organizada florianopolitana, reuniu-se no Fórum da Agenda 21 do Município de Florianópolis para
...conhecer seus problemas e potencialidades, visando a elaboração de um documento eu expressasse valores e princípios básicos, balizadores da conduta dos agentes produtivos... Incluindo os visitantes e a população residente da cidade e da região metropolitana para, incutindo-lhes o desejo de se alcançar o desenvolvimento sustentável com ações e atividades, melhorar ainda mais o nível da qualidade de vida existente.(Agenda 21, 2001 p.27)
A realização do Fórum aconteceu através de sessões plenárias, onde foram levantados os problemas pontuais levantados pela comunidade, sendo que optou-se pela regionalização, realizando assim diagnósticos e analises parciais - dividindo em dez regiões - que por fim compuseram questões globais para o município.
No âmbito geral (Florianópolis) observou-se que o solo do Município apresenta grande parte das áreas verdes indevidamente ocupadas, os recursos minerais vem sendo utilizados e explorados de forma não-sustentável, o potencial aquático (rios e mar) vem sendo pouco utilizado como elementos amenizadores e de composição de paisagem urbana, além da alta verticalização de balneários não seguida pelo crescimento de infra-estrutura de saneamento básico.
Foi levantado, o fato de que hoje, o município de Florianópolis tem gradativamente ocupado o solo e águas do mar (valendo portanto lembrar mangues e rios) para a implementação de sua malha rodoviária, tornando-se "...uma situação de permanente agressão ao meio ambiente frágil da Ilha e do continente"(p.33)
A ocupação demográfica em áreas impróprias, o déficit habitacional, a falta de terrenos para a construção de casas populares, a deficiência de abastecimento de água e saneamento básico(prejudicando a preservação da qualidade das águas), a destinação de resíduos sólidos e a segurança foram pontos de destaque quanto a questão Infraestrutura e Qualidade de Vida no Município.
No âmbito de emprego e geração de renda municipal, observou-se a economia apoiada na exploração turística, administração publica, no comercio, serviços, e, com potencial para desenvolver o setor de vestuário e informática. Todavia, foi verificado o grande contigente de trabalhadores na economia informal somado ao elevado desemprego, conseqüentes da falta de oferta de vagas na iniciativa privada, falta de habilitação e ou capacitação de mão-de-obra.
Foi verificada a demanda reprimida por profissionais das áreas de turismo, pequenos serviços e reparos, piscicultura e maricultura dentre outras. No entanto, foi verificados baixa oferta de emprego e reduzido aproveitamento do potencial turístico e do beneficiamento da maricultura.
Quanto ao turismo, foram levantados pontos críticos, tais como a sazonalidade, precariedade de serviços, deficiente infra-estrutura (de hotéis, restaurantes, atividades de lazer, centrais de informações, e, de divulgação do potencial turístico), falta de integração dos setores administrativos ligados ao turismo e infra-estrutura. Apontados assim, como causas para a especulação imobiliária, expulsão da população nativa e deficiências de apoio aos visitantes.
De forma especifica, em relação à Santo Antônio de Lisboa, foi verificado que a população ativa
"...apresenta um bom nível sócio-econômico e tem na, situação histórico-cultural e nos privilegiados recursos naturais, um grande potencial para melhorar a sua qualidade de vida, mantendo taxas de desemprego baixas, apesar do expressivo subemprego e do baixo nível de escolaridade médio..."(Agenda 21, 2001, p.52)
Foi verificado que no Distrito a exploração do mar predomina entre as demais atividades econômicas - através de atividades como maricultura, pesca artesanal e coleta de moluscos - junto à um pequeno comércio e "...um setor de serviços que deixa muito a desejar.(p52)". A carência de estabelecimentos bancários ou de arrecadação de taxas e tributos, farmácias (correio) eram fatores que causavam distúrbios à comunidade local.
A maricultura, no entanto, apesar de favorecer a economia local, apresentou incompatibilidades de uso das águas pelas outras atividades, tais como navegação, recreação e pesca artesanal. Outro aspecto da maricultura, foi a coleta indiscriminada de ostras nos costões sem a observação de tamanhos das mesmas.
Quanto à infra-estrutura de transportes observou-se a ausência de abrigo em maioria dos pontos de ônibus, falta de espaço para colocação dos mesmos, intervalo excessivo entre cada um, falta de calçadas, ônibus em condições precárias e péssimo estado de conservação das ruas.
Em relação às ruas, foi verificado que muitas não possuem calçadas pois os muros estão construídos junto ao meio fio. Além, de muitas construções não deixarem espaço para área verde ou até mesmo para tratamento de esgoto doméstico - em alguns casos acontece o aterramento da orla marítima.
