O mito de prometeu e pandora
ANTES que a terra e o mar fossem criados, todas as coisas tinham um só aspecto, ao qual damos o nome de Caos — massa confusa e informe, apenas peso morto, na qual dormitavam, entretanto, as sementes das coisas. Terra, mar e ar estavam todos juntos, misturados, de forma que a terra não era sólida, o mar não era líquido, e o ar não era transparente. Deus e a Natureza, por fim, interferiram, e puseram fim àquele desacordo, separando a terra do mar e o céu de ambos. A parte mais aquecida, sendo a mais leve, levantou-se, e formou o céu, sendo o ar o segundo em peso e colocação. A terra, pesada, desceu, e a água tomou o ponto mais baixo, fazendo flutuar a terra.
Nessa altura, certo deus — não se sabe qual — ofereceu seus bons ofícios para fazer arranjos e disposições na terra. Colocou em seus lugares rios e baías; ergueu montanhas, cavou os vales, distribuiu bosques, fontes, campos férteis e planícies pedregosas. O ar tendo ficado claro, as estrelas começaram a aparecer, peixes tomaram posse do mar, pássaros fizeram o mesmo com o ar, e os animais quadrúpedes com a terra.
Mas era necessário que surgisse um animal mais nobre, e o Homem foi feito. Não se sabe se o criador o fêz com material divino, ou se na terra, tão recentemente separada do céu, havia ainda algumas sementes celestiais. Prometeu tomou um pouco daquela terra, amassou-a com água, e fèz o homem à imagem dos deuses. Deu-lhe postura