RESUMO: Foram conduzidos dois experimentos com o objetivo de avaliar condições de armazenamento para ameixas cvs. Pluma 7 e Reubennel. Cada experimento constituiu-se de um bifatorial completo (cultivares X condições de armazenamento), com quatro repetições e unidade experimental de 20 frutos. No primeiro experimento a temperatura de armazenamento foi de 0ºC e, os tratamentos foram: T1 – armazenamento refrigerado [AR] (testemunha); T2 – frigoconservação intermitente (10 dias a 0ºC + 9 dias a 7,2ºC + 28 dias a 0ºC); T3 – atmosfera controlada [AC1] com 1kPa O2 / 3kPa CO2; T4 – AC2 com 3kPa O2 / 5kPa CO2. No segundo experimento a temperatura de armazenamento foi de –0,5ºC e, os tratamentos foram: T1 – AR (testemunha); T2 – frigoconservação intermitente (10 dias a - 0,5ºC + 9 dias a 7,2ºC+ 28 dias a –0,5ºC); T3 – AR + absorção de etileno; T4 – AC1 com 1kPa O2 / 3kPa CO2; T5 – AC1 com 1kPa O2 / 3kPa CO2 + absorção de etileno; T6 – AC2 com 3kPa O2 / 5kPa CO2.
O uso de atmosfera controlada proporcionou menor perda de qualidade dos frutos armazenados, sendo que, a redução da firmeza de polpa quando em AR, foi maior na cultivar Reubennel. Para a cultivar Pluma 7 a melhor condição de armazenamento foi de 1kPa O2 e 3kPa CO2, na temperatura de –0,5°C, proporcionando elevada firmeza de polpa, pequena ocorrência de podridões além de menor respiração e síntese de etileno após a retirada dos frutos da câmara. A frigoconservação intermitente e a eliminação de etileno não melhoraram a conservação da qualidade dos frutos armazenados.
Palavras-chave: frutas de caroço, qualidade, Prunus, conservação, pós-colheita.
ABSTRACT: Two experiments were carried out with the objective to evaluate storage conditions for ´Pluma 7`and ´Reubennel` plums. Each experiment constitued from on complete bifactorial (cultivars X storage conditions), with 4 replicates and experimental unit of 20 fruits. In the first experiment the storage temperature was 0ºC and, the treatments were: T1 - cold storage (control); T2 - intermittent cold storage (10 days at 0ºC + 9 days at 7.2ºC + 28 days at 0ºC); T3 - Controlled atmosphere (CA1) with 1kPa O2/ 3kpa CO2; T4 – CA2 with 3kPa O2/5kPa CO2. In the second experiment the storage temperature were –0,5ºC and, the treatments were: T1 – Cold storage (control); T2 – intermittent cold storage (10 days at – 0,5ºC + 9 days at 7.2ºC + 28 days at – 0,5ºC); T3 – cold storage + ethylene absorption; T4 – CA1 with 1kPa O2/ 3kPa CO2; T5 – CA1 with 1kPa O2/ 3kPa CO2 + ethylene absorption; T6 – CA2 with 3kPa O2/5kPa CO2. CA storage provided smaller loss of the quality of storage fruits, the reduction of the firmness when in cold storage, was larger in `Reubennel` plum. For Pluma 7 the best storage condition was 1kPa O2 + 3kPa CO2, in the temperature of -0,5°C, providing high firmness, small decay incidence besides smaller respiration and ethylene synthesis at the chambers opening. The intermittent cold storage and ethylene absorption did not improved the quality of storage fruits.
Key words: stone fruits, quality, Prunus, conservation, post harvest.
A cultura da ameixeira vem alcançando importância econômica considerável no Rio Grande do Sul, onde a área cultivada é de aproximadamente 1.455 hectares, com produção de 12.905 toneladas (JOÃO et al., 2002). A safra de ameixas geralmente concentra-se em um período de apenas 45 dias, havendo, nesta época, grande oferta do produto que, muitas vezes, não pode ser absorvido imediatamente (NASCIMENTO et al., 1993). O armazenamento dos frutos apresenta-se como a mais importante alternativa para regulação da oferta e dos preços. Entretanto, a ameixa caracteriza-se pela sua baixa conservabilidade em póscolheita, devido a sua elevada taxa metabólica durante a maturação, além da ocorrência de desordens fisiológicas.
