tempo livre industrializado
As longas jornadas de trabalho são cada vez mais aceitas na sociedade moderna, criando uma dependência do trabalhador. Caprichosamente articulados, férias e feriados nas empresas têm um intuito certo: deixar os cidadãos apáticos, culpados e cada vez mais ávidos em trabalhar
Tweet RENATO NUNES BITTENCOURT É DOUTOR EM FILOSOFIA PELO PPGF-UFRJ, PROFESSOR DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA FACULDADE CCAA, DA FACULDADE DE FLAMA E DO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA DO COLÉGIO PEDRO II. TAMBÉM É MEMBRO DO GRUPO DE PESQUISA SPINOZA E NIETZSCHE
A cultura ocidental tradicionalmente estigmatizou o trabalho como uma atividade degradante para o ser humano, considerando-a indigna de homens livres. Nessa conjuntura, o …exibir mais conteúdo…
Para o filósofo alemão Robert Kurz (1943-2012), “a submissão do conteúdo sensível do trabalho e das necessidades à autorreflexão cega do dinheiro é de caráter monstruoso. Essa monstruosidade manifesta-se, durante a evolução da modernidade, em escala historicamente crescente, nas crises em que enormes quantidades de recursos humanos e materiais caram paralisadas por não poderem mais cumprir, por motivos incompreensíveis, aquela nalidade absoluta de transformar trabalho vivo em dinheiro”³. Ócio criativo: estudo, trabalho e tempo livre
“Na Atenas de Péricles havia quase mais feriado que dias úteis”, afirma o sociólogo italiano Domenico de Masi em sua obra ¹. Nela, de Masi explica detalhadamente todas as celebrações, cultos e concursos líricos e musicais daquela civilização grega antiga. Mas completa: “Tratava-se de uma reflexão alegre e coral, de cujo húmus se originou uma das maiores civilizações dos últimos tempos. Tratava-se do ócio elevado à condição de arte”. No seu estudo sobre o Ócio Criativo, de Masi diz que a sociedade pós-industrial precisa buscar três elementos para alcançar tal condição: comércio, estudo e raciocínio lógico. Assim, segundo ele,