Resenha: "O pai e sua função em psicanálise" de Joel Dör

945 palavras 4 páginas
Em “O pai e sua função em psicanálise”, Joel Dör mostra como é operada e estruturada a função simbólica do pai no aparelho psíquico da criança.
O Pai simbólico, figuração da Lei e instrumento estruturante do psiquismo, está distante da concepção usual de pai. Este, na análise de Dör é dito como Pai real, o pai genitor. Ele é a figura real responsável pela representação simbólica da entidade paterna. “Nenhum pai, na realidade, é detentor e, a fortiori, fundador da função simbólica que representa. Ele é o seu vetor.” (p.15). E para desempenhar este papel de representação é necessário que o Pai real manipule adequadamente a linguagem do desejo que está em jogo.
O falo constitui o elemento regulador do desejo a que estão sujeitos os
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29). Esta explanação esclarece que tudo no homem é produção da cultura. Se existe a proibição do incesto é porque existiu o desejo, e só existiu a cultura porque existiu proibição. “A cultura nasce da natureza do homem.” (p.24).
O mito freudiano do pai primitivo, estabelecido por Freud como mito necessário, explica um dos elementos fundamentais do complexo de Édipo, que é o sentimento de culpa que caracteriza os desejos reprimidos direcionados ao pai e à mãe. O mito desenha a figura de um pai tirano, um déspota que tem a posse de todas as mulheres e um “bando de irmãos” que se revoltam e comem o pai, depois de matá-lo, em um ritual de canibalismo. O ritual se caracteriza pela apropriação das virtualidades paternas através da ingestão de suas vísceras. Assim, a figura paterna se consolidava forte, mesmo após a morte.
O sentimento de culpa então, se configura como uma dívida, que talvez possa ser aplacada honrando simbolicamente o pai tirano. O mito do pai primitivo relata que “é o pai morto que impõe retrospectivamente a instituição do interdito do incesto.” (p. 35). Então, a dívida será honrada mediante a reverência e o respeito à entidade simbólica da proibição do incesto.
Isso sem que haja a necessidade do homem real, bastando que um mediador participe das relações de desejo entre a mãe e o filho, instituindo-se como agente legalizador da proibição do incesto. A partir dessa análise o autor argumenta que a ausência da figura paterna

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