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Armazenamento de ameixas cvs. Reubennel e Pluma 7 sob diferentes temperaturas, em atmosfera controla (página 2)

Angelo Pedro Jacomino; Ricardo Alfredo Kluge; Auri Brackmann; Paulo Roberto

A manutenção das pressões parciais de O2 e CO2 nas minicâmaras de atmosfera controlada foi executada diariamente, com o auxílio de analisadores eletrônicos, marca Agri-Datalog. Inicialmente foi feita a leitura das pressões parciais destes gases que posteriormente foram corrigidas, de forma que a média entre a primeira leitura e a leitura corrigida fosse igual à pressão parcial pré-determinada. A absorção do CO2 produzido pela respiração dos frutos foi conseguida com a circulação do ar da câmara por uma solução de hidróxido de potássio a 40%. A elevação dos níveis de O2 foi obtida pela injeção de ar atmosférico nas micro-câmaras. A absorção de etileno da atmosfera de armazenamento, nos tratamentos T3 e T5 do segundo experimento, foi conseguida com a circulação do ar da câmara através de filtros contendo vermiculita impregnada com permanganato de potássio.

A avaliação dos experimentos ocorreu após 47 dias de armazenamento + três dias de exposição a 20ºC, simulando o período de comercialização. Foram avaliadas as seguintes variáveis: firmeza de polpa, determinada com o uso de penetrômetro manual com ponteira de 7,8mm de diâmetro; acidez titulável total (ATT), através de titulação de 10 mL de suco em 100 mL de água destilada com solução de NaOH a 0,1N até pH 8,1; sólidos solúveis totais (SST), determinados com o uso de refratômetro manual; percentual de podridões e escurecimento interno, através de avaliação visual.

No dia anterior às análises físico-químicas, determinouse a respiração e produção de etileno dos frutos. Duas repetições de 15 frutos foram hermeticamente fechadas, durante duas horas, em vidros com capacidade para 5 litros.

Após este período, determinou-se a produção de etileno com o uso de cromatógrafo a gás, marca Varian, equipado com detector de ionização de chama, coluna empacotada Poropak N e temperaturas da coluna, injetor e detector de 90ºC, 140ºC e 200ºC, respectivamente. A produção de CO2 foi determinada com o uso de analisadores eletrônicos, marca Agrio-Datalog. A produção de etileno e CO2 foram expressas em µL kg-1 h-1 e mL kg-1 h-1, respectivamente.

Os resultados de cada experimento foram analisados separadamente. Quando foi verificada interação significativa entre fatores (cultivares X condição de armazenamento) os dados obtidos para cada cultivar e, para cada tratamento nas duas cultivares, foram submetidos à análise de variância e, havendo diferenças, comparadas pelo teste Duncan a 5%. No caso de interação não significativa, submeteu-se as médias à análise de variância e, havendo diferenças significativas, foram comparadas pelo teste Duncan a 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para todas as variáveis analisadas, com exceção da incidência de podridões na temperatura de 0ºC, houve interação significativa entre cultivares e condições de armazenamento (Tabelas 1, 2 e 3), indicando que as cultivares possuem respostas diferenciadas às mesmas condições de armazenamento. Não se observou ocorrência de escurecimento da polpa dos frutos, concordando com KLUGE et al. (1996), que também não verificaram a incidência deste distúrbio em ameixas ´Reubennel`, uma vez que esta cultivar é resistente à ocorrência do distúrbio (BILHALVA et al., 1994).

A cultivar Pluma 7 apresentou, em todas avaliações, maior firmeza de polpa (Tabela 1), enquanto que a cv.

Reubennel apresentou maior conteúdo de sólidos solúveis totais (Tabela 2). Esses maiores níveis de SST podem ser importantes quando de um armazenamento prolongado sob baixa temperatura, tendo em vista que cultivares com altos teores de açúcares são menos susceptíveis a danos internos (PLICH, 1999).

Embora o tempo de armazenamento tenha sido prolongado (47+3 dias), os frutos armazenados em AC apresentavam boa qualidade. Por outro lado, os frutos armazenados em AR, especialmente da cv. Reubennel, não estavam aptos para comercialização e consumo. BILHALVA et al. (1994) acreditam ser a Reubennel uma cultivar promissora, por não apresentar modificações significativas em suas características físico-químicas e, ser resistente ao escurecimento interno, após armazenamento por quatro semanas em AR a 0ºC. KLUGE et al. (1995) recomendam o armazenamento de ameixas ‘Reubennel’, quando em AR, por um período máximo de 30+2 dias, devido às elevadas perdas por podridões e sobrematuração.

Para a cv. Pluma 7, maior manutenção da qualidade foi conseguida com o uso de atmosfera controlada. Os frutos armazenados em AR tiveram menor firmeza de polpa nas duas temperaturas avaliadas, sendo que a intermitência de temperaturas aumentou o processo de perda de firmeza (Tabela 1). A condição de AC com 3kPaO2 / 5kPaCO2 resultou em maior acidez titulável na temperatura de 0ºC e maior firmeza de polpa na temperatura de –0,5ºC, apesar de terem sido verificados elevados percentuais de podridão. A absorção de etileno não resultou em efeito positivo na qualidade dos frutos quando armazenados em AR ou AC. Para esta cultivar, a melhor condição de armazenamento é de 1kPaO2 / 3kPaCO2, na temperatura de –0,5ºC, proporcionando elevada firmeza de polpa, pequena ocorrência de podridões, além de menor respiração e síntese de etileno após a retirada dos frutos das câmaras. Estes resultados, entretanto, contrastam com aqueles obtidos em trabalho prévio (BRACKMANN et al., 2001), onde o uso de controle da atmosfera ocasionou menor acidez titulável e firmeza de polpa.