A principal forma adotada pelos produtores para reduzir o metabolismo dos frutos e aumentar seu tempo de conservação é o armazenamento refrigerado. A temperatura recomendada para o armazenamento de ameixas é de –0,5º a 0ºC, sendo que temperaturas acima de 4ºC encurtam sensivelmente o período de armazenamento (CANTILLANO, 1987). Também KADER (1997) recomenda temperaturas de armazenamento de –0,5 a 0ºC, sendo que a perda de firmeza de polpa é pequena quando a temperatura de armazenamento é mantida a mais baixa possível, sem que ocorra congelamento (PLICH, 1999). Entretanto, a exposição dos frutos a temperaturas demasiadamente baixas (CANTILLANO, 1987), associadas com um tempo de exposição prolongado (EKSTEEN, 1982), pode ocasionar o escurecimento interno, distúrbio fisiológico mais importante em ameixas. Segundo EKSTEEN (1982), a ocorrência deste distúrbio pode ser reduzida com a adoção do armazenamento dos frutos sob regime de duas temperaturas, a frigoconservação intermitente. A elevação temporária da temperatura de armazenamento permite às células dos frutos metabolizar compostos tóxicos ou intermediários que acumularam durante a exposição à baixa temperatura, reparar membranas e organelas, além de restabelecer as rotas metabólicas (WANG, 1994).
Já, o controle da concentração de gases na atmosfera parece ser muito mais efetivo na redução de perdas e aumento da vida pós-colheita de ameixas. STREIF (1995) recomenda o uso de pressões parciais de 1 a 3kPa O2 e 8 a 12kPa CO2, enquanto que VAN DE GEIJN (1983) recomenda 3kPa O2 e 7kPa CO2. No Brasil, até o momento, poucos trabalhos foram desenvolvidos com atmosfera controlada para ameixas (BRACKMANN et al., 2001), sendo que as pressões parciais de O2 e CO2 precisam ser mais bem delineadas.
As cultivares Pluma 7 e Reubennel estão entre as mais plantadas no Rio Grande do Sul. Entretanto, as informações disponíveis sobre as condições de armazenamento destes frutos ainda não são conclusivas. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar condições de armazenamento para as cultivares de ameixa Pluma 7 e Reubennel.
Os trabalhos experimentais foram desenvolvidos no Núcleo de Pesquisa em Pós-colheita da Universidade Federal de Santa Maria, de janeiro a março de 2000. Utilizaram-se frutos das cultivares Reubennel e Pluma 7, originados de pomares comerciais localizados no município de Farroupilha.
Foram conduzidos dois experimentos independentes, com arranjo bifatorial (cultivares X condições de armazenamento), no delineamento experimental Inteiramente Casualizado, com quatro repetições e unidade experimental de 20 frutos.
No primeiro experimento a temperatura de armazenamento foi de 0ºC e as condições de armazenamento foram: T1 – atmosfera refrigerada [AR] (testemunha); T2 – frigoconservação intermitente (10 dias a 0ºC + 9 dias a 7,2ºC+ 28 dias a 0ºC); T3 – atmosfera controlada [AC1] com 1kPa O2 / 3kPa CO2; T4 – AC2 com 3kPa O2 / 5kPa CO2. No segundo experimento a temperatura de armazenamento foi de –0,5ºC e as condições de armazenamento foram: T1 – AR (testemunha); T2 – frigoconservação intermitente (10 dias a - 0,5ºC + 9 dias a 7,2ºC + 28 dias a –0,5ºC); T3 – AR + absorção de etileno; T4 – AC1 com 1kPa O2 / 3kPa CO2; T5 – AC1 com 1kPa O2 / 3kPa CO2 + absorção de etileno; T6 – AC2 com 3kPa O2 / 5kPa CO2.
Antes da instalação dos experimentos, os frutos foram selecionados, eliminando-se aqueles de pequeno calibre, com podridões e ferimentos. Após a seleção, os frutos foram armazenados em minicâmaras experimentais de AR ou AC, de ferro galvanizado e com tampas de acrílico transparente, dotadas de um micro-ventilador em seu interior para homogeneização da atmosfera, com capacidade de 232 litros.
A temperatura no interior da câmara foi controlada automaticamente por um termostato de precisão, sendo monitorada diariamente através de um termômetro com bulbo de mercúrio inserido na polpa de um fruto, admitindo-se uma oscilação de ± 0,2ºC. A umidade relativa no interior das câmaras permaneceu em 96 (±2)%.
Para se obter as concentrações de O2 e CO2 ideais nas câmaras de atmosfera controlada, no momento da instalação dos experimentos, utilizou-se nitrogênio para diluir e carrear o O2 e, posteriormente, injetou-se CO2 a partir de cilindros de alta pressão.
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