Proponho expor nesta resenha dois dos textos de Freud. Primeiramente, falarei sobre Recomendações aos médicos que exercem Psicanálise, seguido de Conferência XXXV – A questão de uma Weltanschauung. Freud, no primeiro texto, apresenta técnicas e posturas que julga necessárias ao exercício do psicanalista. Contudo, enfatiza, ele mesmo, que este conjunto de regras é ajustado à sua própria individualidade, e que podem não servir para uso de outros psicanalistas.
Primeiro, Freud aponta um problema comum e esperado para um profissional que atende a uma dezena de pacientes diariamente e durante vários anos, que é o de manter na memória o conteúdo psíquico trazido por estes nas sessões, de forma a não esquecê-los ou confundi-los entre si. Como solução, cita a técnica da atenção flutuante, fundamental para a clínica psicanalítica, contrária a uma atenção deliberada – que corre o risco de se focar em certos aspectos da fala do paciente, seguindo suas próprias expectativas, resultando numa distorção de seu entendimento sobre a subjetividade que está trabalhando –, mas de uma atenção que, sendo uma escuta despreocupada em lembrar tudo conscientemente, submetendo o conteúdo à “memória inconsciente”, pode vir a se lembrar de detalhes desconexos posteriormente quando estes se mostrarem importantes, ou seja, quando mostrarem ligação com alguma fala futura do paciente.
Tomar notas durante as sessões, pelas mesmas razões relacionadas à atenção deliberada, não é recomendado por Freud.