Resenha - o gladiador
Um Western Americano Na Velha Itália
A releitura do filme de Ridley Scott demonstra quão cínico e desonesto pode ser um filme que embute em seu enredo superficiais lições de trabalho em equipe, liderança, persistência e determinação, par e passo com a inveja do vilão e a principal motivação do mocinho: vingança.
A GALHOFADA HISTÓRICA
O filme parte de um contexto histórico manipulado e, conseqüentemente, falso. Retrata pobremente a terceira e última etapa da civilização romana, onde se consolida o modo de produção escravista, que persiste até o século III, quando problemas estruturais aprofundam a crise do escravismo e, por fim, levam à derrocada de todo o Império. As invasões bárbaras, que culminam com a tomada de Roma pelos ostrogodos, lhe fornecem apenas uma definitiva e mais que esperada pá de cal.
O filme reproduz o Baixo Império, focando o fim do governo de Marcus Aurelius (161-180), tendo como marco principal o Coliseu, que abrigava até 100 mil pessoas, sendo utilizado para combate de gladiadores e, também, para o martírio de inúmeros cristãos.
A diminuição do afluxo de riquezas, agravada pela falta de mão-de-obra escrava, além da corrupção, principalmente nos altos cargos do Império, caracterizam a crise que se reflete com divisões políticas e com a própria difusão do cristianismo.
O filme insere-se superficialmente neste processo de crise do Império Romano quando, durante o governo do imperador Marcus