Recalque
O mecanismo do recalque é uma construção teórica de fundamental importância tanto na compreensão da teoria freudiana quando em sua aplicação na clínica. Freud bem antes de 1915 ao estudar as histéricas utilizando hipnose já se deparava com fenômenos clínicos de resistência. Representações que suas pacientes resistiam em torná-las conscientes, representações recalcadas. Suas primeiras referências a este conceito foi publicada em seu texto Comunicação preliminar de Breuer e Freud.
Entendo que o mecanismo do recalque fornece ao analista um arcabouço teórico que permite a compreensão de determinados fenômenos clínicos além de acreditar que o recalque é um dos conceitos mais importantes da obra freudiana conforme declara …exibir mais conteúdo…
Ao utilizar o termo inscrição, Freud, procura designar que a fixação da pulsão a seu representante seria um registro psíquico inteiramente inacessível à consciência, logo o recalque primário ou original é anterior a constituição do inconsciente como um sistema psíquico conforme define Freud.
Para Garcia-Roza (2000), o recalque primário ou original “estabelece uma demarcação interna ao psíquico que vai servir de referência para o recalque propriamente dito” (pág. 178). Lacan emprega o termo Pragung (cunhagem) para designar a inscrição de uma cena em um inconsciente não recalcado. Esta inscrição se dá em um registro imaginário, uma vez que, não esta integrada a um sistema de linguagem, pois é anterior a aquisição da fala, ou seja, não esta simbolizada.
Garcia-Roza (2000) comenta que para uma melhor compreensão do que seria o recalque primário seria a análise do caso clínico estudado por Freud do Homem dos Lobos (História de uma neurose infantil), onde um menino sofre de uma histeria de angústia na forma de uma fobia animal. Onde uma criança de aproximadamente 02 anos presenciou uma relação sexual dos pais. Esta cena primária neste momento não teria sido traumática. Neste momento o que ocorreu foi uma inscrição inconsciente – a Pragung de Lacan. O efeito traumático ocorreu só depois que a criança teve a possibilidade de significar esta cena primária (a relação sexual dos pais).
Garcia-Roza (2000),