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Os dados usados fazem parte dos arquivos da Associação de Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais. Duas estações de parto foram consideradas: outubro a março e abril a setembro. Na edição dos dados, as classes rebanho-ano-estação com menos de dez lactações foram eliminadas. As produções de leite até 305 dias de 25.688 vacas com partos entre 1988 e 1999 foram pré-ajustadas para idade e estação de parto por meio de fatores multiplicativos, conforme Durães et al. (1999).
As variâncias das produções podem variar dentro de rebanho e entre anos para um determinado rebanho. A variação entre os anos ocorre porque as produções tendem a aumentar ao longo dos anos, e espera-se que as variâncias aumentem com a produção. Estimaram-se variâncias para cada subclasse rebanho-ano, por meio de:
em que: = variância estimada dentro de rebanho-ano ij; yijk = produção do animal k no rebanho-ano ij; nij = número de produções no rebanho-ano ij;
Em uma análise preliminar ajustou-se o modelo linear fixo seguinte para identificar fontes de variação dos desvios-padrão fenotípicos dentro de cada subclasse rebanho-ano:
em que: Dijklmno = desvio-padrão fenotípico da produção de leite até 305 dias ajustada para idade e estação no ano i, rebanho j, mês k, grupo genético l, classe de número de observação m, classe de produção média de leite n; Anoi = efeito fixo de ano de parto i ( i = 1988, ..., 1999); Rebj = efeito fixo de rebanho j ( j = 1,..., 385); Mêsk = efeito fixo de mês de parto k ( k = 1,...,12); CRl = efeito fixo de grupamento genético l ( l = 1,...,6); CLASNOBm = efeito fixo de classe de número de observações m ( m = 1,..., 6); CLASLEIn = efeito fixo de classe de produção média de leite n ( n = 1,..., 8); eijklmno = efeito aleatório de erro.
Uma vez que o número de lactações em cada subclasse rebanho-ano pode ser pequeno, os erros de amostragem das estimativas das variâncias podem ser grandes. Foram então estimadas variâncias ponderadas dentro de rebanho-ano , com menor erro de amostragem, combinando-se informação de anos adjacentes, isto é, a variância dentro de ano e as de rebanho-anos adjacentes conforme procedimento sugerido por Wiggans & Van Raden (1991) e também usado por Van Der Werf et al. (1994). Os pesos para a ponderação das diferentes fontes de informação foram os mesmos de Wiggans & Van Raden (1991). As produções foram, em seguida, padronizadas por meio de:
em que: y'ijk = produção padronizada; mRAEijk = média de produção da classe RAij (rebanho-ano) à qual pertence a produção k.
As produções padronizadas foram, então, expressas na forma original usando-se como um valor constante a média geral das variâncias dentro de rebanho-ano. Para se obterem os valores genéticos, utilizou-se um modelo linear misto (modelo animal) contemplando os efeitos fixos de idade ao parto, rebanho, ano e estação de parto, grupos genéticos (PO e PC) e os efeitos aleatórios genético aditivo de animal e de meio ambiente permanente. O sistema MTDFREML (Boldman et al., 1995) foi usado.
Critérios para verificação de efeitos do ajustamento para heterogeneidade da variância foram: 1) correlações de ordem para touros e vacas; 2) mudanças de vacas elite entre classes de desvio-padrão; 3) tendência genética na população de vacas.
Na Tabela 1 encontram-se número de subclasses rebanho-ano, número de lactações, médias das produções e dos desvios-padrão dentro das subclasses por ano e mês de parto e grupo genético. Houve aumento significativo da média dos desvios-padrão de 1988 até 1997, fato ocorrido provavelmente devido ao aumento na produção no decorrer do período. As mudanças dos desvios-padrão com o mês de parto não foram significativas. À medida que os animais passaram a ser mais controlados quanto aos seus pedigrees, constatou-se maior produção de leite e aumento da média dos desvios-padrão, concordando com Weigel et al. (1993), que verificaram variâncias residuais para características produtivas maiores em rebanhos registrados. Observou-se aumento de 100% nas médias dos desvios-padrão entre os níveis extremos de produção (Tabela 2), indicando ser o nível de produção o principal fator de variabilidade dos rebanhos. Houve, também, aumento significativo na média dos desvios-padrão com o número de animais do rebanho, concordando com Weigel et al. (1993), os quais encontraram variâncias residuais maiores para produção de leite em rebanhos maiores.
