Os constituintes do campo ético

1428 palavras 6 páginas
Os constituintes do campo ético (Marilena Chauí)

Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais di­ferenças, mas também reconhece-se como ca­paz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas conseqüên­cias do que faz e sente. Consciência e res­ponsabilidade são condições indispensáveis da vida ética. A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhen­do uma
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Por realizar-se como relação intersub­jetiva e social, a ética não é alheia ou indife­rente às condições históricas e políticas, eco­nômicas e culturais da ação moral. Conseqüentemente, embora toda ética seja universal do ponto de vista da sociedade que a institui (universal porque seus valores são obrigatórios para todos os seus membros), está em relação com o tempo e a História, transformando-se para responder a exigên­cias novas da sociedade e da Cultura, pois somos seres históricos e culturais e nossa ação se desenrola no tempo. Além do sujeito ou pessoa moral e dos va­lores ou fins morais, o campo ético é ainda constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins. Costuma-se dizer que os fins justificam os meios, de modo que, para alcançar um fim le­gítimo, todos os meios disponíveis são váli­dos. No caso da ética, porém, essa afirmação deixa de ser óbvia. Suponhamos uma sociedade que conside­re um valor e um fim moral a lealdade entre seus membros, baseada na confiança recípro­ca. Isso significa que a mentira, a inveja, a adulação, a má-fé, a crueldade e o medo de­verão estar excluídos da vida moral e ações que os empreguem como meios para alcan­çar o fim serão imorais. No entanto, poderia acontecer que para for­çar alguém à lealdade seria preciso fazê-lo sen­tir medo da punição pela deslealdade, ou se­ria preciso mentir-lhe para que não

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