Para a cv. Reubennel, os resultados positivos do uso da AC foram mais evidentes, com maior firmeza de polpa e acidez titulável, menor respiração e produção de etileno (Tabelas 1, 2 e 3). Quando comparada com a testemunha, a frigoconservação intermitente proporcionou, na temperatura de 0ºC, maior firmeza de polpa sendo que, na temperatura de – 0,5ºC, este efeito não foi verificado. Entretanto, a frigoconservação intermitente ocasionou frutos com menor acidez titulável, nas duas temperaturas testadas.

BRACKMANN et al. (2001) observaram bons resultados para manutenção da qualidade de ameixas ‘Reubennel’ quando do uso desta técnica. No presente experimento, dentre as condições de AC avaliadas, diferenças significativas somente foram verificadas para a acidez titulável. Na temperatura de 0ºC, a condição de 1kPaO2 / 3kPaCO2 proporcionou maior acidez, enquanto que, na temperatura de –0,5ºC, a condição de 3kPaO2 / 5kPaCO2 apresentou melhor resultado. Também para esta cultivar, a absorção de etileno não apresentou resultados positivos, independente do armazenamento em AR ou AC. Pode-se dizer que a melhor condição de armazenamento para esta cultivar foi de 1kPaO2 / 3kPaCO2, na temperatura de –0,5ºC. BRACKMANN et al. (2001) concluíram que a ‘Reubennel’ mantém maior acidez titulável quando armazenada sob AC, com 3kPaO2 e 5kPaCO2, associado com absorção de etileno.

Neste experimento observou-se, de maneira geral, que a absorção de etileno aumentou a incidência de podridões, podendo isto ser decorrente da forma de como é executada a absorção. O procedimento ocorre pela circulação constante do ar da câmara através de filtros absorvedores, o que pode contribuir para a disseminação de micélio e esporos de fungos. A maior incidência de frutos podres pode estar encobrindo os efeitos positivos da absorção de etileno, principalmente na firmeza de polpa. PLICH (1999) verificou que a redução da produção de etileno nos frutos possui grande impacto na manutenção da firmeza de polpa.

A frigoconservação intermitente é uma técnica utilizada para reduzir injúrias pelo frio (CANTILLANO, 1987; EKSTEEN, 1982; WANG, 1994). Assim, seria esperado que esta técnica produzisse melhores resultado, comparado à testemunha, na temperatura de –0,5ºC. KLUGE et al. (1997) verificaram, na cv. Santa Rosa, menor ocorrência de degenerescência quando da adoção do regime de temperaturas de 0ºC + 7,5ºC, apesar de não existirem diferenças para a perda de peso, firmeza de polpa, SST, acidez titulável e relação SST/acidez.

Neste experimento, não foi verificada a ocorrência de escurecimento interno em nenhum tratamento e, de maneira geral, a intermitência de temperaturas, acelerou as perdas de qualidade. A diferença de resultados entre cultivares pode ser em função das características intrínsecas da cultivar e ponto de maturação (PLICH, 1999) ou, pelo momento de aquecimento dos frutos. Segundo WANG (1994), a elevação da temperatura deve ocorrer antes de os danos tornarem-se irreversíveis, pois, caso contrário, o aumento da temperatura irá apenas acelerar a maturação.

CONCLUSÕES

A melhor condição para armazenamento de ameixas ‘Pluma 7’ e ‘Reubennel’ é na temperatura de -0,5ºC, associada com o uso de atmosfera controlada com 1 kPaO2 e 3 kPaCO2.

A absorção de etileno não mantém a qualidade de ameixas ‘Pluma 7’ e ‘Reubennel’, armazenadas em atmosfera refrigerada ou controlada.

A frigoconservação intermitente não mantém a qualidade de ameixas, principalmente para a cv. Reubennel.

REFERÊNCIAS

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BRACKMANN, Auri1; BENEDETTI, Marlova2; HUNSCHE, Maurício3; SESTARI, Ivan4
brackmann[arroba]ccr.ufsm.br

1. Eng. Agr., Doutor, Professor do Departamento de Fitotecnia / CCR,Universidade Federal de Santa Maria, 97015-900, Santa Maria, RS. Autor para correspondência. E-mail: brackman[arroba]ccr.ufsm.br
2. Engenheiro. Agrônomo. Aluna do PPG em Agronomia UFSM. Bolsista Cnpq. E-mail:
mbenedetti[arroba]bol.com.br
3. Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn. Germany. Bolsista da Capes. E-mail:
mhunsche[arroba]uni-bonn.de
4. Eng. Agr., Aluno do PPG em Agronomia UFSM. E-mail
: isestari[arroba]yahoo.com.br (Recebido para Publicação em 26/01/2004, Aprovado 30/03/2005).



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