O terror e a guerra global
A Doutrina Bush identifica a resistência armada ao terrorismo e empurra os grupos fundamentalistas nacionais para os braços do “terror global” de Osama Bin Laden.
No debate político contemporâneo, confunde-se muito facilmente o terrorismo com o fenômeno geral da resistência armada à opressão dos Estados. Esta última atividade tem sido um traço destacado do mundo moderno – em especial em situações de domínio de potências ocidentais ou coloniais – e abrangeu, em tempos mais recentes, as atividades do Congresso Nacional Africano contra o regime do apartheid na África do Sul, assim como a OLP na Palestina, a guerrilha no Afeganistão (...). O direito geral à resistência e, quando existe uma coação extrema, a pegar em armas costuma ser reconhecido no discurso político moderno e também na legislação: constituiu o fundamento do respaldo de Reagan à revolta contra os regimes comunistas no Terceiro Mundo na década de 80 e do anterior respaldo comunista às guerras de libertação nacional nas décadas de 50 e 60. Este direito é também uma valiosa parte da herança da reflexão política, no Ocidente e no Oriente, ao longo de muitos séculos: a tradição política e legal cristã rendeu homenagem a este princípio, abraçado entre outros por John Locke e os “pais fundadores” dos Estados Unidos. (Fred Halliday, “Terrorismo y perspectivas históricas”, Vanguardia, Dossier n. 10: Terror Global, Barcelona, 2004).
O terrorismo não é a resistência