O problema dos universais
(ca. 475/480-524)
“Que dizer da “atualidade” de Boécio no nosso século, em que a ferocidade dos tiranos, os sofrimentos dos mártires estão mais espalhados e são mais insolentes ainda que no ´seuclo V de Teodorico?” (Marc Fumaroli,1998)
Leituras complementares
BOÉCIO. A consolação da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998
BOÉCIO. Escritos (Opuscula Sacra). Tradução e notas de Juvenal Savian Filho. São Paulo: Matins Fontes, 2005.
DE BONI, Luis Alberto. Anício Severino Boécio. In: ____. Filosofia Medieval. Textos. Porto Alegre: EdipucRS, 2000, p. 53-67
LEITE JUNIOR, Pedro. O problema …exibir mais conteúdo…
Além de tradutor, comentador e autor, Boécio ficaria famoso na Idade Média como uma das fontes básicas dos estudos filosóficos da Idade Média e ainda como um dos formuladores da questão que ocupou o interesse dialético dos medievais: o problema dos universais. A questão foi colhida do Isagoge do Porfírio e era formulada nestes termos: “ Quanto aos gêneros e espécies (designados pelas palavras que já não significam coisas corpóreas concretas) têm uns e outras uma existência ou não existem senão em nosso pensamento? Se existem, são coisas corpóreas ou incorpóreas? Se são coisas incorpóreas, são separadas ou existem apenas nas coisas sensíveis?”. Porfírio põe apenas a questão mas ao comentar o problema, Boécio indica a solução que ele encontrou em Aristóteles, mas sem a aprovar. Esta solução é manifestadamente tirada da crítica das idéias platônicas: um gênero existe simultaneamente em vários indivíduos; é claro, portanto, que não pode existir por si mesmo; a unidade numérica de um ser em si é incompatível com o “eparpillement” do gênero nas espécies ou das espécies nos indivíduos” (3). Os críticos mostram o uso que Boécio fez de Cícero no que se refere à natureza e classificaçãodas circunstâncias no ato moral (4), na tradição de Aristóteles e de Gregório de Nissa.
Ioannes Isaac, em