Lazer, cultura e consumo
LAZER, CULTURA E CONSUMO
Gisela B. Taschner Professora Titular do Departamento de Fundamentos Sociais e Jurídicos da Administração da EAESP/FGV e Coordenadora do Centro de Estudos de Lazer e Turismo da EAESP/FGV. E-mail: gtaschner@fgvsp.br
RESUMO Os elos entre lazer e consumo, em sua maioria, são facilmente perceptíveis em nossa sociedade. Nas Ciências Sociais, no entanto, eles nem sempre foram teorizados conjuntamente. O objetivo deste artigo é mostrar como o lazer e o consumo se entrelaçaram na História Ocidental, examinando alguns momentos-chave desse processo, no âmbito da formação de uma cultura do consumo, bem como algumas de suas implicações sobre a sociedade e sobre o comportamento do consumidor. …exibir mais conteúdo…
É o indivíduo que, em última instância, decide o que ele vive e o que ele não vive como lazer.
Se, do ponto de vista de Veblen, o consumo conspícuo conferia prestígio a uma pessoa, para Elias, o prestígio advinha do fato de ela participar da vida da Corte Real.
A noção de consumo, por sua vez, abarca, neste artigo, a aquisição, a posse e/ou o uso (incluindo a exibição) de bens ou serviços. Ela refere-se sempre ao varejo e ao consumo final. Do mesmo modo, o consumidor será entendido como consumidor final. Quanto à cultura, estaremos pensando sempre em um tipo específico de cultura: a cultura do consumo. Quando se pode falar em cultura do consumo? Uma possibilidade é a partir do momento em que “não uma profusão de bens, mas a imagem e a visão de uma profusão de mercadorias aparentemente ilimitada” se generalizam na sociedade (Williams, 1991, p. 3). A cultura do consumo abrange todo um conjunto de imagens, símbolos, valores e ati tudes que se desenvolveram com a Modernidade, que se tornaram positivamente associados ao consumo (real ou imaginário) de mercadorias e que passaram a orientar pensamentos, sentimentos e comportamentos de segmentos crescentes da população do chamado Mundo Ocidental.
O elo teórico entre lazer e consumo começou a ser estabelecido em reflexões pioneiras sobre este último. Foi esse o caso da clássica análise daquela que Veblen chamou de classe
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©2000, v. 40 n. 4 Out./Dez. 2000 RAE • RAE -