Pela Tabela 3 e Figura 1, observam-se mudanças nas Capacidades Previstas de Transmissão (PTAs) dos touros e das vacas com o ajustamento para heterogeneidade da variância. As correlações de ordem entre PTAs obtidas antes e após o ajustamento para heterogeneidade, para todos os animais avaliados foram altas, respectivamente, 0,950 e 0,976 para touros e vacas. Quando os touros apresentavam PTA com maior confiabilidade e possuíam filhas em muitos rebanhos não foram afetados pela correção para heterogeneidade da variância. Entretanto, quando possuíam filhas em poucos rebanhos, as diferenças de ordem foram mais pronunciadas. Como constatado por Hill (1984), Wiggans & Van Raden (1991), o ajustamento apresentou efeitos sobre os valores genéticos das vacas elite. As correlações foram muito menores até negativa para as mesmas, indicando a ocorrência de um importante reordenamento à medida em que se reduziu a amostra. Na Tabela 3 tem-se também o número de novos animais entre os elite. Quando se ajustou para heterogeneidade, aproximadamente 40% das vacas elite foram substituídas. Como relatado também por Wiggans & Van Raden (1991), a origem das vacas elite foi também afetada (Tabela 4). Antes originavam-se de rebanhos com maior variabilidade e com o ajustamento houve uma troca de vacas destes para rebanhos de variabilidade média. Rebanhos com maior variabilidade contribuíram com 35 das 100 melhores vacas quando não houve correção para heterogeneidade e 16 quando houve correção.
Proporcionalmente, rebanhos com maior variabilidade mantiveram a contribuição dos rebanhos com baixa variabilidade, uma vez que alta variabilidade estava associada a um alto nível de produção e a um alto nível genético médio.
Como já foi sugerido (Winkelman & Schaeffer, 1988; Boldman & Freeman, 1990), o efeito do ajustamento para heterogeneidade da variância sobre os valores genéticos dos touros foi pequeno. Entretanto, foram significativas as mudanças nos valores genéticos de vacas, sugerindo que possivelmente as PTAs de vacas antes do ajustamento estivessem sujeitas a vícios, devido à heterogeneidade da variância. Estas mudanças eram esperadas, uma vez que as produções de uma vaca ocorrem, na sua maioria, em um mesmo rebanho, pelo que a sua PTA está mais sujeita a vícios devido a diferenças de variabilidade dentro do rebanho.
O efeito do ajustamento sobre a tendência genética para a população de vacas é ilustrado na Figura 2. No período de 1983 a 1997, o valor estimado da tendência aumentou de aproximadamente 12 kg/ano com o ajustamento para heterogeneidade.
Com o ajustamento para heterogeneidade de variância usado, constataram-se melhorias na avaliação genética. Mudanças de rebanhos que contribuíram com vacas elite para aqueles com variância média deverão possibilitar avaliações mais precisas e justas para identificação das melhores vacas. O procedimento deverá ser adotado nas futuras avaliações genéticas para produção de leite, na raça Holandesa, no Estado de Minas Gerais, até que novas pesquisas sugiram outro mais adequado.
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Nilson Milagres Teixeira /1, Ary Ferreira de Freitas /1, William José Ferreira /2, Marcus Cordeiro Durães /1, Ricardo Bertola Barra /3
ferreirawj[arroba]uol.com.br
1. Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite e bolsistas do CNPq - Rua Eugênio do Nascimento, 610, Dom Bosco, CEP: 36038-330 Juiz de Fora - MG.
2. Estudante de Doutorado da UFV e Bolsista do CNPq. Depto. de Zootecnia: Av. PH Rolffs s/n, Viçosa-MG - CEP: 36570-000.
3. Técnico da Associação de Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais ¾ ACGHMG.
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