Ao longo da orla marítima, percebeu-se a falta de urbanização, não oferecendo passeios aos pedestres e ciclistas, arborização adequada, trapiches, ou até mesmo praças e parques.
Nas festas religiosas e grupos de danças folclóricas, foi manifestado o interesse da comunidade em lutar pela preservação de seus costumes e tradições. No entanto, a população não apresentou-se satisfeita por acreditar na necessidade de apoio das autoridades para com essas atividades, bem como de opções de lazer.
A segurança foi avaliada entre ruim e péssima por 65% da população, necessitando portanto uma atenção especial.
Quando discutida a questão saneamento básico, foi apresentado o registro de que pequena parte da população ainda não dispõe de água tratada. Fato questionável, uma vez que também foi exposta a situação, em que parte dos esgotos domésticos estariam sendo lançados nos cursos de água ou na rede de drenagem pluvial, causando a poluição.
Quanto à destinação do lixo, foi citado que muitos terrenos baldios e rios estariam sendo utilizados como depósitos de dejetos. Tendo assim conseqüências como vegetação morta e dificuldade de vazão normal de águas, dentre outras.
A questão da ocupação das encostas, desmatamentos, arruamentos inadequados e falta de fiscalização sobre obras clandestinas, fatores causadores do aparecimento de erosões foi ressaltada.
As praias de Santo Antônio, foram descritas da seguinte maneira "...são pouco largas, 5 metros, embora tenham bons comprimentos, águas calmas e quentes, mas sem qualquer infra-estrutura para atrair visitantes. Em muitos locais não há acesso para pedestres à orla, devido à ocupação por residências, muros e comércio."(Agenda 21, 2001, p.54)
O patrimônio histórico (a igreja, o engenho, o cemitério, a casa açoriana , o forte...) e patrimônio cultural (museus, folclore), junto a ostreicultura e maricultura foram destacados como pontos que deveriam o ser preservados e divulgados.
O turismo no estudo da Agenda 21 (2001, p.54) é apresentado da seguinte forma:
... pode se dizer que a região tem alto grau de beleza natural, média qualidade de praias e baixo grau de diversões e vida noturna, sobressaindo, portanto, um alto potencial para desenvolver atividades esportivas, e exploração do ecoturismo de mangues e trilhas, agregada à valorização do patrimônio histórico, às comidas típicas, à arte, ao folclore e à cultura em geral. Falta sinalização turística.
Analisando o parágrafo acima, percebemos então o interesse em utilizar a natureza e os patrimônios histórico e cultural como objeto para o desenvolvimento da atividade turística.
Diante da situação observada, os participantes do Fórum da Agenda 21 do Município de Florianópolis sugeriram que as algumas ações e propostas, que postas em prática, viriam à facilitar o alcance do desenvolvimento sustentável, no Distrito de Santo Antônio de Lisboa:
- A preservação ambiental - evitando desmatamentos desnecessários, queimadas, utilização de cursos d’água para lançamento do esgoto, ocupação de áreas não habilitadas - deve ser percebida dever de todos os membros da sociedade, para a manutenção da dignidade do cidadão.
- Os moradores, comerciantes e prestadores de serviços devem, através de suas associações, solicitar ao órgão competente um plano de expansão da atividade turística, uma vez que esta é uma atividade natural da região. Buscando assim, o desenvolvimento de uma infra-estrutura "mínima" de atendimento ao turista.
- A comunidade interagindo com o poder público e apoiada pelo setor privado, instalado na região, deve desenvolver gestões para sanar necessidades como saneamento básico (esgotamento sanitário, reforma e ampliação da rede de esgoto pluvial, pleno atendimento de água tratada na rede, sistema efetivo de coleta de lixos incluindo coleta seletiva); manutenção das encostas dos morros com definição de cota máxima de construção; definição de alturas máximas de construção em faixas delimitadas paralelas à linha da maré; elaboração de projeto de urbanização da orla com a construção de calçadas, logradouros, serviços públicos, quiosques, área de lazer, que integradas devem constituir uma orla como área de lazer e atividades culturais singular no município; ampliação e melhoria dos serviços públicos; preservação da Baía Norte; redefinição política, administrativa e de recursos materiais e humanos da intendência de Santo Antônio de Lisboa; implantação de programas de incentivo e aperfeiçoamento da maricultura.
- Expansão do comércio para satisfação das necessidades da demanda.
