O PENSAMENTO COMPLEXO NA PRÁTICA: A ESCADA DO CONHECIMENTO
( O exemplo dos relógios Swatch)*
Humberto Mariotti**
Antes de utilizar uma técnica, seja ela qual for, é indispensável saber qual é a filosofia (o conjunto de idéias) que a orienta e quais são os métodos (os instrumentos conceituais) que se originam dessa filosofia. Dos métodos nascem as técnicas (que são instrumentos operacionais) e destas se originam os resultados. É evidente que tudo o que fazemos em busca de resultados começa no campo das idéias gerais, porque o ser humano, como escreveu o filósofo francês Blaise Pascal , pode ser frágil como um caniço quando comparado com outros componentes do mundo natural – mas é um caniço pensante. Pensar faz parte de nossa natureza e …exibir mais conteúdo…
Ao contrário, estão em constante interação, alimentam-se mutuamente. Não existe nada que seja “muito filosófico”, “muito teórico” ou “muito prático”, como se costuma imaginar. A escada é uma só e seus degraus existem para isso mesmo: para que subamos ou desçamos na medida das necessidades. Cada degrau contém os demais em potencial – e é essa dinâmica que permite que nos adaptemos ao mundo real, o que inclui a criatividade, a inovação e os processos de melhoria.
Raciocinar em termos de separação entre essas instâncias seria negar o mundo real. A cada momento estamos sempre pensando, ou elaborando conceitos, ou montando e aplicando técnicas ou colhendo resultados. Estamos sempre em um dos degraus da escada do conhecimento, rumo ao alto ou descendo. Se uma técnica, produto ou serviço é insatisfatório, precisamos subir ao degrau dos conceitos para descobrir o que fazer para melhorá-lo. Nesse caso será preciso mudar os métodos, isto é, os instrumentos conceituais. Mesmo diante de bons resultados teremos de subir aos conceitos em busca de melhorias.
Seja qual for o caso, se o degrau dos conceitos não nos proporcionar os aperfeiçoamentos que buscamos teremos de subir mais – precisaremos voltar ao degrau da filosofia.
Vejamos um exemplo.
A Suíça sempre foi reconhecida pela excelência de sua indústria relojoeira. Ainda assim, no fim da década de 1970 esse segmento da economia daquele país atravessava uma fase crítica. Na