Há duas maneiras de se compreender a história. Uma diz respeito à parte teórica, a outra, prática. No âmbito da teoria, é importante primeiramente estabelecer a distinção entre passado e história. Muitas vezes atribuímos erroneamente ao passado algo que foi nos transmitido por alguém de acordo com sua visão histórica. O passado já ocorreu, está finalizado. Torna-se portanto, objeto de estudo da história. Esta não está concluída, já que mesmo um único fato pode ser interpretado inúmeras vezes, independente do tempo transcorrido. Na história, por exemplo, em várias ocasiões, encontramos omissões de grupos, povos e pessoas. Isso não significa que nunca existiram. Quer dizer que o passado foi interpretado de uma certa maneira por alguém que, segundo suas próprias visões, optou por não dar-lhes a importância que outros tiveram. Logo, não é possível atestar a veracidade dos relatos que nos são transmitidos, pois o único meio de se chegar ao passado -visto que este não existe mais- é pelos próprios historiadores e seus diferentes relatos. Dada a distinção, surge um obstáculo para os historiadores: como conciliar história e passado, se o objeto de investigação está ausente? No campo epistemológico, do conhecimento, a questão passa pelo fato da distância entre o historiador e seu estudo. Se o passado fosse acessível, não haveria a necessidade da história. Não existiriam discursos diferentes, pois o passado seria a verdade, livre de qualquer interpretação. Logo, a