- As referências simbólicas, de misticismo, história da colonização açoriana e beleza natural da região, devem ser ressaltadas pelas ações do setor público, privado e terceiro setor, visando o desenvolvimento sustentado e fazendo delas objeto de valor comunitário;
- Em relação à implantação de coberturas nos pontos e paradas de ônibus e novos horários, a comunidade usuária dos serviços, deve manifestar-se, por meio de conselhos ou associações comunitárias, junto às autoridades competentes para que soluções ideais sejam encontradas;
- A manutenção dos ônibus é de inteira responsabilidade das empresas concessionárias dos serviços públicos de transporte público;
- Deve ser realizado um plano de viabilidade - através da interação do poder público e iniciativa privada local - para a implantação de calçadas em ruas que não dispõe de espaço físico.
O presente estudo, objetivou a análise diagnóstica da atividade turística no bairro de Santo Antônio de Lisboa (Florianópolis - SC). Para tanto, houve uma diagnose da atividade turística no espaço, foi feito o levantamento e análise do patrimônio natural, histórico e artístico cultural existente no local, e, levantados e analisados os aspectos positivos e negativos, oportunidades e deficiências decorrentes da atividade turística.
Inicialmente, foi realizada a pesquisa bibliográfica com o intuito de obter dados relevantes ao diagnóstico amparando-se em autores relacionados ao tema. Na segunda etapa ocorreu a coleta de dados primários, onde foram realizadas entrevistas com diferentes agentes da sociedade de relevância para o local. Finalmente, foi realizada a análise das diferentes informações obtidas, resultando no estudo denominado: "Diagnóstico da atividade turística no bairro Santo Antônio de Lisboa, localizado em Florianópolis - SC"
Pôde-se observar que o turismo é a maior fonte geradora de emprego e renda para a localidade, e, foi um dos fatores civilizatórios para o local (através do intercâmbio de diferentes culturas). Com a atividade turística, os moradores locais passaram a tiveram a oportunidade de ter uma fonte de renda e melhoraram o nível de vida, em contrapartida, alguns aspectos negativos surgiram devido ao desenvolvimento da mesma.
Santo Antônio de Lisboa não é foco de turismo mas de visitação - uma vez que carece de estrutura de acomodação para turistas - , que anteriormente ocorria em menor escala devido às características históricas e culturais e hoje é alavancado pela gastronomia.
A especulação imobiliária gerada pela vinda do visitante para habitar aquele espaço fez com que houvesse a substituição do elemento humano, de forma a afastar os antigos moradores da orla marítima. Fato este de grande importância de reflexão pois é um dos grandes elementos causadores da descaracterização do local e perda da identidade cultural.
A utilização do patrimônio na atividade turística é encarada como fundamental ao desenvolvimento da mesma, devido à necessidade de oferecer diferentes atrações - implementar o produto turístico. No entanto, crê-se na importância de melhor utilizar o seu potencial de forma sustentável.
No presente estudo, o patrimônio composto pelos elementos naturais, históricos e artísticos cultural mereceu especial atenção, pois acredita-se que o seu potencial de retorno à comunidade e localidade é imensurável – oferecendo benefícios não somente financeiros como culturais, dentre outros.
Durante o diagnóstico percebeu-se que:
Em linhas gerais, conforme anteriormente citado, percebe-se que "...a utilização do patrimônio é uma forma inteligente de explorar o espaço natural e o construído e manter a memória e atratividade." No entanto, o comprometimento do patrimônio pode afetar a atratividade do local, e, consequentemente o retorno de investimentos realizados - ponto em que é percebida incoerência nas atitudes empreendedoras.
O processo de ocupação do espaço é percebido como controlado e os créditos são dados aos esforços comunitários - que luta para que a lei seja seguida e o local preservado -, e, a disseminação dos valores expostos na Agenda 21. No entanto, há uma grande preocupação na importância de observar as limitações geográficas do espaço para que ocorra o crescimento controlado. Portanto, deve haver maior controle nas construções irregulares, preservação da paisagem e poluição visual, atualização das leis, e, acima de tudo instalação imediata da rede de esgotos compatível às necessidade do local.
O espaço e a paisagem são aspectos de maior valor na atividade turística e deve haver um maior esforço para a sua preservação e manutenção. Assim, o planejamento urbano bem elaborado é crucial para que não se entre "...em crise pelo esgotamento prematuro de dos recursos não renováveis e pela exploração irracional dos renováveis (BOULLON, 1985, p 59)"
Dentre os aspectos positivos da atividade turística no local, destacam-se a geração de emprego e renda , o aumento do fluxo de capital, a preservação da identidade local, a melhoria da qualidade de vida e o intercâmbio cultural. Lage; Milone (1996) apresentam, ainda, como benefício da atividade turística a redistribuição de riquezas entre as diferentes localidades. No entanto, os benefícios somente ocorrem se utilizados mecanismos que assegurem a qualidade do turismo.
Dos aspectos negativos, destacam-se a especulação imobiliária, a perda da identidade local, o stress na comunidade, a deterioração do patrimônio, aumento da insegurança, utilização do espaço sem infra-estrutura adequada e sobretudo o turismo de massa. Lage; Milone (1996) acrescentam aos aspectos negativos a pressão inflacionária, a dependência econômica em relação à atividade, os custos sociais e ambientais e a priorização de investimentos para atividades de menor relevância à sociedade e local.
Portanto, podemos perceber a necessidade de avaliar os custos e benefícios da atividade para que seja possível encontrar um equilíbrio e racionalidade no desenvolvimento desta atividade.
Percebe-se uma gama de oportunidades a serem exploradas no local, tais como: turismo rural, turismo ecológico, turismo da terceira idade, turismo histórico e cultural (que deve ser potencializada a sua exploração). Pode haver um maior esforço em divulgação do "produto" Santo Antônio de Lisboa através do incentivo ao desenvolvimento da marca, roteiros turísticos, eventos e potencialidades. É importante, no entanto, perceber que qualquer oportunidade somente possui atratividade se transformada em produto acabado pronto para o consumo.
Como maiores deficiências são apresentadas a ausência de saneamento básico - que pode provocar a poluição do lençol freático e prejuízo total ao local - e os restaurantes que não dispõe de estrutura adequada ao seu funcionamento adequadamente. Percebe-se também a necessidade de desenvolver a cultura voltada ao turismo sustentável, preocupando-se com as limitações e necessidades do local.
O Estado, portanto, tem o importante papel de dotar o espaço de infra-estrutura adequada, planejar e efetivar o plano, fiscalizar (para prolongar a vida útil do local), investir os tributos no local de arrecadação, legislar, educar, incentivar e divulgar o local como foco de visitação.
Os princípios do desenvolvimento sustentável devem ser difundidos na sociedade como um todo, para que haja a compreensão da sua importância e possa ocorrer o turismo baseado em seus princípios. Assim, o processo de planejamento, é importante que ocorra com a participação de todos os agentes da sociedade, visando a atividade sustentável e a perpetuação da utilidade do espaço. O planejamento, portanto, "...deve ser considerado como uma garantia de forma a salvaguardar o meio ambiente e gastos necessários(Lage; Milone, 1996, p 54)", e,- concordando com Angeli (1996, p. 103) - "Ao se planejar turismo deve-se ter muito cuidado de observar os limites entre a apreciação e a invasão."
Por fim, espera-se que este estudo diagnóstico seja relevante para que mudanças ocorram no local, as necessidades do espaço sejam melhor percebidas e sanadas, os aspectos positivos e oportunidades melhor aproveitados, e, sobretudo possa ser utilizado como ferramenta educativa e disseminadora de informações. O objetivo não é percebido como pretencioso uma vez que acreditamos no seguinte posicionamento de Trigo (1996, p 27):
".... a informação bem administrada é mercadoria muito valiosa. Ela garante riqueza, poder e legitimidade ao seu proprietário. Sua verdade é a eficiência. Seu resultado, o bom desempenho. O produto pode ser qualquer serviço, idéia ou material capaz de ser vendável ou transformado, de algum modo, em lucro financeiro, econômico, social, institucional ou político".
Agenda 21 Local do Município de Florianópolis. Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2001
ANDRADE, José Vicente de . Turismo: Fundamentos e dimensões. São Paulo: Ática, 1995.
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BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70. 1977
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Anexo 1- Roteiro de entrevista semi - estruturada
Dedico este trabalho aos meus pais, irmãos, familiares e especialmente às minhas avós que são pessoas maravilhosas.
Gostaria de agradecer ao esforço, paciência e colaboração de todos aqueles que foram tão importantes à realização deste trabalho. Muito obrigado à vocês.
- Meus pais Anna Maria G. H. Schmitt e Evory Pedro Câmara Schmitt, avós Guilmar C. Schmitt e Ecilda Gomes Haensel, irmãos, padrinhos e familiares;
- Michel Machado e família;
- Sr. Msc. Luis Moretto Neto e mestres do curso de Administração da UFSC;
- Abílio Celso Petenazzi - Expositor da Feira das Alfaias;
- Aldo Luiz Pereira - Coveiro do bairro;
- Alexandre B.- Intendente do Distrito de Santo Antônio de Lisboa;
- Cid Mesquita - Proprietário da Marina Mesquita;
- Claúdio Andrade - Artista e proprietário do Casarão e Engenho dos Andrade;
- Claúdio Fernandes - Expositor da Feira das Alfaias;
- Elisa Neli Rehan - Gerente de Licenciamento e Fiscalização - FLORAM;
- Gioconda Rosito - Presidente da Associação dos Maricultores de Santo Antônio de Lisboa;
- Ivan Aurélio Sartorato - Proprietário do Restaurante Chão Batido e estudante de turismo;
- Janga - Artista Plástico e proprietário da Casa Açoriana Artes e Tramóias;
- Jeanine Maria Tavares - Arquiteta - IPUF;
- Paulo Urbini - Associação dos Moradores de Santo Antônio de Lisboa - AMSAL;
- Rafael Felipe Rigotto - Diretor do Departamento de Turismo - SANTUR;
- Regina Seixas - Coordenadora da Feira das Alfaias;
- Rose Maria de Andrade - Rendeira e expositora da Feira das Alfaias;
- Zilton R. P - estudante de Turismo - UNISUL;
- À todos meus amigos, especialmente amigas, por quem eu tenho tanto carinho.
Valentina Gomes Haensel Schmitt
Bacharel em Administração
CURRICULUM VITAE RESUMIDO
- Brasileira, natural da cidade de Florianópolis (família de origem gaúcha), solteira, residente em Florianópolis - Santa Catarina - no bairro Lagoa da Conceição.
- Mestranda em Administração pela UFSC, com tema de pesquisa em "Comportamento do Turista Estrangeiro em Florianópolis- SC- Brasil"
- Disciplinas cursadas nos programas de mestrado: Sociologia Econômica (PPGSP-UFSC - concluindo), O Brasil e a Economia Mundial (PPGGeo-UFSC- concluindo), MCDA- Multi Criterial Decision Aid (PPGEP-UFSC), Marketing Internacional (PPGA-UFSC), Comportamento do Consumidor (PPGA- UFSC), Gestão Sócio-Ambiental nas Empresas (PPGA-UFSC).
- Assistente do Prof. Dr. Paulo César da Cunha Maya (especialista em Marketing- UFSC) nos esforços de pesquisa e docência desde 2005/1. Tendo lecionado as disciplinas Administração de Marketing e Estratégia Mercadológica - curso de Administração/UFSC semestre 2005/1.
- Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Santa Catarina no ano de 2002. Monografia defendida, com recomendação para utilização em projeto de mestrado e conceito unânime 10, intitulada: "Diagnóstico da Atividade Turística no Bairro de Santo Antônio de Lisboa".
- Membro ativo da empresa Júnior e de atividades de monitoria durante a graduação. Na Ação Jr., atuando como consultora de mercado, Gerente Administrativo e Gerente de Projetos. Na atividade de monitoria assessorou na Disciplina Administração de Marketing.
- Premiada durante o período escolar de 1º grau com o "Prêmio de Crítica Literária Infantil Cuca Fresca/1989".
- Professora particular para alunos de primeiro grau desde os 13 anos de idade, e, professora particular como coorientadora em monografias de graduação desde 2002.
- Experiência comercial de 10 anos. Predominância no varejo de moda em cidades turísticas com passagem pelas redes Yachting Gear, Mormaii e Makenji.
- Experiência em eventos como organizadora, Coordenadora de Interpretes de Sala e Área (5º Fórum Social Mundial-2005), promotora bilíngüe (Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Sydney/2000 Casa Brasil - centro de apoio ao atleta brasileiro), Coordenadora de stand (FENASOFT e CONINFO/98), promotora e organizadora de eventos.
- Experiência internacional, vivência por 16 meses em Sydney Austrália e viagens solitárias para Nova Zelândia, Fiji e Indonésia. Ocupação profissional como supervisora de equipe multicultural na sorveteria Royal Copenhagen Ice Cream, cleaner, nanny e promotora.
- Idiomas: Inglês nível avançado, espanhol intermediário, francês básico. Atuando como interprete e tradutora no idioma inglês e espanhol. Membro da ONG Internacional Babels de Interpretes (voluntariado em causas sociais).
- Esportista com paixão pela prática de esportes aquáticos. Iatista de competição e instrutora membro da comissão organizadora de projetos sociais organizados pelo Governo Federal em parceria com Governo do Estado e Marinha do Brasil - Projeto Navegar e Mentalidade marítima (2001-2003).